Raquel não conseguiu dormir direito na noite passada. Discutiu com Alberto. Mais uma vez por coisas totalmente idiotas. Por sorte, ela não havia sido agredida. Acordou cedo até demais, mesmo sendo seu dia de folga. Como já estava acordada, decidiu se arrumar e ir até o Hanói. Talvez pudesse encontrar aquele desconhecido gentil que conheceu outro dia e fazer uma nova amizade. Antes se sair, se olhou no espelho e resolveu passar um batom. Agora sim estava pronta. Assim que chegou, ele foi a primeira pessoa que ela viu, já que o lugar estava praticamente vazio. Ele estava sentado numa mesa e ela resolveu acompanhá-lo.
"Bom dia." - ele disse, ao vê-la se aproximar.
"Bom dia. É...eu queria te agradecer por ter me emprestado seu celular e me desculpar pela saída repentina. Era coisa do trabalho."
"Não se preocupe. Não precisa se desculpar ou agradecer por nada. Sente-se - sugeriu e ela aceitou - E desculpe a intromissão mas... no que você trabalha?"
"Sou inspetora da polícia. E você?"
"Professor de história."
"Que interessante! Olha, acho que vou pedir aquele bolo novamente, já que eu nem pude experimentar." - disse, dando um leve riso.
"Ah, claro! Antônio, pode trazer aquele bolo, por favor? E dois cafés." - pediu.
"Acho que nem me apresentei de verdade. Me chamo Raquel Murillo."
"Sérgio Marquina."
"Você trabalha aqui perto?" - Raquel perguntou, já cortando um pedaço do bolo que Antônio havia acabado de entregar.
"Sim. Fica perto do..."
"E você? É casada?" - ele pergunta.
"Sim, eu sou." - ela desvia o olhar, tentando evitar o assunto. Seu semblante muda de repente.
"Você está bem?" - perguntou, preocupado.
"Ah sim, sim! Mas me diga - disse, voltando a sorrir e mudando o assunto - As alunas não dão em cima de você?" - Raquel perguntou - "Quer dizer, é muito comum isso acontecer."
"Na verdade, dão sim." - ajeitou os óculos - "Mas eu não dou muita corda. Não acho ético."
"E você é todo politicamente correto, né?" - sorriu. Sérgio percebe que adora quando ela sorri. E gostava também do brilho nos olhos dela quando ela dava risada.
"Acho que sim, eu... - diz mas para ao de repente se lembrar de que tem que ir trabalhar. Olha para o relógio e vê que está atrasado. - Meu Deus, estou atrasado! Desculpe, eu tenho que ir. Depois a gente continua nossa conversa." - não queria ir embora, mas precisava trabalhar. Esticou a mão na mesa, com o intuito de pegar na mão dela. Mas se reprimiu, não seria algo adequado de se fazer.
"Não se preocupe com isso. E cuidado com as asseadiadoras!" - riu. Ele riu de volta, se despediu e foi embora.
"Falando com seu amante?" - perguntou, irônico.
"Do que você está falando?" - ela perguntou, desviando os olhos do celular e olhando para ele.
"Não se faça de sonsa. Sua vagabunda! Eu já tô sabendo que você tava de conversinha no Hanói com outro macho."
"Alberto, ele era apenas um amigo meu. Não seja louco!"
"Você é uma mulher casada. Se comporte como tal!" - se aproximou dela e apertou seu braço esquerdo.
"Eu estou casada e não morta! Posso conversar com quem eu bem entender. Estou cansada das suas proibições, Alberto!" - e então, Alberto acertou em cheio um soco no rosto dela.
"Você é minha mulher, entendeu? Minha! Se eu descubro que você tá me traindo... Ah, Raquel, você não sabe o que eu faço com você!"
"Eu já disse que ele era só meu amigo, merda!" - falou, passando a mão no machucado, soltando um baixo gemido de dor.
"Eu espero que isso não se repita, meu amor." - disse largando Raquel e indo para o banheiro tomar banho.
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