História Bad Girl (Kim Seokjin) HIATOS - Ramone's Jay

Assim que passo pela porta aveludada em tom vermelho do estabelecimento estilo anos setenta, nada requintado que eu tanto amo, encontro com meus olhos castanhos Lisa, Jackson e Taehyung sentados nos bancos próximos ao balcão enquanto conversam com o famoso Jay Park, dono do bar estilo retrô.

Andando calmamente em direção aos meus melhores amigos, puxo Jungkook pelo braço já que o moreno ficou levemente tímido e intrigado com o local fora do comum.

— Prontos para uma orgia? — Com puro divertimento e toda a minha falta de vergonha na face, questiono as pessoas que bebiam e conversavam sem notar minha presença.

— Que susto! — Lalisa dita alto enquanto põe sua mão no local onde supostamente seu coração está, de modo totalmente dramático — Orgia com o seu irmão? Onde está a irmã que estava me ameaçando antes mesmo que eu visse o garoto? — Seu tom de deboche me incomoda um pouco, mas as feições surpresas dos três homens à minha volta me faz querer rir muito.

— Ele não estava incluso no pacote sua sem noção! — Levemente indignada, eu lhe respondo roubando sua marguerita para tomar.

— Desde quando você tem irmão? — O dono do bar, que já havia se tornado um ótimo amigo meu, me perguntou confuso enquanto os outros homens acenaram em concordância mostrando que também queriam saber.

— Desde que ele foi adotado. — Respondo com indiferença ao dar de ombros e peço a Jay que traga uma garrafa de cerveja para Jungkook e o de sempre para mim.

— Quanta delicadeza em expor que sou adotado, noona. — Com ironia, Jungkook finalmente se pronuncia, me arrancando risadas, pois ambos sabemos que ele não se incomoda com este fato, mas as pessoas ao nosso redor não, e por isso, ficaram constrangidos.

— Vai se lamentar para alguma puritana deste bar e me deixa em paz. — Me divertindo com as reações dos meus amigos, eu entro no jogo do coelhinho sacana ao meu lado.

— Amiga, você está bem? — O questionamento em choque de Lisa me faz desabar em risadas juntamente a Jungkook.

— Estamos só brincando com vocês, esse insolente não se importa com o fato de ser adotado — Respondo após cessar os risos com dificuldade — Não há motivos já que para mim ele é e sempre será meu irmão, com laços muito mais fortes que sanguíneos. — Com um pouco de vergonha, Jungkook me abraça de lado e sorri de modo fofo.

— Meu nome é Jeon Jungkook. — O moreno se apresenta estendendo as mãos para todos, incluindo Jay que já retornou para nossa presença com a cerveja e minha caipirinha de maracujá.

— A personalidade de vocês é idêntica! — Taehyung comenta divertido e ambos sorrimos com orgulho.

Após todos terem se apresentado de forma decente, comecei a explicar que Jungkook veio para ficar e que ele seria incluído em nossos planos a partir de agora, o que foi aceito sem nenhuma relutância já que todos pareciam se dar muito bem. Escutar meu irmão questionando se eu possuía algo com Jackson foi levemente desconfortável, pois apesar de ter uma amizade levemente colorida com ele, sempre tento deixar claro que nós não temos nada e que eu nunca mais terei nada com ninguém, mas o clima ruim não durou por muito tempo.

O Ramone’s Jay se tornou o meu bar favorito de Seul desde que eu entrei pela primeira vez. Nenhum bar por aqui possuía tanta autenticidade quanto este, apesar do nome ser pouco criativo e eu sempre encher o saco do Jay por causa disso, fora o fato de que suas bebidas sempre são incríveis e extremamente saborosas, a vibe que o local passa sempre fará com que eu me sinta muito bem!

Recentemente o bar foi expandido e se tornou também uma mini balada temática, onde só se podia entrar caso estivesse fantasiado dentro do tema e se tivesse tomado ao menos um bebida no bar, e sim, isso inclui água para aqueles que não bebem. Fora claro, que só se pode entrar após pagar a taxa extra ao lado de fora do bar. Toda esta expansão só foi possível, porque o bar recebeu diversos clientes novos após os atores e cantores Cha Eun-woo e Hwang In-yeop serem fotografados aqui, visivelmente se divertindo. Com toda a fama e dinheiro recebidos, eu sugeri que o Jay seguisse seu maior sonho de infância que para mim era uma ideia única e genial, sendo esta a da balada temática. Eu sugeri que ele fizesse próximo as outras baladas da cidade, mas ele disse que seria melhor fazer aqui porque além de administrar tudo mais facilmente, é um local com pouca concorrência.

De fato deve ter sido a melhor decisão já que a fila do local quadruplicou de tamanho, felizmente eu não pego esta fila, por ter o privilégio de ser amiga do Jay e de estar aqui antes mesmo que ganhasse a fama que possui atualmente.

Hoje o tema era baseado no filme “Os Embalos de Sábado à Noite” um filme popular dos anos setenta que se trata sobre Tony, um personagem que é apaixonado por música e tudo que a envolve, e que se arruma e sai com seus amigos para uma discoteca, local onde ele se inscreve em um concurso de dança, tendo como parceira Stephanie que almeja apenas status social, diferentemente dele que quer dançar por amar praticar tal ação. Honestamente, quem desejar ver este filme atualmente, provavelmente não gostará por causa das qualidades cinematográficas, a menos que esta pessoa goste de filmes extremamente antigos.

Ainda não acredito que não consegui convencer o Jeon a se fantasiar, mas tudo bem, só deixei ele escapar desta vez porque desejava causar uma boa impressão, e para a sua sorte, Taehyung também não estava fantasiado e poderia fazer uma boa companhia enquanto eu estivesse do outro do lado do estabelecimento.

— Vamos? — Com a mão em minha cintura, Jackson me questiona sobre ir até a área de dança, e com todas as afirmações de Jungkook dizendo que ficaria bem, eu fui, junto a ele e a Lisa.

— Esqueci de comentar o quanto você está linda com esse upgrade do vestido original do filme. — Um pouco alegre por conta da bebida, Lisa diz sorrindo para mim, tocando em meus ombros à mostra.

— A loira padrão, usando um maiô roxo brilhante que exibe suas curvas por completo, está mesmo me dizendo isto? — De fato Lalisa era linda e até com esta roupa incomum, ficava magnífica.

— Ninguém irá me elogiar, não? — Carente e egocêntrico como sempre, Jackson questiona nós duas que apenas rimos e continuamos nosso trajeto até um dos sofás de couro preto, próximo a pista de dança colorida.

Ele já sabe o quanto é bonito.

Lisa e Jackson vão dançar, enquanto eu apenas observo as pessoas se divertindo com a música Night Fever. Sim, diferentemente da maioria destas pessoas eu realmente assisti ao filme ao invés de ver cenas perdidas no youtube, e também pesquisei um pouco as musicas do filme para ter conhecimento de quais melodias e ritmos provavelmente tocariam hoje.

Reconheci alguns visuais do filme, assim como também notei que existiam pessoas com roupas da época, mas que não possuíam nenhuma semelhança com nenhum dos figurinos presentes no enredo.

Não muito longe, notei que um homem e uma mulher estavam aos beijos, isto não me incomodava, mas o fato de que eu achava que conhecia ele, porém não me lembrava de quem se tratava, isto sim me incomodava. Sempre odiei a sensação de pensar que conheço ou reconheço algo, mas não saber de que local. Minha única esperança para parar de pensar nisso neste momento, e esperar que eles parem o que estão fazendo e eu finalmente consiga ver seu rosto por completo.

Alguns minutos a mais servindo como plateia e eu finalmente vejo o rosto do homem que olha em minha direção após um homem ruivo indicar algo aqui perto com sua cabeça, então minha ficha cai. Eu o conheço, pois dormi com ele recentemente e o homem que apontou para esta direção provavelmente apontou para mim, já que é o homem que estava ao seu lado na lanchonete quando nos encontramos pela primeira vez.

É até engraçado saber que ele já está ficando com outra, pois eu realmente achei que ele fosse do tipo de homem que busca passar o resto de sua vida ao lado de uma mulher e ter apenas ela para sempre. Julguei ele à base de filmes e livros clichês? É, provavelmente sim.

Ainda olhando em direção a ambos, noto um sorrisinho surgir no lábio de Kim Seokjin e a mulher que o agarrava anteriormente, vai embora após ouvir algo em seu ouvido esquerdo. Totalmente desinteressada sobre o que se passava ali, volto minha atenção até meus amigos que já estavam chamando muita atenção com seus passos sincronizados e incrivelmente ensaiados. Ainda não entendo como eles sempre aprendem uma coreografia facilmente após vê-la uma única vez.

— Sentiu falta de algo? — Assusto-me com a voz baixa próxima ao meu ouvido e dou um sobressalto rápido antes de olhar quem é o ser ao meu lado, apesar de já imaginar de quem se trata.

— Quer morrer? — Meu questionamento raivoso vem apenas pelo fato de eu odiar surpresas.

— Não era a minha intenção te assustar, desculpa. — Me acalmando, eu ouço cada palavra que sai de sua boca, em um tom mais alto por não estar mais tão perto de meu ouvido — Sentiu falta de algo? — Repete sua primeira pergunta e eu paro alguns segundos para pensar se de fato eu havia esquecido algo com ele.

— Não. — Minha falta de memória e de importância estranhamente lhe faz rir brevemente.

— Seus brincos ficaram na primeira gaveta da minha escrivaninha. — Finalmente entendo ao que ele se referia, eu realmente não me recordava de tê-los deixado lá, mas me lembro de colocá-los.

— Não tem problema. — Respondo sem dar importância.

— Eu deveria ter imaginado que você não deixou lá de propósito. — Responde mais para si mesmo que para mim e eu franzo o cenho confusa, mas não questiono nada.

— Eu nunca havia te visto por aqui… — Deixo a frase morrer no ar, esperando que ele explique o motivo.

— É a primeira vez que venho aqui. — Me responde simplista — Gostei da roupa. — Exclama me secando com os olhos e inconscientemente um sorriso ladino é formado em meus lábios.

— Sua roupa também está legal e o cabelo está levemente hilário. — Respondo rindo de seu topete de forma descarada.

— Vamos dançar. — Após praticamente afirmar que faríamos aquilo com petulância, ele me puxa suavemente até a pista de dança.

— Se sua acompanhante anterior vier arranjar confusão, eu esmago seu amigo dos países baixos. — Minha afirmação, apesar de boba, é completamente séria.

— Eu a conheci aqui, entrou na minha vida após você, então de certo modo você tem mais direitos sobre mim que ela. — Não aguento e caio na gargalhada com sua afirmação estranha.

— Sua linha de raciocínio é muito incomum. — Ainda aos risos, eu afirmo enquanto apoio melhor minhas mãos em seus ombros, me aproximando mais de seu corpo, para dançarmos corretamente.

— Um dia você acostuma. — Exclama me encarando com mais intensidade do que deveria segundo meu cérebro.

— O que te garante que passarei tanto tempo ao seu lado, até que eu me acostume? — Com uma sobrancelha levantada, eu lhe questiono de forma desafiadora.

— Não notou todas as nossas coincidências? Eu chamo isso de destino e deixarei ele trabalhar. — Sorrindo com sua resposta inesperada por mim, eu giro seguindo a música antes de voltar aos seus braços.

— Eu não acredito em destino. — Tentando cortar seus argumentos, eu refuto sua fala anterior.

— Você não acreditar não faz com que deixe de existir. — Com um sorriso vitorioso ele me responde e finalmente eu admito derrota quando abaixo meu rosto levemente e sorrio.

— Você é interessante Seokjin. — Exclamo colando ainda mais nossos corpos enquanto ambos rebolamos no ritmo da música.

— Pra você é JIn. — O moreno dita antes de unir nossos lábios com calma, no começo eu até tento resistir, mas se eu já tive ou ainda tenho uma pequena amizade colorida com o Jack, por que também não posso ter com ele, não é mesmo?

Parados no meio da pista de dança, nos beijamos lentamente, não é um beijo repleto de carinho, mas também não exala segundas intenções. Estranhamente, é um beijo confortável demais para se ter com alguém que você mal conhece.

— Quer ir buscar os seus brincos? — Claramente sua fala possuía segundas intenções, porém mesmo tentada a ir, eu neguei com a cabeça.

— Meu irmão acabou de se mudar e eu pretendo passar a noite com ele. — Por que eu dei explicações a ele mesmo?

— Se não fosse por isso, você aceitaria? Acho que não sou igual aos outros da sua lista, não é mesmo? — Seus questionamentos carregam uma prepotência imensa, o que claramente me diverte.

— Ainda está no mesmo patamar que um deles querido. — Com divertimento eu lhe respondo me lembrando de Jackson e vejo um bico ser formado em seus lábios enormes e atrativos demais.

— Posso ao menos passar mais algum tempo com você em algum canto deste lugar? — Pondero muito sobre isto, tanto que só paro de pensar quando alguém esbarra em mim.

Me viro e vejo Lisa abraçada com: O outro homem da lanchonete? Ela não estava com outro cara a alguns segundos?

— Desculpa, floquinho. — Pede um pouco tímida e eu apenas deixo para lá já que não machucou.

— Floquinho? — O questionamento de Seokjin me faz revirar os olhos ao me lembrar do motivo bobo de ter ganhado este apelido.

— Quem é ele? — Curiosa como sempre, Lisa me questiona e antes que eu possa responder que não é ninguém importante, Seokjin se pronuncia.

— Kim Seokjin, amigo do homem ao seu lado.

— Você é o cara da carteira de motorista, não é? — O questionamento de Lisa faz todos nós rirmos, até mesmo o homem ao lado dela, o que me leva a acreditar que Seokjin lhe contou sobre o ocorrido.

— Jung Hoseok. — Aleatoriamente o ruivo alaranjado, dita esticando sua mão para um cumprimento em minha direção.

— ________ _________, prazer em conhecê-lo oficialmente outro gato da lanchonete. — Surpresa, Lisa percorre seus olhos por nós dois.

— É ele? — Tentando sussurrar, ela me pergunta e eu apenas respondo com a cabeça rindo antes de levar um breve empurrão de alguém que dançava.

— Chega de conversa, temos coisas mais importantes para fazer. — Seokjin exclama antes de me conduzir até o sofá que estávamos anteriormente.

Repenso sobre o que ele havia me perguntado antes do esbarrão e finalmente encontro uma resposta.