História Bad Romance - Fillie - Esclarecimentos

    Finn Wolfhard

Cego de amor.

Uma expressão muito conhecida. Perdi a conta de quantas vezes me foi dita.

Uma pessoa não deveria ficar cega de amor, ninguém pode te tirar sua percepção de si mesmo.

O amor deve ser algo claro. Um equilíbrio entre fantasia e realidade.

Se entrar de cabeça na fantasia não poderá enxergar a verdade ao seu redor. Gostará do seu mundo perfeito, ficará dependente e fará de tudo para se manter com a doce sensação.

Se entrar de cabeça na realidade acabará enlouquecendo. Muitas vezes ela costuma ser dolorosa, nem todos suportam. Um álibi é necessário.

São complementares.

É uma pena que tenha demorado para perceber.

Flashback on

— Você está brincando, não é? — Nick pergunta alterado. Meu pai não tinha se pronunciado.

Tinha acabado de contar que decidi dar uma segunda chance a Maddie.

As coisas estavam calmas. Passamos algumas tardes juntos, nos reconhecendo, nos permitindo e perdoando.

É por isso que estou me arrumando neste momento, tenho um jantar marcado. Preparei uma surpresa para a noite. Se é para recomeçamos que seja de forma correta.  

— Não estou brincando. — respondi confiante.

— Como vou te defender desse jeito, Finn? — Nick continuou seu sermão. — Sabe que não precisa ficar com ela para assumir seu filho, não sabe?

— Sim, sei disso. — disse indiferente, focando no nó em minha gravata, finalmente tinha aprendido.

— Você está cego. — me virei impaciente, não queria começar uma discussão. — Ela te tratou como lixo!

— Deixe ele, Nick. — meu pai finalmente se pronunciou. — Você já é um adulto, Finn. Sabe tomar suas próprias decisões.

— Obrigado, pai. Pelo menos tenho o seu apoio. — disse olhando para Nick.

— Não te disse isso, filho. — ótimo! — Não  posso interferir nas suas decisões, mas tenha cuidado. Não quero que se machuque outra vez.

— Obrigado. Agora se puderem me deixar sozinho... preciso terminar de me arrumar. — foi o bastante para saírem com cara de poucos amigos.

Mostrarei que fiz a coisa certa. Todos merecem uma segunda chance.

                                 ~••~

Termino de me arrumar em alguns minutos. Ainda está cedo, mas não quero outras desavenças com minha família, quanto antes sair melhor.

— Você está lindo, Finn! Aonde vai? — Lilian perguntou gentilmente.

— Obrigada. Vou jantar com a Maddie. — respondi com um sorriso.

— Fico feliz que tenham se acertado!

— Eu também, Lilian. — peguei a pequena caixa do meu bolso e a abri, mostrando o pequeno e delicado anel. — E devemos recomeçar direito.

— É lindo, Finn! Ela vai adorar.

— Espero que sim.

Peguei meu carro e dirigi rumo a casa de minha amada. Quando decidi perdoar Maddie, disse que deixaria tudo de ruim para trás. Não só por nós, mas pela pequena criatura que estava por vir.

Iremos recomeçar.

Estou um pouco adiantado no horário, então paro em uma floricultura para comprar algumas rosas-brancas. São as preferidas de Maddie.

Marta, funcionária de Maddie, me recebe gentilmente quando chego.

— Boa noite, Sr. Wolfhard.

— Boa noite, Marta. — olho ao redor, estou um pouco nervoso. — Aonde ela está?

— Creio que lá fora com a visita.

— Visita?

— Sim. O Sr. Jack Grazer. — Marta sorri para mim antes de se virar e ir para a cozinha.

Jack.

Não pode ser.

A passos lentos e silenciosos, atravesso a porta de vidro até a área externa. Muitas das luzes estão apagadas. Chegando perto da casa da piscina, escuto algumas risadas.

— Você precisa ir, Finn vai chegar a qualquer momento. E ainda preciso me arrumar novamente. — era a voz de Maddie.

Com a coragem que me resta me aproximo de uma pequena janela da casa. E lá estava Maddie. Arrumando seu vestido, enquanto Jack fechava o zíper de sua calça.

— Nunca vi um cara tão otário! — sua risada me dava nojo.

— Você sabe que ele vai ser útil. — Maddie o envolveu pelo pescoço. — E até que ele é bonitinho. — deram risada antes de se beijarem.

Não tenho forças para entrar e exigir uma explicação... outra explicação. Então a única coisa que faço é sair, sentindo gotas quentes na minha bochecha.

— Sr. Wolfhard, eu ia... — Marta corta sua frase quando me olha nos olhos. — O que aconteceu?

Não respondi, segui meu caminho até a porta. Respiro profundamente quando sinto o ar gelado fazendo um contraste com minhas lágrimas quentes.

Não acredito que isso aconteceu outra vez!

Como ela pode? Ainda mais agora!

Jogo as rosas no chão, juntamente com o anel que pretendia dar como forma de recomeçar do zero.

Com um coração totalmente machucado, saio com meu carro o mais rápido que posso.

                                  ~••~

Vou direto para a área externa. Sento na beirada da piscina, deixando algumas lágrimas caírem na água límpida.

— Idiota, idiota! — digo limpando meu rosto com o torso da mão.

Não acredito que me deixei acreditar outra vez.

No que eu estava pensando? Parabéns pela coragem, Finn Wolfhard.

— Finn. — queria que essa voz fosse delírio da minha mente, mas infelizmente não era. Me levantei de imediato, me virando em direção a Maddie.

— Vai me dizer que não é o que estou pensando? — perguntei me aproximando.

— Não. — respondeu sem se alterar. Parecia que nada tinha acontecido para ela. — Marta me contou o que aconteceu.

— Como você pode Maddie? — perguntei o inconformado. — O seu showzinho era para poder me humilhar outa vez?

— Acabou sendo.

— Você realmente não vale nada. — disse com vontade. — Acho que não preciso dizer que toda essa merda acabou. Saia da minha casa, só precisa saber que lutarei pela guarda do meu filho.

Achei que Maddie iria revidar, mas a única coisa que fez foi dar risada.

— Você é doente?! Por que está rindo? — perguntei alterado.

— Filho? Você realmente é um bobinho, Finn.

— Do que você está falando? — já temia  sua resposta.

— Acha mesmo que eu estragaria meu corpo para ter um filho seu? — voltou com rua risada ácida.

— O-o que você fez?

— Pensei que você fosse mais inteligente. — se aproximou. — Um aborto, Finn. É o que fazemos quando não desejamos uma criança.

Ela só podia estar brincando. Ela... teria tido coragem?

— Vou te contar uma pequena história. — ainda não conseguia me pronunciar. — Uma linda garota tinha problemas financeiros com os negócios da família. Ela precisava dar um jeito, sabe? O que seria melhor que fisgar o melhor amigo que possuía todos os requisitos para um bom partido? Se é que me entende.

— Você...

— Não terminei, melhor amigo. — colocou o dedo indicador em meus lábios. — As coisas estavam ficando estranhas entre o amigo e a garota, ela precisava de uma estratégia mais drástica. Ele era um tolo. Nada melhor que uma gravidez, não acha?

— Eu te odeio. — tentava ao máximo não derramar mais lágrimas por essa... mulher.

— As coisas saíram do controle. — me ignorou completamente. — Era para ser uma gravidez de mentira, mas acabou acontecendo. Se serve de consolo, o melhor amigo sabia fazer um bom trabalho, não tanto como o...

— Saia da minha casa. — já estava esgotado.

— Não, você vai me escutar. — dei as costas para Maddie, indo em direção a casa.

— Felizmente não preciso mais de você! — disse me seguindo. — Jack é bom no que faz, está ajudando papai a se reerguer. E quer saber...

— Ótimo! Deem as mãos e vão para o inferno. — continuei andando, a essa altura minhas lágrimas eram de raiva. Maddie se pôs a minha frente.

— Eu amo ele. — e novamente as palavras me faltaram. — E tenho certeza que vamos ficar juntos.

— E enquanto a mim? Alguma vez você chegou a me amar? —  perguntei irônico.

— Sim, mas todos temos necessidades.  — foi última coisa que disse antes de sair da minha casa.

Flashback off

Não tinha o direito de opinar sobre o que Maddie fazia com seu corpo. Mas era meu filho, ela tinha que ter me comunicado antes.

Não teve um dia nos últimos dois anos em que não pensasse como ele teria sido.   Pareceria comigo? Herdaria a personalidade da mãe?

São perguntas que nunca tiveram respostas, pelo menos até agora.

Flashback on

— V-vivo? — finalmente consegui proferir algo. — Que merda você está dizendo?

— Acho que esse não é um lugar para conversarmos sobre isso. — Maddie limpou suas lágrimas com o torso da mão. — Vamos para sua casa?

Já deveria ter aprendido a manter Maddie Ziegler longe da minha casa, mas isso parecia está cada vez mais difícil de acontecer.

Tranquei meu escritório e deixei ordens para Noah.

— Você quer ir no meu carro? — Maddie quebrou o silêncio do elevador. — Está tremendo, não acho que seria uma boa ideia dirigir nessas condições.

A última coisa que queria no momento era sofrer um acidente, então apenas concordei em um aceno de cabeça.

Foi a pior ida para casa da minha vida.  Parecia que o ar me faltava a medida que ficava naquele carro.

Respirei fundo quando entrei em casa. Lilian saiu para comprar algumas coisas para a casa, com certeza não voltaria cedo.

Me sentei na sala de estar e olhei para a mulher a minha frente.

— Já estamos na minha casa. — sorri irônico. Maddie respirou fundo e se sentou a minha frente.

— Nem sei por onde começar, Finn. — suas lágrimas estavam voltando.

— Não me importa como vai começar, apenas comece.

— Você realmente acha que eu teria coragem de fazer aquilo? — perguntou ofendida.

— Que eu me lembre você disse com gosto que fez. — a olhei com tédio.

— Naquela noite eu queria te atingir, te fazer entender que era com Jack que queria ficar...

— Pode apostar que o recado foi entendido.

— Você quer parar de me interromper? — fiz sinal para que ela continuasse.  — Não pensei quando disse aquelas coisas, só sabia que te machucaria... e foi o que fiz.

— Vá direto ao ponto, Maddie.

— Não teria coragem de fazer aquilo, mas já tinha te dito aquelas coisas, não voltaria atrás. — levantei e comecei a caminhar pela sala, estava ficando inquieto. — Jack sempre quis ter um filho, então ele concordou em me ajudar.

A olhei incrédulo. Até isso ele queria roubar?

— As coisas estavam melhorando, meus pais não fizeram objeções. — Maddie continuou sua historinha. — Tudo ia muito bem até meu sexto mês de gravidez.

— E o que aconteceu? — não acredito que estou me preocupando.

— Jack me abandonou. Encontrou uma mulher melhor, rica e que não parecia uma porca inchada.

Seria esse o significado do feitiço virou contra o feiticeiro?

— Meus pais deram uma grande quantia em dinheiro para ele permanecer calado. — como se praxe. — Fiquei desolada quando aconteceu, estava completamente sozinha. Não tinha condições psicológicas para cuidar de uma criança.

— E qual foi sua ideia brilhante? — me esforcei no braço do sofá. Confesso que temia sua resposta.

— Minha tia Jane. — a sensação do carro parecia está voltando. — Você sabe que ela sempre teve uma vida solitária na Argentina. Então...

— Você doou nosso filho? — perguntei sem acreditar.

— Não! — Maddie se levantou alterada. — Ela se comoveu com minha situação, concordamos que o melhor para criança seria viver longe de toda a minha bagunça.

— Então... você abandonou nosso filho? — era ainda pior.

— Não tive escolhas, Finn. — o embargado em sua voz havia voltado.

— Pode apostar que o que não te faltava eram escolhas! — respondi alterado. — Eu nem sei se posso acreditar em você.

— Me perdoa. — levei as mãos ao rosto, totalmente esgotado. — Quero consertar isso, quero muito.

— Você tem ideia do que fez?

— Infelizmente. — deixou suas lágrimas escaparem. — Vou viajar dentro de algumas semanas. Quero conhecê-lo, implorar seu perdão se for possível.

Me sentei novamente, minhas pernas estavam começando a ficar bambas.

— Se quiser vir comigo... — não podia acreditar. — Ainda podemos dar um jeito.

Maddie mexeu em sua bolsa por alguns segundos, tirando um pequeno pedaço de papel em seguida.

— Aqui está meu novo endereço e meu número de telefone. — colocou o pedaço de papel sobre a mesa. — Se caso mudar de ideia...

Não consegui responder, fiquei encarando o pedaço de papel.

Escutei a porta da frente se fechando. Finalmente permitindo que as lágrimas caíssem.

Flashback off