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História Bad Things - ...Pode se tornar Imperfeito


Escrita por: Koha

Notas do Autor


Voltei!

Capítulo 20 - ...Pode se tornar Imperfeito


Não escute o mundo, eles dizem que nós nunca vamos conseguir. Não escute seus amigos, eles nunca nos deixariam começar...



Os bombeiros recomendam que, se você está se afogando, mantenha a calma. É complicado pedir algo assim, e Sakura sabia: certa vez, foi à praia com seus pais e o mar acabou puxando-a para longe, fazendo com que seu corpo caísse numa correnteza. Tinha por volta de seus treze anos, e nunca em sua vida se sentira tão assustada.

Pensou que nunca mais veria seus pais, pois ninguém conseguia se aproximar, de fato, e ela já não aguentava mais nadar em vão — mesmo que tivesse feito tantos anos de natação.

Foi então que viu um bombeiro nadar rapidamente até seu corpo, e decidiu que precisava colaborar. Se lembrou dos noticiários, dizendo que uma pessoa se afogando geralmente entrava em pânico rapidamente; ela não. Se manteve calma e quando ele chegou, rapidamente se virou para que pudesse ajudá-lo a levá-la de volta à praia.

Tecnicamente, aquela situação não era tão diferente. Sentia que não conseguia respirar direito, enquanto sua mãe, agitada e com a mão no peito, andava de um lado para o outro: esta, era o mar, tentando levá-la para uma correnteza. Quando seu pai se aproximou, com os olhos baixos e decepcionados com um shorts em sua mão, tirado de uma das malas de sua mãe, ela pôde ver que ele ainda olhou brevemente a tatuagem e suspirou com a cabeça balançando.

Uma catástrofe, e ela estava se afogando. Certamente, ele não era o bombeiro que a salvaria daquela situação.

Mas, como em um afogamento, ela se manteve calma, inclinando o corpo para que pudesse colocar o shorts. Os passos de sua mãe eram ásperos, arrastavam no assoalho velho e chicoteavam sua mente como um barulho bem-vindo: era melhor do que não ouvir nada.

Mas seus olhos ainda se esgueiravam para a escada, incertos e preocupados. Se aquela situação ainda não estava ruim o suficiente, podia facilmente — pior: rapidamente — ficar.

— Como? — murmurava a senhora, balançando a cabeça e esfregando o rosto, ainda andando, de lá para cá. — Como chegamos até aqui? Não ficamos nem duas semanas fora!

— Mebuki…

— Não Kizashi, não. Não tente limitar o começo desse colapso nervoso; eu tenho o direito de surtar ao ver a minha filha, minha linda filhinha, corrompida desse jeito.

Sakura apertou os dedos na mesa em que estava encostada, e quase inconscientemente rolou os olhos: típico. Não estava realmente surpresa com o drama, e sinceramente a senhora sua mãe, até que estava pegando leve.

— Você rolou os olhos? — o tom de espanto e incredulidade fez com que o rosto de Sakura seguisse na direção da mãe. — Está vendo? Minha Sakura não faria isso. É respeitadora demais, mas você…

— Sou a Sakura, ainda. — deixou escapar, num suspiro, inclinando a cabeça para o lado. — A sua filha, com um corte  de cabelo diferente e uma tatuagem. Mas a sua filha.

— Tatuagem! — o grito histérico quase fez os ouvidos de Sakura doerem. — Como pôde cometer tamanho pecado, Sakura?

— Olha, mãe...

— Você precisa nos entender, Sakura. — seu pai tomar a frente por livre e espontânea vontade era, sim, uma surpresa. — Ficamos fora por uns dias e quando voltamos, damos de cara com… você, assim…

— Eu sabia que não devíamos tê-la deixado sozinha.

— Isso aconteceria de qualquer forma, querida.

— Não! — gritou, estarrecida a mulher. — Não aconteceria. Eu como mãe, nunca permitiria.

— Isso não é sobre você, sabe? — esfregou o rosto, apertando a ponte do nariz, sentindo que a voz leve e baixa não condizia com seus sentimentos aquele momento. — E realmente, não teria como evitar. Eu tenho dezoito anos, e minhas próprias vontades.

— Suas vontades? — inquiriu o homem, com uma sobrancelha levemente arqueada. Sakura a reconhecia, via aquele tique no espelho algumas vezes.

Sempre se achou mais parecida com seu pai, do que com sua mãe. Naquele momento, reafirmou internamente esse pensamento.

— Você não tinha esse tipo de vontade alguns dias atrás. O que aconteceu? O que a levou a ter essas vontades?

Nada naquele momento estava interligado à realidade de suas emoções. De fato, antes de conhecer Sasuke, nada do que fizera havia passado por sua cabeça. No entanto, algo de bom havia acontecido depois de entender seus sentimentos: ela estava se descobrindo. E entendendo o que realmente era; quem era! Por que eles não podiam ficar felizes com isso?

Só que, mesmo assim, quando sua mãe arregalou os olhos, tudo pareceu fazer sentido para eles. Ela fechou os próprios, respirando lentamente quando a respiração oscilou na garganta de Mebuki.

— Um namorado? — aquela parecia uma pergunta retórica. — Quem?

— Sasuke.

Embora sua resposta tenha sido rápida e convicta, eles não pareceram compreender.

— Sasuke Uchiha. Irmão do pastor.

— O delinquente?! — arregalou os olhos, pasma. Obviamente, aquele era o único detalhe sobre Sasuke que sua mãe conhecia. — Não, não…

— Sakura... — a voz de seu pai veio em tom de aviso, para o deleite de sua mãe. Claramente, ela estava tirando alguma vantagem da situação. — Sasuke Uchiha? Como isso aconteceu? Ele não têm nada… não é o tipo de garoto que você gosta.

Ouvi-los só fazia com que odiasse ainda mais aquela cidade pequena. Em Tóquio, Sasuke teria que competir e muito contra outros delinquentes para tomar o posto de melhor da cidade.

— Como isso precisa realmente estar ligado a ele?

— Se fosse Neji Hyuuga, a situação seria um pouco diferente, não acha?

— O… quê? Por que estamos falando de alguém que sequer mora na cidade?

— Você gostava dele. Pelo menos, parecia gostar.

— Ah, por favor! Eu tinha… o quê? Seis anos? Meus gostos e pensamentos mudaram de lá para cá, tá pai?

— Ele com certeza não te deixaria assim… não... — sua mãe colocou a mão no coração, respirando fundo. — Olha, tudo bem. A família dele é boa, mas ele não... não é bom para você. Olhe só para você!

— Pelo contrário, ele é ótimo para mim. — um sorriso vacilante brincou em seus lábios. — Ele me faz querer entender o que estou sentindo, querer mais do que viver nessa cidade para achar um marido. Sinto muito se isso não é o que você queria, mas eu não quero ser você, mãe.

— Ser… eu? Como assim?

— Eu gosto de ser eu, e eu não quero viver para alguém além de mim. Eu tenho o direito de querer mais do que… isso.

Era tão típico o teatro ensaiado e melodramático, que ela não conseguia realmente se importar. Suas palavras não eram medidas, aquele era o ápice de seu afogamento: quando estava sendo salva, tirada da água fria e cruel. Por mais que a respiração de sua mãe estivesse desenfreada, ou seu pai estivesse com o olhar preocupado — não o de desdém, entediado ou nada surpreso — não se deixaria ser manipulada.

— Kizashi, eu não… não estou passando bem…

— Querida, se acalme, por favor…

Rolou os olhos, cruzando os braços para a cena, esperando o momento em que ela cairia no chão. Não demorou muito, mesmo que tenha sido mais despreparado do que das outras vezes, ou realista demais.

Os olhos também não estavam trêmulos. E isso assustou seu coração. Ainda mais quando se aproximou, e sentiu de perto o desespero de Kizashi Haruno.

Bem, não era uma mentira.

Quando bateu a porta de seu quarto, fechou os olhos e respirou fundo. Se permitiu aquele momento dramático, pensando em como aquele dia tinha começado bem. No mesmo instante, seus olhos se moveram para a cama bagunçada: Sasuke não estava deitado entre os lençóis, como nos últimos dias.

Se sentiu frustrada, por mais que aquilo fosse uma boa notícia. Estava preparada para as entradas repentinas em seu quarto, e em como tudo seria difícil agora. Ainda sim, seria um alento se abaixar e descobrir que ele estava embaixo da cama.

Não estava. Nem no armário, nem atrás das cortinas... Estava na varanda, mas não propriamente na sua. Quando a viu, o rosto se levantou levemente e então ela percebeu, mesmo que fosse óbvio, que ele já estava por dentro de tudo.

Era Sasuke, no fim.

Antes que ele falasse alguma coisa, ela fez um sinal, com o dedo indicador colado nos lábios, para que ele não falasse. Olhou rapidamente para trás, por instinto e pegou seu celular. O número dele era o primeiro na lista de chamada e felizmente não demorou mais do que um toque para ele atender.

— Oi.

— Oi.

Apertou os lábios, sentindo que o movimento se fez presente nas pontas dos dedos. Trocaram um olhar onde pareciam falar várias coisas, mas o silêncio era tórrido e extenso.

— Até onde ouviu?

— Eu estava aí, amor. O tempo todo. — a voz dele estava baixa, cansada e vazia. Sakura balançou a cabeça, compreendendo. — Eu teria saído caso eles fossem até seu quarto. Então...

Mais silêncio. Mesmo que tudo fosse muito provável, eles nunca tinham conversado sobre essa parte, a parte constrangedora. A parte inicial da situação cujo precisariam enfrentar.

— Sua mãe está bem?

— Ataque de pânico. — riu, de maneira nervosa. — O médico disse que ela teve um ataque de pânico. Minha mãe teve um ataque de pânico porque eu estou namorando.

— Você sabe que não é assim. Isso não aconteceria se fosse…

— É, eu sei. — respondeu, a contra gosto. — O médico disse que ela não pode passar por grandes emoções.

— Entendo.

Ela queria que ele dissesse mais. Que confortasse seu coração. Odiava que Sasuke a deixasse tão confusa e incerta sobre o futuro deles, a afundando de novo no mar caótico e irritado. Com os lábios, fez um barulho irritadiço e agitado.

— Nós… estamos bem, né?

— Me diz você.

— Eu quero ficar com você; ir para Tóquio; morar no mesmo apartamento que você... Quero construir tudo a partir de memórias com você...

— E o que você acha que eu quero? — ele se mexeu, com um riso sem humor. O movimento quase pareceu um borrão aos olhos de Sakura. — Mas eu não quero que sua mãe desmaie toda vez que tenha que me ver ou ouvir sobre mim.

— Ela não terá que te ver para sempre. Nós sairemos daqui, não? E você me prometeu.

— Você não precisa ficar agitada, nem fazer essa cara de choro. Eu sei o que prometi e, acredite, sou egoísta demais para não cumprir essa promessa. Mas é melhor a gente ir com calma.

— Defina "ir com calma".

— Só… ir com calma, amor. Isso não é um término, nem um tempo… talvez seja melhor não tentar fazer sua mãe digerir tudo de uma vez, entende?

— Tudo bem.

— Tudo bem?

— Sim, tudo bem mesmo. Você tem razão, como sempre. — ainda sim, odiava aquilo. Mas se sentou, em uma cadeira próxima, apoiando o queixo na pedra fria da varanda. — Você pode ficar aqui? Apenas por um tempo...

Percebeu que ele estava incerto, mesmo que Sasuke não tenha demonstrado nada sobre isso — havia aprendido que ele podia facilmente esconder suas emoções, quando queria. Demorar mais que dois segundos para responder, quando geralmente Sasuke fazia qualquer coisa por ela, todavia, era uma demonstração de sua incerteza, no fim.

— Por favor?

— Certo. — respirou, sentando-se em uma cadeira, também. — Por um tempo.

— É mais do que suficiente.

Entraram naquela bolha silenciosa de novo, cujo a qual Sakura não estava acostumada, mas se adaptando. Ficou encarando o nada por um bom tempo, apenas sentindo que ele estava ali, a observando, e ouvindo sua respiração pelo celular, mesmo que baixa.

Em certo momento, cantarolou uma música baixinho, sentindo seus olhos úmidos, enquanto a mente se banhava na letárgia da impotência. Não sabia o que faria para organizar a situação, no entanto, sabia que faria de alguma forma.

Sasuke só precisava estar ali, mesmo que em silêncio.

— Te amo.

Ouviu a respiração parar por um segundo, e então voltou ao seu ritmo regular.

— Ah, amor, você sabe que eu te amo também. — a voz estava baixa, mas um pouco mais intensa. — Vai ficar tudo bem.

— Gosto mais quando você me chama de amor, do que de Semana Santa. — murmurou, sorrindo levemente, quando inclinou o rosto na direção dele. Foi uma tentativa quase boa o bastante para trazer as covinhas, mas nem tanto.

— Vou te chamar assim, então.

— Eu gosto. E já estou sentindo saudade.

— Estou aqui ainda, sabe? E nós nos veremos na escola e em qualquer pequena oportunidade que eu tiver. Eu vivi a minha vida apenas te observando, posso fazer isso por mais um tempo.

— Não é a mesma coisa. Mas é o suficiente, por enquanto.

No entanto, naquele momento, Sakura sabia, em seu coração, o quão complicado seria daquele momento em diante.

Definitivamente, nada seria como antes.



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