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História Bad Things - Hora Após Hora


Escrita por: Koha

Capítulo 21 - Hora Após Hora


Deitada na minha cama, ouço o tique-taque do relógio e penso em você...


Sakura tinha uma memória boa, embora fosse tachada ocasionalmente de distraída. Isso não ofuscava suas lembranças, o que ela lamentava fervorosamente agora: se lembrou, naqueles dias, o quanto sofreu quando Neji fora embora.

Seu primeiro e puro amor indo embora sem qualquer despedida ou importância. Ficou muito triste, mas naquela época mesmo ganhou seu gato — e então, pouco tempo depois, ele morreu.

Novamente, ela estava triste. Mas não por Neji; o pequeno buraco que havia se formado com a partida dele, facilmente fora preenchido com o presente de seus pais. E depois de um tempo, ela não sentia realmente falta do garoto.

Era fácil dizer a diferença entre seu antigo amor e seu atual amor: muito embora ela não achasse que havia realmente uma comparação, não podia evitar seus pensamentos. Ultimamente, era só o que estava fazendo.

Na primeira semana, seus pais tentaram lhe dar livros. Geralmente funcionava, e aquele era o tipo de presente favorito deles — mais leitura, menos tempo para pensar no que perdera. Mas não funcionou, e ela não pôde sequer fingir que estava realmente grata.

O Diretor da escola achou estranho a aluna perfeita e exemplar ter faltado "tantos" dias — o que era um exagero ridículo, ao seu ver — e chamou seus pais até a escola.

Com um drama digno de novela, Mebuki conseguiu convencer o Diretor a trocar Sakura de sala. E então, Sakura não podia sequer ver Sasuke nas aulas, uma vez que seu pai insistia em passar pela escola para levá-la, agora.

E depois, facilmente descobriram que o quarto de Sasuke era de frente ao seu. O resultado daquilo era as portas de sua varanda, totalmente trancadas. E sem telefone ou computador — totalmente confiscados pelo seu castigo — era difícil ver Sasuke, quando até mesmo na escola eles eram restritos por professores, que estavam encarregados de vigiarem sua presença insignificante.

Então, ela simplesmente desistiu de sorrir quando eles tentavam conversar com ela, ou de tentar falar quando eles perguntavam algo. Ela poderia dizer que era sua reação rebelde, ou um voto de silêncio: mas estaria mentindo, severamente.

Sakura só não tinha vontade de falar, como se sua voz estivesse perdida em algum lugar que ela não pudesse alcançar.

— Você sabe a da três, também? — seus olhos não se levantaram a medida que a voz impaciente soou. Continuou escrevendo em seu caderno, ouvindo o suspiro rápido.

— B.

Foi tudo o que dissera. O garoto ruivo, rapidamente escreveu a alternativa, sorrindo com orgulho.

— Sabe, eu gosto de ter você aqui. Minhas notas estão melhorando consideravelmente. — então, comentou logo em seguida, para o pânico de Sakura. — Isso é horrível, já que você está tão ruim. Sério, sua cara está péssima. Você está comendo?

Quase quis rir, mas nem isso lhe pareceu atraente. Assim como comer estava virando algo ocasional em sua vida.

— Estou ficando preocupado. Você não fala, aparentemente não come, só anda por aí como um morto vivo... — ele riu, balançando a cabeça para a letra bonita em seu caderno. Isso ela não podia negar. — Tudo pelo Sasuke? Não sabia que ele valia tanto.

Não era ruim estar na sala de Gaara, era o ápice do desespero: para alguém que era anti-social e arrogante, ele falava demais.

Sakura o olhou brevemente, decidindo, então, que não valia a pena discutir.

— Oh, você não vai defender ele? Putz, tá pior do que eu pensava. — o rosto dele se contorceu e então ele olhou para a frente, percebendo o desinteresse do professor. — Vamos lá, se você falar alguma coisa, eu mando qualquer recado para o Romeu.

— O que quer que eu diga?

Sua voz não soou desinteressada, como aconteceria em outra ocasião; pôde sentir o desespero em cada palavra, e pelo olhar pasmo e assustado do garoto ruivo, pôde constatar que seu estado era, no melhor dos casos, calamitoso.

— Caralho. — ele murmurou baixinho, os olhos verdes contrastando as olheiras grossas. — Ino me disse que era sério, mas pensei que ela estivesse exagerando.

Fechou os olhos, balançando a cabeça para dispersar sua esperança. Não estava interessada no novo relacionamento de sua melhor amiga e Gaara — se não fosse pela recém descoberta de Gaara em gostar de atazanar a sua vida, ela não lhe dirigiria qualquer palavra.

Nem mesmo Ino estava lhe aturando, ultimamente, preferindo manter certa distância. Quem poderia culpá-la? Seu humor era péssimo, todos os dias e a qualquer momento.

— Se não vai me ajudar, é melhor aprender a estudar e calar a sua boca. — apertou com mais força a caneta, descontando no caderno a raiva que estava sentindo.

Quando o sinal tocou, ela sequer olhou para trás para ver o mínimo estrago que fizera com sua grosseria.

Não se importava.


— Como foi seu dia hoje? — perguntou seu pai, com a voz arrastada e vacilante.

Já estavam dentro do carro, e embora Sakura tenha torcido para encontrar pelo menos qualquer menção de uma imagem de Sasuke, seu pai já a estava esperando.

— Bem.

— Só... Bem?

— Sim.

O silêncio se tornou constrangedor, então. Não para ela, é claro, e lhe confortou um pouco o coração quando percebeu que isso estava sendo mais torturante para seu pai, do que para ela mesma.

Estava tendo algumas tendências vingativas, nos últimos tempos. Sentia prazer quando algo de ruim — moderadamente ruim, é claro — acontecia com seus pais. Sentiu certa satisfação quando sua mãe quebrou o vaso favorito dela e tinha para ela que esses momentos, onde precisava ficar sozinha com seu pai, era quase um nirvana

Ele não sabia lidar com a situação, era um fato.

E a situação era ela, no caso.

— Sua mãe fez aquele bolo de abacaxi que você gosta. — o sorriso quase iluminou seu rosto, na tentativa de falar algo que pudesse realmente ajudar.

Mas a menção de seu bolo favorito não melhorou seu humor. Ela não respondeu, olhando às casas iguais da rua de sua casa começarem a passar.

— Deveria dar um voto de consideração para ela. — ele disse, um pouco irritado. Mas apenas levemente, a situação complicada ainda estava se sobressaindo. — Ela está tentando.

Sakura mal percebeu a risada abafada que escapou de seus lábios, contendo certo veneno que ela nunca pensara que pudesse destilar.

Mas, como ele poderia dizer que sua querida mãe estava tentando algo? Ela não tinha exatamente o que tentar, oras! A pessoa que estava sendo afastada do amor de sua vida, não era a astuta e egoísta Mebuki Haruno.

Isso lhe irritava.

— Ela até considerou deixar que você fosse a faculdade. — ele sorriu, parando o carro. Então, a encarou, com uma sobrancelha erguida quando captou a breve atenção dos olhos mortos da filha. — Não em Tóquio, é claro. Pensamos em uma cidade mais próxima, Suna talvez. Eles tem uma faculdade ótima lá.

Com um suspiro resignado, ela pegou sua mochila e abriu a porta do carro, saindo em seguida. Dessa vez, a batida forte não foi sem querer.

Antes que pudesse entrar em sua casa, parou brevemente para encarar a casa ao lado. Tão inofensiva e aparentemente vazia quanto sempre fora, antes que ela se permitisse dar atenção a qualquer coisa que não fosse seus pés caminhando até a escola.

Por um breve momento, odiou Sasuke também. Por que ele tinha que fazê-la amá-lo tanto? Era tudo mais fácil quando não sabia que ele existia.

Depois, se odiou um pouco. Que tipo de pensamento era aquele? Se havia um culpado, aquele certamente não era Sasuke.

— Vamos entrar? — seu pai forçou uma voz gentil, colocando a mão em seu ombro.

Aquela altura, Kizashi Haruno temia que a filha acabasse tendo uma crise de nervos, jogasse tudo para o ar e roubasse seu carro para, então, sumir no mundo e aparecer vinte anos depois com a vida arruinada.

Para Sakura, vontade não faltava.

— Oh, boa tarde, querida. Como foi na escola?

Sakura não deteve o impulso de desviar do corpo alto e receptivo de sua mãe, correndo até as escadas de sua casa.

— Bem!

Gritou, aproveitando que já estava no alto. No entanto, parou quando novamente foi chamada.

— E não quer jantar? Fiz seu bolo de sobremesa. — a voz estava suave, os olhos brilhantes.

— Depois eu janto, obrigada.

Certamente, depois de tanto usar essa frase, sua mãe já estava percebendo que o prato do microondas estava se mantendo intocável.

Ela não se sentia culpada por isso, uma vez que não sentia qualquer apetite para comer. Entrou em seu quarto e fechou a porta, querendo chutá-la por não ter qualquer chave a disposição de fechá-la.

Como em todo aquele quase um mês, ela ainda foi até a porta da varanda e tentou abri-la de todas as formas que conhecia.

Clips;

Grampo;

Caneta;

Cartão;

Chegou, até mesmo, a chutá-la várias vezes, sem se importar em chamar a atenção. Depois dos primeiros dias, seus pais já não vinham mais em seu quarto para tentar entender qual era o surto da vez.

Ela desconfiava que eles vinham durante a manhã, quando não estava, para verificar se sua prisão particular estava intacta.

Infelizmente, sempre estava.

Então, se sentou no chão, com os joelhos na altura do rosto. Ficou parada ali por bastante tempo, até que decidisse ir para a sua cama. No criado mudo, sua música estava dobrada, totalmente a acabada.

Contudo, de que importava agora? Não tinha a quem dar ou cantar.

Era quase cômico, se não fosse tão trágico, não vê-lo por tanto tempo, quando ele estava ao lado de sua casa, numa cidade considerada menor do que muitas avenidas em Tóquio.

Ficou de barriga para baixo, ouvindo o vazio e o silêncio do seu quarto escuro. Depois de um tempo, sentiu as lágrimas caírem, mas já não eram de tristeza. Não apenas disso, ao menos; era de raiva, por estar passando por algo considerado tão arcaico e ridículo.

Estava sendo uma prisioneira, em sua própria casa, sendo, então, maior de idade.

Qual era o sentido disso tudo?

Com os olhos molhados e uma careta, ela olhou em direção a porta do seu quarto. Uma batida soou novamente.

— Querida? — era voz incerta e sempre na defensiva de seu pai. — Pode abrir a porta? Tem alguém querendo falar com você.

Não pôde reprimir a esperança idiota que assolara seu coração, fazendo seu corpo se levantar rapidamente e ignorar o fato de que ele sabia que a porta estava aberta.

— Oh, estava dormindo? — perguntou, a fazendo se questionar o tempo em que estava dentro de seu quarto.

Estava perdendo essa noção, aparentemente.

— Não. — respondeu, apertando os olhos para a segunda figura, a qual ela conhecia muito bem. — Hm, oi.

Aparentemente, era bem óbvio que ela notara o pouco ânimo em sua voz. A figura de Hinata, tal como se lembrava da última festa, lhe acenou com um sorriso preocupado. Se questionou, por um momento, se sua imagem era assim tão ruim.

Não se importava, no fim.

Voltou para seu quarto, sem se importar em fingir simpatia. Seu pai desapareceu tão rápido quanto sempre fazia, e sobrou para a sua visita ascender a luz do quarto.

Obviamente, Hinata preferia não ter feito isso. O quarto não estava bagunçado, mas parecia totalmente sem vida e… sombrio. Sakura percebeu que ela observou por mais tempo as marcas desgastadas na porta da varanda, onde algumas formavam a marca de seu sapato.

— Uh, isso está... — ela procurou a palavra, mas desistiu quando não achou. Sentou-se na cama, os olhos tristes e penosos. — Sakura, o que houve com você? Você… têm comido?

— Sim. — mentiu, forçando um sorriso, mas sabia que isso só havia piorado seu rosto. — O que você quer?

Não queria soar grossa, mas tampouco estava com paciência.

— Bem, eu queria ver como você estava. Fui informada de que você estaria chateada, mas eu acho que nem mesmo ele sabia a proporção disso tudo.

Ele? — se levantou, sentindo uma força em sua voz que ela já nem sabia que tinha. — Sasuke? Você falou com ele?

— Quem você acha que me obrigou a vir aqui? — ela sorriu gentilmente, gostando da reação que Sakura teve. — Seus pais estão te mantendo presa aqui, não é? Eu sinto muito.

— O que ele disse? — ignorou-a, se aproximando mais. — Ele está bem? Não fez nada idiota, né?

Hinata respirou, então balançou a cabeça.

— Ele está bem, na medida do possível. Parece que ele não pode se aproximar muito, também. — ela rolou os olhos, segurando com delicadeza as mãos frias de Sakura. — Seus pais falaram com os Uchiha, pediram pra ele manter distância.

— O quê?!

— Shh, não me faça ser banida dessa casa, huh? Sou a única forma de comunicação de vocês. A senhora Haruno ainda gosta de mim, e me parece que acha que eu posso ajudar você com esse estado depressivo.

Sakura balançou a cabeça, mas quis gritar de raiva. Como eles podiam ter feito algo daquela proporção?

— Isso só prova o que eu já sabia: ela é muito inocente. — ela balança a cabeça, como se visse um bichinho machucado e triste. — É claro que eu não posso fazer nada. Não sozinha, pelo menos.

— Eu estou sentindo tanta… tanta falta dele. — gemeu, sentindo os olhos arderem. — Não tenho nada, Hinata, nada dele comigo e eu me arrependo tanto de não ter roubado uma das camisas dele, eu não me importaria se fosse uma meia. Qualquer coisa que fosse dele…

— Ah, querida, eu sinto muito. — Hinata a abraçou e Sakura não quis realmente ser grossa, por isso continuou naquele abraço apertado e desconfortável. Teria sido um conforto, um mês antes, mas agora qualquer aproximação a fazia lembrar que não era ele. — Eu não posso imaginar o que está passando. Mas você precisa falar, comer e principalmente erguer essa cabeça. Como pretende lutar por isso?

— Eu não sei o que fazer. — confessou, num choro baixo. — Eu tenho que ver ele, preciso falar com ele.

— Eu posso pensar em algo, mas não consigo ver maneira dos seus pais deixarem você se aproximar dele. — ela encolheu os ombros, torcendo os lábios.

Sakura, por um momento, provou da mesma impotência que ela.

Mas, no momento seguinte, uma fagulha de esperança ascendeu seu coração.

A igreja. — ela sorriu, e Hinata ergueu uma sobrancelha. — Nós podemos nos ver na igreja, sim. Meus pais não podem me proibir de ir até lá e Sasuke não pode ser proíbido de entrar lá. É perfeito!

— Tenho certeza que ele não irá se opor, mas… tem certeza? Se seus pais descobrirem, eu não sei…

— Eles não irão descobrir. Eu tenho um plano, tá? — a medida com que seus pensamentos iam se formando, seu sorriso se tornava maior.

Ela nem se lembrava, depois de tanto tempo, que podia sorrir assim de novo.

— Bom, eu vou passar alguns dias na casa de parentes. Passo aqui amanhã para planejarmos melhor, tudo bem? — ela se levantou, quase deixando Sakura frustrada; ao que parecia, a visita de Hinata tinha realmente lhe feito melhor.

— Ah, quase me esqueci. — ela arfou, depois abriu a bolsa e tirou um papel de lá de dentro. O pobre coração ansioso de Sakura apertou, saltou e então bateu forte. — Isso aqui é pra você, do Sasuke. Ele me pediu para te entregar em mãos.

Sakura pegou o envelope com as mãos tremendo, sob o olhar observador de Hinata e a expressão de pena. Ela não se importava por isso, talvez, naquele momento, até fosse um pouco digna de pena.

Que se dane! Ao menos, podia falar com Sasuke agora.

— Espere! — ela pediu, e então correu até sua mesinha de estudos. Rasgou uma folha de caderno e escreveu um rápido bilhete. — Aqui. Entregue para ele, por favor?

— Claro, claro... Isso não te lembra quando éramos pequenas? Você me mandava levar bilhetes para o Neji.

Sakura fez uma careta, sem querer pensar no primo de sua amiga aquele momento. Hinata deu um sorriso dócil, beijando seu rosto em seguida.

— Por favor, coma alguma coisa, certo? Faça isso pelo Sasuke.

Não era como se pudesse negar mais, aparentemente.

— Você não vai contar a ele, não é?

— É claro que não. — ela balançou a cabeça, e Sakura não estava muito disposta a tentar entender se era verdade.

Ela queria ficar sozinha e pensar em seu plano.

Se jogou em sua cama e seus dedos ainda estavam trêmulos quando abriu o envelope com a letra grande de seu namorado.

Mas, ao contrário do que achava que era, uma carta ou algo parecido — embora não fosse mesmo o estilo de Sasuke — ela se deparou com um desenho.

Seu desenho nu, tão perfeitamente desenhando e colorido que quase lhe pareceu uma foto. O cabelo rosa, que agora já tinha voltado ao loiro natural e sem graça, os olhos verdes antes com vida e determinação e as linhas sinuosas de seu corpo.

Embaixo, uma breve mensagem:


Minha linda e curiosa inspiração, em seu momento mais íntimo dado exclusivamente a mim.

Obrigada, te amo.

- Sasuke.


Notas Finais


AAAAAAAAAA
Nós tivemos um breve momento de Sasuke, mas prometo que no próximo ele estará muuuuito presente.

Música: Time After Time, Cindy Lauper


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