1. Spirit Fanfics >
  2. Baile de Máscaras >
  3. Onze

História Baile de Máscaras - Onze


Escrita por: _naomiq

Capítulo 12 - Onze


 

Acho que já estava tão acostumada com hospitais que nem me dei o luxo da confusão quando abri os olhos e me deparei com o cubículo branquicento que me rondava. A dor estava presente, mas muito mais suportável do que na noite anterior. Ainda com a cabeça latejando, fiz menção de me levantar, porém fui impedida por algo que prendia minha mão contra o colchão de solteiro. Outra mão, para ser mais precisa. 

Baekhyun sentava-se em uma cadeira ao lado da cama, debruçado sobre a mesma com os olhos fechados e os lábios entreabertos. Sua respiração pesada foi como um gatilho que me levou direto às nossas lembranças, dormindo e acordando juntos. Notei seus dedos entrelaçados aos meus, mais forte do que se espera de alguém que está dormindo, e me mexi cuidadosamente até conseguir sentar sem quebrar o toque de nossas peles.

A franja, mais bagunçada que o normal, caía em seu rosto e bloqueava a vista de seus olhos. Sorri fraco, acariciando e selando seus fios castanhos de modo demorado e afetuoso. Seu perfume, capaz de me fazer reconhecê-lo mesmo em meio a uma multidão, entrou por minhas narinas e preencheu todos os vazios que uma vez existiram em mim.

Com resmungos inaudíveis e bocejos, Baekhyun ajeitou-se na cadeira e demorou algumas piscadas pesadas para finalmente entender o que estava acontecendo. Ele passou de sonolento para preocupado em uma fração quase imperceptível de segundo.

— Mia, você está bem? Está com dor? Espera um pouco, eu vou chamar a enfermeira! — Disse, afobado, olhando para cada canto do quarto como se não soubesse o que fazer.

Assim que o garoto se levantou, segurei novamente sua mão — com mais força do que pensei que teria — e impedi-o de prosseguir.

— Eu estou bem, só preciso que você fique aqui comigo — falei baixinho, ainda me acostumando com a sensação de conseguir falar de novo.

Um sorriso surgiu em seus lábios e logo ele estava deitado ao meu lado na cama, ambos cobertos pelo lençol fino e sem vida, típico dos hospitais. Quis me deitar de lado, de frente para o mais velho, mas fui impedida por sua mão que segurava minha cintura.

— O médico disse que você não deve ficar de lado ou os pontos podem abrir.

É claro, os pontos. Fiz um grande esforço e consegui me lembrar de algumas coisas que aconteceram assim que chegamos ao hospital. Lembrei de ser levada às pressas para uma sala repleta de equipamentos cirúrgicos. Lembrei das vozes, falando incessantemente sobre coisas que eu não entendia. Lembrei também de Baekhyun; sua imagem lá longe, desfocada e imensamente triste quando não deixaram-no entrar na sala de cirurgias. 

— Eu tenho tantas coisas para dizer... — comecei —...mas nem sei por onde começar.

O menino acariciou minha bochecha, selando nossos lábios e sorrindo em seguida.

— Tudo bem, não precisa dizer nada. Você está fraca, tem que descansar.

— Não, eu quero dizer — envolvi seu rosto com minhas duas mãos, mirando diretamente seus olhos e tomando coragem para progredir. — Eu lhe devo tantos pedidos de desculpa que nem consigo enumerá-los, mas acho que o mais importante é por não ter sido honesta, nem com você e nem comigo mesma.

Respirei fundo, vendo-o me dar tempo para continuar.

— Eu me senti péssima depois do que disse para você naquela noite. Quero dizer, você não tem culpa pelo meu relacionamento com minha família ser precário, ou por eu ser do jeito que eu sou. Pelo contrário; você sempre foi a razão de eu querer ser alguém melhor. Uma Mia melhor e uma namorada melhor. Ser abandonada anteriormente não me faz mais suscetível a outro abandono, só me torna uma pessoa medrosa e medíocre, e eu não quero ser assim. Eu te amo demais para deixar de viver ao seu lado e ficar me preocupando com a data da sua partida — terminei, sentindo meu coração dar sinal de vida e bater descontroladamente.

Fui envolvida em um abraço ao mesmo tempo necessitado e cuidadoso. Foi quando soube que estava segura. Baekhyun era o agora, e eu queria aproveitá-lo o quanto pudesse. Sem receios, sem dúvidas. Meu amor transbordava e eu desejei nunca ter de ficar incompleta novamente.

— Fico tentando procurar palavras pra lhe dizer o quanto eu te amo, mas não achei nenhuma até agora que vá expressar corretamente a imensidão do meu amor por você — disse, unindo nossos lábios e transformando aquele toque suave em algo mais ansioso e terno.

A dança de nossas línguas só não continuou porque fomos alertados de uma presença no quarto. Uma não, mas cinco, vestindo uniformes da polícia e expressões cansadas nos rostos, fora os médicos e as enfermeiras. Um pigarro foi suficiente para nos fazer sentar e corar violentamente.

— Como está, Mia? — Indagou aquele que tomava a frente, com os ombros largos e os traços faciais ligeiramente ocidentais. — Eu sou o delegado responsável pela Divisão de Narcóticos da Polícia Federal, Heo Minho.

— Prazer em conhecê-lo — respondi, me curvando levemente, ainda envergonhada e com toda a atenção concentrada em mim.

— Estou curioso sobre como você derrubou dez homens com quase o dobro da sua altura e peso — falou, tornando o ar mais leve com risadas tanto dos outros policiais quanto minhas e de Baekhyun.

— Eu fiz muitos anos de Krav Magá, então meio que aprendi a lutar e a manusear instrumentos de defesa pessoal.

— Eu não sabia disso — ouvi Baekhyun dizendo baixinho, com os olhos arregalados e a boca ligeiramente aberta.

— Enfim, você teve muita sorte — continuou o homem. — Parece que eles vêm observando você há algum tempo.

Senti minha cabeça girar, e só não fui de encontro ao colchão porque Baekhyun segurou-me pelas costas e me fez recostar a cabeça em seu ombro. Foi como ser atingida por outro tiro. Se aquilo fosse verdade e eles me quisessem morta, provavelmente não iriam descansar até ter a minha cabeça em uma bandeja.

Apertei forte a mão de Baekhyun, que pareceu compreender minha angústia e me envolveu ainda mais.

— Por enquanto, nós temos algumas suspeitas de quem eles podem ser, mas não é nada confirmado — retomou. — De acordo com nossos registros, você não tem histórico de envolvimento com tráfico ou prostituição, o que torna bem mais difícil descobrir o interesse deles por você.

Houve um alarde momentâneo e todos na sala começaram a falar ao mesmo tempo. Em meio ao oceano de vozes, a única coisa que me prendia era a imagem de mamãe e Jihyo. O que aconteceria com elas se eu fosse pega? E como minha mãe sabia que eu estava em perigo? Meus amigos. Baekhyun. Quão perigoso seria para eles estarem próximos a mim? Minha culpa só não era maior que minha insciência.

— Aliás, Mia... — disse Minho, cessando os murmúrios —...você tem algum lugar para ficar que não seja a sua casa? Algum lugar que ninguém poderia suspeitar.

Pensei, pensei e pensei. Eu não deveria e nem queria ficar na casa de nenhum dos meus amigos. Só o fato de eles serem meus amigos já os deixava em uma posição perigosa, e eu não iria piorar as coisas. Minha família nem era uma opção. Primeiro porque eu não sabia nem onde minha mãe estava, nem onde Suho morava, e segundo porque eu não arriscaria suas vidas pela minha.

Assim que inspirei, pronta para negar a pergunta e me mudar para um hotel na periferia da cidade, Baekhyun me interrompeu e respondeu por mim:

— Sim, ela pode ficar na casa dos meus pais, em Incheon.

Olhei-o surpresa, ainda processando a informação e não conseguindo formar uma palavra sequer.

— Então tudo bem — Minho e Baekhyun trocaram olhares demorados antes que o policial se voltasse a mim novamente. — Por agora, nós só pedimos que você não se envolva com a investigação. O melhor seria ficar em casa por algum tempo, pedir uma folga do trabalho e descansar. Deixe que o resto nós iremos resolver.

— T-Tudo bem.

— Ah sim, sobre a calibre 44 — continuou, fazendo-me engolir seco. — Eu prefiro nem saber aonde você a conseguiu ou porque, mas por via das dúvidas, você nunca a teve nem nunca segurou numa arma antes. Aqueles oito tiros incrivelmente precisos vieram de agentes do governo e é só isso que você sabe, uh?

Maneei a cabeça. Foi só o que consegui fazer antes que os policiais acenassem e deixassem a sala mais uma vez vazia.

— Baekhyun, você ficou louco? — Disse, ainda em choque, surpreendendo o mais alto.

— O que? Por que?

— Eu não posso ficar na casa dos seus pais! Já imaginou se eles me encontram? Qual o tamanho do perigo que seus pais correriam? — Só de imaginar todo o estrago que eu poderia trazer para aquela família meus olhos já começavam a dar sinais de ardência.

— Eles não vão encontrar você. Eu nunca permitiria que isso acontecesse — colocando uma mecha do meu cabelo para atrás da orelha, o menino de olhos caídos baixou o olhar por alguns instantes, apenas o suficiente para terminar a frase. — Nem eu, nem a polícia.

Eu sabia que não teria escapatória. Havia passado tempo suficiente com o mais velho para saber a grande teimosia que morava dentro daquele corpo levemente musculoso. Então, sem grandes esperanças, dei-me por vencida e suspirei, entrelaçando novamente nossos dedos.

— Okay, mas e você? A essa altura, eles já devem saber da sua relação comigo. Eu não descansaria sem saber que você está seguro também — perguntei, afagando as costas de sua mão com meu polegar.

— Eu sei me cuidar — censurei-o com o olhar, evidentemente insatisfeita com sua resposta. — Além do mais, faz muito tempo desde que eu visitei meus pais, então acho que não faria mal se-

O garoto não conseguiu terminar aquela frase, já que em menos de um segundo eu já estava em cima dele, abraçando-o e beijando-o com o maior dos sorrisos nos lábios.

— Estou tão feliz! Obrigada por tudo, Amor! Não vejo a hora de conhecer a sua família! — Dizia eu, entre selos e sorrisos, fazendo o maior gargalhar e envolver minha cintura, tirando-me de cima de si com um cuidado extremo.

— Você me chamou de "Amor"? — Perguntou, com os olhos quase fechados e um sorriso travesso nos lábios.

Logo o calor tomou minhas bochechas e eu sabia que estava corando. Havia dito aquilo sem pensar, já que não era comum que eu o chamasse por apelidos — como ele sempre fazia comigo —, mas encarei como algo positivo quando seus olhos se iluminaram e ele apertou minhas bochechas, formando um bico em meus lábios que posteriormente foram selados com os lábios do garoto.

— Eu estava esperando por isso há tanto tempo — completou, unindo nossas testas com uma afeição sem tamanho. — A propósito, Sehun ligou e pediu que você fosse até a casa dele. Disse que descobriu sobre as fichas e afirmou que você saberia do que se trata.

Nem tive tempo de conter meus olhos e logo eles já estavam arregalados, surpresos e ansiosos, temendo pela conversa que teria com o mais novo.

— Baekhyun, nós temos que ir. E tem que ser agora!

 

xxxx

 

Assim que Baekhyun terminou de me ajudar a vestir as roupas limpas que trouxera mais cedo, deixou-me sozinha no quarto enquanto preparava os papéis de saída do hospital. Procurei meu celular em meio ao sobretudo perfurado na noite anterior e liguei-o, aproveitando a última porcentagem da bateria para ligar para Jihyo.

— Mia?! — Disse ela assim que atendeu, com um tom mais surpreso do que o habitual.

— Sou eu. Onde você está? Está tudo bem?

— E-Está, quer dizer... P-Por que você está me ligando?

Senti meu cenho franzir e uma pequena chama de raiva se acender. Jihyo nunca me tratara daquele jeito, ainda mais quando estávamos há tanto tempo sem nos ver. Pigarreei de leve, trazendo um pouco da dor do corte em minha barriga à tona.

— Eu não posso? —Perguntei, percebendo a diferença em minha voz, dessa vez mais rude e impaciente.

— Não é isso — começou, mas então inesperadamente o rumo da conversa mudou e ela me respondeu: —Na verdade, você ligou numa péssima hora. Eu te retorno quando possível, tudo bem? — E desligou.

Pisquei incontáveis vezes, esperando que seu nome brilhasse na tela e Jihyo dissesse que estava brincando, mas nada aconteceu. Não consegui informá-la sobre o tiroteio, sobre a mamãe e — o mais importante —, não consegui conversar com minha irmã. Apertei o smartphone entre os dedos, vendo-os ficarem brancos. Se ela não queria falar comigo, eu também não falaria com ela. Desse jeito, pelo menos, teríamos menos contato, e menos contato significava menor chance de esbarrar com um contratado da Yakuza.

Joguei o celular dentro da mochila que Baekhyun trouxera e saí do quarto antes mesmo de ter sido autorizada. Já conhecia aquelas paredes muito bem, então acharia a recepção mesmo de olhos fechados.

Enquanto andava pelos corredores compridos e estreitos que se seguiam, acabei passando por um quarto que emitia mais barulho que o normal. A curiosiodade não me deixou seguir, e a única opção foi voltar e tentar escutar o que se passava lá dentro. Como a porta estava aberta, parei ao lado da mesma e fechei os olhos, direcionando todo o foco aos múrmurios interiores.

— Não deveria fazer isso — disse uma voz masculina, de modo arrastado.

— Você me chamou até aqui só pra dizer isso? Porque se foi, eu estou indo embora — respondeu outra voz masculina, tão baixa que suas palavras eram quase como um sussurro para mim.

— Sabe que eu gosto de você, por isso fico insistindo.

— Se gostasse mesmo de mim, saberia que nada vai me fazer desistir — terminou, pisando larga e pesadamente até mais próximo de mim.

Em menos de um segundo eu já estava chegando na recepção e fazendo aquilo que deveria ter feito ao invés de escutar conversas alheias. Mas assim que cheguei à recepção, não vi Baekhyun em lugar algum. Segundo a recepcionista, um garoto de franja torta e bochechas redondas já havia retirado meus papéis da alta há alguns minutos. Sorri e agradeci, retornando ao quarto que fora internada.

— Aí está você! — Disse o garoto quando abri a porta, sorrindo com uma pasta nas mãos.

— Fui procurar você. Liguei para Jihyo e ela parecia estranha. Será que eu fiz algo errado e não lembro? — Falei, mais pra mim do que qualquer coisa, e fui abraçada pela cintura com leveza.

— Ela deve estar ocupada, não se preocupe. Tenho certeza que você não fez nada errado. Vocês se amam — me consolou, agitando o topo dos meus fios e bagunçando-os. — Aliás, os papéis já estão aqui — levantou a pasta. — Vamos embora?

Balancei a cabeça positivamente, entrelaçando meus dedos aos do maior e rumando para fora do hospital.

A caminhada até o estacionamento da frente foi um pouco dolorida, mas tudo piorou quando tive que me sentar no Porsche recuperado pelo meu namorado. O espaço era claustrofóbico — aquela era a primeira vez que notava — e qualquer mínimo movimento fazia meus pontos gritarem por ajuda. Todo o caminho até a casa de Sehun, nossa penúltima parada antes da casa dos pais de Baekhyun, foi feito com o mais velho dizendo para que voltássemos ao hospital e esperássemos mais tempo e eu recusando a oferta e sentindo o suor que se formava em minha nuca. Nunca quis tanto ter um controle remoto que abaixasse o volume da voz de Baekhyun até que não ouvisse mais nada. Seu desespero me deixava ainda mais desesperada e o que eu menos precisava naquele momento era estar desesperada.

— Finalmente nós chegamos! Se eu ficasse mais dois minutos presa nesse carro com você, um de nós não teria saído vivo! — Falei ao vento quando o Porsche fora estacionado em frente à simples, porém aconchegante, casa de Oh Sehun.

— Se esses pontos abrissem eu ia deixar você costurá-los sozinha, só por causa da sua teimosia — rebateu o mais velho, fechando sua porta com um baque surdo logo após a minha.

Ajeitei minha blusa o máximo possível para que a gaze que envolvia meu ventre não produzisse marcas aparentes enquanto apertava a campainha. Nem cinco segundos se passaram até que a porta fosse escancarada e Sehun fosse revelado vestindo apenas cueca e meias. Baekhyun e eu namorávamos há tempo suficiente para que ele já não se surpreendesse mais com aquele tipo de situação, então eu apenas rodeei a cintura do mais novo rapidamente e rumei até seu quarto.

— Você parece cansado — falou Baekhyun, sentando-se na ponta da cama e me puxando para sentar ao seu lado.

Sehun se jogou em sua nova cadeira — um presente muito especial saído de nossos bolsos no aniversário do mais novo — e tomou um longo gole do seu café, minimizando a janela do seu jogo online e virando em nossa direção.

— Eu tenho trabalhado bastante ultimamente, pra ser sincero. Oh, sim, as fichas! — Ele falava mais como um lembrete pessoal do que como uma tentativa de conversa, então nós apenas nos mantivemos em silêncio enquanto aquilo dentro da cabeça de Sehun, seja lá o que fosse, trabalhava.

Indo e vindo, fechando e abrindo, logo o menino já estava com diferentes textos, imagens e documentos abertos na grande tela do seu computador. Notei Baekhyun remexendo-se no colchão, buscando uma posição confortável para se aproximar do monitor, e fiz o mesmo. Usei sua perna como apoio para não precisar me curvar muito.

— Tudo bem, vamos retomar da última vez que você veio — começou o garoto, subindo seus óculos na curva do nariz. — Nós entramos nos servidores da Yakuza, procuramos pelos homens que saíram do sistema por volta da data que constava naquela gravação e achamos quatro possíveis suspeitos — mostrou o número com os dedos, apontando para cada um enquanto montava sua linha de raciocínio. — O primeiro, um idoso cego de um dos olhos, não batia com a pessoa do vídeo. O segundo era um jovem, provavelmente recém admitido, que não aparentava possuir as tatuagens. O terceiro e o quarto foram os que mais chamaram a atenção, então eu disse que ia mais a fundo e te ligaria quando descobrisse algo interessante.

— E então você me ligou por causa das fichas, certo? — Disse eu, ansiosa.

— Certo. As fichas de admissão, onde consta toda e qualquer informação sobre alguém que pretende entrar para a facção. Eu já estava ciente da existência desse tipo de arquivo — qualquer organização desse tamanho precisaria de toneladas de registros para controle —, mas elas são muito mais detalhadas do que pensei — respirando fundo, dei tempo para que o mais novo continuasse. — Há um histórico de vinte anos não só dos homens, mas também de suas afiliações. Namoradas anteriores, familiares, amizades próximas. Isso é quase que um diário, só que não escrito pelas próprias pessoas — terminou, bebericando seu café novamente e deixando uma pequena gota deslizar até seu queixo.

— Mas e os dois que sobraram? — Senti a ansiedade que pairava na voz de Baekhyun. Estávamos ambos com pouco tempo mas muita curiosidade.

— É aí que entram o terceiro e o quarto. Pelas fichas, o terceiro foi descartado. Seu país de origem era a China, mas ele passou grande parte da vida no Japão. Sem namoradas, quase nenhum familiar. Amigos menos ainda. Nada que indicasse envolvimento com você.

Enrolei o braço de Baekhyun ao meu, acariciando-o vez ou outra para me distrair não só da dor, mas também do medo das notícias que eu talvez não quisesse receber.

— O quarto, pelo contrário, era coreano. As descrições físicas eram inconfundíveis: ele era o homem da gravação. Jeon Doyoung, vinte e sete anos.

Tapei meus lábios com uma mão por impulso. Eu havia chegado longe demais; não havia mais a oportunidade de voltar atrás. Eu estava sendo perseguida, e de alguma forma, sentia que aquilo tinha algo a ver com o meu passado. Muitas vidas estavam nas minhas mãos e eu não poderia fraquejar. Era tudo ou nada.

— Esse, por incrível que pareça, tinha um registro até que... breve. No começo, apenas uma irmã e um pai. Alguns amigos, mas nada especial. Mas então, da metade do arquivo para frente, muita coisa foi escrita — eu quase via seus olhos brilharem de empolgação, e ficaria feliz pelo garoto se a situação não fosse justamente aquela. — Preso após ser acusado de assassinato. O do próprio pai, pra ser específico. Saiu após bom comportamento e muito suborno, levando tudo para o Japão e começando uma vida lá com sua irmã mais nova. Como estaria ainda mais perto da matriz da facção, recebeu uma boa quantia em dinheiro para a mudança. Comida, aluguel, despesas — tudo vinha do dinheiro da Yakuza.

— E por que eles faziam isso? — Perguntei, relembrando o gosto das palavras à boca.

— Provavelmente ele era um de seus melhores homens. Talvez hábil, ou muito inteligen-

— Leal — interrompeu o garoto ao meu lado, desviando de nossos olhares assim que os mesmos pousavam em si. — Não há nada que a Yakuza preze mais do que lealdade.

— Tem razão. Agora tudo faz sentido — Sehun parecia ter uma lâmpada acesa acima da cabeça. — Aqui também diz que, de uma hora pra outra, o dinheiro passou a ser cortado. Nem dois meses após isso ele e sua irmã voltavam à Coreia do Sul, e então não há mais nada escrito. Algo deve ter acontecido para que o corte de dinheiro acontecesse tão de repente. Algo que fosse extremamente contra às diretrizes internas.

— Roubo? Será que ele roubou dinheiro ou-

— Não, eles não precisavam disso — me impediu de continuar. — Além do mais, assim que voltaram para o país de origem, ambos mudaram de nome.

— Um jeito de ganhar tempo, pelo menos até encontrar uma solução para o problema — completou Baekhyun, com o cenho franzido.

— Exatamente, só que... 

Os segundos que se passaram enquanto esperávamos Sehun encontrar a melhor forma de falar foram como uma amostra grátis do inferno. Baekhyun já deveria estar com a mão dormente, dada a força com que eu a apertava, e a dor sob a gaze estava mais lancinante que nunca.

— Anda, Sehunnie, fala logo! — Surpreendi-o, pressionando o buraco recém costurado em minha carne numa tentativa falha de eliminar a dor.

Ele mais uma vez ajeitou o óculos, sustentando meu olhar e o de Baekhyun antes de mirar o carpete claro do chão.

— Mia, o novo nome da irmã dele é exatamente igual ao nome da sua mãe adotiva.
 


Notas Finais


to pensando ha um tempo em escrever uma fanfic yaoi, depois de terminar essa, é claro
o que voces acham? sera que é uma boa?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...