História BangtanGirl - Capítulo Dezenove

Você não tem mais noção de quanto tempo esteve correndo nem de onde está tentando chegar. O que você sabe é que suas pernas não vão aguentar por mais tempo. Ao virar uma esquina, você para por um momento e se apoia na parede ao seu lado. Aonde você está agora? E isso realmente importa? A rua está escura e, aparentemente, deserta. Você escorrega suas costas pela parede, sentando na calçada e abraçando seus joelhos.
              É tanta coisa passando pela sua cabeça nesse momento... Bem distante da viagem, você se lembra da época em que você conheceu o BTS, ainda em sua casa, no aconchego do seu quarto. O chamativo vídeo no canto da sua tela parecia ser inofensivo, mas depois de clicar nele sua vida nunca mais foi a mesma. Você se lembra de como ficou deslumbrada com o talento, beleza e simpatia daqueles sete garotos e de como um deles em particular começou a tomar um lugar especial em seu coração, sem ao menos você perceber. Você se lembra de como foi se apaixonando cada vez mais pelo sorriso, pela fofura e pela doçura de Jeon Jungkook. Mas a imagem do olhar de desprezo que ele havia dirigido à você hoje sempre voltava à sua mente.
               Meu Deus! Como essa noite está fria!
              Talvez... Talvez realmente fosse melhor você nunca ter saído de casa... Talvez fosse melhor você continuar com seu amor platônico pra si só... Seria melhor ter mantido aquela imagem perfeita e ideológica do garoto... Se iludir não é tão ruim assim... Talvez...
 

Vigésimo quinto dia com o... Bangtan? Não dessa vez. Você acabou caindo no sono ali mesmo na calçada e acordou com o som do seu estômago roncando. Quanto tempo você havia dormido? Que horas são? Desatenta como é, você deixou sua bolsa na empresa, junto com seu celular e sua carteira. Sozinha e sem recursos! Maravilha!
             Você se levanta do chão e limpa sua roupa. E agora? Você devia tentar voltar? Os meninos devem estar preocupados. Bom, pelo menos alguns deles... Não! Claro que alguma hora você teria de voltar, porque é a única maneira de retornar ao Brasil, mas não agora! Você decide continuar seguir na direção que estava indo na noite anterior. Não com tanta pressa dessa vez...
 

Algum tempo depois de você começar a andar, você começa a sentir respingos caindo sobre o seu rosto. Estava começando a chover e a chuva foi ficando cada vez mais forte. Você corre até encontrar abrigo em baixo do telhado de uma casa. Até então você já estava ensopada e o telhado não te protegia tão bem assim.

   ??: "Ei, garota!"

Você olha para os lados mas não vê ninguém por perto. Quem iria sair em uma chuva dessas?

   ??: "Menina! Você aí! Saia da chuva! Quer pegar uma doença?"
                S/N: "O que?"

Ao olhar para trás, você vê um senhor gritando da janela da casa em que você tenta se proteger.

   Sr.: "Anda logo! Vamos, criança! Venha cá! Rápido! Venha!"

Meio hesitante, você corre até a porta da casa, de onde o senhor continuava gritando.
 

Em poucos minutos, você estava envolta em uma toalha, tomando chá com seu "salvador" desconhecido.

   S/N: "Muito obrigada, ajeossi..."
                Sr.: "Não, não! Me chame de harabeoji, sim?"
                S/N: "Ah... Tudo bem... Harabeoji... Você sabe que horas são?"
              Sr.: "Não tenho relógio mas sei que já fazem algumas horas que almocei... Então, o que uma garotinha como você estava fazendo lá fora nessa tempestade? Você não é daqui. De onde é? Está perdida, criança?"
                 S/N: "Ah, não! Quer dizer... Mais ou menos... Eu sou brasileira. Estou aqui a passeio."
                 Sr.: "E onde está sua família?"
                 S/N: "Eu vim sozinha. Estou na casa de uns... amigos..."
              Sr.: "E onde estão esses irresponsáveis? Como podem abandonar uma menina tão bonita sozinha em uma cidade desconhecida?"
              S/N: "Bem, não era pra eu estar aqui... É que eu acabei... É... Eu acabei brigando com alguém e... eu não quero... eu não posso voltar agora..."
              Sr.: "E pela sua cara, esse alguém é uma pessoa muito importante pra você, não é, criança?"

Você abaixa sua cabeça e o senhor sorri pra você.

   Sr.: "Pode me fazer um favor, filha? Você alcança aquela moldura atrás de você? Sim, essa! Me dê aqui."

O quadro guardava a fotografia de uma mulher.

   S/N: "É sua esposa?"
                Sr.: "Sim... Não é linda?"
                S/N: "É sim."
         Sr.: "Sinto muito a falta dela. Todos os dias. Ela era uma pessoa maravilhosa. A cada dia, eu me apaixonava de novo por ela. E isso não é diferente hoje. Cinquenta e um anos! Foi esse o tempo que passamos juntos. Você não tem nem metade disso em toda a trajetória de sua vida! Sabe quantas vezes brigamos nesse tempo todo? Nem se pode contar! Éramos muito diferentes, cada um com suas próprias ideias e maneiras de pensar. Como ela era difícil..."

O velho abre um sorriso triste e apaixonado.

   Sr.: "Mas não havia nada, problema algum, que pudesse me separar dela. Eu não podia viver sem ela. Entende? Em qualquer tipo de relacionamentos acontecem desentendimentos. Se seu... Amigo? Se ele realmente gosta de você, ele deve estar muito preocupado agora! Volte até ele!"
                 S/N: "Mas, harabeoji..."
           Sr.: "Já terminou de comer, não terminou? Aproveite que a chuva passou! Se apresse e tome o caminho de casa!"
 

Você agradece mais uma vez e deixa a casa. Se encolhendo em seu casaco por conta do frio, você começa a fazer o caminho de volta, ou pelo menos tentar. Por mais que você não quisesse fazer aquilo, você reconhecia que a situação ia ficar muito ruim pra você se não aparecesse logo. Os staffs poderiam contatar seus pais, deixando eles preocupados, e você não queria isso. E tomara que isso não tenha chegado aos ouvidos de Bang PD porque encara-lo não seria algo muito agradável nas atuais circunstâncias.
             Todos sabemos que a visão que temos do mesmo lugar muda do dia para a noite, ainda mais em um lugar que não conhecemos. Já começava a anoitecer e você ainda não tinha uma ideia exata de que caminho estava tomando. Mas é claro que sempre pode piorar. Para te desorientar ainda mais, a chuva de mais cedo voltou com tudo e você teve que se proteger embaixo do toldo de uma loja.
           Chega uma hora em que você se senta no chão e apoia a cabeça sobre os joelhos de frustração. Parece que a chuva vai durar a noite inteira. Estava cada vez mais frio, então você se encolhe e coloca suas mãos nos bolsos de sua blusa. Você percebe alguma coisa estranha no bolso. Seria comida?
             Rapidamente você retira o objeto do bolso e se decepciona ao perceber que era apenas um pedaço de papel. Um pedaço de papel todo amassado e remendado com fitas adesivas. Ao desdobrar a folha, você descobre o desenho que o Kookie tinha feito pra você. O desenho que você havia rasgado e magicamente apareceu no bolso da sua blusa de frio. Jungkook não jogou o desenho fora, ele o devolveu pra você! Que lógica tem isso?
              Enquanto você olhava confusa para o papel em suas mãos, um carro para do outro lado da rua. Uma figura desce do banco de trás do carro e vem em sua direção, correndo pela chuva, sem ligar para a água encharcando suas roupas. A figura chega até você e puxa seus braço numa tentativa de te levantar.

   S/N: "Jungkook?"

Você se põe de pé, se livrando das mãos do garoto.

   S/N: "Me solta!"

Com uma cara séria, Jungkook te puxa de novo, te abraçando dessa vez.

   JK: "Sua maluca! O que você tem na cabeça? Aonde você tava esse tempo todo?"
                S/N: "Eu disse pra você tirar suas mãos de mim!"

Você tenta se desvencilhar, mas Jungkook te abraça com ainda mais força.

   JK: "Desculpa!"
                S/N: "O que?!"
             JK: "Me perdoa! Nada do que eu disse é verdade! Você não é burra! Você não é idiota! Você não é insuportável! Você não tá atrapalhando a vida de ninguém! Eu não devia ter dito isso, por favor, me desculpa! Eu pensei que seria melhor você me odiar do que sofrer por gostar de mim, mas eu... Eu não posso... Lembra? Eu te disse que seu coelho vai estar sempre aqui com você, não disse?"
                S/N: "Jungkookie..."
              JK: "Eu sinto falta das nossas conversas e das nossas brincadeiras! Eu sinto falta da sua teimosia, das suas loucuras e da sua falta de atenção! Sinto falta do seu sorriso, da sua risada e da maneira que consegue alegrar meu dia só por olhar pra mim! Sinto falta de como suas bochechas ficam vermelhas quando eu digo algo que você não gosta, mesmo que seja só pra te implicar! Sinto falta de te deixar pra trás só pra ter o gostinho de saber que você sempre vai vir correndo pra mim! Sinto falta de poder te abraçar sem precisar de um real motivo pra fazer isso! S/N, eu sinto sua falta! E eu não quero que você vá embora!"
                 S/N: "Kookie..."

Chocada, você retribui o abraço, sem saber se o que você sentia cair sobre suas costas eram gotas de chuva ou lágrimas do garoto, porque pela voz ele parecia estar chorando.

   JK: "Babo!"
                Staff: "Alô? Sim, achamos ela."