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História Barbie - 3. Freddie Mercury feat John Lennon


Escrita por: _Pandagiih

Capítulo 3 - 3. Freddie Mercury feat John Lennon



Cinco dias depois...



         — Até quando vai continuar me ignorando?


Revirei os olhos para o comentário, sem responder meu amigo.


 — Isso é alguma crise no relacionamento dos pombinhos? — Seulgi pergunta, estranhando meu comportamento seco para com o modelo.


    Às vezes, sinto realmente muita vontade de socar a cara dessa garota sem noção.


     — Não somos namorados. — Forço um sorriso, repetindo a frase pela vigésima vez.


     — Só vou fingir que acredito, porque tenho certeza que você me contaria todos os detalhes do pedido, certo? — Assentiu, falsamente empolgado. — Amigas não escondem segredos, não é?


      Coitadinha.


     — Foi bom você entrar nesse tópico, sabe… amigas não escondem nada, principalmente se for sobre contatos que seriam importantes que você tivesse o conhecimento. — Alfinetei, encarando Taehyung pela primeira vez, desde que ele chegou para me atazanar no intervalo do almoço.


      — Qual é, Minnie! Supera isso. Eu não contei porque não achei que fosse tão necessário assim. — Deu de ombros, me cutucando.


      — Certo, tô perdida aqui e acho que essa é minha deixa para ir embora. — Reviro os olhos, em pensamentos. Graças a Deus, ela se tocou. — Te vejo à tarde? — Assenti, aceitando seu beijinho de despedida. — Céus, você é tão linda!


     — Você que é! — Rebati, acenando.


     — Caramba, sua cara parece que vai rasgar com esse sorriso. — Meu amigo zombou, assim que a garota atingiu uma distância suficiente para que não fosse escutar.


      — Ela é muito sonsa. — Confessei. — Por mim eu não passaria nem perto dela, mas minha mãe está doida para fechar uma sessão de fotos da Barbie com a nova coleção de inverno da Dior. Tanto para a boneca quanto para a boneca humana. — Brinquei.


      — E a mãe da Seul chata Gi é a diretora de imagem da marca. — Completou, negando com a cabeça. — Agora que você está bonzinho comigo, de novo…


      — Ainda estou puto.


      — Queria dizer que já arrumei nossas fantasias para sexta. — Contou, empolgado.


     Semicerro os olhos.


      — Você não está achando que eu vou nessa festa, sim?


        — Jimin! — Exclama, indignado. — É lógico que você vai.


         — Eu disse que seria uma vez, Tae. Uma. — Aponto, firme.


         — Amorzinho… — Reviro os olhos com a manha alheia. — Você vai ficar tonto de tanto revirar os olhos. E voltando, funcionou da primeira vez, vai dar tudo certo na sexta.


      — Claro que vai dar, até porque eu não vou.


        — Você foi convidado diretamente pelo Jungkook, Minnie! Não é possível que você vai furar. — Comentou, sugestivo.


   — Ele nem deve lembrar. — Falei, simples.


   — Todo dia ela me manda mensagem perguntando sobre você. — Soltou, me fazendo arregalar o olhar.


  — Como é? — Questionei, interessado. — O que ele fala?


 Escuto sua gargalhada alta, chamando a atenção de outros alunos e sinto vontade de enforcá-lo.


    — Tô brincando com a sua cara, Park! — Limpou as lágrimas do canto dos olhos. — Como diabos ele falaria comigo? Eu nem tenho o telefone dele.


    — Você é um idiota. E eu não sei, talvez você tivesse escondido isso de mim, igual sua amizade com Hoseok e Yoongi. Aliás, Jungkook parecia te conhecer bem, até te chamou por um apelido. — Sorri, debochado.


 — Eu aposto corridas, Jimin. — Declarou, irritado.


     — Perdão? — Perdi a cor.


   — Eu participo de rachas ilegais, corridas de carros. Tá satisfeito? — Bufa, mostrando que não estava feliz em admitir. — Foi assim que eu conheci o Hoseok e o Yoon. Ganhei uma rodada, fui comemorar com os garotos e eles também estavam na festa.


          — Se eu estou satisfeito? — Repeti, descrente. — Eu estou puto, seu idiota. Por que nunca me contou? — Estapeei seu peito, irritado. — Sua mãe sabe?


       — Ah, claro. Cheguei pra ela e falei: "sei lá, vou participar de um racha ali e tals, mas fica tranquila que eu não vou morrer não, fica de boa". Lógico que ela não sabe, Bundudo. E eu não sabia como você reagiria, amigo. Você é tão "certinho" e eu tive medo de você nunca mais falar comigo.


           — Babaca. Estúpido. Ridículo. — O xinguei de todos os palavrões que eu poderia lembrar, naquele momento.


          — Já acabou?


   — Você sabe do meu maior segredo! E ainda sim não confiava em mim para me contar isso aí. — Fiz pouco caso da declaração, dramatizando.


   — Você sabe que não é assim também. — Me abraçou. — Para de drama.


    — Quero te ver correr. — Pedi, sincero. — E não quero mais que você me esconda essas coisas! Por favor! Nunca escondi nada de você.


      — Amigas não escondem nada, não é, Barbie? — Brincou, apertando minha bochecha. — Eu prometo, dollface. E sobre te levar… não acho que é um lugar adequado para a Barbie.


      — E quem disse que vou como a Barbie?


       — Ué, não foi você que disse que saiu daquela forma uma única vez? — Jogou, sujo.


         — Que forma? — Seokjin aparece, de repente, sorrindo curioso.


Coloco a mão no peito, com o susto.


— Você me assustou! — Sorri simpático, desviando do assunto.


— Minha beleza está tão assustadora assim? — Indagou divertido, fazendo uma pose convencida.


       Jin era outro colega do meu círculo seletivo de amizades. Ele era um garoto bem bonito e gentil, fazia parte do clube estudantil e estava concorrendo à presidência este ano. O único problema com o loiro, era que ele vivia dando em cima de mim, o que minha mãe parecia adorar, já que ele era o segundo em sua lista de pretendentes, depois de Taehyung, e eu o achava muito chato. Nada contra ele, mas o jovem era muito "caseiro" e "mandão", fora que fazia questão de exibir sua inteligência por aí. Isso me irritava.


  — Para de ser bobo. — Sorri, pequeno.


  — Só sou bobo por você, Barbie. — Piscou. Me remexi desconfortável. — Desculpe se eu estiver atrapalhando a conversa de vocês… mas—


    — Pois é, você está. — Respondeu meu amigo, com cara de poucos amigos. Chutei disfarçadamente seu pé, repreendendo-o.


       — Eu vim te convidar para minha festa de aniversário, nesta sexta. — Sorriu, grande.


         — Oh! Fico honrada com o convite. — Chorando por dentro.


         — Já temos compromisso para a sexta! — Taehyung afirma, sem me olhar.


    — Não acho que o convite foi dirigido a você. — Contra atacou, grosseiro.


     — Olha aqui seu projeto de—


 — Obrigada pelo convite, Jin. Vou conversar com os meus pais e te aviso por mensagem. — Interrompi, antes que Taehyung arranjasse confusão.


      — Combinado. Até mais, Jimin.


     — Até! — Acenei.


   — Não gosto dele. — Ouço o moreno resmungar.


    — Você precisa aprender a fechar a sua boca quando estivermos no colégio. — Falei, sério. — E voltando ao assunto, eu posso abrir uma exceção para ir te ver.


    — E também para ir a festa da sexta. — Sorriu, malandro.


     — Você não ouviu o convite? Tenho outra festa para ir. — Respondi, desanimado.


     — Você não está cogitando ir na festa da loira oxigenada chata, não é? Por favor, não me decepcione!


      — Você sabe que meus pais vão me convencer.

        

      — E se…


    — Ah, não! — Me levanto, sabendo onde ele queria chegar.


    — Você pode dizer a eles que vai a festa e inventar uma desculpa para o Jin. Ninguém vai desconfiar e você ainda terá passe livre para ficar a noite inteira no bar. — Chacoalha meus ombros, fazendo um bico.


    — E o que eu vou falar para o Seokjin, Taehyung?


           — Além de gostosa — Provoca. — Você é inteligente, amorzinho. Você vai arranjar uma boa desculpa. E eu prometo te recompensar e te arranjar um passe na minha próxima corrida.


     — Que fique claro que estou fazendo isso só pra ver você correr e não porque o Jungkook me convidou.


         — Ah, claro. — Debochou. — Por isso que eu te amo!


      Solto uma risada alta com os pulinhos escandalosos do modelo, comemorando minha aceitação para com o plano.


     — Você vai ter que me explicar esse plano, melhor!


[...]


    
            — Como foi a escola, meu amor? — Ouço meu pai questionar, atencioso.


      Suspiro, entediado.


      — Seokjin me convidou para a festa de aniversário dele, vai ser sexta à noite, ao que parece. — Comento, observando o garçom trazer nossos pedidos até a mesa.


    Depois que minha mãe foi me buscar na escola, o que foi estranho já que isso quase nunca acontecia, nós dois nós encontramos com meu pai e fomos almoçar juntos, em um dos restaurantes preferidos da mais velha.


         — Oh, isso é bom.


       — Não sei se quero ir… ele consegue ser insuportável às vezes.

     

Meu pai gargalha baixo, se divertindo com meu comentário.


    — Você já confirmou com ele, Jimin? — Pergunta, ignorando o que eu disse. — Sabe, é bom que você ande com boas pessoas, filha.


    — Eu disse que iria avisar vocês primeiro.


      — Avise que você estará presente. — Revirou os olhos. — Vocês formariam um belo casal… — Comentou como quem não quer nada.


       — Até o final de semana você estava me empurrando para o Kim, o que mudou agora? — Arqueei a sobrancelha, confuso.


       — Nada. — Encerrou o assunto. — Só acho que você deveria se aproximar mais desse jovem educado.


     — Acho incrível a facilidade de vocês em me jogar para tudo quanto é lugar ou pessoa, como se eu fosse uma boneca.


    — Você é uma boneca. — Minha mãe respondeu, me deixando sem palavras.


     — Bárbara! — Meu pai a repreende.


    — E eu estou mentindo por acaso? — Continua, como se aquela declaração não tivesse me afetado em nada. — Uma hora você vai precisar assumir um bom parceiro para a mídia, Barbie. E será mais fácil para você, se for alguém que já conhece. Seokjin te fará bem.


     — Ele é hétero, mãe! — Respondo, irritado.


       — Você é uma menina, então qual é o problema? — Olho para meu pai, esperando que ele interfira, mas nada vem.


      — Veja bem, o que você acha que vai acontecer quando nós namorarmos e ele quiser mais do que beijos, então ele puxa minha saia e vê um pênis, nas pernas da menina aqui? — Solto baixo, irônico.


    — Você sabe que eu detesto quando fala sobre isso, em público. — Chama minha atenção, fechando a cara.


     — Eu posso ser uma menina para as câmeras, mamãe. Mas meu corpo, sempre estará aqui para provar o contrário. — Sussurro.


    — Aproveite enquanto isso dura, meu amor. — Sorri, cínica. Franziu o cenho, confuso. — Seu pai e eu queremos conversar sobre isso com você, há um bom tempo…


   — Bárbara, este não é o momento.


    — Você logo completará a maiorida—


  — Eu disse que este não é o momento! — Repete, mais firme. Minha mãe se cala. — Será que vocês podem se comportar? Estamos em público e a única coisa que eu gostaria de fazer, é comemorar tranquilamente com a minha família.


        Minha mãe se cala. O homem me olha. Desvio o olhar para a rua, que parecia mais interessante.


        — O que estamos comemorando? — Murmuro, desinteressado.


     — Seu contrato com a Dior. — Bárbara responde, batendo palminhas como se nada tivesse acontecido.


        — Uau. — Levanto minhas mãos, em "comemoração".


          — Você é melhor que isso, meu amor. — Meu pai acaricia meu rosto.


       Eu gostava da forma como meu pai me chamava de "meu amor", era muito discreto, mas eu sabia que era porque isso meio que camuflava o gênero quando estávamos em público. E mesmo que ele nunca tenha feito nada para mudar a minha situação, era importante saber que ele se preocupava em tentar fazer com que eu me sentisse menos pior durante a encenação toda.


     [...]


     
        Rolo na cama, esperando os últimos minutos de descanso antes de ter que descer para minha aula de piano, na sala de música, e sinto meu celular vibrar.


      Pego o aparelho em mãos, achando que seria Taehyung, mas reviro os olhos ao ver uma mensagem de Jin e outra da Seulgi.


 Seulgi:
           Vc foi convidada pra festa, né?
           Vamos nos divertir muito juntas!!!


  Puxa que sorte. Mordo o lábio, rindo de minha própria desgraça.


      "Você pode dizer a eles que vai a festa e inventar uma desculpa para o Jin. Ninguém vai desconfiar e você ainda terá passe livre para ficar a noite inteira no bar". A fala de mais cedo invade meus pensamentos.

     


  Deslizo a barra de notificações, pensando bem na minha próxima ação.



 Seokjin:
           E aí? Confirmado?
           Seus pais deixaram?



Por favor, que eu não me arrependa disso!


     "Poxa, minha mãe disse que temos um jantar marcado para essa data… me desculpe lindo :(" 

Enviar mensagem para o contato Seokjin: não ( ) sim (x)



     Porra. Agora não tem mais volta.

     Meus pais não vão desconfiar de nada, certo? Eu saio, finjo que vou a festa e então saio com Taehyung. Só não posso esquecer de trocar minha roupa, na hora de voltar para casa.


      Seokjin:
                nossa que pena
                Estava animado para te ver


       Eu:

Prometo te recompensar

 

  Seokjin:

  Me deixe levá-lo pra sair


       Eu: 

       Você não desiste né? a gente pode combinar melhor depois…


      Seokjin:
                Desistir de vc? Nunca
                Você adora me enrolar, barbie


         Sorri, com a mensagem. De fato, eu adorava enrolar o garoto. Mas não era por me fazer difícil, e sim porque eu realmente não achava que sobreviveria a um encontro com ele.


   Seulgi:
             Estou te vendo online
             Para de me enrolar sua chata


        Eu: 

        me desculpe, acho que não vou na  festa

         

Seulgi:
          Mas sua mãe acabou de me enviar uma mensagem, pedindo para que fôssemos juntas
          Ela disse que você estava desanimada

     

 Puta que pariu! Tento pensar em uma resposta rápida.

 

Seulgi:

É pq o até n vai né?

Seii que vc gosta dele e o Jin fica em cima -.-'



         Estou prestes a digitar a frase "não é isso" e enviar, mas por que não usar isso ao meu favor?

      Minha colega é meio lerda e muito apaixonada, talvez ela pudesse me dar uma cobertura extra.


       Eu: 

       Sim é por isso 

       Tae me chamou para um encontro  secreto, acredita? 

       Mas seria no mesmo dia… minha  mãe quer que eu vá na festa

       

 Seulgi
           :o
           Nãoo acredito! vc tem que ir com ele
           Tenta falar com ela.


       Eu: 

     Ela n deixaria… 

       acho que ela prefere o Jun doq o  taetae


Seulgi:
          Saco!
          eu como sou muito sua amg vou te salvar
       nós vamos juntas, mas vc se encontra com Tae e não entra na festa, e se sua mãe perguntar, eu digo que vc está amando.
        só precisamos combinar a hora de embora


    Isca mordida com sucesso, Park Gostoso Jimin. Credo, quando fui que me tornei uma pessoa tão rebelde assim?


        Eu: 

        vc faria isso por mim? ;-; 

        eu te amooo 


 
         — Jimin, seu professor de piano acabou de chegar e está te esperando. — Escuto algumas batidas na porta e então vejo uma das empregadas sorrir.


   — Já estou indo! Obrigada. — Agradeço, guardando meu celular, louco para contar ao Tae que a má influência dele está me contaminando. Quem é o certinho agora?



[...]



      — O sol é sustenido, Jimin. — Meu professor suspira, pela décima vez.


       — Eu desisto! — Exclamo frustrado, tampando as teclas do enorme piano de calda, preto.


        Ouço a risada do mais velho.


   — Você não pode rir do meu sofrimento! Caramba, eu odeio o Chopin, e fim. Não vou mais tocar isso. — Reclamo, choramingando.


       — Jimin, você apenas precisa se esforçar mais. Você não é minha aluna preferida por desistir tão facilmente. — Aponta, pegando as partituras para marcar onde eu deveria prestar mais atenção.


       — Já que eu sou sua aluna preferida… Você bem que podia escolher uma peça mais fácil para o recital. — Sorri amarelo, olhando para o senhor, sugestivamente.


     — Você vai tocar Winter Wind e isso não é discutível, Barbie. — Corta minha esperança, o olho falsamente bravo.


         — A minha mão é pequenininha… — Tento mais uma vez.


          — Estou te dando aula há mais de dez anos, Park. Essa carinha não funciona comigo.


          — Você é muito chato. — Reviro os olhos, aceitando minha derrota. — Pois então, ao menos, toque para mim. Preciso ver exatamente como sua mão trabalha, pra eu fazer igual. — Juntei as mãos, pedindo.


         — Gostaria muito de fazer isto, mocinha. Mas você sabe que o acidente me fez perder a sensibilidade na mão esquerda.


         — Mas você toca pra mim às vezes, senhor Min. — Respondi, desconfiado.


       Min Yoon Dae era meu querido professor de piano, há mais tempo do que eu poderia me lembrar.

    Lembro-me que na época em que eu era criança e mal sabia andar, eu já era fascinado pelo piano e pelo homem, que aparecia recebendo diversos prêmios em tudo quanto era notícia, por ter se destacado nas competições nacionais e internacionais.

    Senhor Min, de fato, era um músico extraordinário. Um pianista muito bom, com uma carreira que tinha tudo para continuar perfeito. Porém, no auge de seu sucesso, ele sofreu um acidente de carro, que acabou deixando algumas sequelas permanentes e quase o tirou a vida.

        A paixão do músico pela profissão, era tão grande, que ele por mais que tentasse, não conseguiu sair deste meio e acabou vendo como oportunidade, começar a repassar o conhecimento através de aulas. Foi assim que ele começou sua escola de música, que era referência em todo o país.

      Meu sonho sempre foi estudar lá, mas como a agenda de modelo não era fácil, me contentei com as aulas particulares que ele se dispôs a me dar, em casa. Meus pais não tinham nada contra eu fazer o que me interessava também, desde que coubesse dentro dos "planos" que eles traçaram para a minha vida toda.


     Espere só, até eu contar para eles que vou me inscrever para uma faculdade de música, e não de moda, como eles pretendem. Vai ser uma doidera.


  — Não, se forem peças mais complicadas como essa.


       — Eu que lute. — Ironizei, sorrindo torto.


          — Você tira isso de letra, menina. — Fez pouco caso, confiante. — Meu filho também é pianista, posso trazê-lo para te ajudar com isso. Ele pode ser bem útil. — Nota, fazendo uma expressão pensativa.


         — Por que eu não sabia que você tinha um filho? — Arqueio a sobrancelha, debruçando no piano, interessado no assunto.


   — Por que você não presta atenção no que eu te digo. Já te falei sobre ele. — Abri a boca, chocado, com a calúnia. — Não tente negar, Jimin. Se prestasse atenção, não estaria errando o sol todas as vezes, no mesmo compasso. Vamos, quero ouvi-lo outra vez. Não tente me enrolar.


          Gargalhei alto, destampando o instrumento para tocar outra vez.
    

      O resto do meu dia, assim como a semana, foram bem tranquilos. Acabei fazendo o que eu sempre fazia, aulas, entrevistas, sessões de autógrafos e/ou fotos, etc. Até que sobrou um tempinho para eu me esconder na Batcaverna. Admito que a semana foi melhor do que eu esperava.

      Principalmente, porque mesmo que negasse aos quatro ventos quando Tae me perguntava se eu estava animado, a verdade é que eu contava as horas para este momento chegar.

     Seulgi passou a tarde inteira comigo e acabamos nos arrumando junto. Com a minha mãe dando palpite nas roupas, cor de esmalte, cabelo e maquiagem, é claro. Dava até dó de saber que toda a maquiagem seria em vão, já que tiraria tudo logo, logo.

Eu não conseguia entender a paixão que a garota tinha pela mais velha, mas também, por estar grato com a ajuda -mesmo que sendo meio mentira-, eu fiz de tudo para agradar minha colega do jeito que estivesse ao meu alcance.

      Depois do almoço que tivemos em família, o clima entre mim e os meus pais se tornou um pouco tenso, e eu não entendia exatamente o porquê, mas tentei não ligar muito para isso.

      O horário que combinamos de sair, finalmente chegou, e depois de várias fotos do meu look serem registradas, junto com a adolescente, Bárbara e meu pai nos liberaram, rindo sugestivamente ao nos mandar ter "juízo".

       Sinceramente, essa gente inventa cada coisa.



   [...]




      — Aproveita bastante, Linda! — Seulgi sorriu, me abraçando.


       Agradeci e disse o mesmo para ela, avisando o horário em que nos encontraríamos. Avistei meu amigo, me esperando em frente a sua casa e desci do carro, correndo para abraçá-lo.


       — Desse jeito até eu vou pensar que temos realmente um encontro. — Brincou, me fazendo sorrir.


        — Que espécie falsificada de Kurt Cobain é você? — Analisei o look alheio.


         — Para, eu tô gostosão, vai. — Fez sua melhor pose "rockeira".


           — Você tá igualzinho a mim, com essa peruca. — Admiti, desviando do tapa que acertaria minha testa.


           — Fica rindo mesmo, espera até você ver a sua.



[...]




          — Você tá de palhaçada comigo? — Me olho no espelho, fantasiado. — John Lennon hippie, Taehyung? — Senhora Kim gargalha, quando vê o resultado.


     — Se ajuda, eu compraria qualquer maconha de você, Minnie. — Admite, fazendo o filho confirmar com um jóia.


          — Vocês são horríveis!


        — Ou era isso, ou era uma versão de Madonna, mas você ficaria a cara daquela boneca lá… — Fez careta, fingindo ter esquecido o nome.


        — A Barbie? — Mostro a língua.


         — Não, aquela Susi.


        Abro a boca, chocado, mas acabo rindo no final.


           — E você deveria me agradecer, porque você vai esconder a make com o óculos, ou seja, nada pra sua mãe desconfiar.


         — Claro que você estava pensando nisso quando escolheu. — Ironizei.


         — Para de reclamar e vamos logo.



    [...]



       — Caramba, cada vez que eu chego aqui, parece que fica menor e mais lotado! — Comento, observando o ambiente que estava se tornando tão familiar para mim.


         — Isso? — Apontou para a multidão fantasiada no bar. — Não está nem perto da lotação máxima.


  — Meu Deus! — Exclamei, horrorizado. — Hoseok e Yoongi estão aqui?


           — Yoon tá fora da cidade, e estou mandando mensagem para saber onde o Jung está. — Respondeu, digitando algo no celular.


         — Como vamos achá-lo? — Pensei alto, observando a quantidade absurda de pessoas, eu duvidava que fosse possível entrar no lugar. Particularmente, o som estava tão alto que eu não me importaria de ficar ali fora, curtindo onde pelo menos teria ar o suficiente para todo mundo.


         — Ele não está lá dentro. Vem. — Fui puxado pelos braços do meu amigo, me deixando ser guiado até a esquina, próxima dali.


         Havia uma rodinha com alguns garotos e garotas, também fantasiados, que riam e conversavam animados. Alguns seguravam garrafas de cerveja e outros cigarros.

      Quando chegamos mais perto, reconheci o amigo de Taehyung e acenei, gentil, sendo retribuído.

      Meu amigo teve um beijo roubado, assim que seus olhares se encontraram, e ao menos consegui ficar surpreso, sendo feito de vela.

 Fui apresentado para as outras pessoas da roda, que pelo que parecia conheciam o modelo por causa dos rachas, e algum tempo depois, quem eu tanto ansiava por ver, chegou.

 Freddie Mercury estava acompanhado de mais três amigos, e não pude deixar de gargalhar, ao reparar que as fantasias completavam os membros da banda.


      — Você não estava brincando! — Afirmei, analisando o figurino. Era uma versão barata e improvisada do cantor, no clipe de "I want to break free", mas não deixava de ser divertido.


        — Park Jimin! — Sorriu grande, tentando chegar até mim e tropeçando nos próprios pés, no processo. — Caramba, que inferno de sapato! — Reclamou, olhando para os saltos. — Isso que dá, se doar demais ao personagem. Nunca use saltos, gato.


       Gargalhei. Mal sabia ele, que meu pé estava todo ferrado por precisar daquilo pelo menos, uma vez por dia.


       — Gostei da roupa mas, não era para vir fantasiado? — Resolvi implicar o homem.


   — Eu gostei dele! — O baterista gritou, rindo junto com os demais.


    — Foi em homenagem a você, eu sabia que você não resistiria à Jeon Jungkook com um bigode tão seduzente.


   — Acho que o arrependimento acabou de bater.


    — Mas e você…? — Pegou minha mão, me fazendo rodopiar. — O tema era anos 70 aos 90, porque tá vestido de H.E.R na premiação do Grammy¹?


         — Eu disse que ela tava parecendo o John Lennon! — Escutei meu melhor amigo gritar, gargalhando da piada.


     Quando assistimos a premiação juntos, ele havia feito o mesmo comentário e eu apenas disse que ele tinha algum problema de vista, já que ao meu ver, não era nada parecido.


        — Qual é, nada a ver a comparação! — Revirei os olhos.


     — Certo, John Lennon. — Se rendeu, olhando minhas mãos. — Achei que o esmalte rosa deu o tchan que faltava!


       Droga, quase gemi. É claro que a Barbie sempre estava com a manicure em dia.


     — Foi um toque especial. — O moreno sorriu, assentindo.


    Puta sorriso lindo, vai se foder!


     — Fico feliz que tenha aceitado meu convite.


     — E quem disse que eu vim por causa de você? — Molhei os lábios, o encarando.


     — Jimin, Jimin. — Negou, estalando a língua. — Você está sendo malvado comigo. Sabia que eu pensei em você a semana inteira?


      — Você só me viu uma vez. — Rebati, direto.


    — E ainda sim, você conseguiu roubar um lugar nos meus pensamentos.


    — Que meloso. — Desviei o olhar, sem graça.


          — Você está gostando que eu sei, John Lennon! — Brincou, batendo seu quadril no meu, em uma "guerra de bundas". — Vai me passar seu telefone hoje? — Perguntou, assobiando.


          — Vai precisar de mais do que isso. — Sorri, ladino.


          — Qual é?! — Gargalhou, fazendo uma careta.


      — Aproveita que eu estou aqui hoje, gato.


       — Se ficarmos, você vai fugir e nunca mais aparecer? — Talvez eu fosse.


            — ...Não.


      — Você exitou! — Apontou, negando com a cabeça. — Quero conhecer você melhor, te beijar seria muito fácil.


     — Tão fácil, que você não conseguiu o fazer até agora. — Devolvi, afiado.


      — Quem sabe amanhã. — Deu de ombros.


   — Ele tem compromisso comigo amanhã. — Escutei meu melhor amigo gritar, antes que eu pudesse negar.


  — Tenho, é? — Arqueei a sobrancelha, confuso.


     — Você não queria que eu te levasse para me ver correr? — Assenti. — Amanhã, então.


       Me abstive de comentar que aquilo não seria possível, sem vontade de iniciar uma discussão que poderia me expôr naquele momento.


        — Não sabia que amanhã tinha racha, Taehy. — Jungkook comenta, prestando a atenção no nosso assunto.


         — Você deveria aparecer por lá. Não tem ninguém melhor do que nosso querido cara de exatas, pra contar o dinheiro. — Brincou animado, sentado no colo de Hoseok.


         — Não costumava ser nas quartas? Amanhã à noite, vou fazer um bico pro Jackson, no bar.


         — Ele te libera, você sabe. Tá revezando entre cantar e servir a galera? — Recebeu um dedo médio do cantor, que gargalhou.


         — Pois é, o Wang me substituiu pro show de amanhã, mas agora já sei o porquê.


         — Por que? — Me intrometi, ficando sem graça quando Jeon parou seu olhar em mim, novamente.


         — Seu amigo é famoso, na pista. O pessoal prefere ir prestigiar a vitória -ou a morte- dele e o movimento sempre cai, por causa disso.


          — Morte? — Arregalo os olhos. O músico estreita os olhos para mim e então ri, alto.


    — Você nunca foi a um racha, certo? — Neguei, tímido. — Você é um péssimo amigo, Kim.


       — O Jimin é certinho demais, ele não gosta dessas coisas.


        — Isso não é verdade. — Faço um bico, bravo com a constatação.


        — Você vai poder me provar isso, amorzinho. Amanhã, quando você for comigo.


         — Agora, até eu tenho um motivo válido para pedir uma folga pro chefinho. — Pisca para mim.


        Eu mereço!


       — Você não tem mais o que fazer, não? — Questiono, desviando o olhar.


        — Na verdade, nós temos um show para apresentar, em dez minutos. — É um de seus amigos, Kim Namjoon - se não me engano-,  que comenta, ganhando a atenção de todos os presentes.



       [...]
  


       Não preciso nem dizer que o processo para chegarmos até o palco, foi… intenso. E engraçado.


       Muitas pessoas estavam aglomeradas, dançando com a música gravada, enquanto esperavam pela atração da noite e nós mais parecíamos umas bisnagas de peito de peru, se espremendo entre a multidão.

     Foi bem divertido, tirando a parte em que Jeon, todo cara de pau, me fez subir em seus ombros, com a desculpa de que assim eu poderia guiar o grupo por onde conseguiríamos passar.

      Fazendo jus ao figurino improvisado da banda, a primeira canção tinha que ser "I want to break free" e depois que o vocalista me mandou um beijo no ar, eu fiz questão de me esfregar com Taehyung e Hoseok, para provocá-lo. Meu corpo era incrível, eu faria questão de usá-lo ao meu favor.



    [...]



      — Você é uma pessoa malvada! — Exclamou o homem, assim que o pessoal decidiu fazer uma pausa e ele veio me encontrar.


      — E você, é uma pessoa bem oleosa. — Apontei para sua testa suada e brilhante, brincando.


         — É o meu brilho. — Deu de ombros, me estendendo uma cerveja. — Tintim.


          — Tintim. — Brindei, sorrindo.


      — Certo, Park misterioso Jimin, tenho vinte minutos para saber mais sobre você e também pra saber o porquê procurei seu nome em tudo quanto é rede social e não achei. — Admitiu, com uma expressão charmosa.


      — Você tentou me stalkear? — Cruzei os braços.


        — Foi uma tentativa frustrada, e eu não tive outra escolha, já que você não quis me passar seu telefone.


          — Não uso redes sociais e não costumo entregar meu número para qualquer um. — Menti? Sim, mas por uma boa causa.


         — Primeiramente: estou chocado que você não tenha ao menos Instagram, segundamente; ainda vou te fazer mudar de idéia, mas por hora, o bar pode ser nosso ponto de encontro. — Sugere. Solto uma risada. — Você sabe onde e quando me encontrar. — Piscou.


          — O que quer saber? — Perguntei, mudando de assunto.


         — Perdão?


         — Você disse que queria saber mais sobre mim e só restam mais quinze minutos.


          — Certo, John Lennon. Você é novo por aqui. — Afirmou, pensativo. — É calouro na UNS ou alguma coisa assim?


          — Eu, hm… — O que eu deveria falar? Nem havia saído da escola ainda. Meus únicos compromissos eram sair por aí, vestido de Barbie. — Não faço faculdade. Digo, tirei o ano para fazer uma pausa e o Tae me arrastou pra cá, semana passada. Eu gostei.


        — Entendi. É tipo, uma pausa espiritual? — Fez piada, achando engraçado.


        — É tipo uma pausa: "não sei o que vou fazer da vida, logo, escolho não fazer nada".


          — Eu realmente preciso de uma dessas. — Sorri.


           — E você? Faz alguma coisa além de se vestir de mulher e cantar xavecando seu público?


            — Faço aviões, no tempo livre. — Gargalhei da resposta. — Não estou brincando. — Bagunçou meu cabelo. — Faço engenharia aeronáutica.


             — Wow! — Abri a boca, surpreso. — Isso parece ser legal e difícil.


             — Muitos números, acho que não seria sua praia. Você me parece bem um carinha de humanas, vestido dessa forma.


          — Como você é engraçadinho.


          — Todo mundo diz isso pra mim, sabia? — Ironizou, encarando meus lábios. — Mora sozinho?


          — Não, com meus pais. E você? — Devolvi a pergunta, sem realmente estar interessado na resposta.


           — Ainda não. Mãe e irmã. — Se aproximou, ainda mais.


           — Chamando Jeon Jungkook. — Escutamos Namjoon gritar, com o microfone do palco. O citado vira o rosto, em direção ao chamado. — Estou vendo você me olhar com essa cara de morte, mas tem uma galera aqui querendo te ouvir cantar, deixa pra namorar depois. — O público riu, gritando e aplaudindo.


      — Acho que você tem que ir. — O empurrei, me afastando.


        — Não fuja de mim. — Pediu, antes de acenar e voltar lá para cima.


          — Jimin! — Sinto Taehyung puxar meu braço. — A gente tem quinze minutos para encontrar a Seulgi, ela acabou de mandar mensagem falando que a festa está chata e ela quer ir embora.


    — Quinze minutos? Porra! — Reclamei, tentando encontrar uma saída e arrastando meu melhor amigo comigo, enquanto ríamos, por tropeçar em algo ou esbarrar em alguém. — Você está bêbado! — Notei.


    — Não o suficiente para não conseguir dirigir. — Respondeu, balançando a chave do carro, quando o encontramos.


           — Mas o suficiente para ser preso se pararmos em uma blitz. — Entrei consigo no automóvel. — Foda-se, pisa nessa merda de pedal e vai rápido!


      Tempo para discutir, era uma coisa que estava em falta no momento. Fui tirando minha roupa durante o caminho, pouco ligando em ficar praticamente pelado ao lado do modelo. Já estávamos acostumados com isso.


         — Sua roupa está no banco de trás, Barbie.


    Me contorci no banco, para alcançá-la e me vesti, do jeito que pude, ajeitando a peruca e a maquiagem pelo retrovisor.

        Com a velocidade, levemente acima do permitido, chegamos mais rápido do que eu imaginava e ao ver a garota me esperando, ao lado de seu motorista, nem tive tempo de me despedir de Taehyung e só pulei do banco, indo para a frente da mesma.


         — Nossa, a noite foi boa, pelo visto. — Seulgi cumprimentou, me abraçando. Franzi o cenho, confuso. — Seu vestido está ao contrário, Jimin. — Observou, divertido.


 — Porra. — Fechei os olhos, gargalhando.


        — Ele é bom de cama, pelo menos? — Indiscreta e curiosa, como sempre.


          — A gente não transou. — Tentei explicar.


          — Claro, que não. Só brincaram de mamãe e papai.


          — Besta. — Bati fraquinho em sua testa, entrando na limousine cara, pronto para ir embora.


Notas Finais


Odeio escrever no Spirit pqp kkkkkkkkodio dos bugs, mas enfim né... Pra quem quiser ver mais organizado, sugiro que leia no wattpad. Meu user é o msm por lá

¹quem leu o último capítulo de entubados pegou a referência, rsrsrs. A música ainda vai aparecer muito por aqui (i want to break free) pq acho que se vcs procurarem a letra, vão ver que tem muito a ver com a história do jm

Música da aula de piano do Jimin: Chopin Etude Op. 25 No. 11

Teve algumas pontas soltas no capítulo, alguém já conseguiu extrair alguma informação importante ou uma teoria? Rsrsrs

O que estão achando dos personagens?

Por enquanto é só, espero que gostem e beijinhos de luz!!!

     
      

          

       

    

   


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