História Batman e Mulher Maravilha: contra homens e deuses - Visitas Inesperadas part. 10 - Os Deuses Gêmeos

De volta a liga que, agora, estava completamente destruída pela batalha. Constantine chama por todos: -“Hey, vocês”. Diana, Zatanna, que ainda estavam abraçadas lamentando, e Etrigan olham para ele, que continua: -“Sequem essas lágrimas, pelo menos - por hora (...) A essência de Bruce ainda está aqui. Bem, não aqui, mas também não está lá. Ele não cruzou o portão. Ele ainda está perdido na passagem. Ele voltou ao estado de emancipação da alma”. Zatanna briga com John, dizendo: -”Como pode dizer isso. Todos vimos o momento que ele se atirou, pela fenda, junto a Circe”. Mas ele insiste: -“Zee, eu não brincaria com isso. Ele ainda não entrou no primeiro dos nove círculos”. Etrigan corrobora: -“É verdade. Posso sentir, minimamente, sua energia - bem fraca -, mas ainda existe”. O demônio continua, porém - apenas - em pensamento: “Todavia, não, ele não está nesse estado. Ele está muito além”. 

Diana, que também entende algo sobre magia - pois fora educada em Themyscira -, interrompe o momento esperançoso, embora tenha se animado com a possibilidade. Ela diz: -“Se ele está suspenso na experiência de emancipação e sua alma está na travessia (...) Isso significa que, em algum momento, sua alma e seu corpo se separaram”. A princesa continua e questiona: -“Então, onde está o corpo? Quando um deus leva um corpo, ele pode chegar - fisicamente - ao inferno ou se desintegrar na viagem, mas se a alma foi emancipada, o corpo ainda está por aí e não cruzou a passagem”. Constantine completa, preocupado: -”Se isso, realmente, aconteceu. E, aparentemente, aconteceu. Devemos nos preocupar ainda mais. Afinal, quem pode ser poderoso suficiente para tirar do domínio de um deus, uma alma recebida por contrato?” Zatanna concorda: -“Ambos têm razão. Onde está o corpo? Precisamos encontrar com urgência. A caso isso seja verdade, precisamos descobrir o mais rápido possível”. Mas Etrigan pondera algo que não havia sido ventilado: -”Vocês não encontrarão o corpo de Bruce”. Todos o olham indignados e Constantine questiona: -”Como não? Se ele está nesse estado, o seu corpo está por aí”. Etrigan sorri e acrescenta: -”Se ele estivesse nesse estado, acharíamos o seu corpo e você poderia me mandar pra lá novamente ou qualquer um de nós. Mas não é esse o caso”. Diana, impaciente, pergunta: -”Se não é este o caso, o que pode ser então?” Etrigan, já com uma cara séria e fechada, responde: -”Esse é o problema. Não é nada que eu já tenha visto ou ouvido falar”.

Após constatar pequenas faíscas de energia que emanavam do - quase totalmente - perdido Bruce, Constantine tenta algum tipo de conexão psíquica ou energética. Muito semelhante a técnica que ele usou com Etrigan anteriormente. Ele tenta, novamente, a criação de um canal ou um meio próprio de comunicação. Como todos sabem, Bruce não tem poderes místicos, embora tenha domínio das teorias e magias das trevas,  toda tentativa de contato era frustrada. Ele, então, perde a paciência: -”Bloody Hell, Bruce”. Enquanto ele faz a busca pela alma, ele pensa em falar com Zatanna, mas ela o antecipa e diz: -“Vou fazer uma varredura material para ver se encontro o corpo”.John ri e diz: “Você está mais na minha cabeça do que eu imaginava”. Ambos sorriem e se concentram em suas buscas. Etrigan questiona: -”Vocês, humanos, são tão teimosos. Não ouviram uma palavra do que eu falei?” Diana o responde: -”Claro que sim, Etrigan. Mas enquanto houver uma mínima chance, devemos acreditar. Buscar, seja como for, qualquer coisa que nos aproxime de Bruce”. 

Nesse intervalo, enquanto Zatanna e Constantine - concentrados - buscam por qualquer sinal de Bruce, físico ou espiritual,  Etrigan puxa uma conversa com Diana. Ele começa: -“Princesa, é assim que ele te chama, não é?” Diana está recomposta, mas o toque de Etrigan foi emocionante pra ela, seus olhos marejaram, mas ela já estava farta de chorar, cansada de se enfraquecer, ela respondeu: -“Sim, Etrigan. No começo, era chacota, eu me lembro. Ele - sempre - o fazia para que eu me desse conta que era. Mas depois, eu me apeguei ao seu jeito de falar e, com o tempo, passou a ser um carinho, um afago na minha saudade de casa. Eu, realmente, gostava que ele me chamasse assim”. Etrigan, mesmo demônio, sorri e responde: -“Sabe, princesa, ele nunca precisou dizer uma palavra sobre você, nunca foi necessário que ele admitisse qualquer coisa. Era visível a forma colorida que os olhos dele se tingiam quando você era o centro da discussão. Não importava o momento, se era perigo, preocupação, ou se ele, simplesmente, a mencionava. Eu nunca o tinha visto assim”. Diana sorri nos lábios e na alma. Ela agradece: -“Obrigado por isso, Etrigan”. Ele devolve: -“Não me agradeça. Bruce salvou a alma do humano que dividiu esse corpo comigo por séculos, ele me libertou a escravidão. Prometi que iria ao inferno com ele quantas vezes necessário fosse. E, se não pude ir com ele agora - certamente -, o tirarei de lá”. Diana afirma num movimento confiante de cabeça. Etrigan devolve o mesmo gesto.

-“Encontrei alguma coisa”. Exclama Zatanna. Logo, continua: -“Algo que concentra alguma energia e essência de Bruce está na Ilha desabitada de Stryker, conhecida por estar localizada entre Gotham City e Metropolis. Diana, ao ouvir a informação, deixa a liga com destino à ilha, mas antes solta: -“Eu sei onde é”. Em poucos minutos, ela chega ao local e vasculha a pequena ilha. Sem demora, ela encontra. Diana olha por cima, realmente parece ser Bruce. Ela, então, desce ao chão, mas quando ela chega perto, se dá conta que são apenas a máscara e sua capa. Ela as recolhe e regressa à liga, com muita tristeza. Durante o caminho, Diana olha e acaricia os disfarces. Ela queria dizer tantas palavras engasgadas, aquelas que ficaram aprisionadas na garganta enquanto não tinha forças para lutar contra Circe, nem impedi-lo de se lançar ao inferno por ela. Em alta voz, ela diz: -“Bruce, me perdoe. Você sempre foi a escolha do meu coração. Eu estava cega pela inebriante alegria de ter Steve, novamente, por perto. Mas teu lugar, no meu coração, nunca esteve ameaçado. Não sei como ou por quê, mas você é a razão do meu sorriso, ou das minhas provocações. Me encantava dizer algo, qualquer coisa, apenas pelo prazer de saber que você iria contra-argumentar”. Ela pausou por uns instantes, engoliu seco e continuou: -“Eu não consegui dizer que eu escolhi você. E, então, te vi partir, por mim, sem saber tudo e tanto que tenho pra te confessar. Sem saber que meu amor por você é singular, ímpar e definitivo. Espero que consiga me ouvir, onde estiver”. 

Diana chega com as coisas de Bruce, e seus companheiros, então, lamentam - profundamente - que não seja ele. Etrigan tenta animá-la: -”Se ele foi desviado, certamente, foi por um propósito que nós, ainda, não entendemos. Mas, logo, princesa, logo, saberemos”. Enquanto isso, Constantine reafirma ter encontrado a essência de Bruce, mas não consegue contato: -“Eu o encontrei, como disse, mas esse morcego teimoso não faz um esforço para concretizarmos o contato”. Ele repete insistentemente: -”Vamos, Batsy. Eu te achei, te encontrei, mas preciso de uma ajudinha. Vamos”. Então, ele interrompe e, quando ia pedir que Zatanna fizesse alguma coisa, ela - novamente - o antecipa: -“Vou tentar trazê-lo de volta”. Mesmo sabendo que as chances de sucesso são nulas, ela precisava tentar. Ele sorri e responde: -“Mulher, você precisa para de fazer isso. Já está me assustando”. Ela responde, em inglês: “Pussy”. Zatanna fecha os olhos e pede, com o coração, que Bruce a responda e logo professa o feitiço proibido, até mesmo pelas artes ocultas das trevas: “efil ot kcab teg, Bruce”.

(Nowhere)

Bruce sente a estranha sensação de estar sendo puxado de volta. Um aperto forte no seu interior, uma voz familiar ecoando na sua cabeça, pedindo - gentilmente - que regresse. Bruce não está só, ele está acompanhado.E, então, pede à esse ser infernal e nefasto que o permita dirigir palavras aos seus parceiros de liga. Para que ele possa dizer umas palavras: -”Por favor, posso enviar uma mensagem? Essa voz na minha cabeça não me permite me concentrar”. Então, tal persona movimenta a cabeça positivamente, aceitando o pedido e, logo, proporciona o contato ao, simplesmente - proferir palavras num idioma - completamente - desconhecido para Bruce. Era como um sussurro, pareciam barulhos de cobra, ou uma linguagem ofídica. Quando, através de Etrigan, Bruce pode dizer: -“Zee, por favor, pare. Eu não posso voltar. Preciso cumprir minha missão aqui. Eu te peço, minha amiga, minha Zee, não me tente levar de volta. Eu pertenço aqui”. Diana atravessa Zatanna e solta um grito de consternação: -“Pare de falar besteiras, Bruce. Você precisa voltar. Seu lugar é aqui”, com a voz bem mais contida, quase interior, ela conclui: -“Comigo”, fechando os olhos húmidos, mas fortes, com o sentimento daquela amazona orgulhosa que, finalmente, havia regressado.

Bruce, que atravessava a passagem, ainda demonstra fortes emoções. Ele faz um movimento involuntário de querer voltar, mas é lembrado pela sua companhia que não pode: -“Não, Bruce”. dizia, suavemente, a mórbida voz. Do outro lado, Diana pede a Constantine que a leve ou a envie para lá, para que pudesse encontrá-lo. Ela pede: -”John, me mande pra lá agora”. Quando ela diz isso, Etrigan, que era o canal aberto com o mundo limítrofe, responde na voz de Bruce: -“Não! Constantine, Não”. Diana rebate: -“Não cabe a você essa decisão, Bruce. Eu já me decidi, eu vou te buscar”. A voz ecoa veementemente: -“Diana, não! Precisamos de vocês todos aí. Essa é a única forma de arrastarmos os deuses gêmeos de volta. Eu preciso estar aqui e vocês aí. Façam o que tem que fazer”. Zatanna pergunta: -“Thanatos e Hypnos?” Bruce responde: -“Sim. Eu preciso estar aqui para selar, de vez, a nova abertura”. Ele encerra dizendo: -”Agora! Não percam tempo. Vamos devolvê-los ao seu lugar e restabelecer o equilíbrio na terra”.encerrando a conexão. Etrigan volta ao normal e recebe, também, as mensagens de Bruce.

 Zatanna, Constantine e Etrigan, imediatamente, entendem o que Bruce quis dizer e, juntos, se preparam para conjurar os espíritos dos deuses gêmeos, mas antes, Constantine avisa a amazona: -“Princesa, prepare-se. Quando eles aparecerem, use o laço”. Diana responde assustada: -“Eles quem? Os deuses gêmeos?”. Constantine confirma com um movimento de cabeça. Então, o trio sombrio solta o feitiço: -“Sdog niwt, secaf ruoy laever, Thanatos dna Hypnos”. O encanto tem efeito imediato, foi ensinado à Constantine pelo próprio Lúficer. Para ser conjurado, necessita de grande força mágica e domínio das sombras. O feitiço, então, acaba forçando os deuses a mostrarem suas essências perante seus conjuradores. Assim sendo, aparecem os deuses, agora ex-subordinados de Hades - governador dos nove círculos, com seus corpos já materializados e quase completando o estágio de fixação definitiva dos corpos às propriedades da matéria. Hypnos, como na mitologia, vestia uma armadura dourada, cabelos iluminados e sustentava uma face serena, calma e - mesmo sendo uma figura infernal - trazia grande paz a quem o mirasse. Enquanto seu irmão, Thanatos, vestia sua tradicional armadura prateada e tinha os cabelos cinzas como a falta de esperança. Ao contrário de Hypnos, Thanatos sempre aparenta uma face cruel e sanguinária, inquieta e impaciente.