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História Be a Good Boy, Harry - A carta que mudou tudo


Escrita por: LittlebabyFoxy e Etoile_Filant

Capítulo 2 - A carta que mudou tudo


Fanfic / Fanfiction Be a Good Boy, Harry - A carta que mudou tudo

O som de um tapa estalado ecoou no ambiente, a criança caiu no chão pelo impacto e lágrimas vieram aos seus olhos verdes. Doeu. E o pequeno somente tinha pedido para não ir mais para a casa daqueles homens estranhos. Harry sempre voltava machucado, com dores estranhas e nunca conseguia sentar direito depois de ir “visitar” aqueles homens. O pequeno sabia que o tio recebia dinheiro por isso, mas achou que se pedisse direito ele pararia de mandar Harry fazer aquelas coisas. Se sentiu burro por pensar nisso, o tio gritou com ele, disse que a “aberração” tinha que pagar por morar ali e ser aturado por tanto tempo.

A criança chorava, tinha somente 10 anos... merecia passar por tanta dor assim? Merecia tudo aquilo somente por ser diferente? Se passou dois anos desde o dia que começou a ter novos “serviços”, eram todos homens velhos que o levavam pra casa ou algum lugar estranho, o machucavam daquele jeito esquisito e pagavam ao seu tio por isso. Harry se sentia sujo toda vez que era tocado por aqueles monstros, se sentia cada vez menos como humano. Ao menos ele não “trabalhava” todo dia, ou toda semana. Havia meses que também não fazia, mas eram raros e ele agradecia quando isso acontecia, porque mesmo que apanhasse mais e sem motivo, preferia a surras a ser “fodido”, ouviu um homem chamar aquilo desse modo e aprendeu a palavra.

Era agosto, início do mês e na noite anterior a criança tinha tido outro “cliente” e o homem o “fodeu” dentro de um carro, batendo em sua bunda e suas costas, deixando-o roxo e dolorido. Esse foi seu presente de aniversário de 11 anos. Por isso estava demorando mais para fazer suas tarefas do dia e seu tio brigou consigo. O pequeno explicou por que demorava e aproveitou para pedir para que o tio parasse de o mandar para aqueles serviços, o que resultou no tapa forte que deixou o rosto do menino inchado e dolorido.

Harry voltou as suas tarefas com dores a mais e com a vassoura farpada varria a poeira da casa, já tinha feito o café da manhã da família e Duda reclamava de algo que ganhou de aniversário a dois meses e quebrou. A campainha chamou atenção e o menino foi mandado recolher as cartas. Fez como ordenado e foi passando uma a uma para separá-las e entregar de maneira organizada.

Uma carta em específico chamou sua atenção, era um papel amarelado e as letras bem desenhadas eram em tinta verde, mas o que capturou seu olhar foi a quem estava endereçada:

 

H. Potter

Armário abaixo das escadas

Rua dos alfeneiros Nº 4

Surrey

 

Ele iria ler a carta endereçada a si, mas o primo gordo o empurrou no chão e saiu gritando para os pais:

 

— Harry recebeu uma carta! — o porco gordo parecia não se tocar que Harry era magro e já estava machucado por isso pisou na mão do primo enquanto corria para a cozinha.

 

— O que? — o tio gritou alto e pegou a carta com ódio — Não! Você não vai ler isso sua aberração.

 

Ele jogou a carta no fogo e tudo que o menor pôde fazer foi ficar triste, era a primeira carta que recebia e foi arrancada de suas mãos de maneira bruta.

Ganhou mais um tapa no mesmo lado que o primeiro e com a mão machucada somou as feridas do dia.

 

******

 

O engraçado daquela carta era que: a pessoa que queria falar com Harry era insistente. Todos os dias recebia uma daquelas cartas, mas o tio ou a tia sempre o pegava tentando ler, assim como o primo que arrancava de suas mãos e queimava elas na lareira.

Isso até o 15º dia do mês, as cartas pararam aquele dia e tio Valter respirou aliviado, por algum motivo que Harry não conhecia.

No 23º dia do mês Harry estava cozinhando o almoço da família e se sentia tonto, fazia menos de um dia que um dos “clientes” o deu uma pílula pra tomar a força (não foi a primeira vez que aconteceu) e ele se sentia mal desde então, enjoado e tonto. Havia vomitado o pouco que comeu no dia anterior e a vista embaçava, também jurou ver coisas estranhas e monstros passeando pela casa. Mas se parasse ia apanhar do tio. Ouviu batidas na porta e o homem logo gritou para que ele atendesse. O menino desceu do banquinho que usava para cozinhar, desligou o fogo, continuaria a fritar a carne depois. Andou em passos curtos e lentos até a porta, seu corpo pesava. A visita bateu na porta novamente e Harry se apressou, quase tropeçando nos próprios pés, ouviu uma piadinha do primo e não se importou muito. Chegou à porta e a abriu, estranhou o homem que estava ali. Era alto e com rosto sério, tinha um nariz um pouco grande e os olhos castanhos escuros pareciam sérios demais, estava na casa dos 30? Talvez. Era branco claro e se vestia todo de preto, seus cabelos batiam abaixo do ombros e brilhavam oleosos. Teve medo... e se fosse mais um dos seus “clientes”? O homem não era feio propriamente, mas Harry aprendeu muito cedo que tanto homens “bonitos” quanto “feios” podiam o machucar muito daquele jeito esquisito.

O homem estranho levantou uma sobrancelha para o menino e finalmente falou:

 

— Você é Harry Potter? — a voz dele era grossa e um pouco fria e o menino assustado apenas acenou positivamente — Sou Severus Snape, professor e vim entregar isso.

 

O homem intitulado Snape estendeu o papel amarelo com tinta verde que Harry viu vezes suficientes para reconhecer, era a carta. Pegou com mãos trêmulas e olhinhos surpresos. Severus viu a mão roxa do garoto, assim como uma hematoma em sua bochecha, teve medo de ser aquilo que imaginava. Dumbledore não deixaria o menino ser maltratado naquela casa de trouxas? Ou deixaria? Tinha suas dúvidas.

O professor se distraiu em suas desconfianças que não viu o menino gordo de aproximar e arrancar o papel das mãos de Harry. Severus olhou aquele situação com o cenho franzido e ouviu em silêncio um homem gordo se aproximar de Potter com raiva, a carta em mãos e o olhar tão frio dirigido ao garoto. O papel seria jogado na lareira, mas Snape impediu com uma mão.        

Seu corpo se moveu sozinho e ele só percebeu quando segurava o braço do trouxa com força.

 

— O que pensa que está fazendo? — O gordo perguntou e finalmente encarou Snape.

 

— Valter, o que está havendo? — A mulher loira estancou na porta ao reconhecer o homem vestido de negro. — O que você faz aqui?

 

Depois do grito da mulher Snape soltou o trouxa, não antes de pegar a carta das mãos gordas.

 

— Você sabe o que vim fazer aqui. Harry tem uma vaga em Hogwarts desde que tinha um ano e vocês não podem impedi-lo de ir à escola. — Disse sério e frio, se aproximou do garoto, dando olhadas discretas ao corpo do menino, procurando machucados.

 

— Ele não vai para aquele lugar de aberrações! — Valter gritou e Harry se encolheu com a palavra.

 

— Isso não cabe a você decidir. — Severus continuou sério, mas o tom frio ganhava tons de irritação. — Lilian queria que ele estudasse lá, é direito dele conhecer o mundo ao qual pertence!

 

— Mundo de monstros e esquisitice — Valter resmungou e o professor o olhou frio, sua destra segurando a varinha por baixo da manga com raiva.

 

— Seu trouxa — O bruxo murmurou irritado, Harry tremeu em seu lugar, quando adultos ficavam bravos ele apanhava. Snape notou o comportamento do menino e viu os olhos brilhando em lágrimas mal contidas. O que aquele garoto passou naquele lugar? — Harry, se acalme. Preciso conversar com você e te contar sobre seus pais.

 

— Mas... eu sei sobre eles. — O menino disse baixinho e o professor estranhou.

 

— O que sabe sobre eles? — Perguntou querendo saber mais sobre aquela história.

 

— Meu pai era um bêbado desempregado e mamãe se apaixonou por ele em uma escola para pessoas esquisitas. Eles morreram em um acidente de carro, porque papai bebeu e decidiu sair. — O menino ainda estava encolhido e com medo.

 

— Não criança. Seus pais não eram assim. — o homem vestido de negro disse gentil e se ajoelhou ao lado da criança.

 

— Não permito que conte a ele sobre isso! — Petúnia quase gritou e Snape bufou irritado.

 

— Não é decisão sua. — Severus disse alto e finalmente pegou a varinha apontando aos dois trouxas que olharam assustados.

 

— Harry... quer passear um pouco? Tomar um sorvete? — Perguntou ao menino que se encolheu abraçando o próprio corpo. O que fizeram aquela criança?

 

— Eu...

 

— Tudo bem, vamos conversar aqui — Ele viu que o convidar a sair era um ideia ruim, o menino tinha medo. Algo aconteceu. — Vocês, saiam.

 

— Essa casa é minha! — Valter gritou alto demais e o homem vestido de negro revirou os olhos.

 

— Não perguntei, apenas disse para sair — Respondeu mal-humorado e com uma ameaça silenciosa fez com que os três corressem dali para o andar de cima, viu que ainda ficaram na escada para espiar. Mas um abaffiato foi o suficiente para que eles não escutassem nada. — Harry, sente-se.

 

— Ta... ta bom — A criança gaguejou e sentou no sofá.

 

— Como disse antes sou professor. — Ele começou e foi interrompido pela voz infantil.

 

— Ensina o que? — Perguntou curioso e Snape segurou a compulsão de rir, ele era fofo e lembrava Lilian com sua curiosidade.

 

— Poções. — respondeu com um sorriso mínimo — Eu e sua mãe fomos amigos durante a escola. Calma que vou te contar tudo — Severus impediu que a criança começasse a fazer mil e uma perguntas e sorrindo de lado continuou — Eu e ela estudamos em um lugar chamado Hogwarts, é uma escola para... pessoas talentosas, para bruxos.

 

— Bruxos? — O olhar confuso que o menor deu foi realmente fofo.

 

— Sim Harry ela foi uma bruxa, e eu também sou, assim como você.

 

— Eu não sou um bruxo, sou só Harry...— Os olhinhos se molharam novamente com lágrimas e o professor se controlou para não abraçar o pequeno.

 

— Harry, você pertence ao meu mundo e a prova disso está aqui — O mais alto estendeu a carta e o menino pegou, segurou com força e com medo do tio aparecer e pegar de suas mãos.

 

Snape suspirou, iria verificar por si mesmo o que aquela criança passou. Mas o deixaria ficar mais confortável consigo antes de fazer isso, havia prometido a Lily que protegeria seu filho, e mesmo que o pirralho lembrasse James, não era motivo para que recebesse o ódio do seu futuro professor de poções.

O menino abriu a carta, mas a mão dolorida não ajudou a ser rápido. Tinha medo, se demorasse o homem ficaria bravo?

Começou a ler a carta com tinta verde e letras bem desenhadas e não conseguiu acreditar no que ela dizia:

 

Escola de magia e bruxaria de Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de merlim, primeira classe, Grande feiticeiro, Chefe Bruxo, Confederação internacional de Feiticeiros, Cacique supremo)

 

Caro Sr. Potter

 

Temos o prazer de informar que Vsa. foi aceito na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Segue uma lista de todos os materiais necessários, assim como seu bilhete para o expresso de Hogwarts.

O início do ano letivo começa em 1 setembro.

Aguardamos sua coruja até dia 31 de julho.

Com os melhores comprimentos, Minerva McGonagall, Diretora adjunta.

 

 

Harry quis chorar de felicidade e ao mesmo tempo se encheu de medo. Tinha tantas perguntas para o homem chamado Snape, queria saber tanta coisa.

 

— Como... funciona a escola? Eu voltaria para cá a noite? — perguntou com medo, não queria voltar.

 

— Não, durante o ano letivo você viverá na escola, só virá para casa nos feriados, se assim desejar, e durante as férias. — respondeu calmo e viu o menino morder o lábio inferior em nervosismo, ele queria perguntar algo. — Pode perguntar o que quiser Harry.

 

— Onde compro tudo isso? — disse mostrando a lista enorme de materiais para comprar — eu também não tenho dinheiro e...

 

— Harry, seus pais deixaram bastante dinheiro pra você e você compra seus materiais no beco diagonal.

 

— Onde fica esse lugar? — a curiosidade brilhava nos olhinhos verdes, tão iguais aos de Lily.

 

— É... complexo explicar. Mas se desejar venho aqui em alguns dias e levarei o senhor até la. Preciso ir mesmo comprar suprimentos para poções. — Respondeu como quem não queria nada, o garoto era adorável, mas nem por isso ia ser um completo bajulador com o pirralho, ainda havia a chance de ser como James.

 

— O senhor pode? Eu adoraria senhor Snape. — O menino pulou animado, mas gemeu de dor pelo movimento. Snape o olhou curioso e decidiu fazer algo que não era bem seu usual.

 

— Harry se me permite a intromissão, por que seu rosto está marcado? — perguntou de maneira quase curiosa e o menino abaixou os olhos, provavelmente com medo. — Não tenha medo, eles não podem nos ouvir. Pode contar.

 

— Meu tio... eu pedi uma coisa para ele a alguns dias... e ele não reagiu bem. — disse quase gaguejando, Severus teria que ter paciência.

 

— O que pediu? — foi curioso, sabia disso, mas queria saber. O menino ficou mudo a partir dali e ele soube ser algo muito ruim. Suspirou alto e viu o garoto tremer — Não se preocupe, se não quiser falar ainda está tudo bem, quando quiser me contar eu te ouvirei.

 

Snape analisou o hematoma, já estava amarelado, o que dizia que fazia tempo que estava ali, a mão do garoto estava inchando, a pele dele estava pálida demais e os olhos verdes estavam desfocados. A quanto tempo ele não comia?

 

— Harry... posso cuidar da sua mão? Estou vendo que ela está roxa, talvez tenha torcido ou quebrado algo. Me deixe ver? — Pediu e estranhava a si mesmo, nunca foi assim, bem não depois de Lilian e James, não depois de tudo.

 

— Eu... tudo bem. — O menino estendeu a mão com medo e Snape se obrigou a ser cuidadoso.

 

Pegou a varinha e com toda delicadeza que tinha examinou a mão pequenina sobre a sua, o mindinho do garoto estava deslocado e o dedo médio terrivelmente torcido. Severus usou um feitiço de cura bem simples e ouviu um gemido doloroso do menino quando os ossos voltaram ao lugar certo. Mas depois pôde ver o olhar de alívio que ele dava. Sorriu para o menor que devolveu o ato, antes de vomitar um líquido de gosto amargo e de cor amarelada, se curvou pelo enjoo e Snape o segurou para que o menino não caísse no chão. A última coisa que a criança viu foi o olhar preocupado do professor e desmaiou.

 

O mais alto ficou um pouco apavorado pela situação e achou que tivesse sido sua culpa, mas logo se obrigou a ficar calmo e pensando rápido decidiu pegar o pequeno no colo e levá-lo a um hospital. St. Mungus foi a opção que veio primeiro em sua mente, mas o menino seria reconhecido la e os bruxos não o deixariam em paz, queria contar as coisas com calma para ele antes que ele fosse envenenado contra as pessoas erradas e manipulado por pessoas que se diziam certas. Pensou mais um pouco e logo lembrou dos trouxas da casa. Desfez o abaffiato e chamou eles de volta. Valter tinha o rosto retorcido de raiva, vermelho e redondo, o bruxo o comparou com um tomate, já a mulher se escondia atrás dele como se o pocionista fosse um monstro.

 

— A quanto tempo não o dão de comer direito? — foi direto ao ponto e Valter começou a gritar coisas idiotas e defesas ridículas. Severus perdeu a pouca paciência que tinha e apontou a varinha, segurava Harry com uma mão, ele tinha a cabeça apoiado no ombro esquerdo do professor, o garoto era muito leve. — Ouça, só vou perguntar mais uma vez e quero que respondam, quando deram a ele algo para comer decentemente?

 

— Ele comeu ontem. — Valter respondeu temendo o homem a sua frente.

 

— Vai continuar mentindo pra mim? Tudo bem, há meios mais rápidos de saber — Com um aceno de varinha e um murmúrio quase silencioso o professor invadiu a mente do trouxa, sabia que havia coisas que Harry não queria contar, então não invadiria a privacidade dele assim, mas precisava saber o que o menino tinha para saber o que fazer.

 

As memórias que viu foram de duas semanas atrás até aquele dia, sentiu nojo do homem a sua frente, sentiu raiva, eram só duas semanas da vida do menino e já viu tanta coisa ruim que faziam com ele que desejou poder mata-los, mas era um “mago da luz” e deveria se comportar. Soltou um som de raiva pura quando saiu da mente do trouxa, desejou ver mais, porém tinha uma emergência para tratar, iria perguntar a Harry quando o menino estivesse mais confortável consigo o que de fato tudo aquilo era, viu apenas as negociações, não soube o que aqueles homens nojentos fizeram com ele, mas iria descobrir mais e seu “mestre” também. Dumbledore não deixaria isso passar? Deixaria?

 

— Vou levá-lo ao hospital, quando eu voltar vamos ter uma conversa mais longa. — disse com raiva brilhando nos olhos ônix e aparatou dali com o corpo pequeno firme em seus braços.

 

Apareceu em um beco escondido próximo ao hospital trouxa mais próximo. Se dirigiu a porta e entrou, chamou atenção de uma enfermeira que passava ali e ela correu até o bruxo.

               

— Meus deus... o que houve com ele? — perguntou examinando o rosto do menino, estava pálido e respirava fraquinho, lançou um olhar desconfiado ao homem.

 

— Eu sou professor de um internato para crianças excepcionais — decidiu contar uma meia verdade — Fui deixar a carta de aceitação desse aluno, como fazemos com alunos mais pobres. Conversamos sobre a escola e durante nossa conversa ele vomitou e desmaiou.

 

A mulher o olhou mais um pouco, desconfiança ainda presente e chamou uma maca para o menino. Os enfermeiros levaram Harry para exames emergenciais e outra enfermeira se aproximou de Severus com uma prancheta.

 

— Vou fazer algumas perguntas tudo bem? — Ela perguntou receosa. — Desculpe, mas pelo estado dele nosso regulamento nos ordena para fazer essas perguntas.

 

— Tudo bem, pode perguntar. — Snape não perdeu o olhar preocupado um segundo e a mulher baixinha e loira notou.

 

— Qual o nome do paciente?

 

— Harry J. Potter — respondeu simples.

 

— Idade?

 

— 10 anos.

 

— Ele? Mas é tão pequeno para a idade. — A mulher parecia surpresa, mas anotou tudo na prancheta profissionalmente. — Qual sua relação com ele?

 

— Eu seria seu futuro professor de química — Meia verdade novamente, lembrou de qualquer matéria trouxa que se assemelhasse a sua, assim sua mentira ficaria convincente.

 

— Entendo. O que aconteceu antes de precisarem vir para o hospital?

 

— Como disse a outra enfermeira, sou professor de em um internato especial, aceitamos alunos de toda Inglaterra que se qualifiquem a nossas exigências. Alguns alunos mais humildes precisam que nós os visitemos para falar sobre a escola e sobre como funciona. Damos aos nosso alunos necessitados dinheiro para os materiais. Fui ver o senhor Potter por esse motivo e enquanto conversávamos ele vomitou e desmaiou. — Resumiu da melhor maneira que pôde e a jovem pareceu entender a situação.

 

— O que sabe sobre ele? — Perguntou tímida, sabia que por ser apenas um futuro professor não devia saber de muita coisa, mas deveria perguntar.

 

— Sei que ele tem medo dos tios, com quem vive. Notei pela postura, ao que ele mesmo me contou ele não come direito a algum tempo e estava com um hematoma feio na bochecha. — Respondeu com uma calma e seriedade admiráveis.

 

— Então... o senhor acha que ele era abusado? — Perguntou mais por curiosidade do que pelo documento, o bruxo notou.

 

— Desconfio — Contou simplista, sabia que se afirmasse com toda a certeza a desconfiança em si voltaria com força total.

 

*******

 

Harry acordou em uma cama estranha, o lugar tinha cheiro de álcool e as paredes eram brancas. O menino estranhou, buscou na memória algum lugar assim é identificou como um hospital, quanto tempo não ia em um?  Ao seu lado o bruxo que o ajudou estava sentado em uma poltrona e parecia pensativo.

 

— Por... quanto tempo eu dormi? — A voz saiu baixinha e medrosa, se seus tios descobrirem que ele estava em hospital iria apanhar duas vezes mais.

 

— Algumas horas. Você estava com sobre dose de uma droga conhecida como Ketamina. Por isso estava vomitando, a droga também causou parte da sua palidez e aumento de temperatura. Ela também causa alucinações e por isso deve ter visto algo estranho — Tentou explicar e viu que o garoto entendeu, ele era muito inteligente. Tinha medo do que fizeram ao garoto, uma droga desse era uma das drogas conhecidas como boa noite Cinderela, algo assim em um humano já era perigoso, em um bruxo então as consequências podiam ser terríveis — Sei que não quer contar sobre isso e não vou forçá-lo a falar. Mas quero que me responda uma coisa honestamente.

 

— Está bem — O menino não olhava para o homem e sim para o próprio braço, ele estava tomando soro.

 

— Seus tios machucam você, não é?

 

— Eles... — Tremeu com medo, se contasse e seu tio soubesse ele iria apanhar, ele tinha que ser um bom garoto.

 

— Harry... não tenha medo. Me diga, sim ou não. — Pediu mais firme do que gostaria, foi o suficiente para o menino chorar e abraçar o próprio corpo murmurando continuamente: “eu tenho que ser bom... para não apanhar tenho que ser bom”. Severus se assustou, até que nível ia o trauma do menino? — Tudo bem... tudo bem.

 

Fez um carinho inocente nas costas dele e aos pouquinhos ele foi se acalmando. Aquilo era algo completamente insano. Com que tipo de pessoas Dumbledore deixou aquele garoto? Se ele, que não era lá de perder a calma quase estava matando os trouxas, imagine se Sirius souber sobre aquilo? E Remus? Por merlim... se... se “ele” soubesse disso, aqueles trouxas teriam uma morte tão lenta. Com o menino mais calmo ele diminuiu o carinho para um apoio inocente acariciando os fios castanhos, tão iguais aos de James. Sorriu pela constatação, mas havia assuntos mais urgentes do que pensamentos como aquele.

 

— Harry ouça, vou levar sua resposta para Hogwarts, você vai estudar lá. Mas a parte disso... não quero permitir que volte para aquele trouxas imundos. Vou fazer o possível para que você seja livre deles. Você quer isso?

 

— Eu... quero — As palavras eram apenas um fio de voz rouca e fraquinha.

 

— Tudo bem. Assim que seu médico daqui te der alta, vou te levar pra casa e volto depois de amanhã para comprar seus materiais com você. Tudo bem? — Perguntou com o tom carinhoso.

 

— Ta... — Deu pra ver que ele não ficou nem um pouco feliz aí voltar pra casa. Snape suspirou alto. Havia lido o laudo médico do menino, claro eram trouxas então eram muito simplistas, mas já dava para ter uma ideia a dimensão do problema. Fez feitiços de cura simples no garoto, apagou a memória dos funcionários e com todo o cuidado que tinha pegou Harry no colo.

 

O garoto gostou de ser cuidado, esse homem parecia querer protegê-lo e Harry queria ser protegido, o toque dele não causava nojo, era apenas contato.

 

Sentiu o mundo rodar a sua volta e quando viu estava na frente de casa. Já era noite. Se agarrou as vestes do homem quando Tio Valter apareceu no jardim gritando e Snape revirou os olhos bufando impaciente. Ignorou o porco vermelho de raiva e entrou na casa já sabendo onde Harry dormia. Depositou o menino no espaço minúsculo e fez um carinho nos fios rebeldes. Deixou a carta ali no cantinho. Fez um feitiço de sono para ele e fechou a portinha com cuidado, um feitiço de silencio em volta daquele pequeno ambiente para garantir o sono do pequeno e o bruxo dirigiu um olhar duro e frio para o trouxa gordo e vermelho a sua frente. Petúnia desceu as escadas e olhava Severus como se ele fosse uma aberração.

 

— Ouçam bem o que vou dizer, não vou repetir — A varinha dele estava em mãos e um simples movimento fez ambos os trouxas sentarem no sofá. — Harry ficará aqui por mais alguns dias. O menor tempo possível, eu volto em algum tempo antes das aulas iniciarem e vou deixá-los avisados. Se eu voltar e Harry tiver um hematoma qualquer vou repetir o que fizeram com ele em vocês, entenderam?

 

A voz fria dava arrepios nos trouxas, Severus sabia aterrorizar quando queria.

 

— Eu iria dizer para cuidarem bem dele, mas sei que não vão fazer. Então apenas o deixem em paz. Estão avisados!

 

E assim ele se foi, de modo que suas palavras foram acatadas, por um dia, e no dia seguinte Harry apanhou de cinta, simplesmente porque precisava beber água.

 


Notas Finais


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