História Be Alright - Twenty-first

Cassie Miller. 

Não consegui dormir nem por um segundo durante todo o voo pensando no Justin. Não saber o dia que o verei novamente me assusta. Eu gosto demais dele e gosto demais dessa coisa que nós temos, sabe? A confiança, a amizade e toda a intimidade. Devo tudo isso ao fato de termos estado juntos praticamente 24 horas por dia nos últimos 5 meses e agora que isso não vai mais acontecer eu tenho medo que a gente perca nossa essência.  

Cheguei em Nova York pela manha, pouco antes do horário marcado na faculdade então me apressei pra pegar um taxi e ir o mais rápido possível até o prédio do dormitório. A faculdade fica no centro de Manhattan, o que é um sonho. Em poucos minutos já estávamos estacionando lá. Peguei minhas malas e entrei no prédio, logo na entrada tinham duas garotas com pranchetas nas mãos dando informações sobre o quarto.  

Fui até ela. 

— Nome por favor – a ruiva disse me encarando. 

— Cassie Miller – respondi e ela procurou pela prancheta.  

— Caloura de cinema  – disse me encarando – eu sou a April e você esta atrasada. 

— Meu voo atrasou um pouco – respondi. 

— Sem problemas, você está no dormitório do sexto andar, seu quarto é o 602. Deixa suas coisas lá e volta que vou levar você até o auditório, sua orientação começa em 10 minutos - ela disse me entregando uma chave e eu apenas assenti indo até o pequeno elevador.  

Não foi difícil encontrar o quarto ele era um dos primeiros. Abri com a chave e logo coloquei as malas pra dentro. O quarto não era grande, mas era bem aconchegante, também tinha uma vista bonita. Reparei que as malas da minha colega de quarto já estavam ali em cima de uma das camas. Deixei as minhas perto da outra cama e desci apressadamente.  

April foi me mostrando alguns lugares que íamos passando e em pouco tempo já estávamos no auditório lotado. A palestra estava se iniciando e eu tive um pouco de dificuldade em encontrar um lugar, mas acabei achando.  

Depois de três horas ouvindo sobre aulas, mercado de trabalho e palestras com profissionais do cinema fomos liberados. A primeira semana era totalmente de orientação. Hoje nós montaríamos nossa grade depois do almoço. Fui até o quarto pegar minha carteira pra procurar um lugar pra almoçar. Assim que abri a porta encontrei uma garota loira arrumando a cama.  

— Oi, você deve ser a Cassie – ela disse sorrindo – eu sou a Melanie, sua colega de quarto.  

— Oi, prazer Melanie.  

— Pode me chamar só de Mel – ela disse comum sorriso simpático. 

— Tudo bem – respondi sorrindo. 

— Eu estava pensando em procurar um lugar pra almoçar, você não tá a fim de ir comigo? - ela perguntou meio insegura.  

— Eu adoraria - Antes que pudéssemos falar mais alguma coisa meu celular começou a tocar, olhei no visor e era o Justin - Eu preciso mesmo atender, se importa?  

— Claro que não, mas a gente pode ir descendo enquanto você fala no telefone? Eu estou morrendo de fome – ela disse e rimos. 

— Só vou pegar minha bolsa – falei me virando e atendi o telefone – Oi Justin. 

— Oi, eu só queria saber se você chegou bem.  

Coloquei minha carteira dentro de uma bolsa preta e caminhei até a porta sendo acompanhada por Melanie. 

— Sim, acabei de chegar no dormitório depois da palestra de orientação. 

— E como foi? Você adorou? - ele perguntou e eu ri. 

— Sim adorei. 

Mel apertou o botão pra chamar o elevador e ficamos esperando.  

— E sua colega de quarto? Ela esta ai? 

— Sim. 

— E ela é legal? 

— Parece que sim – falei rindo enquanto entravamos no elevador. 

— Que bom. E o que você esta fazendo agora?  

— Estou indo almoçar. 

— Com a colega de quarto? 

— Isso mesmo. 

— Legal, eu não quero te atrapalhar, também estou no meio de uma sessão de fotos, só que... senti saudade.  

— Eu também – falei e o silêncio tomou conta.  

— É estranho sem você aqui.  

— Só faz algumas horas, você vai se acostumar 

— Acho difícil – ouvi a voz de alguém o chamando no fundo e ele gritou que já ia – eu preciso mesmo ir, posso te ligar mais tarde? - o elevador se abriu e caminhamos pra fora.  

— Sempre que você quiser.  

— Se cuida.  

— Você também – desliguei o telefone e saímos do prédio. 

— Namorado? – a loira perguntou.  

— Um amigo – respondi sem graça.  

Não tivemos dificuldade em encontrar um lugar pra comer, depois fomos juntas montar nossa grade e passamos o resto do dia arrumando o quarto e pedimos pizza a noite. Justin não me ligou, provavelmente estava ocupado. Eu entendia, mas fiquei triste. Não faz nem 24 horas e eu já estou morrendo de saudade.  

Um mês se passou. 

Eu e Mel estamos nos tornando cada vez mais amigas, ela é uma pessoa legal. Eu não sou acostumada a ter amigos, mas gosto da companhia dela. Descobri que o irmão mais velho dela, Miles, também estuda aqui. As vezes ele anda com a gente e é divertido. Ele é engraçado e muito fofo. 

John esta oficialmente morando em Nova York. A irmã dele acordou do coma, mas teve algumas sequelas então ele preferiu estar por perto pra ajuda-la. Vez ou outro eu vou visita-los e fico de babá do pequeno Noah. 

Justin e tentamos nos falar o máximo possível no telefone, mas é difícil com a turnê de volta e todos os trabalhos e matérias pra estudar na faculdade. Estamos nos esforçando, mas no fim é difícil passar de 24 horas por dias a 2 horas por semana. Sinto falta dele a todo momento. Eu não sabia o quão dependente do Justin eu era até vir pra Nova York.  

Ultimamente algo tem me incomodado bastante, eu não sei o que Justin e eu somos. Nós não conversamos sobre estarmos juntos ou não, mas eu tenho acompanhado as noticias, ele sempre esta saindo com Alfredo pra festas e meu coração acaba se apertando. Como agora que estou encarando meu computador com a ultima noticia dele "Justin Bieber é visto com Sofia Richie em Boate". Nada demais, certo? Não é o que parece nas fotos. Ele esta com a mão na sua cintura falando algo em seu ouvido e ela sorri. Eu não sei o que pensar sobre isso e não tenho coragem de perguntar a ele, tenho medo da resposta. 

— Hey, Cas – Miles diz entrando no quarto acompanhado pela Mel – o que esta fazendo? 

— Nada demais – digo fechando o notebook. 

— Vendo noticias do Justin? - Mel pergunta. 

Todos na faculdade agora sabem que sou amiga dele graças a foto que ele postou dizendo que sentia minha falta. Alguns paparazzi apareceram por aqui tentando me entrevistar e logo a noticia se espalhou. Por sorte eles não ficaram muito tempo me perseguindo.  

— Não - menti.  

Miles se sentou ao meu lado na cama e me encarou. 

— Um dia você contar o que vocês tem? 

— Somos bons amigos, já falei. 

— Tudo bem então – ele disse se virando sem acreditar muito – vamos no Starbucks?  

— Tenho grupo de estudos agora – Mel fala – mas divirtam-se – ela diz pegando sua bolsa e saindo do quarto. 

— Você vai comigo? - ele disse e eu assenti. 

Peguei minhas coisas e seguimos até o Starbucks que fica a duas quadras. Fizemos o nosso pedido e nos sentamos em uma mesa do canto.  

— O que esta achando da faculdade? - ele perguntou. 

— Eu estou gostando. 

— Não é o que essa sua carinha diz. Eu sei que você esta triste, Cas. É por causa do Justin? - ele pergunta e eu nego com a cabeça. 

— Só estou cansada. 

— Tudo bem se você não quer falar – ele diz colocando pegando o celular – mas eu sei de uma coisa que vai te animar – ele meche no telefone mais um tempo e logo diz – vamos. 

Miles segura minha mão e me puxa pra fora. Entramos em um uber e por mais que eu pergunte onde estamos indo, ele não me conta. No fim acabo reconhecendo o caminho. Meu lugar preferido desde que cheguei aqui: A ponte do Brooklyn. 

Agradecemos e saímos do carro bem no meio da ponte. O sol já esta se ponto e as luzes em nova York começam a aparecer. É simplesmente lindo e eu sorrio ao ver o céu daquela forma.   

— Olha, você esta sorrindo. Parece que eu consegui – ele diz com um sorriso fofo nos lábios. 

— Obrigada Miles – digo o abraçando.  

*** 

Acordei com o barulho do meu telefone tocando. O peguei em baixo do travesseiro e atendi sem ver quem era. 

— Cassie – a voz de Justin ecoa pelos meus ouvidos me fazendo despertar – vem aqui em baixo. 

— Justin? O que? Em baixo de onde? 

— Eu estou em frente ao prédio do seu dormitório, pode vim aqui? 

Não pensei duas vezes. Me levantei com cuidado pra não acordar a Mel e peguei um sobretudo no guarda roupa. Calcei minhas botas e desci as presas com apenas a chave do quarto e o celular. Assim que abri a porta da entrada do prédio dei de cara com ele. Mal podia acreditar, Justin estava parado na minha frente com aquele sorriso lindo e perfeito me encarando.

Corri e me joguei nos seus braços. 

— O que esta fazendo aqui as 2 horas da manha? - perguntei ainda agarrada a ele. 

— Vim te ver, não aguentei de saudade. 

— Eu também estou com muita saudade. Que bom que você ta aqui. 

— A má noticia é que eu vou embora de manha. 

— O que? Por que? 

— Eu tenho um show na Inglaterra amanha anoite. 

— E você veio me ver? 

— Eu consegui sete horas pra passar com você, então, o que quer fazer? 

Sorri abertamente e o puxei pra mais um abraço apertado.

Nova York é a cidade que nunca dorme, então decidimos ir para a Times Square. Não me importei por estar de pijama, o sobretudo escondia e eu não queria perder tempo trocando de roupa, afinal tinha pouco tempo com Justin.  

Encontramos um bar aberto onde não parecia ter fãs do Justin e entramos. Quase ninguém o reconheceu e quem reconheceu não ligou muito, o que era ótimo. Nos sentamos em um lugar escondido e pedimos algumas cervejas.  

Conversamos e conversamos por horas. Tentamos colocar em dia tudo que rolou no ultimo mês. Justin me contava historias hilárias sobre a turnê. Desde que John saiu, Alfredo tem estado com eles e parece que tem sido muito divertido.  

— O que acha de irmos até o dormitório ver o sol nascer de lá? - falei quando percebi que isso já estava prestes a acontecer. 

— O que você quiser – ele disse e eu sorri. 

Justin pagou a conta e seguimos até o prédio. O levei até o ultimo andar, onde Mel e eu descobrimos ter um terraço. Peguei alguns edredons e almofadas que nós tínhamos escondidos por ali e forrei no chão. Justin e eu nos deitamos bem a tempo do sol começar a nascer. 

— Essa vista é linda não é? - falei encarando o céu. 

— Sim. Incrivelmente linda. 

Me virei pra ele e percebi que ele me encarava com um sorriso no rosto. Sorri e senti minhas bochechas queimarem. Quando eu fiquei tão tímida assim? Justin se aproximou de mim e acariciou a minha bochecha. Seu olhar foi para os meus lábios e o meu para os deles. Eu sentia falta do seu beijo e naquele momento o desejei mais que tudo. 

Como se ouvisse meus pensamentos Justin uniu os nossos lábios e iniciou um beijo lento. Droga, como senti falta disso. Eu poderia ficar assim pra sempre com o Justin que não me importaria. Levei minhas mãos até a sua nuca e ele agarrou a minha cintura. Quando o ar se fez necessário interrompemos o beijo, mas continuamos com as testas grudadas e meus olhos permaneceram fechados. 

— Eu estava com vontade de fazer isso desde que te vi – ele sussurrou. 

— Eu estava esperando que fizesse isso desde que te vi - sussurrei ainda de olhos fechados e ouvi sua risada fraca. 

— Cassie – ele fez uma pausa - eu te amo. 

Arregalei os olhos no segundo em que ouvi aquelas 3 palavrinhas.

Eu te amo.

Justin disse: Eu te amo.

Ele me ama?

Eu entrei em estado de choque. Não sabia o que fazer nem o que falar. Eu não tinha certeza sobre os meus sentimentos sobre o Justin, eu sabia que eram grandes e fortes, mas eu não sabia se era amor. Nunca senti isso antes e não queria falar sem ter certeza.  

— Justin, eu... Eu não sei o que falar - fui sincera, mas isso pareceu atingi-lo de uma péssima forma. 

Os olhos de Justin foram tomados por uma tristeza e eu continuava em choque sem saber o que falar. Meu coração disparou desesperado. Eu precisava fazer alguma coisa, dizer alguma coisa, mas eu simplesmente não conseguia. 

— Tudo bem – ele disse desviando o olhar - você não tem que falar nada, eu não queria forçar nada. Me desculpe – Justin se afastou de mim e um medo enorme tomou conta de todo o meu corpo – Eu preciso ir, fica bem – ele disse se levantando e saiu as presas   

Eu queria correr atrás dele, explicar como eu me sentia, falar tudo pra ele. Mas eu não sabia como eu me sentia. Como eu poderia explicar a ele algo que nem ao menos eu consigo entender? Então fiquei ali sozinha em estado de choque e deixei que as lagrimas caíssem pelos meus olhos. Um sentimento agoniante tomou conta do meu coração e eu me senti a pior pessoa do mundo.