Escrita por: tatajewelpet
— Ni hao, tenho este voo, para onde devo ir?
— Desloque-se para a direita e suba as escadas, em direção à porta quatro.
— Certo, xièxiè.
Rapidamente, fui caminhando, seguindo a placa que tinha escrito “Gates 01-09”. Percorri um corredor gigantesco até chegar a uma zona onde havia uma fila em que as pessoas estavam a registar as suas malas. Até ao momento não havia sinal do Junhui, nem sequer uma mensagem.
Como ainda faltava uma hora para a partida do avião e a minha mala já estava registada, decidi ir a um café comprar uma sandes, pois estava cheia de fome. Quando o meu irmão perguntou se eu queria comer, não estava com cabeça para isso.
Fui ter a uma das mesas e sentei-me. Pousei o tabuleiro com a sandes e o sumo de laranja, pois sentia a garganta seca e não queria correr o risco de ficar constipada.
Os minutos passavam e eu não parava de pensar onde poderia estar o Junhui. O plástico da palhinha estava muito roído e já tinha perdido mais de dez por cento de bateria, navegando nas redes sociais e aguardando alguma chamada.
As pessoas levantaram-se das cadeiras da sala de espera e começaram a colocar-se em linha frente à porta para o voo com destino a Pequim. Levantei-me também e guardei o telemóvel no bolso. Sabia que não adiantaria nada continuar com ele na mão.
Coloquei-me atrás de um casal de maiores, estavam muito felizes, parecia que iam passar férias na capital ou visitar familiares, possivelmente ver os netos ou simplesmente aproveitar o sol da grande cidade.
— Querido, trouxeste a câmara fotográfica?
— Claro, e as roupas que compraste para os pequenos, tens aí?
— Aham, não me esqueci!
Os dois sorriram um para o outro e deram as mãos. Já estava a começar a ficar irritada.
— “Tim!”
Tirei o telemóvel do bolso, sem qualquer entusiasmo. “Estou a caminho.” Enviei um “Ok” de volta e segui em frente. Subi as escadas do avião, e depois de ter mostrado o bilhete, procurei o meu lugar e sentei-me.
Olhei para a janela, esperando pacientemente, mesmo cansada. Os assistentes de bordo iniciaram o discurso de segurança e aí comecei a acreditar que ele não iria aparecer. Cruzei os braços e fechei os olhos, tentando não pensar em nada.
— Bom dia! Desculpe ter interrompido — falou alguém sem fôlego.
Eu não quis ver quem era, achava que não era quem eu pensava. Os passos estavam cada vez mais próximos de mim e senti um cheiro a perfume agradável e ao mesmo tempo excitante, era tão único e característico da pessoa que tem estado constantemente na minha cabeça.
— Já estou aqui. — Ainda a respiração não estava no seu ritmo normal.
Abri os olhos e sorri, perante o ser que estava agora a dar-me borboletas suaves na barriga.
— O que é? Porque me olhas assim? — sorriu envergonhado, antes de sentar ao meu lado.
— Por nada, finalmente estás aqui.
— Desculpa ter-te feito esperar, eu não podia entrar pela porta principal e o meu manager nunca mais me atendia, pelos vistos esqueceu-se que eu ia viajar, mas já está tudo em ordem.
— Ainda bem.
— Receei que fosses ficar preocupada, não queria mesmo, desculpa.
— Eu estou tranquila Junhui, já passou.
— De verdade? — Desviou os olhos para ir ao encontro dos meus, tentando confirmar.
Mostrando um sorriso acenei com a cabeça, fazendo Junhui sorrir também. Ele pegou numa garrafa de água e bebeu bastante, acabando por soltar um suspiro de alívio.
— Achas que devemos estar sentados juntos? — perguntei.
— Não vejo o problema. — Fez beicinho, indiferente à questão.
— Verifica se alguém nos está a observar — pedi preocupada.
Ele olhou para vários lados, e a senhora hospedeira de bordo pediu para que ele se sentasse e pusesse o cinto.
— Acho que não há ninguém a olhar muito para nós. Mesmo assim, este é como um lugar aleatório, ninguém vai pensar que eu sentei-me intencionalmente ao teu lado.
— Isso pensas tu, se não paras de falar para mim — desatei a rir.
— Tens razão, mas olha, não interessa. Vou colocar a máscara de olhos e tirar uma sesta.
— Também queria, estou cheia de sono.
— Queres uma almofada? Eu trouxe duas.
— Ohh Junhui…
— Eu costumo pôr uma à volta do pescoço e outra nas costas. Posso dar-te essa.
— Ah, eu quero!
—Toma.
— Obrigada.
Acomodei a almofada atrás da minha cabeça e senti-me tão confortável que não demorei para pegar no sono.
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— Naliang, já chegámos, acorda.
— Hmm — espreguiçei-me.
— Vamos, o manager está à nossa espera. — Junhui deu um belisco na minha bochecha.
— Estava a saber tão bem dormir no avião… — disse enquanto pegávamos nas malas.
— Entendo — soltou um riso. — Precisamos de comer também, as viagens logo de manhã dão voltas ao nosso organismo, por isso não comi nada.
— Eu comi.
— Espero que a tua barriga esteja boa, que a minha não resiste mesmo! Um dia eu e o Soonyoung comemos frango frito antes de embarcar para o Japão e fiquei tão mal depois da aterragem, ahh.
— Meu Deus, deves ter passado mal.
— Nem imaginas.
— Naliang, agora eu vou entrar por esta porta e tu continuas em frente, ok? Quando chegares à saída, verás uma carrinha preta à tua espera, eu vou entrar mais tarde. Não tenhas medo, quando o meu manager te ver, ele saberá que és tu.
— Não me faças isso… Mas eu percebo porquê, infelizmente.
— Já nos vemos, são só uns minutos princesa. — Tocou na minha cabeça suavemente com a palma da mão e logo afastámo-nos, como dois barcos a seguir caminhos opostos.
Facilmente consegui ver a carrinha, estacionada entre dois carros. O motor ligou no momento em que me aproximei e abri a porta. Receava que ele estivesse super chateado comigo, ele podia não confiar em mim.
— Bom dia! Qiu Naliang, certo? — Ele sorriu.
— Sim.
— Entra, já ponho a tua mala na bagageira.
— Obrigada.
— Trouxe duas bebidas, para ti e para o Junhui, para o caso de terem sede. — Indicou o saco que estava entre os dois bancos da frente.
Ele estava a ser simpático, o que deixou-me um pouco aliviada.
— Agora vamos ver onde se meteu aquele rapaz. Ele podia ter vindo contigo, mas pronto, tinha que ser. Por acaso ele disse-te para onde ia?
— Ele não me disse.
— Este doido não sabe dizer coordenadas, enfim — afirmou, enquanto guiava o veículo.
Eu tinha uma postura que não sabia se havia de rir ou ficar calada.
(chamada a decorrer)
— Junhui, onde estás?
— Frente ao café.
— Que café?
— Só tens que contornar a terminal, vira à direita.
(…)
Junhui, mal nos viu, meteu a mala atrás e depois abriu a porta e sentou-se ao meu lado.
— Vês, eu disse-te que eram só uns minutos. — Falou enquanto colocava o cinto.
— Junhui, não precisavas de ir tão longe. Se não me tivesses ligado, já teria começado a andar às voltas, não é Naliang?
— É — respondi, um pouco envergonhada.
Junhui olhou-me com ar de surpresa por reparar que eu estava a comunicar informalmente com o seu manager.
— Batido de morango, queres? — Ele parecia estar nervoso, por isso ofereci.
— Pode ser, obrigado.
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Passado uma hora, finalmente entrámos no hotel, eu estava entusiasmada por pisar uma carpete sofisticada. A decoração do hotel tinha todo esse requinte, as paredes brancas tinham quadros históricos da China Antiga, retratando a Cidade Proibida.
— Vais ficar no quarto que supostamente era para o Minghao, mas ele ainda não chegou. Uma das condições para o meu manager ter-te aceitado foi que não podíamos gastar mais dinheiro em mais um quarto.
— Então como vão fazer?
— Quando ele chegar, dormirá no meu. De qualquer forma, eu penso que iremos abandonar este hotel mal comece o programa.
— Hm, vou ficar aqui sozinha depois. — Pensei logo.
— Pensa positivo, poderás visitar os lugares bonitos daqui.
— Apesar de já ter vindo aqui algumas vezes quando era mais pequena, é sempre bom refrescar as memórias.
— Exato, eu também estou a refrescar. E tu estás a contribuir para isso também — sorri.
(…)
Depois do almoço, Junhui abandonou o local juntamente com o manager, para tratar de assuntos relacionados com a empresa.
Decidi aproveitar para separar as roupas e pendurá-las dentro do armário.
Quando terminei, tranquei a porta do quarto, preparando-me para ir dar um passeio e fazer depois uma chamada às minhas amigas. Eu não estava a prestar atenção a nada em específico, mas ouvi os passos de alguém que vinha a passo rápido, o que me fez olhar de imediato.
A pessoa era tão alta e o seu blazer largo é comprido era vermelho quase como a cor da bandeira do país em que estamos. O indivíduo usava umas cadeias fininhas prateadas à volta do pescoço e as pontas dos seus cabelos deixavam os olhos ocultos.
Ele cada vez se aproximava mais, especificamente na minha direção, mas notei que ele tinha o telemóvel na mão e olhava para as portas dos quartos que estavam antes do meu, assobiando.
Comecei a ficar em pânico no momento em que ele parou na minha frente.
— Com licença.
— Não me posso desviar porque, eu estou a ocupar este quarto, entende?
— Ai… — suspirou. — Menina, afaste-se, devia ter chamado os seguranças. Cada vez há mais falta de respeito.
— Você não está a entender! Deixe-me explicar, eu já estava neste quarto.
— Entendo que você é uma sasaeng, pensava que só havia na Coreia. Não se preocupe minha linda, vou chamar o segurança. — Depois de proferir estas palavras, ele pegou no telemóvel e marcou um número.
Eu não sabia o que fazer a não ser colocar as mãos sobre a minha cabeça, só queria chorar.
— Você não entende…
— Alô? Olhe, tenho aqui uma menina frente ao meu quarto, pode tratar disso por favor?
Ele ignorou-me completamente.
Passado uns minutos, dois seguranças apareceram e eu soube logo que não valia a pena tentar resistir a eles.
— É ela. — Apontou para mim.
— Qual é o seu nome? — perguntou um deles.
— Qiu Naliang.
— Quando entrou?
— Há três horas, com Wen Junhui e o seu manager.
O rapaz olhou para mim estupefacto.
— Certo.
— Xu Minghao — afirmou o outro guarda. — Ela está registada no Hotel, precisamente neste quarto. Por isso, não podemos fazer nada.
— A sério? — bateu a palma da mão contra a sua testa. — Está bem está bem, podem ir. Desculpem o incómodo.
Ele voltou a suspirar, o chamado Xu Minghao, que afinal, era quem Junhui tinha mencionado. Após os seguranças terem saído, ele olhou para mim, mas, para minha surpresa, sem desprezo.
— Vamos. Abre a porta. — Pediu tranquilamente, de forma educada.
Fiz o que ele pediu, evitando mais chatices.
— Obrigado.
Minghao adentrou com a sua mala e sentou-se na cama. Pegou numa garrafa de água que trazia na mochila, bebeu uma elevada quantidade de uma vez e voltou a segurar na pega da mala, para se apoiar.
— Desculpa, estou cansado — Sorriu, deixando-me mais confusa.
— Okay. — Coloquei uma madeixa do meu cabelo atrás da orelha.
— Vou ficar aqui à espera até que Junnie apareça e esclareça esta situação.
Junnie?
— Tens todo o direito.
— Podes sentar, não tens que ficar aí em pé de castigo.
— Ah obrigada. — Sentei-me ao pé dele, a uma distância respeituosa.
— Qiu Naliang, certo?
— Sim.
— Embora saibas o meu nome, ou até quem sou, devo-me apresentar. — Virou-se para mim. — O meu nome é Xu Minghao, ou The8, membro dos Seventeen.
— Prazer. — Fiz a reverência.
Oh meu Deus ele é dos Seventeen! Como é que até agora eu não tinha percebido? Que vergonha.
Eu sabia que havia alguém chamado The8 no grupo, mas relativamente a caras só conhecia o Junhui de memória.
— Desculpa todo o meu escândalo, fiquei assustado. Pensei que fosses uma perseguidora.
— Ahh não tem mal, eu entendo. Para que não haja mal entendidos, eu sou amiga do Junhui. Ele convidou-me para assistir ao programa, por isso estou aqui.
— Pois, mas esse miúdo deve-me uma explicação, ele não me avisou de nada! — Bateu o punho sobre a palma da mão.
— Concordo.
— De qualquer forma, espero que gostes. Eu ainda não sei até onde vou chegar neste programa, mas quero que os meus fãs vejam os talentos que ainda não mostrei e também gostaria de experimentar outros géneros musicais, mais do meu estilo. E tu?
— Também quero aprender e perceber se ainda posso chegar a algum lado, ou seja, ao meu antigo sonho.
— A sério? — Minghao encarou-me com admiração e entusiasmo.
— Sim. — Sorri envergonhada.
— Isso é bom! — Bateu palmas. — Estamos juntos, no mesmo objetivo!
— O teu e o meu não têm comparação! — Soltei uns risos.
Num instante, olhámos para a frente, pois parecia que uns relâmpagos tinham acabado de vir contra nós.
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Minghao meu bebé T-T ele é tão fofo e dramático, ou é Junhui o mais dramático?
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