Alex, já impaciente devido ao tempo que ficara esperando em frente a porta do quarto, a abriu de uma vez. Olhou em volta, constatando que a jornalista não estava no comôdo. Sua surpresa daria certo.
Andou até sua cama perfeitamente arrumada, deixando a caixinha na qual havia um belo colar que mandou fazer para Catherine sob os lençóis de seda, abrindo um sorriso satisfeito ao imaginar a cara que a garota faria ao ver o presente. Talvez ficasse envergonhada, ou até mesmo brava, mas Alex sabia que ela iria gostar.
Um pequeno caderno encapado em couro marrom chamou sua atenção ao lado do presente que havia deixado, despertando sua curiosidade. Não pensou muito, Alex apenas pegou o objeto em suas mãos e o abriu, folheando algumas páginas escritas.
Resolveu ler uma delas, e, após poucos segundos, percebeu que aquilo não se tratava de um caderno qualquer. Haviam coisas sobre ele e sua família escritas ali, parecia até mesmo uma manchete de revista com tópicos e anotações do que fora descoberto durante o tempo em que a garota estivera ali.
Ainda confuso com aquilo tudo o príncipe levantou a cabeça, batendo os olhos na bolsa de Catherine que estava no sofá. Foi até lá, abrindo o zíper e pegando algo que o chamou a atenção: um crachá o qual havia a foto e o real nome dela. E não só isso, Alex também checou os outros documentos da jornalista, ficando assustado com aquilo.
- Alex?
Ele estava tão concentrado em sua recém descoberta, que sequer havia escutado a porta abrir atrás de si, pegando-o no flagra.
- Alex... Eu ia te contar. Mesmo.
- Quem é você? - ele questionou com a testa franzida. Catherine não soube identificar que tipo de emoção ele estaria sentindo; raiva, tristeza, frustração...
A garota de cabelos castanhos respirou fundo, sabendo que sua farça acabara ali.
- Meu nome é... Catherine. - ela suspirou antes de continuar. - Sou uma jornalista de Nova York, e vim aqui com o objetivo de fazer uma matéria sobre... A família real. - Alex ficava devastado a cada palavra que saía da boca da jornalista.
- Você... - Alex não conseguia dizer uma palavra sequer, estava totalmente em choque.
- Eu não fiz por mal, Alex. Me confundiram com ela e quanto eu dei por mim... Eu já tinha me metido numa confusão enorme. Eu juro que eu não tinha planejado nada disso. - tentou explicar. - Assim como eu também não tinha planejado me apaixonar por você.
Um silêncio pesado tomou conta do quarto. Enquanto Catherine se sentia culpada, Alex se sentia traído e enganado.
- Me desculpa, de verdade. Eu só queria que eu tivesse uma boa matéria para poder subir na minha carreira...
- Aposto que inventando mentiras e fofocas sobre mim e minha família, não é? - Alex levantou-se do sofá, olhando-a com raiva. - Vocês são todos iguais.
- O que? Não! Eu jamais faria isso, sou uma pessoa honesta! Alex, você leu minhas anotações, eu não inventei nada! - tentou se defender. - Eu não sou como eles.
- Não, você não é honesta, Catherine. - proferiu o nome com desgosto na voz. A garota sentiu uma pontada forte em seu coração, como se ele estivesse quebrando-se em pedaços. Vê-lo tratando-a daquele jeito indiferente só fazia com que ela se sentisse pior. Sabia desde o começo que aquilo não era uma boa ideia.
- Alex... - tentou dizer algo, mas foi logo cortada.
- O que fez com a verdadeira princesa? A prendeu em algum lugar?
- Eu juro que não sei o que aconteceu com ela. Meu medo era de que ela aparecesse a qualquer hora, mas isso não aconteceu. Eu não faço ideia de onde ela esteja agora.
- Não confio mais em você. - ouvir aquilo a machucou, mas ela sabia que merecia tal tratamento depois do que havia feito. - Esteja fora desse palácio amanhã cedo. Se eu vê-la por aqui, pode ter certeza de que a colocarei na prisão sem questionamentos.
Catherine assentiu. Alex largou os documentos da jornalista no sofá, indo até a porta e fechando-a com certa força ao sair. As lágrimas escorreram pelas suas bochechas delicadas, ela se sentia a pior pessoa do mundo naquele momento. Por sua culpa, havia perdido a pessoa a qual havia se apaixonado perdidamente.
- Como você foi burra, Catherine! - disse com raiva, levando as mãos até seu rosto, desmoronando em lágrimas ali mesmo.
...
Os olhos inchados de Catherine ainda continuavam marejados e totalmente vermelhos mesmo após acordar na manhã seguinte. Enquanto arrumava suas coisas, deixava cair uma lágrima ou outra sob seu rosto, e logo começava tudo de novo.
Após o banho, Catherine colocou suas próprias roupas dessa vez. A dor ainda permanecia em seu peito, custava a acreditar que aquilo tudo fosse real e que havia magoado tão profundamente a pessoa que mais gostou em toda a sua vida. A jornalista viu uma caixinha preta na cama, estava tão devastada ontem que sequer havia percebido aquilo em seu travesseiro. Andou até o objeto, pegando-o em suas mãos e abrindo-o e vendo que ali havia um lindo colar de prata com um pingente em formato de coração. Catherine colocou o colar em seu pescoço, sentindo novamente a vontade de chorar invadir seu corpo.
A porta do quarto foi aberta com força, assustando a jornalista e fazendo-a virar-se rapidamente em direção ao furacão em pessoa que havia invadido o cômodo.
- O que você fez, sua idiota? - Samantha cerrou os dentes, encarando Catherine com ódio no olhar.
- Eu não fiz nada, Samantha. - Catherine deu de ombros, voltando a atenção para sua mala e fechando-a. - Você não achou que isso iria continuar por muito tempo, achou? Uma hora a casa ia cair.
- Pensei que fosse mais esperta. - a outra mulher cruzou os braços, arqueando uma das sobrancelhas. - Bom, eu precisava de você, mas isso não importa agora. Eu consegui me safar e vou poder estar presente na coroação, porque ao contrário de você eu tenho competência.
Catherine estava tão abatida e cansada de tudo aquilo que nem se importou com as ofensas de Samantha, ignorando-a completamente.
- Boa sorte, Samantha. - Catherine disse antes de pegar sua mala e ir embora, deixando a outra mulher sozinha no quarto.
Andando pelo corredor, Catherine se deu conta do quanto estava mal com tudo aquilo. E tudo pareceu desmoronar ainda mais dentro de si quando passou por Alex que sequer fez questão de olhá-la nos olhos.
- Alex... - o chamou. O príncipe parou ainda de costas para a jornalista, não queria ter que encará-la pois sabia que se o fizesse voltaria atrás em sua decisão de deixá-la ir.
Ela lembrou-se da noite que passaram juntos e por um momento desejou poder voltar no tempo para reviver aquilo novamente. Sentir a pele dele contra a sua e os lábios dele contra os dela, as mãos dele passeando por seu corpo...
E mesmo que lutasse contra, Alex também tinha os mesmos pensamentos em sua mente.
- Me desculpa.
Catherine respirou fundo, virando-se e saindo por completo da área restrita ao palácio, pegando um táxi que seguiria direto para o aeroporto. Sabia que Samantha faria o trabalho que não era dela, então não fez questão de ficar. Mas uma coisa era certa: Ela publicaria aquela matéria e não deixaria Samantha encostar um dedo sequer em seu tão sonhado artigo.
Já em casa, jornalista abaixou a tela de seu laptop. Ela havia enfim terminado a tão sonhada matéria que iria alavancar sua carreira, mas aquilo não a satisfazia mais. A sensação de ser reconhecida por algo que ela correu atrás e tanto se dedicou, já não era mais tão excitante. Tudo o que ela queria, deixou para trás assim que embarcou novamente para Nova York.
...
- Como está se sentindo, filho? - a rainha perguntou para Alex, que permanecia aéreo em meio a todos aqueles convidados que só o faziam sentir-se cada vez mais sozinho. - Alex?
- Oi. - o príncipe balançou a cabeça, saindo de seus devaneios. A verdade era que ele só conseguia pensar em Catherine e nos conselhos que ela havia dado para si. - Eu acho que... Nervoso.
A mãe de Alex sorriu enquanto suas mãos iam de encontro ao rosto do filho, encorajando-o a enfrentar aquilo.
- Onde será que está Mary? - a rainha perguntou referindo-se a princesa verdadeira. Alex apenas deu de ombros, cumprimentando os convidados que passavam por eles.
Em pouco tempo todos já estavam acomodados no salão principal bebendo e se divertindo no que era pra ser a melhor noite de Alex. Bom, era assim que todos pensavam, mas não era assim que ele se sentia. Por um momento desejou ter Catherine ao seu lado para lhe dar forças, porque querendo ou não, ela o fazia se sentir mais leve e mais confiante. Com certeza tudo seria mais fácil se pudesse sentir o calor das mãos dela sobre as suas.
Alex respirou fundo, não queria lembrar da jornalista. Pensava que em algumas horas teria um monte de mentiras a mais a respeito de si e de sua família espalhadas em vários sites e revistas. Na sua cabeça, ela era igual a todos, e isso era o que mais doía nele. Sentia-se mais vazio do que quando soube que seu pai havia morrido.
Felizmente sua mãe havia concordado em manter aquilo somente entre eles, não queria mais escândalos rondando a família naquele momento tão especial.
O príncipe viu o primeiro-ministro fazer um sinal para que subisse até o pequeno altar improvisado no meio do salão e assim o fez, caminhando entre os duques, grão-duques, ladys e lordes.
- Membros do parlamento, amigos, convidados... Nesta noite especial, sua alteza real príncipe Alexander, apresenta sua legítima reivindicação ao trono do reino de Mowscondo.
Todos aplaudiram enquanto mantinham um sorriso satisfeito no rosto. Já Alex permanecia sério, sabia que assim que sentisse aquela coroa ser posta sobre sua cabeça sentiria seu corpo inteiro remoer de arrependimento.
Alex ajoelhou-se no meio do altar, escutando com atenção o que o primeiro-ministro dizia.
- Alexander, promete dedicar sua vida e sua fidelidade ao seu país e a todos os seus assuntos?
Alex conteu um suspiro de descontentamento antes de responder.
- Prometo.
- Promete protegê-la e defender suas leis em tempos de riqueza ou pobreza, de paz ou de guerra?
- Prometo.
Alex pôde ver o sorriso alegre de sua mãe e o quanto seus olhos brilhavam por ver o filho seguindo o caminho que acreditava ser o certo.
- Se alguém aqui presente tem o desejo de contestar a reivindicação do príncipe Alexander, diga agora ou cale-se para sempre.
E para a surpresa não só do príncipe, mas também de todos os que estavam ali, havia sim uma pessoa.
- Eu contesto. - Samantha deu um passo à frente, um sorriso maldoso em seus lábios.
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