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História Be Your Everything - Time


Escrita por: bmt5hh

Notas do Autor


HELLO
ITS ME
ME PERDOEM SE EU JA FIZ ESSA PIADA
GENTE OS TIRO QUE TA NESSE FANDOM POBRE DA AUTORA AQUI VOU ESCREVER SOU TOMBADA COM NEGOCIO DE FOTO CLIPE CREDO ME DEEM UM DESCONTO SOMOS TODOS SERES HUMANOS ATE PORQUE É FODA ESCREVER COM UMA MÃO SÓ...
BRINCADEIRA KKKKK (ENTENDENDORES ENTENDERÃO, QUEM É BURRO FINGE QUE ENTENDEU)
VAMOS AO CAPÍTULO, QUE PARA A GRAÇA DO SENHOR ESTÁ GRANDINHO E EU ESPERO SINCERAMENTE QUE VOCÊS GOSTEM PORQUE SÓ JEOVÁ NA MINHA CAUSA PRA ESCREVER ISSO
BOA LEITURA, MEUS PRINCESOS E PRINCESAS

Capítulo 71 - Time


Narrador POV

 

- Você... Quer ajuda? – Clara perguntou vendo Lauren arrumar as coisas dentro de sua mochila. Em resposta, a mais nova negou com a cabeça, dobrando uma blusa.

Lauren sentia que sua mãe queria falar com ela. Sentia isso fazia algum tempo, desde que sua irmã voltou para casa na semana passada e Lauren anunciou que iria voltar para Los Angeles em breve.

Taylor ficou mais uma semana no hospital depois de acordar, mas, graças a Deus, ela não tinha nenhuma sequela. Parentes de todo o canto vieram visita-la em casa e no hospital e não foi lá a situação mais agradável para Lauren, afinal, a maioria dos seus tios e primos não aceitavam o fato de que ela era homossexual e sempre que tinham a oportunidade, ficavam jogando piadinhas e coisas do tipo. Não que Lauren desse a mínima, porque ela sabia muito bem sobre o monte de mentiras sobre os quais o casamento hetero e dentro das normas da família tradicional dessas pessoas era construído. Alguns sustentavam o casamento pelos filhos, outros porque sem o parceiro não teriam chance de manter o estilo de vida e poucos, muito poucos continuavam juntos por causa do amor. E ainda assim, eles estavam preocupados com quem Lauren se relacionava ou deixava de se relacionar. Ela havia parado de se importar há tempos... se fossem inteligentes, veriam o tamanho de sua hipocrisia e calariam a boca.

E ela nem queria pensar no que eles achavam dela namorar alguém nas condições de Camila.

Até porque, isso não mudava absolutamente nada na vida dela e muito menos na deles.

Lauren apenas evitava a presença dessas pessoas e, se não fosse possível, fingia que nem estava ouvindo. Não valia seu tempo, sua saliva e muito menos o seu estresse. Ela tinha mais com o que se preocupar.

Por mais que ela adorasse estar com os irmãos e os pais, simplesmente não via a hora de voltar para Los Angeles. San Miguel não era a sua casa, não mais. Claro que ela viria para visitar e tudo mais, mas ficar tanto tempo aqui começava a criar um senso de deslocamento em Lauren que ela não se lembrava de ter antes, quando ela vivia com os pais desde que nasceu. Era estranho de explicar e parecia um pouco cruel, mas era mais ou menos assim que ela se sentia.

- Não, obrigada. – Pronunciou em voz alta quando percebeu que sua mãe continuou parada na porta do quarto e viu que ela não sairia tão cedo. Não que isso fosse um problema, já que a relação delas ia muito bem nessas últimas semanas.

- Eu... Posso falar com você? – Lauren praticamente telegrafou que a mãe diria isso, largando a mochila de lado e se virando na direção da mulher, que entrava de forma lenta no cômodo.

- Claro... Diga.

- Você realmente tem que voltar agora? – Franziu o cenho para a pergunta, estranhando. Achou que a mulher pudesse querer falar sobre qualquer outra coisa, menos isso.  

- Sim. Meu ônibus sai em menos de quatro horas.

- Lauren, você sabe muito bem que não é disso que eu to falando. – Lauren encarou o tapete a sua frente e enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans que ela usava, pensando que as coisas estavam boas demais para ser verdade. – Você tem mesmo que voltar agora? – Clara não tinha a intenção de brigar. Mas quando se vai falar de determinados assuntos, parece impossível que esse tipo de coisa não aconteça.

- Tenho. – Respondeu firme, não vendo a hora de poder encerrar tal assunto. Não queria gerar uma briga, não a poucas horas de voltar para Los Angeles.

- É por causa daquela garota, não é? – Lauren ergueu os olhos até os da mãe com uma expressão cansada. Como se de alguma forma soubesse que eventualmente o assunto iria chegar em Camila e ela não queria que isso acontecesse justamente para não haver discussão.

Se tratando do temperamento dos Jauregui, era um pouco impossível.

- Sim, é por causa da minha namorada. E a propósito, ela tem nome. “Camila”. – Pronunciou o nome lentamente, como se a mãe tivesse dificuldades para conseguir dizê-lo. – Qual é o problema nisso?

- Você disse que já havia perdido o período na faculdade. Achei que pudesse ficar mais algumas semanas com a sua família. – Por um momento, ao ouvir a mãe falar daquele jeito, Lauren se sentiu mal. Sentiu como se estivesse os abandonando. – E a Taylor... – Interrompeu.

- Não, não coloca a Taylor no meio. Ela está bem. Eu conversei com ela esses dias, ela entendeu. Ao contrário de você. – Lauren engoliu o choro e Clara se sentiu culpada, mas ela simplesmente não conseguia mudar sua forma de pensar. Ela acreditava no amor das duas. Só não podia acreditar que aquilo não era tóxico. Nem mesmo depois daquela carta, que a deixou balançada por dias. – Não que eu achasse que você fosse entender, né, afinal, foi só o choque com o acidente da Tay. Clara Jauregui sendo compreensiva com a própria filha? – Riu sarcasticamente. – É, ninguém achava que fosse acontecer. – Virou de costas e pegou a mochila, colocando mais uma blusa ali dentro.

- Não começa, Lauren. Eu estou falando as coisas para o seu bem. – Ela não tinha como voltar atrás no que disse, então agora só tinha a defender o seu ponto de vista e esperar que a conversa acabasse pacificamente. Por Deus, Clara não queria brigar com Lauren, apenas que a filha ficasse alguns dias a mais.

- Mãe, pelo amor de Deus. Eu já tenho quase vinte e três anos. – Lauren se virou devagar, tentando manter o tom de voz calmo. – Eu sei o que é bom pra mim. Eu não sei quantas vezes eu vou precisar repetir isso pra você, mas eu amo a Camila, pra caralho. E a única coisa que seria capaz de me manter longe dela, seria se ela não me quisesse por perto. O que as pessoas pensam não é capaz de mudar isso.

- Você diz isso agora. – Clara insistiu, em uma última tentativa. – Você não vai aguentar por muito tempo. – Lauren cerrou os punhos. Mais do que nunca, ela queria chorar. – Ela não é como nós e a longo prazo você vai sentir falta de alguma coisa mais normal.

- Normal? – Gritou a mais nova do cômodo, não sendo capaz de acreditar que ouviu a mãe dizer aquilo. – Ela é um ser humano, como eu, como você é, pelo menos eu acho, como todo o mundo. O fato de ela ter uma limitação não significa que ela seja anormal, mãe. – Sua boca formou uma linha reta e ela ferveu de ódio. – O que é ser normal pra você, mãe? Me diz! – Clara negou com a cabeça. Ela devia ter ficado quieta, com mil demônios. Não queria brigar com Lauren.

- Eu não quis dizer isso...

- Mas disse. –Falou baixo, engolindo o choro mais uma vez. – Então me diz. – Clara não respondeu, deixando as lágrimas correrem pelo seu rosto. – Você se lembra quando eu contei que era homossexual? – Ela assentiu. – Você lembra o que você disse, depois de dar seus eventuais chiliques?

- Que eu queria que você fosse feliz, não importava com quem.

Lauren não precisava dizer mais nada. Ela havia provado o seu ponto.

Sua mãe não havia sido verdadeira nessa frase. Se fosse, ela não daria a mínima para o fato de Lauren estar namorando uma portadora de Síndrome de Asperger ou até mesmo uma porta, se ela achasse que isso lhe fizesse feliz. E, que raios caíssem em cima de sua cabeça, Lauren era feliz com Camila. Mais do que já foi com qualquer outra pessoa, mais do que era sozinha. Só não era capaz de compreender porque as pessoas têm que ter tanto preconceito ou gostam tanto de se meter na vida dos outros.

Lauren não conseguia aceitar o fato de que sua própria mãe não apoiava algo que a fazia se sentir completa. Ela não era obrigada a gostar de Camila, só não precisava ser exageradamente preconceituosa e ficar insistindo no mesmo assunto. Nada que Clara pudesse dizer podia afastar Lauren da menina e já passava da hora dela entender isso, pois iria evitar discussões desnecessárias, como essa.

Ponto final.

Pegou sua mochila e a fechou, saindo do quarto sem dar chance para sua mãe falar mais alguma coisa. Desceu as escadas e foi para o quintal, se sentando em uma das cadeiras das duas mesas de madeira que havia lá. Quando a hora chegasse, ela iria se despedir e ir embora, mas, por ora, ela podia apenas evitar contato com as outras pessoas porque não estava a fim de se estressar ainda mais. Pegou o celular e viu que tinha algumas mensagens, começando a responde-las meio que no automático, sem pensar muito bem no que estava falando. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto e ela não fez questão de limpá-las.

- Lauren? – Chris perguntou chegando perto dela. – Tá tudo bem? O que houve?

- Nossa mãe, como sempre... – Enxugou o rosto e guardou o celular. – Deixa pra lá.

- Vocês brigaram?

- Não exatamente. – Bufou, cansada. – Tanto faz.

- Foi por causa dela, não? – Chris tentou manter o tom de voz calmo, mas ele queria dar um ataque. Simplesmente não acreditava que a irmã preferisse brigar com a própria família do que largar aquela retardada.

Era inadmissível e ele estava cansado dessa história, como parecia que todos naquela casa estavam.

- Quando não é? – Lauren fechou os olhos por um momento, esperando ouvir alguma palavra de conforto do irmão.

- Você realmente acha que isso vale a pena? – A mulher abriu os olhos no mesmo instante, esperando sinceramente que o garoto não levasse a conversa para onde ela estava achando que ele iria levar.

- Isso o que? – Perguntou incrédula.

- Isso. – Ele gesticulou com a mão, como se estivesse se referindo a tudo.

- Eu não sou capaz de acreditar que você tá dizendo isso.

- Lauren, vamos ser sinceros aqui. Essa garota não vai te levar a lugar algum. – Lauren passou a mão nos cabelos, sentindo o sangue ferver. Chris não.

Não ele.

- Até você? – Perguntou sentindo um misto de tristeza e um sentimento que parecia que ela foi enganada por todo esse tempo.

Claro.

Todo o silêncio do irmão em relação a história da Camila não significava que ele apoiava a situação.

- Todo o mundo pensa a mesma coisa, só que a maioria das pessoas tem medo de te falar isso. – Ele continuou, como se fosse o dono da razão. – Você nunca vai conseguir ter um relacionamento normal com essa garota. Ela sempre vai te prender, te atrapalhar. Você merece coisa muito melhor que isso e, como seu irmão, é meu dever acordar você de todo esse conto de fadas. Porque quando toda essa fase de “novidades” acabar, você vai perceber a quantidade de tempo que você perdeu com essa menina.

- Vai tomar no cu, Chris! – Lauren gritou, se levantando quando ele ameaçou tocar o seu ombro. – De todas as pessoas do mundo, eu, sinceramente, achei que você fosse a última a ter esse tipo de pensamento. Isso só mostra que a gente não conhece as pessoas, mesmo que tenhamos convivido com elas a vida toda. Eu achei que você apoiasse a minha felicidade, mas você é igual a todos eles, Chris. Todos eles.

- Lauren! Não é bem assim! Eu quero o seu bem, eu quero a sua felicidade. – Ele se levantou, tentando ir atrás da irmã enquanto ela só queria sair de perto dele o mais rápido possível. Sabia que nunca devia ter falado a sua real opinião sobre essa retardada para Lauren, mas há alguns momentos onde a gente simplesmente não consegue segurar a língua. – Tanto quero que eu não ligo para o fato de você gostar de meninas, só que isso já é demais né!

- Que? Você acha que tá me fazendo algum favor em não ligar para minha orientação sexual? Vai se foder! Isso não é problema seu ou da minha mãe ou de ninguém! Apenas meu. E se você acha que falar mil asneiras sobre o meu namoro é uma forma de me ajudar, saiba que você apenas está me fazendo ter nojo de você por saber que você tem esse tipo de pensamento tão repulsivo e primitivo! – Lauren trincou os dentes, se virando para andar e deixando as lágrimas correrem livremente pelo seu rosto, sem poder acreditar em tudo o que tinha ouvido do próprio irmão.

- O que tá acontecendo aqui nessa casa? – Taylor apareceu na sala, enquanto Lauren tentava ir até o seu quarto sem brigar com mais ninguém e ignorando qualquer que fosse a bosta que seu irmão dizia atrás dela.

- Nada, Tay. – Lauren disse quando a irmã a segurou pelos ombros. – Vai descansar. Você sabe que não pode se estressar.

- Vai descansar é o caralho, Lauren. Me fala o que tá acontecendo. – Lauren abaixou a cabeça. Estava cansada daquela ladainha, mas era melhor que a sua irmã ouvisse a história da sua boca.

- É só a nossa mãe sendo a nossa mãe e o Chris sendo o babaca que eu não sabia que ele era... – Taylor torceu a boca. – Eu tenho que terminar de arrumar as minhas coisas para ir para a rodoviária. Me dá licença, Tay. – Disse da forma mais gentil possível e Taylor entendeu que Lauren não iria falar nada naquele momento sobre aquele assunto.

Ela não podia acreditar que eles voltaram a brigar por causa desse assunto. Aliás, ela nem entendia a necessidade disso. Era uma coisa que só dizia respeito a Lauren. E se ela dizia que estava feliz, o que as outras pessoas podiam fazer contra isso? Qual a necessidade de todo esse ódio e repulsa em cima da namorada de Lauren?

Taylor não entendia e preferia não tocar nesse assunto para não gerar mais discussão.

Quando Chris entrou na sala, Lauren provavelmente já estava em seu quarto e ela agradeceu mentalmente por isso. Ninguém iria perturbar a sua irmã dentro do cômodo e ela podia ter alguns minutos de paz antes de ir embora. Apesar de Taylor realmente desejar que Lauren pudesse ficar mais um pouco, elas tiveram uma longa conversa na noite anterior e a mais nova entendeu que a irmã estava bem com tudo isso, embora às vezes, conversando com a mais velha por telefone, parecesse que ela iria explodir.

E, se Taylor discordasse, ela não iria poder fazer nada para mudar isso. Era um problema e uma decisão que só dizia respeito a sua irmã. Se ela dizia que estava tudo bem, era porque devia estar mesmo.

- Você é um idiota. – Ela disse para o irmão, quando ele se sentou do seu lado no sofá.

- Eu sei. Pelo menos eu disse o que eu queria. Ela não podia continuar achando que tem gente que acha essa merda normal. – Chris disse como se ele estivesse salvando o mundo por conta disso.

- E isso mudou o que, seu retardado? – Taylor evitava ficar nervosa esses dias, pois isso lhe dava uma puta dor de cabeça, mas no momento ela não ligava para isso. – A única coisa que você fez foi magoar a nossa irmã e arrumar uma briga desnecessária justo antes dela sair daqui. Era isso que você queria? Que ela fosse embora para Los Angeles pensando no quão imbecil o irmão dela é? Já não basta essa merda toda com a mamãe? O que há de errado com você?

- Cala a boca, sua hipócrita. Você mesma não fala nada. – Taylor revirou os olhos.

- A única coisa que eu tenho pra falar é que você é o maior babaca que eu conheço, Chris! – Ela começou a aumentar o tom de voz. – E me dói dizer isso porque você é a porcaria do meu irmão, mas você é um completo babaca que perde várias oportunidades de calar a boca. A Laur tá cheia de coisa na cabeça, pela vinda dela pra cá deu merda em várias coisas que ela fazia lá em LA, como o emprego dela e umas paradas na faculdade e ela não precisava de mais isso na cabeça dela. Então parabéns por ter piorado as coisas, seu ignorante! – Quando terminou de falar, Taylor já gritava e logo Mike apareceu na sala.

- Crianças, que gritaria é essa?

- Seu filho é um completo idiota! – Taylor continuou.

- Que...? Parem de brigar! – Mike alterou o tom de voz, mas Chris não estava nem ai.

- Cala a merda da boca, Taylor! No dia que a Lauren ligou para dizer que ela estava namorando aquela retardada, você foi a primeira a fazer cara de nojo. Agora você quer vir aqui e agir como se eu estivesse errado por dizer uma coisa que eu tenho certeza que você também queria dizer? Para de ser escrota, garota. – Ele estreitou os olhos. – Você não é nem um pouco diferente de mim ou da mamãe.

- Sim, eu admito que eu estranhei no primeiro momento sim, mas depois eu percebi que se a Laur tá feliz, ninguém tem nada com isso. Nem eu, nem você, nem a mamãe, nem o papai... Ninguém. Só diz respeito a ela. – Chris negou com a cabeça.

- Isso tudo é de novo aquela história? – Mike quis chorar. Não acreditava que esse pesadelo sobre quem a Lauren namorava ou deixava de namorar havia começado de novo.

- Sim, pai, de novo essa história. Algum comentário estúpido a acrescentar?

- Eu não entendo porque você defende tanto ela! – Chris gritou para Taylor, que aparentemente havia se esquecido da presença do irmão ali. – A Lauren caga pra gente! Caga! Desde que ela foi para Los Angeles ela só vive em função daquela retardada!

- Ah, Chris, vai pra puta que pariu. É muito despeito seu dizer um negócio desse quando ela está aqui justamente por minha causa. Quando ela largou tudo somente para vir para cá me ver.

- Você é burra mesmo! Lauren veio para cá porque você estava morrendo, Taylor. Por remorso de não estar aqui, mas eu duvido que se fosse qualquer outra coisa ao menos um por cento menos séria, ela teria feito algumas ligações e foda-se! Porque a verdade é essa, ela não tá nem ai pros irmãos e nem para os pais dela. Uma estranha que ela conheceu outro dia que provavelmente não sabe nem combinar um par de meias é muito mais importante que a família dela. Só você não vê isso! – Chris ainda gritava e Clara apareceu.

- Isso não é verdade! Ela veio porque ela se importa. Você parece uma criancinha que perdeu seu doce. Será que todo esse ódio não é só uma carência da maninha mais velha? Você realmente não cresce, não é? – Taylor gritou de volta e Chris apertou os lábios.

- Claro que não! Vai tomar no cu. 

- Calem a boca! Os dois! – Clara apareceu nas escadas, gritando. Chris cerrou os punhos e Taylor trincou os dentes. – Taylor, vai para o seu quarto. Você não pode se estr...

- Eu não vou pra caralho de quarto nenhum! Desde que eu voltei para casa você está me tratando como se eu tivesse dois anos! Adivinha, eu não tenho mais. E mesmo que algo ruim tenha acontecido, isso não significa que você tenha que ignorar isso porque ficou com medo da sua filha morrer. Eu vou ficar bem aqui.

- Respeita a sua mãe, Taylor!

- Cala a boca, Taylor! – Taylor trincou os dentes. – E você? O que você fez? – Se virou para Chris com as mãos na cintura. O idiota apenas deu de ombros e enfiou as mãos no bolso.

- Falei com Lauren sobre a retardada da namorada dela. Nada que você já não tenha feito. – A próxima coisa que aconteceu foi o rosto de Chris ser virado com o tapa que Clara lhe deu.

- Eu te disse para não falar sobre isso com ela. – Chris franziu o cenho.

- E você pode fazer da vida dela a porra de um inferno? Não to te entendendo, mãe. Você pode fazer a retardada ter um ataque, brigar com a sua melhor amiga, bater e praticamente expulsar a sua filha de casa, mas eu não posso falar duas frases pra ela? O que te faz melhor do que eu nisso?

- Isso não interessa, eu só mandei você ficar quieto quanto a esse assunto, seu animal. – Clara se sentia ainda mais furiosa, porque a sua intenção não era brigar com Lauren ou muito menos causar esse tipo de coisa dentro de casa. Infelizmente, parecia que tudo o que ela estava conseguindo era tudo o que ela não queria quando parou na porta do quarto da filha. – E não me confronte. Cale a boca. 

- Vocês dois... – Taylor deixou a frase morrer. – Por Deus, eu tenho vergonha de fazer parte dessa família.

- Pode ir procurar outra. Tenho certeza que eles vão querer uma jovem rebelde sem causa que agora resolveu ser a Madre Teresa de Caucutá. – Taylor deu um sorriso triste.

- Não é sobre ser santa. E sim sobre ser humana. – A mais nova saiu da sala para ir até a cozinha pegar um remédio para a sua dor de cabeça e em seguida subiu as escadas, batendo na porta do quarto de Lauren. Ela ainda podia escutar uma discussão lá embaixo, mas era mais branda do que antes.

- Laur, sou eu, Tay. Me deixa entrar, por favor.

- Entra. – Lauren estava com o celular no ouvido e Taylor esperou em silêncio. – Tá, princesa, é a minha irmã. Tudo bem. Sim, eu vou ficar bem, meu amor. Eu te amo, tá? Até amanhã, minha princesa. Dorme bem. Beijos. – Lauren desligou o aparelho e encarou a irmã, que parecia ter perdido as palavras por um momento.

- Você quer conversar sobre isso? – Lauren negou com a cabeça, nunca desejando tanto estar dentro de um ônibus em toda a sua vida.

- To cansada desse assunto. – Taylor imaginou que ela devia estar mesmo.

Foi até a cama da irmã e se sentou, apenas desejando que todas as pessoas naquela casa deixassem Lauren viver a vida dela do jeito que ela queria. Ela não podia imaginar no quão horrível aquela situação deveria ser e, por mais que ela quisesse, infelizmente não havia nada a ser feito.

- Eu sinto muito pelo Chris ter dito aquelas coisas. Eu não sabia... Que ele pensava aquilo. – Lauren assentiu.

- Tay, tudo bem. Você não tem que se sentir mal por essas coisas. – E lá estava Lauren, fazendo o que ela fazia de melhor: fingir que estava bem para não preocupar as pessoas com as quais ela se importava.

- Mas eu me sinto, Laur. Assim como eu sei que você também se sente. – Lauren soltou o ar devagar.

- Eu sei, Tay. Mas a gente não pode fazer nada, ok? Eu prefiro deixar essa história para lá, até que ela realmente fique. Não quero discutir com mais ninguém por causa disso, só quero ficar na minha e esquecer essa história. – Taylor abraçou a irmã, que retribuiu quase que imediatamente.

- Vai ficar tudo bem, Laur. Um dia eles vão perceber o tamanho da merda que estão fazendo com você... – Taylor suspirou e Lauren deixou o choro vir novamente.

- Me desculpa... – Ela começou a dizer e Taylor franziu o cenho, não fazendo ideia da razão pela qual a mais velha se desculpava. – Eu sei que eu não sou tão presente com vocês e que como irmã mais velha eu deveria...

- Lauren, não. Pelo amor de Deus, não tem nada a ver com isso. Ei, me escuta. – Taylor afastou Lauren um pouquinho pelos ombros e secou as lágrimas da irmã, que iria começar a soluçar muito em breve. – Você pode não morar aqui e tudo mais, aliás, isso é normal, muitos irmãos não moram uns com os outros e isso não significa que eu não saiba que se eu precisar, você vai estar lá por mim. Você foi para Los Angeles para estudar e acabou encontrando um amor por lá e, Laur, não tem nada de errado nisso, tudo bem? Eu sei que o mundo diz ao contrário, mas não tem nada de errado em você amar a Camila. Sabe disso, não sabe? – Ela esperou uma resposta e a outra assentiu, secando as lágrimas. – Olha pra mim, Laur. Eu estou aqui para qualquer coisa que você precisar, de perto ou de longe. – Lauren fungou e em seguida abraçou a irmã de novo.

- Obrigada, Tay. De verdade. – Taylor queria dizer que não era nada demais, mas ela estava feliz de ao menos ter tentado fazer algo para Lauren se sentir melhor. – Eu te amo, viu? Vou sentir sua falta.

- Também vou sentir sua falta, Laur. – Deixou algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Lauren as limpou. – Eu também amo você. Obrigada por ter vindo, significou tudo pra mim.

- Ei, não me agradeça. Era o mínimo do mínimo que eu podia fazer. – A mais velha sorriu. – Estou feliz que você tá bem. Só não me dê outro susto desse, em nome de Deus. – Elas riram.

- Prometo que não vou. – Lauren se afastou e pegou sua mochila, que foi a única coisa que ela trouxe para cá na hora da pressa. – Me liga quando chegar.

- Pode deixar que eu ligo. – Ela se aproximou da mais nova. –

- Quer que eu desça com você? – Negou com a cabeça.

- Não, não, chega de estresse por hoje. Vai descansar.

- Sim, eu vou. – Taylor se rendeu e abraçou a irmã uma última vez naquele dia, ganhando um beijo na testa. – Boa viagem.

- Obrigada. Se cuida. – Taylor sorriu e deixou o quarto da irmã mais velha, indo para o seu enquanto Lauren descia as escadas, respirando fundo para ignorar qualquer bosta que ela pudesse ouvir.

Sua mãe, seu pai e seu irmão estavam sentados no sofá, vendo alguma coisa na televisão, mas pareciam estar mais interessados em sobre o que eles conversavam. Lauren pensou em apenas sair sem dizer nada, mas ela não conseguia. Querendo ou não, eles eram sua família. E seu pai, mal ou bem, não havia feito nada.

Não havia a defendido, mas também não havia criticado. A mesma coisa de sempre.

- Eu já vou. – Disse da forma mais seca que ela conseguia, parada no meio da sala. Todos direcionaram seu olhar para ela e ela quis chorar, mas engoliu o choro e observou seu pai se levantar e vir até ela. Chris e Clara ainda a olhavam, como se ponderassem o que fazer.

Enquanto via seu marido abraçar a sua filha, Clara se sentia um lixo. Ela não queria ter causado tudo aquilo, não novamente. Ela já havia aprendido a lição da primeira vez, mas cometer o mesmo erro duas vezes era burrice. Podia não apoiar o relacionamento de Lauren, como todos sabiam que ela não apoiava, mas Clara devia ter mantido a boca fechada, pois já havia percebido que suas palavras não iriam mudar as decisões de Lauren.

Ou talvez ela não entendesse mesmo, como Camila disse na carta.

- Lauren... – Ela disse meio sem jeito, se levantando, como se estivesse escolhendo o que dizer. Sabia que nada do que falasse iria mudar a discussão de mais cedo, mas Clara podia melhorar as coisas e ela não iria deixar Lauren ir embora antes de tentar. Não queria sentir o que sentiu quando Lauren foi embora da outra vez. Como se, de alguma forma, ela tivesse marcado a sua própria filha de uma forma que jamais pudesse esquecer. Nem que passasse um milhão de anos. – Eu... – Observou Mike se afastar e Lauren erguer um olhar completamente magoado e decepcionado em sua direção. A mais nova não disse nada, mas era como se ela perguntasse qual seria a próxima coisa de ruim que Clara iria fazer. E, por Deus, ela não seria capaz de dormir com essa sensação hoje.

- O que você quer? – Perguntou com a voz seca, enfiando as mãos nos bolsos. – Seja breve, eu estou atrasada. – Lauren não estava atrasada. Estava adiantada até. Mas ficar na rodoviária sozinha parecia melhor do que ficar na casa da sua família e ela se perguntava em que momento as coisas ficaram tão ruins assim.

- Eu sei, eu só... Eu queria que você soubesse que a minha intenção não era que as coisas fossem assim. – Sua filha estreitou os olhos.

- E qual era a sua intenção, afinal de contas?

- Nada, eu só queria que você ficasse mais alguns dias. Não era nem para aquela garota ter entrado no assunto, eu só... – Lauren negou com a cabeça.

- Não, mãe. Você ia eventualmente chegar nela porque sabe que eu estou indo embora por causa dela. É tão difícil assim entender o fato de que agora eu tomo as minhas decisões e não há nada que você possa fazer para interferir?

- Lauren... – Mike começou a repreender por ela ter falado assim com a mãe, mas Lauren não estava nem ai.

- Não, Lauren. Olha, você já é crescida e é independente, eu sei e aceito isso. – Ela pegou as mãos da filha, que a olhava com uma expressão de cortar o coração. Clara começou a chorar ali mesmo, pois ela percebeu que não havia nada que ela dissesse que pudesse fazer Lauren sair daquela casa um pouco menos chateada. – Eu quero que você seja feliz, minha filha.

- E você aceita meu relacionamento com a Camila? – Clara mordeu o interior da bochecha.

- Isso é mais complicado porque... – Lauren soltou as mãos das mãos da sua mãe.

- Então você tá mentindo.

Ela virou ajeitando a mochila nas costas e foi para a porta, sem olhar para trás com os chamados do seu nome. Ela já começava a chorar, mas, quando bateu o portão principal da casa atrás dela, ao mesmo tempo que seu peito ficou mais pesado, ela sentiu uma sensação de alívio. Não voltaria ali tão cedo.

Taylor, que olhava pela janela, viu Lauren sair limpando as lágrimas com a manga do casaco, parecendo completamente devastada. Sua vontade era descer e gritar umas boas verdades para todo o mundo, mas ela sabia que não adiantaria nada, assim como antes não adiantou. Já ia saindo da janela, pois Lauren estava quase virando a esquina, mas escutou a porta da frente bater e logo Clara apareceu, correndo e deixando até o portão aberto, gritando o nome de Lauren.

Lauren estava quase na esquina, caminhava devagar e pôs a mão nos bolsos, parando de chorar. A última coisa que ela precisava era entrar no ônibus e todo o mundo olhar para a cara dela. Suspirou cansada, pensando que a primeira coisa que ela faria quando chegasse no ônibus para Los Angeles seria dormir para esquecer toda essa droga.

- Lauren! – Escutou a voz de sua mãe bem atrás dela e fechou os olhos, esperando que as câmeras aparecessem a qualquer momento e lhe dissessem que isso tudo era uma pegadinha. Ela apenas parou de andar e esperou sentir a mão de Clara no seu ombro para poder se virar.

- O que foi?

- Eu não posso deixar você ir embora assim! Não por você estar indo embora, mas por você estar indo embora desse jeito... Isso não pode acontecer de novo. – Lauren torceu a boca.

- Eu também não achei que fosse acontecer, mas pelo visto...

- Não, me escuta. Eu já te disse isso um milhão de vezes, mas eu só quero o que é melhor pra você. E sim, as vezes o que os pais acham que é melhor não é o melhor de verdade e eu percebi isso por causa daquela maldita carta e... – Lauren uniu as sobrancelhas.

- Que carta? – Clara abriu a mão direita e lá havia uma folha de papel meio amassada meio dobrada.

- Aquela... – Ela fechou os olhos por um momento. – Sua namorada. Sua namorada deixou uma carta pra mim, antes dela ir embora naquela semana que ela passou aqui. E essa carta, ela... Mexeu com a minha cabeça, Lauren. Eu nunca tinha percebido o quanto de bem vocês podem fazer uma para a outra e, como eu disse, mais cedo eu não queria ter chego nesse assunto. – Clara começou a chorar mais uma vez e Lauren se perguntou quantas vezes ela iria ter que ver a mãe chorando ainda hoje antes de ir embora. Por mais que a situação fosse péssima, por mais que você esteja magoada... Ver a sua mãe chorar é a pior coisa do mundo. – Eu só queria que você soubesse que eu sinto sua falta. Dos meus três filhos, você é a mais velha e é difícil ver você saindo de casa, sabia? Eu sei que de forma alguma justifica o que eu fiz com você e espero um dia poder compensar isso, eu só não quero que você se sinta mal. Lauren, mais do que ninguém eu quero a sua felicidade, acima de tudo, porque eu sou a sua mãe. – Lauren deixou os ombros caírem.

- Então porque toda essa implicância? Todo esse ódio? Hm? Qual o motivo? – Indagou, cansada de toda aquela história. Naquele momento, se Lauren tivesse um desejo, seria apenas poder deitar e dormir sem nenhuma preocupação na cabeça.

- Porque eu sou sua mãe, Lauren, e é o meu dever me assegurar de que você não vá fazer nada que vá te machucar no futuro. – A mais nova negou com a cabeça.

- As únicas pessoas que me machucaram em tudo isso foram as da minha própria família. – Clara chorou ainda mais e Lauren não conteve as lágrimas. – Camila nunca fez isso. Eu não posso te dizer que ela nunca vai fazer, mas até agora tem vezes que parece que ela é a única pessoa que eu tenho. Especialmente aquela outra vez em que estivemos aqui.

- Eu sei, eu sei. – Clara parecia estar começando a entender como o relacionamento delas funcionava. Finalmente estava vendo alguma coisa além do seu argumento “que Lauren merecia coisa melhor”. – Eu não vou mentir e dizer para você que Camila é a nora dos meus sonhos, mas eu posso passar por cima disso se isso for me garantir uma relação melhor com você. É tudo o que eu quero agora. Como era antes de tudo isso acontecer... Você lembra? – Lauren assentiu em meio as lágrimas.

- Lembro.

- Eu não vou me meter mais, ok? Eu não posso escolher as pessoas com as quais você vai decidir se relacionar, mas eu posso escolher não brigar com você por isso. E eu queria que, algum dia, você fosse capaz de me perdoar por todas as coisas ruins que eu te falei e te fiz por conta disso. – Lauren soluçou.

- Mãe... – Ela falou procurando as palavras, mas em seguida apenas abraçou Clara, que não podia estar mais surpresa, mas também não estava reclamando. – Durante esses meses fora, eu senti falta de você, mãe. Mas eu não podia te ligar porque você iria...

- Eu também senti falta de você, minha filha. – Elas se afastaram por um momento e segurou o rosto de Lauren. – Eu nunca tive a chance de dizer, mas eu tenho muito orgulho de você, sabia? Quer dizer, você tá na faculdade agora, tem um emprego e é tão independente...

- Tinha. – Elas riram.

- Você entendeu o que eu quis dizer. Eu não vou atrasar você mais, mas quero que saiba que acima de qualquer coisa você é minha filha e eu te amo, ok? As portas dessa casa vão estar sempre abertas para você e para sua namorada, se vocês quiserem vir visitar.

- Obrigada... Eu também te amo, mãe. – Clara sorriu e abraçou a filha de novo. – Agora eu realmente preciso ir ou eu vou me atrasar. – Sua mãe assentiu.

- Boa viagem, minha filha. Me liga quando chegar, sim?

- Obrigada, ligo sim. – Lauren se afastou, ajeitando a mochila nas costas para continuar o seu caminho até o ponto de ônibus, que havia sido interrompido.

- Toma cuidado! – Clara advertiu, quando Lauren estava quase dobrando a esquina. Ela riu.

- Pode deixar.

Quando Lauren chegou na rodoviária, seu coração não podia estar mais leve. Ela finalmente sentia como se tudo tivesse indo para os seus lugares e ela definitivamente não queria pensar em Chris – com mil demônios, sempre havia algo para atrapalhar. Mas em breve estaria dentro do ônibus indo direto para Los Angeles e as coisas só tinham o que melhorar, daqui para frente.

Lauren havia acabado de receber uma prova de que, com o tempo, as coisas voltam para o seu lugar. E não havia motivo para isso não voltar também. [...]

 

Camila POV

 

- Obrigada, escrava. – Minha mãe disse quando eu coloquei o prato com a janta na frente dela.

- Muito engraçado, mãe, muito engraçado. – Ela riu e eu me sentei pra comer.

- Então a Lauren volta amanhã? – Assenti. – Que horas?

- Não sei. Ela disse que ia me ligar pra dizer quando confirmasse o horário da passagem.

- Hm, vai querer voltar na hora que eu não to em casa pra botar a aranha pra brigar né? – Fiquei muito, mas muito vermelha na hora.

Eu confesso que eu nem conhecia essa expressão. Mas pelo tom e pela minha mãe ter dito isso com relação a ela não estar em casa, eu não precisava de mais nada para entender do que se tratava.

- Mãe! Para com isso. – Falei enfiando uma garfada de comida na boca.

- Pra mim é cheia de vergonha, mas aposto que na hora que for abrir as pernas vai esquecer a vergonha na puta que pariu né? – Quase cuspi a comida e bebi um gole de suco.

- Menos, mãe, menos. – Pedi voltando a comer.

Logo terminamos de jantar e eu coloquei os pratos na pia, começando a lavar. Minha mãe disse que ia dormir “porque já estava velha” e eu terminei de lavar a louça, indo para o banheiro em seguida. Amanhã eu tinha aula e tinha que acordar cedo, então depois de tomar banho e escovar meus dentes, eu tomei o remédio e fui para o meu quarto.

Ia só mandar uma mensagem de boa noite para Lauren. Fiquei com medo dela estar ocupada arrumando as coisas para viajar, então preferi não atrapalhar. Eu ainda estava alcançando o celular em cima da cabeceira quando ele vibrou e era uma ligação dela.

- Oi, meu amor.

- Oi, meu amor. – Não foi Lauren respondendo e sim minha mãe passando na porta do meu quarto, me imitando a fim de me perturbar. – To muito velha pra escutar mimimi de amor adolescente, vou ficar diabética se continuar assim. Boa noite. – Ela fechou a porta do meu quarto enquanto eu ria.

- Princesa?

- Oi. Era só a minha mãe zoando a gente. – Falei ainda rindo.

- Sua risada é tão linda... – Corei violentamente mesmo que ela não pudesse ver.

- Para, Lo. Eu fico com vergonha.

- Você também é linda com vergonha. – Revirei os olhos.

- Lo! Eu pedi pra parar.

- Tá bem, princesa. Olha só, o meu ônibus vai sair daqui de manhã, eu devo chegar ai quando estiver anoitecendo. – Sorri.

- É sério mesmo?

- Sim, meu amor, é sério. – Apesar da notícia ser ótima e de Lauren parecer igualmente feliz e ter tentado até fazer piada, eu percebi pela sua voz que havia algo de errado.

- Eu to tão feliz, Lo... Mal posso acreditar, eu to com tanta saudade. – Falei rolando na cama e apertando um travesseiro.

- Eu também to com muita saudade, minha princesa.

- Lo... Tá tudo bem por aí? – Indaguei imaginando que o quer que pudesse estar errado, tinha a ver com alguém da casa dela.

- Não muito... – Respondeu baixinho. – Não muito. – Fechei os olhos, querendo socar o culpado.

- O que aconteceu, Lo? Conversa comigo.  – Pedi, bocejando.

- Minha mãe... Meu irmão... Você tava certa sobre ele, princesa. Eu só... Eu nunca esperaria algo assim vindo dele. – Fechei os olhos por um momento, sentindo raiva dele e ao mesmo tempo querendo mais do que nunca dar um abraço nela, para mostrar que ela não estava sozinha nisso.

- Eu não queria estar certa sobre ele, Lo. – Suspirei. – Vocês brigaram?

- Sim. Eu briguei com ele e com a minha mãe. Ela apareceu aqui no quarto com uns assuntos de se eu precisava vir embora agora e tal e no final ela acabou colocando você no meio... Eu desci e fui par ao quintal para não ter que escutar ela falar mais bosta e ai o meu irmão apareceu falando que ela tava certa e que isso não era normal, essas merdas de sempre.

- Eu sinto muito, meu anjo. – Suspirei, sem saber o que dizer por alguns momentos. – Um dia eles vão perceber o quanto de mal eles estão te fazendo, mas eu acho que eles só fazem isso porque querem o seu bem. – Não era verdade.

Chris e Clara eram dois preconceituosos idiotas – no mau sentido – que queriam infernizar a vida dela. Eu não podia evitar de me sentir culpada por isso, porque se eu fosse mais normal ou Lauren namorasse outra pessoa ela certamente não teria esses problemas. Porém, ficar me lamentando para ela no telefone não iria adiantar nada, principalmente quando nem perto de mim ela estava. Tudo o que eu podia fazer era dizer algo que a fosse confortar um pouco e esperar pelo dia em que viveríamos em uma sociedade sem preconceito.

- Eles não podem decidir isso por mim. Só queria que esse inferno acabasse, quer dizer, tava tudo tão bem com a minha mãe esses dias, ela tava me tratando de uma forma tão normal e nem tava tocando nesse assunto. Eu achei mesmo que as coisas estivessem melhorando, mas eu tava errada. – Lauren fungou e eu percebi, com o coração apertado, que ela estava chorando.

- Não fica assim, meu amor. – Bocejei de novo. – Vai ficar tudo bem, sim? Como ficou da outra vez e... – Escutei um barulho no quarto e Lauren disse um “entra”. – Lo? Tá tudo bem?

- Tá sim, princesa, é a minha irmã.

- Então eu vou desligar pra você dar atenção a ela, Lo. Até porque, já estou ficando com sono também.

- Tudo bem.

- Você vai ficar bem, meu anjo? – Perguntei preocupada.

- Sim, eu vou ficar bem, meu amor. Eu te amo, tá?

- Também te amo, Lo.

- Até amanhã, minha princesa. – Sorri ao ouvi-la falar assim e saber que ela não estava falando sobre me ligar e sim sobre estar aqui, me vendo pessoalmente. – Dorme bem. Beijos.

- Dorme bem você também, amor. – Desliguei o celular e o coloquei em cima do criado mudo, me afundando nos travesseiros.

Acabei dormindo em menos de meia hora, por conta do remédio que havia sido um alivio nessas últimas semanas para quem passou a vida toda tendo insônia. [...]

 

Quando eu abri os olhos e encarei o teto branco do meu quarto que recebia a segunda hora de raios de sol através da cortina, cerrei os punhos. Eu não estava em um bom dia. Eu não queria ir para a escola.

Isso acontecia com frequência, na verdade [n.a. FREQUÊNCIA? AMORZINHO ME DIZ UMA VEZ NESSA TUA VIDA DE MERDA QUE TU QUIS IR PRA ESCOLA, MISS PREGUIÇA!]. O que me consolava era que ir à escola era uma coisa que, pelo que eu via nos filmes, noventa por cento das pessoas não queria. Era um dado que me fazia sentir um pouquinho mais normal que o de costume, principalmente quando eu não estava em dias bons.

E não, isso não era mais o fim do mundo. O tratamento me fez perceber que não só eu ou pessoas que possuem a minha Síndrome, mas como todas as pessoas normais tem dias ruins. Dias que estão de mau humor, dias que não estão afim de nada, só de dormir e ficar na sua. Como eu sempre ficava na minha, considerava um dia ruim aquele em que eu abria os olhos e listava mentalmente mais ou menos a quantidade de pessoas que estudava comigo e simplesmente queria me jogar da janela de qualquer décimo andar por aí.

Os métodos que o tratamento oferecia para cuidar disso não eram dos melhores e não funcionavam comigo, mas eu acabei criando os meus próprios. Normalmente eu já evitava pensar nas pessoas a minha volta e me focava na música que saia dos meus fones de ouvido até perceber que eu não ia ter um ataque – o que, diga-se de passagem, não acontecia há bastante tempo e eu só podia agradecer por isso – mas, em dias ruins, eu aprendi a apenas ir para o banheiro com os fones no ouvido, me trancar em uma das cabines, sentar na privada – fechada, claro – e ficar por lá desenhando até eu sentir que melhorei e que já posso ir para a próxima aula.

Claro que não era um método nada convencional de matar aula em vista que a maioria matava aula para beijar na boca e/ou porque simplesmente não queria assistir a porcaria da aula, mas era válido. Só se tornaria prejudicial caso a escola começasse a pegar fogo. Eu não iria ter como fugir, pois não iria saber que a escola estava pegando fogo e óbvio que ninguém iria arriscar a vida para procurar a retardada do colégio, mas, pelo menos, eu morreria em paz com a minha mente, o que, para uma pessoa como eu, era quase um life goal.

- Bom dia, mãe. – Falei entrando na cozinha e vendo-a passar uma geleia de alguma coisa no pão.

- Bom dia. – Ela empurrou para mim um prato com um sanduíche de manteiga de amendoim e o outro com geleia, mais um copo de suco de maracujá. – Já sabe que horas seu macho chega?

- Para com isso, mãe. Ela disse que vai chegar a noitinha. – Minha mãe estreitou os olhos depois de tomar um gole de suco.

- Que bom, assim eu vou estar em casa para supervisionar. – Revirei os olhos. A última coisa que a minha mãe deveria ficar preocupada é com essas coisas... Lauren não faz nada mesmo. – Brincadeira. Eu vou sair e só volto amanhã. – Engoli o pão com dificuldade.

- Ok, mãe, chega. Você vai ou não vai me contar com quem é essa pessoa misteriosa com a qual você sai? – Perguntei e minha mãe levantou as sobrancelhas.

- Eu que devia estar cobrando satisfação de você, garota. Onde já se viu? – Comecei a bater o pé no chão.

- Você sabe da minha vida toda, mãe. Se duvidar você trocava as fraldas da minha namorada. – Minha mãe riu.

- Troquei, troquei mesmo. Já passei muito talco naquela bunda branca. Lauren era um porre criança, não calava a boca fosse falando, cantando ou chorando. Na época eu e seu pai estávamos pensando em ter filhos, mas cada vez que eu ia visitar a Clara eu adiava um pouco a ideia. Só fui repensar cinco anos depois, até porque, o Chris veio logo em seguida e ele também era um saco ai juntava com ela, puta que pariu. Eu entrava na casa deles e já queria ir embora dois minutos depois. – Eu ri.

- Você tá falando sério? – Indaguei ainda rindo.

- Claro que eu to. Ai você me vê o despeito dessa criatura, não me bastava pentelhar a vida quando criança, a filha da puta cresce e ainda vem tirar a pureza do meu bebê, que ao contrário dela sempre foi uma santinha. Olha, sinceramente. Lauren nasceu pra foder com a minha vida sem cuspe. [n.a. Frase do fandom todo] – Eu já estava quase tendo uma convulsão de tanto rir quando percebi que a minha mãe só estava falando todas essas coisas para me distrair.

- Mãe, não foge do assunto. Eu ainda quero saber com quem você tá se encontrando. – Minha mãe deu um sorriso que chegou a me dar medo.

- Eu marco um jantar com a pessoa aqui em casa no domingo. Contanto que você me diga até onde você já foi com a Lauren. – Franzi o cenho.

- Que?

- Isso mesmo. – Engoli em seco.

- Ai... Nada demais... – Falei corando de uma forma muito violenta. – Uma vez... A gente ficou sem blusa. – Minha mãe estreitou os olhos. – Ela ficou sem blusa outras vezes, eu não.

- Ah, e ai?

- E ai nada, mãe. Você chegou e a gente foi correndo se vestir e deitar.

- Ah, vai se foder vocês duas. Não é possível! E das outras vezes não aconteceu por? – Eu nunca estive tão vermelha em toda a minha vida.

- Uma você ligou. Das outras ela parou. – Ela colocou a mão no rosto.

- Parou por qual razão, em nome de Jesus? – Levantei os ombros. – Essa menina tem problema de deixar o dedo duro? Não é possível.

- Ela diz que eu não to pronta.

- E você tá?

- Eu não sei. Acho que sim...

- Então porque você deixa ela decidir isso?

- Não é deixar ela decidir, é tipo... Ela tem muito medo que eu me arrependa ou que eu não goste ou essas coisas.

- Mas você já perguntou se ela quer?

- Ela disse que quer... Nós conversamos sobre isso na noite do baile...

- Vocês estavam pra fazer essas coisas no quarto onde eu tava dormindo do lado? Cadê o respeito, senhor?

- Não, não foi isso. Foi que... Ela me ajudou a tirar o vestido. Ai... Eu fiquei só de calcinha e sutiã e achei que ela fosse fazer alguma coisa, mas ela só disse que ia guardar o vestido e que era pra eu ir tomar banho! Eu fiquei revoltada, não sei... Ai a gente meio que brigou e concordamos em deixar rolar.

- Deixar rolar o que, em nome de Jesus? As duas querem a parada, é só ir lá e fazer. Eu brinco muito com vocês, mas por mim, vocês fazem o que vocês quiserem. Parece aqueles atacantes que estão sozinhos na frente do gol com a bola no pé e chutam pra fora. – Minha mãe negou com a cabeça. – Parece aquele vampiro viado daqueles filmes que você me fez assistir um dia... Que a garota quase implora pra ele comer ela e o imbecil espera quatro filmes pra fazer a cobra subir.

- Menos, mãe... Quase nada.

- Mas assim, vocês pelo menos passam a mão né? Pra reconhecer território. Gente, isso é essencial.

- Passar a mão... Onde? – Perguntei corando ainda mais.

- Ah, Camila, nos lugares que as pessoas que vão transar passam a mão né.

- Não muito... – Respondi envergonhada.

- Você nunca passou a mão na sua namorada? – Minha mãe perguntou, incrédula.

- Não.

- Foda-se. Foda-se, eu desisto. – Ela se levantou. – Eu vou tirar o carro, foda-se. Foda-se.

Levei as coisas para a pia e comecei a lavar a louça, ainda me sentindo envergonhada e me perguntando porque esse tipo de coisa era tão importante. Quer dizer, eu não acho que me arrependeria de fazer, mas eu não tinha pressa. [...]

 

Narrador POV

 

O sinal que indicava que a última aula acabou, naquele dia, era o barulho favorito de Camila. O próximo barulho favorito dela seria o do carro de sua mãe a levando para casa.

Guardou suas coisas e, acompanhada de Hailee e Ally, que pareciam estar sempre estranhamente perto, foi caminhando pelos corredores, com os fones de ouvido no máximo, como ela sempre fazia. Mal podia acreditar que a hora de ir para casa havia chego e que a noitinha Lauren chegaria de viagem. Quando Camila lembrava disso, ela ficava perto de se esquecer que não era um dia bom.

Perto.

Ouviu um barulho de notificação de mensagem que interrompeu levemente a música, era sua mãe. Parou no corredor para ler a mensagem e Hailee e Ally, que conversavam distraidamente sobre a festa que elas iriam sábado que vem, perceberam só um tempo depois e voltaram para esperar a menina. Camila abriu a mensagem e leu:

“Filha, vou chegar um pouco atrasada para te buscar porque me enrolei um pouco aqui, mas eu vou, não se preocupa não.”.

Camila trincou os dentes e guardou o celular, cerrando os punhos e começando a caminhar novamente, nada feliz em ter que esperar a sua mãe. Hailee chegou a perguntar se estava tudo bem, mas Camila nem escutou por causa dos fones e não era exatamente como se ela achasse que a outra fosse responder. Ainda assim, havia horas que a educação falava mais alto do que o medo de fazer a garota surtar, como aconteceu no segundo dia de aula dela aqui.

Hailee entendeu o que estava acontecendo quando Camila, ao sair da escola, andou alguns passos para o lado e se encostou no muro. Ela não via o carro vinho de Sinu em canto algum, então ela supôs que a mulher iria se atrasar e talvez esse fosse o motivo para a mudança repentina da menina.

As pessoas estavam bem dispersas e Camila acabou tirando os fones, com medo de não ver sua mãe chegar e/ou não escutar a buzina.

- Hai, vem, minha mãe está de carro, ela leva você em casa. – Ally disse ao ver o carro de sua mãe estacionado do outro lado da rua.

- Não, tudo bem. – Hailee se encostou no muro, bem ao lado de Camila, que não parecia fazer nada de muito mais interessante do que prestar atenção na conversa das duas, encarando o chão de cimento a sua frente. – Eu vou ficar aqui até a mãe dela chegar.

- Vamos, Hailee. Ela vai ficar bem. Você vai mesmo ir para casa a pé? – Hailee assentiu e Camila viu tudo com o canto do olho.

- Eu moro aqui pertinho, você sabe disso. Pode ir. – Ally apenas emitiu um som de desaprovação e foi caminhando em direção ao carro da mãe, sem se despedir.

Camila levantou o olhar diretamente na direção de Hailee e, meu Deus, ela nunca tinha olhado para a menina tão de perto. Na verdade, para pessoas normais, era apenas uma distância comum da qual você olha para o seu amigo, mas Camila não estava acostumada e isso a fazia querer desviar o olhar e de preferência sair correndo.

Ela só queria dizer “obrigada” pela menina ficar ali com ela, mas parecia que a sua voz tinha ido parar nos dedos dos pés. A última coisa que Camila queria era parecer uma idiota porque não disse nada – embora isso praticamente fosse ela – ou uma ingrata, então depois de abrir a boca e fechar algumas vezes, ela optou por sorrir e abaixar a cabeça muito rápido, corando.

Hailee queria pegar seu atestado de trouxa e sair por ai berrando que Camila sorriu para ela, mas ela apenas sorriu de volta – não a tempo suficiente da menina abaixar a cabeça. Ela detestava admitir para si mesma, mas havia reparado que Lauren não havia mais vindo buscar a menina, como fazia de vez em quando...

Será que elas tinham terminado?

Hailee detestava ver um possível término como uma possível chance de um possível alguma coisa, mas praticamente todo o mundo fazia isso, então porque ela tinha que se sentir mal? E a menina tinha acabado de quase falar com ela – o que demonstrava algum interesse em comunicação pela parte de Camila, algo que Hailee realmente nunca achou que fosse acontecer.

Foi então que ela levantou a cabeça, para ver se achava o carro da mãe da menina dentre os muitos que estavam por ali, e ela viu nada mais nada menos do que a pessoa sobre a qual ela especulava dois segundos atrás.

Filha da puta.

Camila ergueu o olhar por um momento na intenção de ver se a sua mãe estava por perto, mas, no meio de tantas pessoas que pareciam sair ao mesmo tempo de seu colégio, lá estava a única dentre sete bilhões de pessoas no mundo capaz de fazer as suas tremerem e o seu coração bater tão forte que parecia que ele iria sair do peito e ir batendo por ai, gritando para os sete ventos o quanto ela a amava.

Lauren tinha um sorriso lindo no rosto e os olhos quase fechados pelo sol que batia só naquela metade da rua, esperando que Camila a notasse ali. Claro que ela poderia muito bem ir até a menina – na verdade, estava se coçando para não fazer isso – mas ver a reação dela iria ser impagável. Tinha dito de propósito que iria chegar de noite, pois queria fazer uma surpresa.

- Lauren! – Camila berrou e saiu correndo na direção da mais velha.

Sim. Ela berrou. Na frente da metade da escola, atraindo vários olhares curiosos.

Mas quem se importava? No momento, ela estava pouco se lixando, ela só queria acabar com a distância que havia entre as duas e não soltar a outra nunca mais.

Lauren teve que manter as pernas firmes no chão quando Camila pulou em cima dela ou ambas cairiam no chão. A menina envolveu as pernas na cintura de Lauren e os braços no seu pescoço, rindo e chorando ao mesmo tempo. A maior a apertou como se ela fosse a coisa mais importante do mundo e fechou os olhos com força, mal podendo acreditar que ela finalmente estava ali, que elas estavam juntas.

- V-você tá mesmo aqui? – Camila perguntou afastando a cabeça apenas o suficiente para conseguir enxergar aquele rosto lindo pelo qual ela era tão apaixonada.

- Eu poderia te perguntar a mesma coisa. – Lauren respondeu abrindo um sorriso e segurando a menina com um braço só para levar a mão livre ao seu rosto e secar suas lágrimas, não achando que era possível ela ficar mais feliz do que isso em toda a sua vida.

- Idiota.

- Oi, princesa.

- Oi. – Camila levantou um dos braços e acariciou o rosto de Lauren. Ela sorriu ainda mais e grudou suas testas, se surpreendendo um pouco quando Camila avançou com o rosto para frente e a beijou.

Não um selinho, um beijo de verdade.

Encostada no muro, ainda, Hailee apenas deu de ombros e começou a andar para sair da rua da escola, convicta que estava fadada a passar o resto da vida sozinha.

Camila sabia que tinha – muita – gente olhando, mas ela estava tão feliz naquele momento que não estava nem aí caso alguém quisesse filmar e colocar em um telão no refeitório para passar todos os dias. Lauren finalizou o beijo com alguns selinhos e, quando abriu os olhos, Camila ainda estava sorrindo, de olhos fechados.

- Eu tinha esquecido do quanto você é linda. – A menina riu, as bochechas ficando vermelhas daquele jeito que Lauren tanto amava.

- E eu o quanto você gosta de me deixar com vergonha. – Camila foi para o chão, ainda sentindo as pernas trêmulas. – Cadê aquela máquina mortífera?

- Bem ali. – Lauren apontou com a cabeça e lá estava aquela imponente, mortal e estúpida moto amarela, que havia ficado parada muito tempo dentro do quintal de sua casa. – Ei, você não trouxe mochila? – Camila arregalou os olhos.

Que diabos...?

- Ali... – Foi até o muro e pegou o objeto que por sorte não havia sido levado por ninguém.

- Pra onde você quer ir, princesa? – Camila sorriu amarelo. Ela estava feliz de Lauren finalmente estar aqui e queria sair com ela, mas lidar com mais gente desconhecida hoje não iria dar. Havia sido um inferno ir para a escola e, no momento, ir para casa estava de ótimo tamanho.

- Você... Se importa se a gente for pra casa? – Perguntou sentindo sua namorada envolver seus ombros com um braço até elas chegarem na moto.

- Pra falar a verdade, não. Eu comprei chocolate, sorvete, refrigerante e pipoca justamente pensando nisso. – Lauren piscou.

- Então o que estamos esperando? Vamos logo, Lo, cadê os capacetes? – A mais velha abriu o baú da moto rindo para pegar os capacetes.

- Não sabia que você estava tão animada para passear de moto.

- Engraçada, muito engraçadinha você. Muito mesmo.

- Demais. Vou largar a faculdade e virar comediante. – Lauren subiu na moto e esperou Camila fazer o mesmo até ela ficar agarrada em seu corpo. – Posso ir, princesa?

- Quanto mais rápido você for, mais rápido a gente chega.

Lauren riu antes de dar partida na moto, dirigindo na direção de casa. Camila detestava aquele troço, achava que elas fossem cair a qualquer momento, mas ficou tranquila até o final porque Lauren sempre ia mais devagar quando ela estava junto e sua casa não era muito longe, então logo elas estacionaram.

- Senti falta dela. – Lauren comentou batendo de leve no guidão da moto antes delas entrarem em casa, já com a intenção de perturbar Camila.

- Dela quem, Lauren? Essa porcaria não é gente não, que palhaçada.

- Falando em palhaçada... – Lauren disse fechando a porta da sala e ficando séria. – Eu posso saber porque caralhos você tava cheia de sorrisinhos para aquela vagabunda que estuda com você? – Por um momento Camila franziu o cenho, mas logo depois lembrou-se que era Hailee.

- Lo, é porque eu tava meio que tentando agradecer a ela por ter ficado comigo esperando o que eu achava ser a minha mãe chegar, ela até perdeu a carona por causa disso. – Lauren fechou ainda mais a cara e, Camila, que já estava no sofá, se levantou e foi até ela, que tinha os braços cruzados e a expressão cada vez mais fechada.

Linda.

- Você sabe que ela não fez isso apenas pela bondade do lindo coração puro dela, né? – A menina revirou os olhos e envolveu os braços em torno do pescoço da maior, que não descruzou os braços.

- Eu sei, Lo, eu sei. Se eu te der um beijo, passa os ciúmes?

- Eu não to com ciúmes.

- Não, eu que to. – Camila riu. – Hm? – Perguntou beijando seu queixo.

- Não sei, vamos ver. – Lauren envolveu os braços na cintura da menina e a beijou de forma menos contida dessa vez, sabendo que elas estavam em casa e ninguém iria ver.

Camila apertou os braços em torno do pescoço de Lauren enquanto a outra explorava a sua boca como se isso fosse a última coisa que ela iria fazer na vida, apertando sua cintura para que elas ficassem o mais perto possível e tirando-lhes todo o ar dos pulmões. Somente agora que Camila havia percebido o quanto ela sentia falta desse tipo de contato, mais íntimo e mais urgente.

- Agora que você não tá mais brava, faz uma pipoca pra gente? – Camila perguntou quando elas se separaram.

- Quem disse que eu não to brava? – Lauren perguntou fazendo cara de má de brincadeira.

- Você é linda com essa carinha. – A mais nova disse, rindo e depois lhe deu um selinho. – Agora faz, Lo? Por favor?

- Não consigo resistir a essa carinha mesmo. To indo, princesa. – Camila sorriu e Lauren saiu para ir para a cozinha. A menina tirou os tênis e foi para a cozinha também.

Lauren estava de costas, mexendo em algo em seu celular e a menina podia escutar o barulho da pipoca estourando. Ela se aproximou lentamente, envolvendo os braços na cintura da maior.

- Oi, princesa. – Lauren deixou o celular em cima do balcão. – Achei que você tivesse ido trocar de roupa.

- Eu ia. – A mais velha se virou e colocou uma mecha de cabelo da menor para trás da orelha. – Mas eu ainda to com saudade, meu anjo. – Ela beijou o topo de sua cabeça e a abraçou em seguida, a menina escondeu o rosto na sua blusa.

- Eu te amo muito, sabia? Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

Camila não respondeu, ela apenas sorriu com os olhos fechados e apertou Lauren o máximo que ela conseguia sem esmagá-la, inspirando seu cheiro. Ela não sairia dali tão cedo.


Notas Finais


EU QUERIA DIZER QUE MESMO QUE NÃO TENHA SIDO PROPOSITAL ACONTECER A PARADA ENTRE A CLARA E A LAUREN E EU ESTAR POSTANDO ISSO NO DIA DAS MÃES, FICA AQUI A DICA ENTÃO PRA VOCÊS, DEEM MUITO CARINHO E AMOR PARA AS MÃES DE VOCÊS NESSE DIA (de preferência nos outros também, mas nesse caprichem) PORQUE ELAS MERECEM SÓ DE TEREM PARIDO ESSAS PORRA QUE É FÃ DE SAPATÃO AINDA POR CIMA
MAS SÉRIO
SE VOCÊS NÃO TEM UMA RELAÇÃO BOA COM A MÃE DE VOCÊS, FODA-SE (mentira) DEEM AMOR E CARINHO A ELA MESMO ASSIM PORQUE VAI VER É DISSO QUE ELA PRECISA OU CONVERSEM COM ELA AMIGAVELMENTE, QUEM SABE AS COISAS POSSAM SE RESOLVER
E SE A SUA MAMÃE NÃO ESTÁ MAIS ENTRE NÓS, ONDE QUER QUE ELA ESTEJA, ELA ESTÁ TE VENDO E ESTÁ ORGULHOSA DE VOCÊ, ENTÃO SORRIA, SIM? :)
E SE VOCÊ É MAMÃE JÁ, PARABÉNS!!!!!!
ESPERO QUE TODOS TENHAM UM DIA DAS MÃES ÓTIMO
EU AMO VOCÊS
COMENTEM O QUE ACHARAM, QUALQUER COISA VÃO ATRÁS DO MEU TT @coicedalauren
E BEIJOS DE LUZ COM GOSTINHO DE BATATA FRITA DENTRO DO CORE <333


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