História Beautiful Crime - União

Washington DC

 

A porta automática da sala de desembarque se abre, revelando a Mitch, Lydia e Hawkins o saguão principal do aeroporto. Observam a movimentação de pessoas de maneira calma, até perceberam Benjamin Carter parado ao lado de outro homem, ambos vestidos de forma devidamente elegante.

O diretor logo acena para os três, que empurram seus devidos carrinhos com suas malas e vão até ele. Passam por algumas pessoas que estão esperando mais outros desembarcarem e  logo estão próximos de Benjamin.

— Agentes! — Ele reage feliz, puxando cada um para um abraço — Tenho que dizer que fiquei muito feliz com a decisão de vocês e também não esperava.

— Acredite, nem nós — Lydia comenta, recebendo uma risada do homem.

— Esse é o Klaus, meu motorista — Benjamin coloca a mão no ombro dele, que assente a cabeça em educação aos agentes — Ele vai nós levar até o novo lar de vocês.

— É… — Hawkins arranha a garganta, atraindo o atenção de todos para ele — Não quero ser rude ou mal educado, mas… eu vou viver com Mitch e Lydia?

— Claro que não — Benjamin fala entre uma gargalhada, conseguindo entender perfeitamente o lado de Hawkins — Nós vamos colocar vocês em um residencial privativo do FBI por enquanto, até encontrarem a moradia que vocês desejam.

— Ótimo — Mitch entra finalmente na conversa.

— Bom… — Lydia arrasta seu olhar lentamente de Mitch para Benjamin, querendo mudar de assunto e matar sua curiosidade — O você tem para nós?

— Irei dar todas as informações possíveis no caminho, sra. Martin — Ele avisa, fazendo sinal para os agentes passarem.

Finalmente eles se movem e seguem até a saída do aeroporto, se deparando com taxis estacionados mais perto da porta e logo atrás, um vasto estacionamento. Invés de irem até o estacionamento, os agentes seguem os passos de Benjamin e Klaus, no qual andam até um lugar mais reservado.

Ao verem os dois pararem, vêem dois carros grandes estacionados com mais dois homens todos vestidos de preto, igualmente a Klaus.

— Seguranças — Benjamin comenta, olhando levemente para trás — Não é tão simples andar por ai pra mim, nem mesmo pra vocês.

— Estou me sentindo como Justin Bieber — Hawkins fala olhando para um segurança que somente pega as suas malas e coloca na grande mala do carro da frente.

— Isso é algo bom? — Benjamin franze o cenho, sem entender a comparação e até mesmo sem saber quem é o cantor.

— Você não sabe quem é Justin Bieber? — Hawkins arregala os olhos, chocado.

— Eu sei quem é David Bowie, dude — O homem responde com um tom óbvio, arrancando uma risada baixinha de Mitch e Lydia — Vamos.

Nessa altura, todas as malas estão dentro dos dois carros e eles entram no primeiro. Benjamin na frente com Klaus e atrás, os novos moradores de Washington DC. Assim que todos se acomodam e o motorista dá partida para sair dali, Benjamin se vira minimamente para os agentes, para conversar.

— Bom, Lydia, irei matar sua curiosidade agora — Ele diz, recebendo da ruiva um sorriso meio preguiçoso — É praticamente a mesma coisa que em Manhattan, receberão missões, mas, tenho algo diferente a oferecer a vocês.

— Siga em frente — Mitch fala, deixando de encarar o lado de fora do carro e olhando para o homem.

— Nós estamos recrutando novos agentes em Quantico. Gostaria que vocês três ficassem responsáveis pelos parte de treinamento. Nós temos um vasta sala de treino, todos os equipamentos necessários, mas ainda não temos os melhores ensinando a eles. Quer dizer, tínhamos, mas ele faleceu.

— Oh — Lydia arqueia as sobrancelhas, pega de surpresa tanto quanto os outros — Sinto muito.

— É — Benjamin lamenta rapidamente — Então, o que vocês me dizem?

— São todos os dias? — Mitch pergunta, atento.

— Três dias na semana — Benjamin responde, observando a feição de cada um dos três.

O silêncio se instala no carro, enquanto os três se olham aleatoriamente em busca de uma decisão. É como se um olhar deles bastassem e eles conversassem somente com isso.

— Olha… — Benjamin fecha os olhos rapidamente, respirando fundo — A vida que vocês vão ter aqui, não é nada diferente da de Manhattan. Eu quero que vocês saiam, se divirtam, tenham a vida de vocês. Mas vocês três sabem que o ritmo aqui é mais intenso, nós somos da sede e resolvemos mais do que tráfico e outros, nós lidamos com resgate, negociação e investigação. E saibam que eu não fui atrás de vocês sozinho, ok? Muitos ali dentro admiram o trabalho de vocês e por isso, me pediram para convidá-los pessoalmente.

— Uau — Hawkins solta, atraindo a atenção desnecessária de todos para ele. Ao seu lado, Mitch revira os olhos e respira fundo, voltando a olhar para Benjamin.

— Eu aceito. — Mitch é direto, visivelmente correto do que quer.

— Dude — Hawkins fala em meio a uma voz trêmula de euforia — Eu já estou dentro.

— Lydia? — Benjamin olha para a ruiva, que estava olhando para os dois ao seu lado.

— Pode contar comigo — Lydia arrasta suas mãos em suas duas coxas, comprimindo os lábios.

Benjamin então, dá um sorriso e volta á posição normal no banco do passageiro, olhando a avenida que já percorrem.

— Bem vindos a Washington, agentes.

— Será que eu vou encontrar uma namorada aqui? Estou cansado de segurar vela — Olhando a vista do lado de fora, Hawkins se questiona, recebendo uma cotovelada de Mitch.

 

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Lydia e Mitch são deixados em frente a uma casa gigante. Estão exatamente dentro de um condomínio que parece mais um bairro de tão grande que é.

Diante deles, um caminho baixo de escada cercado por gramado dos dois lado leva a porta da casa que eles ficarão. Ela é linda, uma pequena varanda cobre somente a entrada, exatamente a porta. Toda a pintura de madeira da casa é entre um verde claro em tom pastel e as janelas e o telhado de preto. Arbustos, árvores com galhos secos dá um toque acolhedor á nova moradia deles.

— É linda — Lydia admira juntamente a Mitch.

— Mas não é nossa — Ele sobressalta, sem tirar os olhos da casa.

— Não seja tão duro — Lydia olha para Mitch, cerrando os olhos — Benjamin disse que podemos ficar o tempo que quisermos.

— Ok, ok — Mitch resmunga, revirando os olhos — Só não gosto dessas regalias, prefiro algo meu.

— Orgulhoso — Lydia dá um soquinho no braço do namorado, atraindo o olhar dele para ela, assim como um sorriso de canto que ele dá — Vamos.

Lydia pega suas duas malas e segue andando, subindo as duas com cuidado e antes que Mitch pudesse oferecer ajuda, ela somente nega com a cabeça e continua.

— Orgulhosa — Mitch fala baixinho, observando a movimentação da namorada.

Então, Rapp faz a mesma coisa de Lydia e após uns bons segundos com ela o esperando na porta, ele finalmente chega até Martin.

— Faça as honras — Ela pede, gesticulando a cabeça em sentido a porta. Meio entediado, Mitch revira os olhos, mas possui um ar agradável — Faça!

Ele leva sua porta a maçaneta da porta e ao abrir, se depara com o silêncio e a beleza do que possui logo a frente. Lydia passa logo na frente, mas não apressada, mas sim, como se estivesse deslumbrando.

— Eu quero fazer sexo com você em cada cômodo dessa casa — Lydia diz, soltando uma risada grave logo após seu comentário, sem tirar os olhos de tudo — Eu amei ela!

— Nunca vi você tão animada assim — Mitch comenta, fechando a porta por trás dele e deixando a mala ali na entrada mesmo.

— Isso não é excitante? — Lydia olha para ele, animada.

— Querer fazer sexo comigo em cada cômodo dessa casa? Claro que sim — Mitch cerra os olhos, inocente do verdadeiro ponto que Lydia deseja chegar.

— Não, amor… — Ela deixa o corpo molenga, indo até ele — Olhe tudo isso… — Lydia coloca suas mãos nos braços dele, os segurando — Quem sabe o que isso tudo reserva pra nós, uhn? É uma nova oportunidade, nós estamos livres de qualquer ameaça Quentin seja para nós e melhor… nós estamos fazendo isso juntos, ok? — Lydia é delicada e extremamente carinhosa em sua expressão, como se buscasse tranquilizar Mitch de alguma coisa.

— Eu sei — Mitch concorda e sutilmente, leva uma mão até o rosto da namorada, afastando uma mecha e colocando por trás da orelha — Eu só quero algo nosso — A voz dele sai arrastada, encarando seus dedos brincarem com o cabelo ruiva dela.

Lydia franze o cenho completamente, estranhando de uma maneira engraçada o jeito de Rapp.

— Eu estou começando a achar que você quer levar as coisas mais adiante, Mitch Rapp.

— É? — Ele entra na brincadeira — Estou começando a achar que devemos desbravar os cômodos dessa casa.

— Então faça.

Ao levar suas mãos até as pernas e as costas dela, Mitch faz Lydia dar vida a um sorriso lindo, enquanto ela é colocada carinhosamente nos braços dele.

E nesse momento, Mitch não consegue evitar de pensar no mais adiante.

 

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Dia seguinte, Academia do FBI, Quantico, Virgínia

 

Mitch, Lydia e Hawkins aguardam do lado de fora de um auditório gigante aonde os novos recrutas estão esperando pelo anúncio deles. Benjamin os avisou antes do quão animados eles estão por receber aulas dos melhores agentes do FBI e querendo ou não, os três possuem uma ansiedade dentro de si.

A base de treinamento é gigante, conseguiram ser apresentados a todos os departamentos, até mesmo as acomodações dos recrutas. Tudo, cada passo que deram, somente aumentava o sentimento de nostalgia ao estarem de voltar ao início, aonde tudo começou para eles ali.

— Eu estou nervoso, é normal estar nervoso? — Hawkins anda de um lado e para o outro de modo incansável.

— Hawkins, para! — Mitch pede, mas de uma maneira aconselhável — Eu consigo enxergar daqui o suor no seu rosto.

— Verdade, está parecendo um porco — Lydia tenta tocar no rosto do amigo, mas ele é rápido e dá um tapa na mão dela, arrancando um grito baixinho de dor — Rude — Lydia reclama, estendendo sua voz.

— Uh — Hawkins solta em alerta, como estivesse se lembrando de algo — O que vocês acharam da casa que ficaram?

— É ótima — Lydia responde, mas não olha para Nicolas enquanto ajeita seu cabelo e os jogando todo para frente — Muito boa — Ela dá ênfase sem querer assim que volta a olhar para o amigo, que lança um olhar de nojo.

— Eu posso sentir o cheiro de safadeza a milhões de distância daqui.

— Ok — Mitch entra para mudar de assunto — E a sua?

— É linda, mas grande demais pra mim, dude. Pensava que realmente ia ficar por lá, mas não dá, preciso encontrar um apartamento pra mim — Ele conta, sob total atenção dos amigos.

Antes de prosseguirem, a porta se abre e uma mulher loira, vestida formalmente em um terno, somente dá espaço para eles entrarem.

— Boa sorte, agentes — Ela pisca o olho de modo simpático e mais uma vez, os três como praticamente um só, se entreolham.

— Vamos lá, garotos — Lydia é decidida e sai na frente.

Assim que entram, a salva de palmas para os três é calorosa. Ambos dão sorrisos largos de felicidade e gratidão a essa recepção e por mais que tentassem olhar para todos os rostos sentados logo a frente deles, é impossível. Eles estão sentados em mesas que são espalhadas em três fileiras, um do lado do outro.

Os três sobem uma escadinha e param um do lado do outro, diante de Benjamin que está em um púlpito.

— Aqui estão os melhores — Benjamin fala assim que a sala se silencia — Eu tenho que dizer, foi difícil conseguir eles pra vocês.

Algumas pessoas riem, atentos ao que tem diante deles.

— Fico muito feliz em anunciar Mitch Rapp, Nicolas Hawkins e Lydia Martin como novos professores de treinamento físico-corporal esse ano.

Mais algumas palmas, assobios tomam conta do lugar, visivelmente eufóricos com as novidades.

— Sem mais delongas, chamo aqui a agente Lydia Martin para dar as boas vindas.

Lydia se surpreende, mas não fica nervosa. Não esperava e por mais que a surpreenda, a agente somente dá um sorriso simpático e se posiciona em frente ao púlpito assim que Benjamin sai e toma seu lugar ao lado de Mitch e Hawkins.

— Ahn… — Lydia tenta processar o que deve falar e por isso, respira fundo — Fico muito feliz em fazer parte de algo que anos atrás pra mim, foi o início de tudo e hoje, é o início de tudo pra vocês. Sei perfeitamente o que vocês sentem, o desejo de se sobressair e o esforço que deve ser mantido todos os dias e até mesmo o frio na barriga antes de provas e testes que definem o futuro de vocês aqui no FBI. Não sei se vocês sabem da minha vida, mas… — Martin sente a recordação e a angústia travarem em sua voz e ela abaixa a cabeça, soltando um sorriso nervoso e tentando manter o foco e esquecer o que ia falar — Meu ponto é que hoje, não importa se vocês perderão uma missão, se darão mal uma vez na prova ou nos testes, o que importa é o que move vocês. Então, sejam fortes e acordem todos os dias prontos, sabendo que vocês são e sempre serão heróis.

Assim que suas palavras são feitas, todos se levantam e ao mesmo tempo que seus olhos marejam de emoção, Lydia é motivo de uma salva de palmas por todo o auditório.

Ao seu lado, Mitch admira a mulher de sua vida. Admira a força que Lydia possui, a força de vontade e o desejo que ela possui de ajudar ao próximo. São verdadeiras qualidades que o fazem se apaixonar mais por ela todos os dias e até mesmo os defeitos são motivo. Ela é tão linda e Mitch repete isso milhões de vezes em sua mente, se sentindo o homem mais sortudo do homem por tê-la.

Lydia, então, dá lugar novamente para Benjamin e antes que ele pudesse ir, o diretor para de frente a ela.

— Obrigado — Uma palavra é o suficiente para perceber a sinceridade que Benjamin possui em seu agradecimento.

— Qualquer coisa que precisar — Ela responde, assentindo com a cabeça e então, vai para o lado de Mitch e Hawkins.

— Você é a melhor — Mitch se declara baixinho, olhando para a namorada.

— Por alguns segundos pensei que tinha caído um cisco no meu olho — Hawkins entra na conversa, arrancando um sorriso envergonhado de Lydia.

— Isso é tudo, alunos. Treinamentos começarão amanhã. — Benjamin avisa — Dispensados.

No mesmo segundo, todos os recrutas se levantam e começam a se dispersar para saírem do auditório e voltarem para os seus quartos. Em sinal de respeito e observação, os três observam todos saindo, tentando conhecer um pouco pelo menos do rosto de cada um.

Lydia, ao olhar para a parte lateral do palco, aonde é a porta que eles saem, vê uma mulher de cabelo loiro amarrado em um rabo de cavalo, vestida na farda de recruta subir no palco e ir em direção aos agentes, algo que só Lydia percebeu primeiro.

— Com licença — Ela surge na frente dos três. Mas, seus olhos vão diretamente até Mitch e estranhamente, o encara com um certo tipo de avaliação, o olhando dos pés a cabeça.

Sem máscaras, Lydia se incomoda e não consegue de maneira nenhuma esconder seu desconforto a forma que a recruta olha para Mitch como se estivesse somente ele ali.

Enquanto isso, Mitch está desconfortável e olha rapidamente para Lydia, soltando um sorriso nervoso e finalmente cortando o silêncio.

— Ahn… O que podemos fazer por você? — Ele pergunta.

— Ou o que agente Rapp pode fazer? — Lydia é irônica, dando um sorriso sem mostrar os dentes totalmente falso.

— Desculpe.

Ela se retrata, visivelmente com vergonha do clima que gerou. O mais estranho, é como se todo o seu ar de outras intenções tivesse sumido, dando lugar a um ar indefeso, praticamente sonso. E Lydia é a única que consegue perceber isso.

— Sou Stephanie Fields, recruta. Eu só… eu só quero dizer que eu sou uma grande fã, sr. Rapp. Quer dizer — Stephanie se perde mais uma vez, sob o olhar dos três e visivelmente nervosa — Sou uma grande fã dos três. Vocês são incríveis.

— Obrigado, agente Fields — Hawkins entra, educado e também com o foco de tirar um pouco mais do clima para os amigos — Ficamos felizes.

— É, ficamos — Martin complementa somente por deboche e ao seu lado, Mitch a olha percebendo o incômodo da namorada.

— Bom… é… q-quem vai dar a aula primeiro? — Stephanie se perde em seu próprio nervosismo e vergonha e tenta a qualquer custo mudar o assunto.

— Eu — Lydia é a primeira a responder, mesmo sabendo que será Hawkins — Será um prazer começar.

Sem se aguentar, Hawkins solta um barulho ao tentar segurar o riso, mas logo coloca a mão na boca e tenta disfarçar.

— Desculpe — Ele tira a mão, voltando a expressão séria.

— Ok, então — Stephanie fala a medida que tira o olhar de Nicolas — Prazer conhecer vocês.

Mitch assente educadamente com a cabeça e Hawkins dá um sorriso, piscando o olho, enquanto Lydia, segue novamente em um sorriso falso.

Stephanie lança novamente outro olhar para Mitch e se retira e desce, sumindo da vista dos três.

— Man, ela praticamente te comeu com os olhos — Hawkins sai do lado de Mitch, ficando na frente dele e colocando a mão no ombro do amigo.

— Sério?! — Mitch cerra os olhos, incrédulo com a falta de noção de Hawkins, que ao perceber o que diz, remove a mão lentamente.

— Desculpe.

— Você percebeu que dez das palavras que você fala, onze é desculpa? — Lydia pergunta, mas sem julgá-lo.

— Verdade — Ele dá de ombros.

— Vamos — Lydia respira fundo — Todo esse… momento de fã mentirosa me deixou com fome.

No mesmo segundo, Lydia sai na frente e os deixa.

— É, não sei como cabe tanto ciúme em uma pessoa tão pequena — Hawkins fala, observando a ruiva andar.

— Eu ouvi, Hawkins! — Lydia fala alto, estirando o dedo do meio para o amigo, a medida que sai.

 

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Em meio a estrada escura, ao ver a placa de Alexandria, Hawkins se questiona se tudo isso é necessário para conseguir seu sorvete de menta. Procurou por perto e não encontrou em lugar nenhum e como Alexandria é somente a 20 minutos de Washington DC, resolveu arriscar.

Alugou o carro assim que chegou de Quantico e finalmente se sente desenvolto para desbravar e até mesmo se perder na cidade.

Ao ver um posto de gasolina com uma conveniência, Hawkins liga a seta e assim que se vê sem carros vindo em direção contrária, entra e estaciona o automóvel de frente a grande loja. O relógio do carro marca dez horas da noite e mesmo assim, a movimentação não é tão parada.

Hawkins desce do carro e o trava. Ao abrir a porta da conveniência, um barulho de sino é dado.

Corredores em diversas sessões, prateleiras cheias de coisas, mas ao ver logo ao fundo nos freezers verticais, se dirige até lá. Analisa com cuidado, conferindo se tem o sorvete e ao encontrar, se realiza.

— YES!

Hawkins leva um susto ao ouvir uma voz feminina comemorar junto com ele e ao olhar para o lado, se assusta mais ainda.

Ele reconheceria em qualquer lugar. O cabelo castanho na altura dos ombros, a sobrancelha grossa, olhos castanhos em um tom esverdeado, exatamente como Mitch lhe mostrou a foto alguns dias atrás.

Annie Rapp é dona de uma beleza angelical e por mais que desejasse se perder nisso, Hawkins fica nervoso o suficiente para tentar falar algo e nada sair de sua boca. Tantos anos que Mitch não fala com a irmã e agora está frente a frente com a irmã do melhor amigo.

— Ainda bem que não tem só um — Annie diz, soltando um sorriso tímido e desviando seus olhos do olhar petrificado de Hawkins.

— É-é — Ele gagueja e ao perceber seu comportamento, coça a testa e respira fundo — Sorte nossa.

Annie percebe o jeito de Nicolas e não consegue evitar de cerrar os olhos, basicamente preocupada pela forma que ele se encontra.

— Você está bem? Parece um pouco nervoso — Ela comenta, o encarando esperando pela resposta.

— Claro! — Sua voz sai mais alta que o normal e logo Hawkins reformula de forma mais calma — Claro, totalmente. Estou 100% bem — Ele tenta a todo custo não ficar nervoso, em vão.

— Ok — Annie prolonga a voz, sem tirar os olhos dele — É… posso?

Ela faz menção para abrir a porta do freezer aonde está os sorvetes, mas Hawkins está bem na frente, a impedindo. Ao perceber, ele se afasta, recebendo um sorriso quase que desconfortável de Annie.

Nicolas não evita de olhar a irmã de Mitch. Ela é realmente mais bonita pessoalmente, mas não consegue focar nisso. Se sente em uma corda bamba, na qual um lado dele quer não se meter no assunto de irmãos e o outro, melhorar o andamento da reconciliação deles.

A imagem de Rapp surge em sua mente e somente isso o faz decidir o que fazer.

Quando Annie fecha a porta, já com o sorvete na mão, Hawkins é direto.

— Eu sou amigo do Mitch.

A voz de Hawkins sai trêmula, como se ele colocasse uma força extrema e necessitasse colocar isso pra fora. Seus olhos se perdem facilmente, olhando de forma prolongada para qualquer outra parte de Annie, sem conseguir olhar para seus olhos castanhos.

Annie congela em sua frente e se deixa julgar facilmente por ficar tão mexida com algo tão simples.

Ele é só um amigo do meu irmão. Ok. Nada demais.

Ela pensa, mas o fato de qualquer coisa em relação a ele mexer com ela, Annie não evita de sentir seu coração acelerar ao mesmo tempo que ela encara o homem que acabou de conhecer.

Se Mitch vive em Manhattan, o que um amigo dele faria ali?

— Me desculpe — Hawkins fecha os olhos, molhando os lábios — Eu só… não poderia deixar isso passar.

— O que você está fazendo aqui? — Annie deixa seu ar se tornar completamente sério, sendo direta e fria com homem de cabelo loiro escuro.

— Não aqui em Alexandria — Hawkins frisa, deixando claro — Mas, em Washington.

— Ele está com você? — Annie pergunta, mas não como se fosse curiosidade. Ela pergunta pelo fato de querer deixar arder de uma vez só, não importa qual resposta dele seja.

— Nos mudamos para lá. Eu, ele e Lydia.

Annie sente um frio na barriga absurdo. Mitch agora está mais perto do que nunca e depois de anos tão longe dele, não consegue pensar na situação de simplesmente acabar trombando com seu irmão.

— Ok — Ela engole todo o sentimento que a move e simplesmente faz menção para dar de costas, mas a mão de Hawkins na sua a impede.

Ela se assusta com a atitude dele, mas não solta. Somente encara a mão gelada dele na sua de forma delicada.

Hawkins faz da mesma forma, mas logo seus olhos se encontram em uma mistura de desentendimento.

— Por favor, Annie — Ele sussurra, fitando ela com certo marejar no olhar — Ele é o seu irmão. Mitch é seu irmão e eu mais do que qualquer pessoa posso dizer o quanto ele sofreu em ter que deixar você. Não dê as costas pra ele no momento que for necessário a união de vocês, por favor.

Annie se deixa levar pelo apelo de Hawkins por alguns segundos, processando a parte de Mitch sofrer em deixá-la. Será que ele realmente foi disso? A visão dela pelo irmão é tão fria que não consegue imaginar um mundo aonde Mitch sofra, também por conhecê-lo tão bem.

Ela reage, tirando sua mão do toque de Hawkins e o encara firmemente, sem receios.

— Com licença, tenho que ir pro caixa — Annie se refere ao seu sorvete e simplesmente dá de costas, deixando Hawkins parado.

E urgentemente, o seu celular toca em seu bolso. Ao pegá-lo, o nome de Mitch está na tela.

Como diabos eu vou dizer isso a ele?