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História Beautiful Crime - Preces


Escrita por: cecistydiax

Notas do Autor


Boa noiteeee!
Bom, não sou muito de notas mas tenho algumas bem importantes sobre essa reta final.
Oficialmente, a fic será até o capítulo 61, ou seja, o próximo é o último. Mas, o epílogo é inevitável.
Dependendo, irei postar o capítulo 61 em breve, não posso demorar porque após resultado do ENEM, preciso dar um jeito na minha vida kkkkk provavelmente segunda estarei postando, ok? ou até mesmo antes.
E outra coisa, me perdoem por alguns comentários não respondidos, irei respondê-los. Mas, gente, estou MUITO feliz com tudo! Comecei realmente sem colocar muita fé, só quis dar vida a uma paixão que tive em imaginar Mitch e Lydia juntos. Muito obrigada, muito de verdadeee!
Com vocês, o penúltimo capítulo de Beautiful Crime.

Capítulo 60 - Preces


Fanfic / Fanfiction Beautiful Crime - Preces

Mitch

 

Assim que fui chamado para uma reunião de missão em Manhattan, eu sabia que seria doloroso vê-la novamente. Olhar nos olhos dela, vê-la, mesmo que exista um oceano entre nós.

Mas isso… isso sim quebra minhas pernas. Vê-la beijar outro homem, especialmente Caleb, é mais do que difícil. Eu não sei se sinto raiva, tristeza, somente me vejo parado e não consigo me mexer. A forma que Lydia me olha, o desespero que a domina com urgência até mesmo longe... eu consigo ver.

Tantos meses se passaram sem vê-la e agora, nada mudou. Ela continua linda, o cabelo um pouco mais curto, a pele tão limpa. A luz do sol mostra toda a naturalidade de Lydia e Deus… isso me destrói. A vendo assim, é a prova perfeita que o meu amor por ela ainda vive e eu simplesmente me odeio por isso, mais do que qualquer coisa.

Respiro fundo, engolindo todos os sentimentos que me dominam e finalmente me movo, caminhando pra dentro da unidade. Escuto a voz dela conversando com Caleb e a única coisa que consigo ouvir depois é os passos apressados dela atrás de mim e eu faço a mesma coisa.

Em vão, pois a mão de Lydia agarra meu braço e ela entra na minha frente.

Não consigo olhar para ela e eu não quero. Não quero olhar dentro dos olhos dela e nem me perder na beleza ou no efeito que Lydia possui sob mim. Graças a Deus por ser mais alto, meus olhos se mantém retos.

— Mitch — A voz dela. Merda. Tão meiga e levemente rouca falando meu nome é o necessário para eu sentir meu olhar vacilar, mas ainda não a encaro — Você vai me julgar por isso?

Molho os lábios, colocando uma mão na cintura e finalmente a olho. Porra! O sentimento de desarme é incômodo.

— Eu não tenho o direito de julgar e aliás, você não me deve explicação — Do de ombros, expulsando as palavras com certa raiva — Você me devia explicações todos as noites antes de dormir na mesma cama que eu, ali sim… ali sim eu merecia explicação e a verdade!

— Eu não preciso que você me lembre do meu erro! — Lydia fala, apertando os olhos e quase indignada com o que falei — Eu sei o que eu fiz e me arrependo todos os dias por isso, Mitch.

— Fique com seu arrependimento e com o sobrinho de bandido. Aliás, isso vocês tem em comum, certo? — Me aproximo dela, sem mensurar minhas palavras — Um é sobrinho e a outra é filha.

Eu sei o que disse. O filtro que eu não possuo quando estou com raiva não existe e isso me faz ver Lydia simplesmente com os olhos marejados e completamente magoada com o que acabou de ouvir. Eu sei que isso a magoa, me arrependo do que disse, mas não vou dar o braço a torcer.

Simplesmente sumo da frente dela e a deixo pra trás. Apresso os passos para chegar na cabine de Eduard e fazer o reconhecimento, mas antes que fizesse, escuto uma voz grossa chamar meu nome.

— Ei, Rapp! — Me viro de imediato.

A única coisa que consigo ver é o rosto de Caleb e logo depois sinto o punho dele encontrar meu rosto em um soco verdadeiramente doloroso. Meu corpo se mantém firme, mas meu rosto entorta pro lado no mesmo segundo.

— Você não quer perdoar ela, tudo bem — Caleb me empurra e agarra a gola da minha jaqueta, me olhando fixamente.

Agora, eu me vejo em Caleb. O ódio que eu sentia em ver alguém machucando ou magoando Lydia e isso eu não posso julgar. Não posso me defender porque não é justo e eu realmente mereço isso.

— Mas não precisa jogar sujo — Ele continua e logo me solta.

Na minha frente, Caleb me encara irritado e longe, atrás dele, Lydia me encara fixamente com os olhos marejados. O que eu vejo, mais precisamente, é eu me afundar mais ainda.

Do de costas e sem paciência, passo direto por Eduard e somente mostro o distintivo antigo que está em minhas mãos. Passo pela pequena pista de entrada de carros e subo na calçada, logo entrando no prédio.

O sentimento de conforto que sinto ali, eu consigo sentir, mas agora ele é ofuscado por toda confusão que sinto depois desse encontro com Lydia. Precisando expulsar justamente essa confusão, me dirijo até o elevador e a porta se abre, entro e aperto o botão do andar.

Quando se fecha, com toda a vontade que sinto, soco a parede de metal.

Eu não consigo lidar com isso. Não sei como isso acontece, não sei como eu simplesmente não consigo ser feliz longe da mulher que me magoou. Meu coração, minha mente gritam por ela e eu vejo a ficha cair diante meus olhos.

Eu estou em dependência.

Sinto minha respiração ofegante, a testa encostada na parede de metal gelada, eu me sinto arrependido do que disse. Eu estou me perdendo, perdendo o rumo e saber que esse é o efeito de viver sem Lydia, me assusta.

Me assusto quando a porta se abre e tento me recompor. Respiro fundo e aperto os olhos, mexendo a cabeça e expulsando o que sinto.

Ajeito a alça da mochila e caminho pra fora do elevador. Logo estou dentro da sala de reunião e na mesa gigante, somente Hawkins e Irene estão sentados.

— Mitch filho da mãe Rapp! — Hawkins reage animado em me ver e naturalmente, do um sorriso feliz em rever meu melhor amigo. Ele se levanta da cadeira e logo me dá um abraço caloroso e merda, como eu senti falta dele!

— Bom te ver, Mitch — Irene somente se levanta para apertar minha mão educadamente e assim nós fazemos.

— Não é?! — Hawkins me abraça de lado — Fiquei feliz quando Irene me falou que você viria.

— Sentem-se, por favor — A mulher pede, apontando para as cadeiras.

Eu e Hawkins nos dirigimos até a mesa e eu logo coloco minha mochila em cima da mesma e me sento na cadeira, ao lado de Hawkins.

— Nós só temos que esperar por Lydia agora — Irene diz, se encostando em sua cadeira.

— Isso não será um problema.

Falo, mesmo sabendo do clima que é criado. Mesmo sem olhá-los, percebo Irene e Hawkins se entreolharem e logo escuto ele gaguejar ao meu lado, sem saber o que dizer.

— V-você a viu? — Hawkins nem de longe consegue esconder o nervosismo pela situação.

Antes que pudesse responder, a porta se abre. Eu não a vejo, não me viro para olhá-la, mas vejo Irene olhar para ela. Percebo a expressão de preocupada de Irene, mas ninguém fala nada.

Percebo Lydia logo passar por trás da cadeira da diretora e se sentar do lado oposto da mesa, na minha frente. A olho de relance e por ela não me olhar, me atenho a prestar atenção na feição dela. Fora o fato de estar completamente calada, Lydia está com os olhos avermelhados e realmente entristecida.

— Você me deve explicações depois, seu idiota — Hawkins fala no meu ouvido e eu não me movo, somente olho para Irene e o ignoro.

— Podemos?

Vejo Irene se levantar e ajustar seu terno pela barra, mantendo a compostura. A mulher para ao lado da televisão de apresentações e casos e com o pequeno controle em mãos, ao apertar, surge a foto de alguém familiar.

— Eu chamei vocês três porque você tem ligação direta com o irmão desse homem — Irene conta, cruzando os braços.

— Não me diga que é Quentin — Hawkins diz ao meu lado e somente ao ouvir o nome desse homem, meu sangue ferve.

— Julio Hernandez.

Definitivamente, eu quero protestar essa maldita missão. Lidar com o irmão do homem que manteve Lydia sequestrada e sendo torturada por dezoito meses é mais do que raivoso. Não consigo imaginar o que se deve estar passando na mente dela e ao olhá-la, eu deixo toda a raiva de lado.

— Eu sei que vocês estão incomodados, mas, confiem em mim, não teria nada pior para Hernandez do que ver o império falir de vez. Ele comandava um dos cartéis no México justamente com o irmão dele, Carlos Hernandez e essa semana, chegou em nossos ouvidos que ele virá essa semana negociar com um traficante no Texas e como passou da fronteira, isso é assunto nosso.

— Ele provavelmente deve nos odiar, você sabe disso, não é? — Questiono, coçando o queixo.

— E não veio atrás de nós. Covarde, não acha? — Sarcástica, Irene supõe — Amanhã vocês embarcam pra Dallas. Alguma pergunta?

— Não, senhora — Hawkins diz — Isso não é legal? O time original reunido!

Bom, mais ou menos.

 

————————————————

 

Dallas, Texas, dia seguinte, 19:23

 

Já pronta pra missão, Lydia observa de braços cruzados a avenida em frente ao hotel. Por trás dela, Shaw, Hawkins, Mitch e mais outros agentes organizam a tática para o que vai acontecer quando for dado o sinal.

Mais uma vez, se vê entristecida ao lembrar das palavras tão cruéis de Mitch. Ela o magoou e por sua vez, Mitch poderia magoá-la e Lydia jamais se importaria, mas, falar de uma das maiores e se não for a maior frustração da ruiva, é pegar pesado. Achar que conhece uma pessoa a vida inteira e de repente em uma noite você descobre que ela não era nada do que você pensava, é como cair de um penhasco.

A idéia de pai perfeito, de homem bom foi somente uma ilusão e isso magoa Lydia simplesmente pelo fato de que por todos esses anos, ela foi enganada.

Depois do que ouviu, toda a esperança de ao menos se esforçar pra ter uma relação pelo menos amigável com Mitch sai pelos ares.

Cansada de ser martirizar com as palavras dele, Lydia respira fundo e no mesmo instante, sente uma mão em seu ombro. Ao olhar, vê Hawkins, que dá um sorriso de canto meio desanimado.

— Você quer me contar sobre o que aconteceu ontem? — Ele pergunta, a olhando, mesmo com Lydia desviando o olhar.

— Não — Ela responde baixinho, tão serena que Hawkins percebe uma certa quietude na amiga.

— Como você está se sentindo? — Hawkins insiste simplesmente por sentir Lydia cabisbaixa — Fale comigo, ruiva.

— Só é difícil, Hawkins — Ela finalmente baixa a guarda, o olhando — É realmente difícil.

— O que ele te falou? Eu vi a maneira que você entrou, Lydia.

— O fato que eu sou filha de um assassino é algo que não precisa ser lembrado de maneira baixa — Lydia explica, dando de ombros e dando um tom óbvio — Isso é tudo.

Hawkins respira fundo, sem acreditar que Mitch jogou baixo. Estar magoado com ela é uma coisa, mas magoá-la somente de cabeça dura que é, é realmente algo digno de chateação.

— Com licença — Isso é tudo que Hawkins diz, se afastando de Lydia que somente o encara até vê-lo se aproximar de Mitch.

Hawkins se direciona até o amigo calmamente, que conversa com Shaw em frente a tela do computador.

— Mitch? Uma palavrinha, por favor? — Ele aperta o ombro do amigo, dando um sorriso falso. Educadamente, Shaw da espaço aos dois e sai.

— O que foi? — Mitch franze o cenho, estranhando.

— Nessa situação, vocês dois são vítimas e culpados. Você sofreu com a mentira, ela sofreu com uma figura de um pai perfeito que não existe. Ela é culpada por ter escondido a verdade e nessa situação, você foi uma vítima, porém, pare de agir como o culpado e pare de falar merdas que você provavelmente se arrepende cinco segundos depois de ditas.

Hawkins fala baixo, perto do ouvido de Mitch, que reage mexido com as palavras do melhor amigo. Antes que pudesse se revestir com a casca dura, a voz de Shaw os interrompe.

— Temos informações que o comprador já saiu em encontro com Julio. Mexam-se, pessoal! Lydia, Hawkins e Mitch vocês vão na primeira van e o resto na segunda, tudo bem?

Muitos assentem com a cabeça e começam a vestir seus coletes e sair do apartamento que serve como base.

Hawkins pega sua arma dentro de sua mochila e a ensaca. Mitch, já pronto, observa disfarçadamente Lydia verificar a munição da sua, atenta e séria. E pra ele, vê-la assim é um dos seus pontos fracos.

Seu olhar somente se distancia dela quando Lydia finalmente ensaca duas armas e coloca uma pequena faca na bota e sai do apartamento.

— Vamos — Hawkins passa ao lado de Mitch, que segue o amigo.

Os dois descem as escadas atrás dos outros e do lado de fora, os agentes se separam da maneira que Shaw ordenou. Na primeira van, entra Lydia, Hawkins e Mitch.

— Nunca perde a graça — Hawkins sussurra, se sentando ao lado de Lydia.

Na frente deles, Mitch inclina o corpo pra frente, se mantendo sério. Tão sério que está com o maxilar trincado, completamente e finalmente atento a missão.

Mitch, Hawkins e Lydia vestem roupas casuais pelo simples fato que irão pela opção mais calma. Somente se houver reação, os agentes entram.

O caminho todo até o hotel no qual vendedor e comprador irão se encontrar é silencioso. Somente escutam a voz de Shaw pela escuta passando informações e isso é tudo.

Assim que estacionam no hotel de luxo, graças ao fato da van ser disfarçada, ninguém percebe a movimentação e chegada dos agentes. Como passado, Hawkins abre a porta da van e logo os três descem e caminham em direção até a entrada do hotel.

Os três se separam, Mitch caminha até a recepção, deixando Lydia e Hawkins juntos observando disfarçadamente se tem algum capanga de Julio Hernandez por ali. Pelas contas dos dois, quatro homens espalhados pelo hall.

— Décimo quarto andar — Mitch fala assim que volta, sempre disfarçado.

— Aquele homem está encarando — Lydia sussurra, passando uma mecha do cabelo por trás da orelha e se referindo a um homem forte, caraça e vestido em terno preto.

— Deem as mãos — Hawkins sussurra, tirando o celular do bolso.

— O que?! — Mitch e Lydia reagem em uníssono.

— Oi, amor! — Hawkins disfarça, se afastando, fingindo falar no telefone.

Lydia se mantém parada, sem conseguir fazer o que o amigo pediu. Mas, pelo bem da missão, faz menção para segurar a mão dele, em vão.

A respiração de Lydia se prende assim que Mitch laça sua mão na cintura da ruiva  e sela seus lábios em uma pressão e vontade indiscutível.

O que era pra ser somente um disfarce, os fazem matar a saudade que inegavelmente ambos sentem um do outro. O gosto, a textura e o encaixe que eles possuem que é único.

O coração dos dois compartilham da mesma emoção. Estão tão acelerados que pelo fato de como sempre, tudo desaparecer ao redor deles, um consegue sentir uma pulsação conjunta.

Se não fosse a situação que os obrigou a fazer isso, esse beijo jamais aconteceria e ambos possuem noção disso. Mas aqui está a situação e mesmo usando da desculpa de ser um disfarce, é mais do que isso.

É Mitch que separa os dois e como uma rajada, Lydia expulsa a respiração e se deixa ficar desnortear pelo selinho intenso dele, seu corpo parece fraquejar e seus olhos se abrem quase lentamente.

— O que foi isso? — Ela questiona, encarando duramente os lábios rosados de seu ex-namorado.

— Trabalho. E isso é tudo. — Mitch é duro nas palavras, olhando sério para Lydia.

— Eu falei pra darem as mãos, mas o beijo foi legal — Hawkins retorna, guardando o celular no bolso.

— Mais convincente — Mitch fala curto e grosso — Vamos.

Hawkins e Mitch saem na frente calmamente e Lydia, ainda atrás, tenta processar o que aconteceu. E mesmo sem querer, sai um sorriso envergonhado.

— Minha ruivinha, vamos! — Hawkins a chama, sendo extremamente simpático e animado.

Finalmente Lydia move o corpo e apressa os passos atrás dos dois. Como eles já pediram o elevador, a porta logo se abre e quando se fecha, a música instrumental é a única coisa que domina a gigante caixa de metal.

— Eu amo essa música — Hawkins mente, somente pra cortar o clima pesado — Você não gosta? — Ele cutuca Lydia, que está ao lado dele e na frente de Mitch.

O toque os avisa que chegaram no andar e como um piscar de olhos, quando a porta se abre, Mitch, Hawkins e Lydia se vêem a prova da perda de seus sentidos ao serem atingidos cada um por um dardo tranquilizante.

E em segundos, tudo escurece para os agentes.

 

—————————————————

 

Lydia Martin

 

Deus… Deus, me ajude. Não me deixe mais sofrer nas mãos desses homens. Me proteja. É tudo que eu peço.

As preces que saem da minha boca são dolorosas, exatamente como me sinto agora. Meu corpo dói, arde, convulsiona e eu não posso fazer nada, não há ninguém que possa me ajudar. O meu sangue é derramado, assim como minha esperança.

Meu corpo cai pra cima da mesa, já que estou sentada ao lado. Na mesma, objetos de tortura que me causam dor e desespero e eu simplesmente não consigo mais. Sinto meus sentidos se perderam e minha força racionar.

— Por favor… Pare — Eu peço com misericórdia ao homem que está de pé em minha frente — Eu faço qualquer coisa, por favor.

Me entrego novamente ás lágrimas. Sinto por onde a lágrima descer, arder.

Sinto as mãos firmes de outro homem agarrarem meu cabelo com força e levantar minha cabeça.

Na minha frente, o rosto que já estou acostumada segura um taco de beisebol.

A única coisa que sinto a seguir é minha visão apagar ao ser atingida fortemente com ele na cabeça.

 

Assim que meus olhos se abrem, é como se eu estivesse vendo tudo girar ao meu redor. Minha cabeça dói e meu pescoço, sinto ele arder exatamente no lugar aonde fui atingida pelo tranquilizante.

Me levanto lentamente e ao ficar em pé, não cem por cento ereta, encaro ao redor. A respiração pesada, os olhos passeando por onde estou e logo percebo estar dentro de uma sala iluminada somente por uma luz fraca.

De imediato, não me preocupo comigo e sim com Mitch e Hawkins, que não estão comigo. A dúvida, as questões que surgem em minha mente me agoniam e me sentir como se estivesse toda rodeada por uma corda, cada membro meu, faz meu coração acelerar.

O sentimento, a sensação e a cena se repete. Anos atrás, eu estava em um lugar parecido com ele, apanhando, sendo torturada todos os dias. Agora, eu estou livre de machucados, mas a solidão e o medo que sentia retornam pra mim.

Meu instinto de sobrevivência desencadeia algo em minha mente e assim que me agacho pra pegar minha faca dentro da minha bota, ali está ela.

— Burros — Murmuro, mexendo a cabeça em negação.

Caminho até a porta e obviamente, está trancada. Sem pensar duas vezes, pra ter a atenção que quero, bato repetidamente nela.

— Alguém me ajuda! — Peço. E mesmo que meu desejo seja ajuda, eu somente quero que alguém entre na sala — Por favor, eu não me sinto bem! Por favor!

Vou descansando as batidas aos poucos, me cessando e logo fico quieta. Se alguém me ouviu, alguém precisa vir. E como esperado, escuto um barulho de chave.

Me escondo do lado, pra quando a porta se abrir, ninguém me ver.

Silencio!

É a única coisa que escuto quando a porta se abre. Não entendo o que ele diz, pelo fato de ser espanhol.

O deixo caminhar pra dentro e um piscar de olhos, saio de trás da porta, me agacho e finco a minha faca lateralmente na coxa dele, sem pestanejar. O homem grita de dor e o corpo dele cai pro lado, perdendo a força da perna esquerda.

Quando ele fica de joelhos, eu mesma puxo a faca e o grito mais alto é inevitável. Ignoro e seguro o cabelo dele com força, puxando a cabeça dele pra trás e em sua garganta, encosta a lâmina.

— Me dê a porra da sua arma — Peço, próxima do ouvido dele.

— Você vai ter que me matar — O homem diz, dessa vez em inglês, carregando consigo o sotaque espanhol.

Respiro fundo. Mesmo sem paciência, aprendi que matar é em último caso e agora, não desejo fazer isso ao homem.

Com urgência, me afasto e o chuto lateralmente e severamente na cabeça, fazendo-o cair de rosto no chão. Sem perder tempo ou dar a ele espaço, me aproximo novamente e sem pena, finco o salto de minha bota perfeitamente em sua garganta.

Com uma faca apontada pro rosto dele, com a outra mão, caço a arma dele e logo encontro ensacada na calça do homem.

— Melhor do que encomenda — Me vanglorio, observando as duas armas verdadeiramente bonitas.

Guardo a faca novamente na bota, sob o olhar furioso do homem em meio a urros de dor.

— Obrigada, guapo — Digo a única palavra que sei em espanhol, pisco o olho pra ele e finalmente coloco as duas mãos nas armas.

Do somente mais uma pressão na bota contra a garganta dele e tiro. Me afasto, mas pra impedi-lo de ir atrás de mim, atiro na outra perna do capanga, que grita e me xinga em espanhol.

Saio da sala e me vejo em um corredor largo e escuro. Mesmo com a falta de iluminação, é um corredor bem cuidado e arrumado.

Com as duas armas em punho, caminho por ele e não encontro nenhuma outra porta, a não ser uma no final. Continuo atentamente até ela e quando estou finalmente diante, guardo uma arma ensacada em minha calça e abro a porta.

Eu esperaria ver qualquer coisa, menos isso.

Diante meus olhos, um salão de balé. O chão de madeira, espelhos espalhados por todo a salão gigante, um cortina gigante atrás, barras de metal para as bailarinas. O tom branco, o dia iluminado do lado de fora, parece tudo, menos um cativeiro.

Mesmo em um lugar tão aconchegante, eu me sinto tudo, menos isso. Parece tudo tão doentio, psicótico que o medo me atinge.

Caminho relutantemente pro meio do salão, tentando encontrar algum rumo pra mim.

Como um verdadeiro show, a cortina branca se abre.

O horror, o grito que sai da minha garganta ao ver Mitch e Hawkins sentados em duas cadeiras em cima do palco, machucados é o reflexo do meu desespero. Meu coração acelera, meu corpo fraqueja e minha visão embaça assim que sinto a minha garganta fechar.

Sem me importar com nada, largo a arma no chão e corro em direção ao palco, mas o barulho da porta de entrada me faz parar assim que vejo em média quatro homens armados entrarem, todos apontando a arma pra mim.

Levanto as mãos em refém de imediato, dominada pelo o que a situação me convém.

Um se aproxima diretamente de mim e pega a outra arma que estava em minha cintura, junto com a que estava no chão. A boa parte, é que algo eu ainda tenho pra me defender e está bem em minha bota.

O silêncio dos homens me incomodam e me assustam. Eles se espalham por todo o salão e se mantém dessa forma, todos calados.

Meus olhos são levados como imãs novamente até a porta de entrada e me deparo com a figura de Quentin Fosters, vestido em terno branco, cabelo penteado pra trás, com um cigarro entre os dedos.

Ele entra no salão e como sempre, vem com ar extremamente sarcástico inconfundível.

O ódio que sinto em ver esse homem é mais do agonizante. A visão dele naquele quarto, batendo em meu rosto, o olhar dele aproveitador assistindo ao meu desespero e ao de Mitch… tudo volta pra mim.

Acordem os rapazes — Quentin manda, olhando pra um dos capangas.

Assisto dois subirem no palco e cada um pegar um balde que está ao lado de Mitch e Hawkins e sem pena nenhuma, jogam nos dois, que acordam no mesmo segundo e deixam escapar tosses.

Meus olhos se encontram aos de Mitch. O ódio, a raiva, a decepção e a mágoa parecem não existir mais entre nós dois e eu percebo isso somente na maneira que ele me olha. O desespero em seus olhos, a boca dele sussurrando meu nome.

Mitch tenta se soltar das cordas que amarram os pulsos dele pra trás, em vão.

Ao seu lado, Hawkins olha diretamente pra Quentin. O ódio que nunca vi nos olhos do meu amigo, agora vejo. Logo ele, que não tem nada a ver com isso. E vê-lo assim, todo machucado, por minha culpa, faz meu coração apertar.

Quentin finalmente caminha em minha direção, mas eu não o olho.

Observo todo o esquema da sala. Um homem na esquerda, um na direta. No palco, mais dois. Na minha frente, Quentin e Julio.

Eu preciso fazer algo.

Com o que da na telha, me ajoelho diante de Quentin.

— Não os machuque, por favor — Peço, me encostando em Quentin, na altura de sua barriga — Eu faço qualquer coisa, Quentin.

— Mas que merda?! — Ele reage enojado, tocando meus ombros — Se levante, Lydia!

Eu irei.

Mas antes, levo minha mão rapidamente em minha bota e agarro o pequeno cabo da minha faca.

Exatamente como fiz com o outro bandido, finco a lâmina na coxa de Quentin com todo o ódio que possuo do homem. A cena é mais do que linda. O vermelho do sangue sujar o branco do terno caro.

No mesmo segundo, todas as armas são apontadas pra mim, mas a faca já está tocando o pescoço de Quentin e ele já está de joelhos diante de mim.

Ele me olha furioso, mas não demonstra sentir dor. Eu, coloco qualquer tipo de sentimento de lado e sou movida somente pela frieza.

— Mande os seus amigos soltarem Mitch e Hawkins agora — Falo firme, o encarando duramente — Ou eu corto sua garganta.

— Vocês jamais faria isso, tola — Quentin dá um sorriso doentio.

Com urgência, finco meus dedos na nuca dele e lentamente, levo a faca até o rosto de Quentin e lentamente, corto o rosto dele. O sangue escorrendo de acordo com o trajeto da faca.

— Filha da puta! — Ele me xinga e eu puxo a cabeça dele pra trás, voltando a faca até o pescoço e mesmo sem falar mais nada, Quentin respira fundo — Soltem-os!

Exatamente como Quentin pede, assisto os dois homens cortarem as cordas que prendem Mitch e Hawkins, que se levantam com urgência.

Fixo meus olhos pesadamente em Mitch, que me devolve da mesma maneira. Nós dois conversamos com os olhares e somente quando mexo minha cabeça, ele entende o que quero dizer.

Mesmo machucado, Mitch é rápido e desarma um dos capangas e ao perceber que também precisa ser feito, Hawkins faz a mesma coisa e agora, ambos fazem os capangas de reféns.

— Eu te disse que não ia durar, Quentin — Sussurro, voltando a olhar para Quentin — Você quer saber igual ao seu ex-parceiro, mas você nunca será. Você é e sempre será um subordinado.

— Não se preocupe, foguinho. Você sempre será a filh…

Meu coração acelera com o susto de ouvir um tiro. Naturalmente, meus olhos são levados até o palco e ao ver Mitch, ele aponta perfeitamente pra Quentin.

E em minhas mãos, o corpo de Quentin escorrega.

O fato dele cair me faz cair junto a ele. E por mais poético que seja, Quentin cai com a cabeça em cima do meu colo.

Mais quatro tiros são ouvidos, mas eu não consigo tirar os olhos de Quentin.

— Você sempre… você sempre será a filha do assassino… Querida.

Meu corpo se enoja das palavras de Quentin e eu o empurro pra longe de mim. Sinto uma corrente elétrica se passar por todo meu corpo, meus olhos marejarem e as palavras dele se repetem em minha mente.

Me levanto urgentemente e me afasto de Quentin.

Ao olhar pra Mitch, ele me encara penoso de cima do palco e finalmente eu me permito estar feliz por ter acabado. O pesadelo Quentin Fosters acabou e em meio a tudo isso, a destruição, as revelações que me quebraram e que destruíram a Mitch, eu permito dar vida a um sorriso.

E da longe, ele faz a mesma coisa. Mitch, depois de tantos meses, tantos olhares frios e de decepções, ele sorri pra mim.

Mas a vida, bom, ela é assim. Uma hora você está em lágrimas, outra hora você está sorrindo e infelizmente, tudo se dissipa. O sorriso que se desfaz de mim e dele é somente resultado do tiro disparado.

O alvo? Eu, Lydia Martin.

E como exatamente aconteceu durante dezoito meses, eu faço minhas preces a Deus.

 

 

 


Notas Finais


não me matem, por favor, não me matem!!!!!!!! e mantenham a calmaaaaaaaaa!!!!
KSLAKAD TO MUITO NERVOSA KKKKKKK QUENTIN SEU FDP
até o próximooooo


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