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História Beautiful Stranger - Meeting


Escrita por: lstssone e Maphrodite

Capítulo 13 - Meeting


Conforme o passar das horas, as coisas se ajeitavam aos poucos no Asan e nas vidas de seus funcionários...

No decorrer das - aproximadamente - 8 horas passadas seguintes ao atentado com o Malai, as pessoas tentavam retomar o fluxo normal de tudo, apesar do choque, como Seohyun e Yoona, que posterior ao mal estar da médica, seguiram para a casa da mesma, onde trataram de cuidar uma da outra e enfim descansar. Naquela noite - em que vira a melhor amiga da parceira com cardiologista de mãos dadas - a Hyun não teve uma noite agradável de sono e ao acordar, tentou ao máximo disfarçar aquilo para a namorada, além de buscar constantemente distrações no comecinho da manhã que nascera.

Em meio àquela busca, a pediatra e a enfermeira receberam um convite especial, que embora fosse um tanto arriscado para Seohyun, ela não poderia deixar de ir, principalmente pela insistência da Im, por isso, ambas tinham se preparado devidamente antes de rumarem ao destino marcado.

Já Hyoyeon e Taeyeon, como dito, passaram a noite juntas na casa dessa segunda mulher, assim que Haeyeon terminara sua inalação, chegando a aproveitarem também para passarem o dia seguinte juntas, uma vez que todas estavam de folga. A programação matinal não tinha sido decidida na noite anterior, talvez fossem sair novamente ou apenas passar o dia trancadas naquela casa, contudo, o que fariam foi confirmado com a notificação em ambos os celulares durante a manhã, indicando uma nova programação pendente.

Nem sequer pensaram duas vezes em aceitar, sendo assim, conseguinte a toda preparação da cardiologista e da residente, as mulheres seguiram à casa da enfermeira, a qual não demorou ao se arrumar, o que adiantou bastante a partida delas à localização correta.

Por outro lado, Tiffany, no momento que acordara, preferiu ser rápida em se arrumar e partir para alguns andares abaixo, onde Irene e Bora se encontravam. A pequena criança, ainda precisava fazer alguns exames, como a própria médica a informara, por esse motivo, as três - mesmo não querendo entrar naquele hospital por tão cedo - foram até o Asan realizar tais exames.

Enquanto Irene estava sendo submetida a uma retirada de sangue por outra médica experiente e de confiança da Young, essa segunda recebeu uma mensagem através de um dos grupos pelo qual estava inserida desde que ingressou na equipe do AMC. A mensagem fez a morena ponderar um pouco, principalmente por causa de sua paciente, mas, um tanto tentada a aceitar o convite que aquela mensagem carregava, se abaixou pertinho da figura infantil.

– Ei, pequena. – Acariciou o braço livre da garota, chamando sua atenção. – Você está se sentindo bem? – Seu tom de voz era baixo. Ela perguntara aquilo, porque em alguns momentos do passado, Irene demonstrava pavor diante de agulhas, principalmente as que retiravam seu sangue.

– Estou sim, tia. Agora eu sou crescida e forte, não tenho mais medo de nada. – Ditou erguendo o bracinho livre em forma de L, mostrando os músculos quase nada evidentes ali, ao passo que colocava sua coluna mais ereta e fazia uma feição de bravura.

– Oh, ok, ok, minha jovem guerreira. – Tiffany soltou uma baixa risada, se divertindo com a atitude alheia. – Já que você está forte, quero saber se aceita sair comigo depois que terminarmos aqui.

– Eu quero! – Falou animada, já pensando na possibilidade de ter mais um passeio com a tia favorita. – A mamãe pode ir também? – Se referia a outra mulher, parada do lado de fora da sala, um tanto distraída.

– Claro que sim, se ela aceitar, não vejo problemas. – Abriu mais um sorriso, antes de depositar um beijinho no dorso da mão de Irene.

Com isso e com a aceitação de Bora sobre ir ao local, o trio fora através de uma ambulância para o lugar destinado quando a bateria de exames fora finalizada. Por sorte começaram logo cedo, por essa razão, apesar de um pouco mais tarde, elas não se atrasariam tanto para aproveitar a programação.

Naquele mesmo hospital, Yuri ainda se encontrava no quarto em observação. Já não aguentava mais o lugar, muito menos o fato de não ter conseguido mexer o braço até aquele momento. Estranhava isso, principalmente unido com o fato de que Jessica não informara quase nada para si sobre sua situação após conversar com o médico, no entanto, tentava não focar naquilo, queria que o seu foco fosse pensar no momento em que finalmente sairia dali, o que logo chegou.

Acreditava que Jessica a buscaria, porém, os enfermeiros os quais a colocaram na ambulância de partida para casa poucas horas posterior ao amanhecer, a informaram - a pedido da vice - que a Jung estava a esperando em casa juntamente com seu pai. Em vista disso, mesmo não querendo ver aquele homem tão cedo, aceitou a informação e deixou ser levada, já que pelo menos não estaria sozinha com ele.

Numa circunstância um pouco mais complicada, na casa das Choi Lee, o casal enfrentava uma situação mais delicada na manhã pós atentado...

O lado esquerdo da cama continuava vazio quando Sooyoung abriu os olhos. A mesma tateou o lado oposto do colchão com a esperança de encontrar a esposa ali, mas novamente, Sunny não estava. Igualmente à noite anterior, a anestesista preferiu dormir na sala

Desde a última consulta com a doutora Kwon, o casal não trocava muitas palavras, então aquele tipo de cenário já estava sendo comum. Na maioria das vezes, elas ficavam separadas, uma em cada canto sem ter qualquer interação.

Existiam muitos sentimentos presos dentro de si e ela queria aquele momento sozinha para entendê-los. A ginecologista, por sua vez, compreendia as necessidades da esposa, mas já começava a se sentir uma estranha dentro da própria casa. Queria sentar com menor e conversar, falar tudo o que estava sentindo e ouvir tudo o que a outra sentia. Também desejava ter o luto junto a amada, mas Sunny parecia estar fugindo da realidade, a dura realidade em que se encontravam.

Pensativa sobre tudo isso, em um suspiro, se espreguiçou antes de se levantar. Em seguida, foi ao banheiro, fazendo a breve higiene matinal e ao voltar para o quarto, escutou o barulho do celular indicando uma nova mensagem.

Imaginando que poderia ser alguma urgência, pegou o aparelho rapidamente e checou a mensagem mais recente na mesma velocidade.

Era mensagem de um grupo.

 

Grupo Asan Family:

Kwon Sangwoo 8:30: Bom dia a todos! Como vocês sabem, há alguns dias nosso hospital e nossos funcionários sofreram com o infeliz incidente com um dos pacientes. Eu mesmo, sofri em dobro tendo minha filha e minha esposa expostas ao perigo...

 

Ao ler aquela parte, a mulher revirou os olhos e riu com certo deboche, mas logo, voltou a ler o comunicado.

 

Pensando nisso, gostaria de propor uma reunião com todos os nossos funcionários para espairecer e esquecer desse fatídico dia. Estarei cedendo a minha casa para tal, já que também será o dia em que a minha amada filha sairá do hospital. Iremos comemorar a sua volta para casa.

Conto com todos vocês, hoje em [endereço], a partir das 9 da manhã.

E lembrem-se: Asan acima de tudo, Deus acima de todos!

 

Ao terminar de ler, ponderou se ela e a parceira devem ir ou não nesse encontro coletivo. Talvez fosse uma boa ideia sair um pouco de casa, mas será que estavam preparadas para isso?

Elas souberam sobre o atentado no caminho de volta para casa, mas as duas estavam tão entorpecidas com as notícias sobre a esterilidade da Lee menor, que sequer conseguiram pensar em qualquer outra coisa, sendo assim, mesmo sem estarem com a precisão de esquecer do que ocorrera no Asan, a dupla precisava tentar esquecer pelo menos por alguns minutos, do outro acontecimento que as martelava.

Analisando se deveria contar à esposa sobre a novidade, a mais alta seguiu à sala. Naquele cômodo não foi difícil encontrar a oposta, uma vez que ela estava vidrada na televisão com os olhos profundos cheios de olheiras escuras, pelos quais diziam que ela havia passado a noite em claro. Outra evidência, estava na mesinha de centro em forma de uma garrafa de vinho já quase vazia.

Vendo tal cena, Sooyoung exalou, sentindo seu coração apertar. Por um tempo, ficou ali, observando a mulher por alguns breves segundos, em um total silêncio, pois apesar de estar focada na TV, Sunny parecia estar bem longe dali, permitindo que a olhassem sem mesmo perceber.

– Sun... – Murmurou quando, a passos curtos, se aproximou do sofá.

Como se apenas tivesse percebido a presença da esposa só quando chamada, a mais baixa a encarou assustada. – Sim?

– Não conseguiu dormir? – Se sentou na breja que sobrara do sofá.

Em reposta, ouviu uma risada soprada. – Como eu conseguiria? – Encarou a mais jovem. – Não sei nem como você consegue...

Ouvindo aquilo, a Choi mordeu a ponta do lábio inferior, sentindo-se mexida com tais palavras amargas. – Eu recebi um comunicado do Asan... – Resolveu mudar de assunto. – O Sang nos convidou para...

– É, eu sei, também estou nesse grupo. – Fez questão de interromper a fala alheia.

Seguidamente, assentindo positivo, a ginecologista observou a menor se esticando para pegar a garrafa de vinho e virar o resto da bebida na boca.

– Acho que seria bom nós irmos. Sair um pouco de casa talvez nos faça esquecer um pouco do que aconteceu...

Do outro lado, uma risada cortada novamente saiu, ao passo que a anestesista, voltava agora a se ajeitar no sofá e vidrar seus olhos na televisão.

– Para você é tão fácil... – Murmurou sem tirar os olhos do telejornal. – Não é de você que vão tirar tudo então não há pelo o que sofrer, não é?

– Você não quer realmente falar isso...

– Não? – Sunny enfim a encarou novamente. – O mais engraçado é que você nem quer tentar fazer a inseminação, não é? – Acusou entredentes, era possível sentir a amargura em suas palavras naquele momento também. – Seja sincera...você realmente queria ser mãe ou só estava jogando tudo para cima de mim?

– Você está me culpando? – O questionamento veio num tom indignado, mas a que proferiu estava alterada demais para perceber. – Eu sempre sonhei em ter uma família, Sun, tanto quanto você!

– E POR QUE NÃO FEZ A INSEMINAÇÃO JUNTO COMIGO? – Esbravejou, jogando a garrafa de vinho num canto qualquer, a despedaçando. – POR QUE ME DEIXOU FAZER ESSA DROGA SOZINHA?

– Em momento algum falamos sobre eu fazer a inseminação... – Apesar do choque de ver a amada daquele jeito, a Choi a responde de forma calma. – Você sempre encabeçou essa ideia, sempre quis ser a que iria carregar a criança, então não venha jogar tudo para cima de mim assim.

– A criança... – A Lee murmurou em decepção. – Não era só uma criança, seria nossa filha Sooyoung, NOSSA FILHA!

– EU SEI DISSO! – Perdendo a paciência, a maior passou as mãos sobre o rosto.

– Sabe o que é mais patético? – Voltou a falar. – Você sequer me deu qualquer outra alternativa que não fosse a inseminação...

Não precisava mais que aquilo para saber que a acusação era sobre adoção. Tal assunto surgiu quando elas conversaram a primeira vez sobre ter uma família, assim como surgiu outras vezes também e havia um motivo para a Choi não querer adotar. Esse motivo a perseguia durante anos e só de pensar na possibilidade, seus nervos se afloravam.

Sem querer entrar naquele assunto, a mais nova suspirou. Sabia que naquele momento, nada do que falasse, surtiria efeito para acalmar a mais velha já que essa estava alterada, inconformada e tentando achar um culpado onde infelizmente não tinha. Fora uma fatalidade o que ocorreu em seu caso, ambas ficaram cegas com a possibilidade de ter uma criança e negligenciaram os riscos de tantos procedimentos químicos nos ovários e no útero da anestesista.

– Eu vou mandar uma mensagem para Jessica dizendo que não iremos a essa reunião... – Sooyoung informou, indo em direção ao quarto a fim de tomar um banho e esfriar a cabeça, mas a voz firme alheia a fez parar no meio do caminho.

– Ah não...nós vamos a essa reunião sim! – Inquiriu de forma rígida. – Você mesma não disse que seria bom pra esquecermos o que aconteceu? – O tom irônico fora captado pela mais alta, contudo, não iria rebater aquilo, por causa disso, apenas voltou a andar ao seu destino sem olhar para trás.

...

Não demorou muito para que o casal estivesse pronto. Sooyoung optou por um conjunto sofisticado que consistia numa camisa social branca e uma calça de linho cinza e Sunny decidiu priorizar seu conforto. Ela já não estava no humor para sair, mas já que iria ao menos deveria ir com uma roupa confortável, por causa disso, ela escolheu um vestido preto com detalhes floridos caído pelos ombros. Ambas tinham os cabelos presos, a maior num coque frouxo que evidenciava sua franjinha e a oposta, com um simples rabo de cavalo.

No carro, as duas se posicionaram em seus respectivos lugares. A menor no banco do passageiro e a outra no do motorista, a qual acionou o GPS com o endereço mandado por SangWoo e iniciou o trajeto.

Desde a discussão matinal das duas, elas não trocaram muitas palavras. O carro estava em total silêncio e se sentindo incômoda com aquilo, Soo ligou o som.

Ironicamente a música que tocou no casamento das duas início na rádio e a Choi, logo nos primeiros segundos da canção, já podia sentir seu corpo enrijecer, sentindo-se totalmente tensa.

“I found a love, for me

Darling just dive right in

And follow my lead

Well, i found a girl

Beautiful and sweet...”

Nesse momento, a motorista olhou para o lado da passageira. As memórias do dia mais feliz de sua vida invadiram sua cabeça, enquanto a realidade mostrava algo completamente diferente.

Sem expressar qualquer reação, Sunny olhava fixamente para a janela do carro.

“Oh, i never knew you were

The someone waiting for me...”

Anterior ao pré-refrão da música, a maior decidiu acabar com aquela situação desconfortável. Ergueu uma mão em direção ao painel do automóvel, tateando o mesmo sem tirar os olhos da estrada, em busca do botão para trocar de estação. Contudo, antes mesmo de encontrar tal botão, a voz da mulher ao seu lado a fez parar imediatamente.

– Deixa... – Pediu baixinho. – Deixa tocar.

Imediatamente, Sooyoung sentiu seu corpo gelar com aquilo. A canção já estava no refrão e seus olhos insistiam em marejar, apesar de seu esforço de manter-se firme para não se atrapalhar com o trânsito.

Para sua sorte, um sinal vermelho a fez parar, como também descansar a mão do volante em sua perna.

“Baby, i'm dancing in the dark,

With you between my arms

Barefoot on the grass

Listning to our favourite song.”

Silabando a letra da música e sentindo seu coração apertar a cada lembrança que ela trazia, a ginecologista sentiu algo quente em sua mão, por isso, seu olhar desceu até a palma descansando em seu próprio colo, encontrando outra coisa junto à ela: a mão de sua esposa.

Sunny ainda olhava para a janela do carro, suas feições não mudaram, mas seu interior estava a maior bagunça que sequer podia contar. Em meio a tantas dúvidas, tanto rancor e dor, aquela música a fez entender que apesar de tudo, havia uma única certeza em sua vida e essa era a maior de todas elas:

Amava Sooyoung. Amava tudo sobre a esposa, desde o jeito cuidadoso até as pirraças que a deixavam deveras louca.

Ela sabia que estava sendo injusto jogar uma culpa que não pertencia a nenhuma delas, na mais alta. No momento da briga mais cedo, aquilo, aquela Sunny embriagada e quebrada, acreditou que achar um culpado a faria se sentir menos vazia, inútil. Porém, culpar a maior apenas piorou tudo o que estava sentindo. Elas jamais brigaram daquele jeito em todos os seus anos de casada. Algumas discussões sim, como todo casal, mas nada que fosse tornar a convivência delas desconfortável. A mais velha sabia que assim como ela, sua companheira também estava sofrendo, afinal, as duas tinham o sonho de ser mães...

O sinal já tinha se tornado verde há algum tempo, mas o carro ainda permanecia parado. As mãos ainda estavam unidas como se dependessem daquilo para sobreviver, entretanto, ao surgir sons de buzinas dos outros veículos mais atrás, as despertaram e foi ali que a motorista quebrou aquele contato para poder tirar seu carro do lugar, levando-o pelas ruas por mais alguns minutos.

A canção de Ed Sheeran acabara quando o veículo fora estacionado em frente à casa de SangWoo e Jessica, porém, mesmo já em frente ao destino, nenhuma das duas ousou sair do transporte.

– Sun... – Soo chamou pela mais velha, cuja não relutou em a encarar. – Há um motivo para eu não querer adotar...

– Soo...não vamos tocar nesse assunto agora, eu...

– Eu menti para você! – A Choi soltou de uma vez só, interrompendo a Lee. Seus olhos voltam a baixar, entretanto a segunda conseguiu ver as lágrimas caindo por eles. – Eu...

– Vamos entrar, espairecer, tentar esquecer tudo o que estamos passando... – Iniciou com um tom calmo, tocando um ombro alheio e parafraseando as palavras da esposa ditas mais cedo, agora que estava mais calma. – Quando voltarmos para casa e se, se sentir confortável, você me explica tudo.

Ainda chorando, Sooyoung assentiu. O casal permaneceu ainda no mesmo lugar, até Sunny retirar o cinto apenas para abraçar a mais nova, mantendo tal contato por breves segundos até enfim se afastarem.

– Eu te amo, Sun.

– Eu te amo, Soo.

Um tanto mais leves, o casal enfim adentrou a casa. Lá, foram recebidas pelo próprio anfitrião e não demoraram a perceber que não tinham sido as primeiras a chegar.

No grande jardim da mansão era possível ver Yoona conversando com Seohyun, enquanto mais ao lado, estavam Taeyeon e Hyoyeon.

Já Jessica, se encontrava saindo da casa trazendo uma bela jarra de suco aparentemente de laranja e foi aí que ela acenou para as recém chegadas.

Sooyoung e Sunny acenaram de volta para e vice presidente e ao tempo que a mais alta foi até a Jung saber mais sobre o ocorrido nos dias passados, a mais baixa seguiu caminho até HyoTae, que já estavam sem a presença de Hayeon por perto.

– Quem é vivo sempre aparece! – Hyoyeon disse divertida, abraçando a amiga que em seguida também é abraçada por Taeyeon. – Achei que vocês não viriam.

– Quase não vinhamos mesmo... – A anestesista suspirou.

Naquele momento, Tae e Hyo se encaram. Era visível para ambas o quanto a Lee estava abatida e elas podiam ver o mesmo abatimento na Choi.

– Aconteceu algo? – Agora fora a vez de Taeyeon questionar.

– Aconteceu... – Umideceu os lábios e deu um sorriso um tanto sem ânimo. – Mas eu não estou pronta pra falar sobre isso agora.

Tendo tal sentença, a cardiologista e a enfermeira balançaram a cabeça em concordância com sincronia.

– Estaremos aqui pra te ouvir quando você estiver pronta pra falar. – Hyoyeon afirmou e abriu os braços, oferecendo um outro abraço, cujo foi muito bem aceito pela anestesista.

Logo, Yoonhyun se juntou às três mais afastadas, cumprimentando a recém chegada e logo iniciando uma conversa aleatória sobre filmes e séries. De momento a momento, Seohyun dava pequenas olhadas em direção a Hyoyeon e Taeyeon. As duas loiras pareciam estar ainda mais soltas perto uma da outra com olhares afetivos, sorrisos e toques inesperados como abraços e entrelaçar de dedos. Ver aquilo não estava alegrando em nada a jovem pediatra e por esse motivo, não muito tempo depois, pediu licença ao círculo de amigos, alegando que precisava ir ao banheiro.

...

Durante o tempo em que algumas pessoas estavam espalhadas pelo quintal, Jessica, juntamente a demais pessoas - incluindo Hayeon e Sooyoung, que se prontificaram a ajudar - foram até a cozinha preparar algumas guloseimas e bebidas para distrair todos convidados. Nem todos tinham chegado ainda, isso incluía sua enteada, por esse fator, vez ou outra, a castanha olhava para a janela com a visão para a entrada da casa, que agora aberta, a permitindo enxergar quem chegasse ali. Ela fazia isso com frequência, denunciando sua tamanha ansiedade.

Depois de repetir tal ato cerca de trinta vezes, uma ambulância estacionou do nado de fora e aquilo fez a Jung se sobressaltar, pensando na possibilidade de ser Yuri finalmente chegando. Então, saiu as pressas da cozinha, só parando no meio do caminho ao perceber que não se tratava de quem pensava ser e sim da médica americana, a qual estava acompanhada com uma outra mulher e uma criança, cuja sabia que era paciente do hospital.

Conhecia por alto as duas ao lado de Tiffany, já que mesmo tentando fugir das fofocas, ouvia com frequência sobre elas. Sabia que a pequena se chamava Irene e era paciente da neurologista, só não sabia ao certo quem era Bora, se possuía parentesco com a criança ou com a médica, por isso, essa dúvida acabou-lhe acometendo e chegou a prometer tirá-la antes de irem embora.

Já estava com vontade de falar com a Young há alguns dias, então seria a oportunidade perfeita para puxar assunto.

Quando as três saíram da ambulância, cumprimentaram as pessoas que estavam do lado de fora. Irene estava em sua cadeira de rodas, no meio de Tiffany e Bora, sendo paparicada por cada pessoa que passava, menos por Sunny, que apenas a dirigiu um aceno e um sorriso simpático, visto que a mesma ainda não conseguia ver uma criança mais sem querer chorar.

Conseguinte as iniciais, as mulheres seguiram para um dos cantinhos com sombra daquele espaço, já que seria melhor para a Irene. Pelo menos, a figura infantil e Bora conseguiram fazer isso, pois a médica entre elas foi interrompida.

– Stephanie? – Jessica chamou, fazendo a mulher da frente olhar para trás.

– Ah, oi, Jessica. – Sorriu minimamente em resposta.

– Nós podemos conversar lá dentro? – Usando o polegar, indicou o interior da casa, fazendo um convite.

– Claro. – Respondeu positivamente antes de acompanhar a mesma até a sala. – Sabe, eu trouxe elas duas comigo e espero que isso não tenha problema...

– Não tem problema, não se preocupe. Já ouvi falar que você tem um grande apego com essa paciente. – A Jung tentou ser simpática, ao passo que se sentava ao sofá, tendo a outra do seu lado.

– Sim, isso é fato. – Soltou uma baixa risada, se ajeitando no estofado.

– Aliás, quem é a outra mulher? Sua esposa? – Questionou, tentando sanar sua dúvida. – Desculpe se eu estiver sendo indelicada...

– Oh, não se preocupe. E não, ela não é minha esposa. A Bora é mãe da Irene. – Deu de ombros, cruzando as pernas.

– Ah sim, entendo. – Assentiu, torcendo os lábios.

– Mas sobre o que você queria tratar comigo? Algo aconteceu? – O questionar veio da morena.

– Ah, não se preocupe, não é nada de demais. É só que... – Levou seu olhar à Young. – Sabe, desde a vem que você se ingressou no hospital, não consegui conversar com uma das melhores médicas já vistas no Asan. – Deu uma breve pausa, se permitindo soltar uma baixa gargalhada, o que arrancou um sorriso largo da oposta. Ela vivia recebendo elogios, mas uma a mais sempre era bem-vindo. – E nas poucas vezes em que conversávamos, sempre tinha a Yuri no meio. Sempre era sobre Yuri. – Rolou os olhos, arrancando uma gargalhada da americana.

– Parando para pensar, isso é verdade.

– Primeiro, foi aqui em casa, no encontrinho de vocês. Depois, ontem, no hospital... – Respirou fundo, anterior à próxima fala. Naquela altura, Tiffany já estava recomposta e prestava atenção na Jung. – E nas outras vezes, só te vi pelos corredores, ou então, pelas câmeras de um certo banheiro... – Estreitou os olhos no rumo da morena, a qual chegou a travar seu corpo minimamente. Começou a achar que seria demitida ali mesmo. Não que fosse um problema para si arrumar outro emprego, mas não queria ter que transferir Irene novamente.

– Aquela baixinha loira... - Se referia a Taeyeon entredentes.

– Não se preocupe, não irei te punir. A Yuri já pagou pelas duas. – Disse divertida, dando de ombros. Com o comentário, a estrangeira ficou mais aliviada. – E não culpe a Taeyeon, ela só queria proteger a irmã. Eu mesma a entendo, sabe? Também faria a mesma coisa para proteger a minha irmã mais nova... – Afirmou pensando em Krystal. – Você não faria o mesmo pela sua?

– Pela minha? – Franziu o cenho em confusão, até entender que Jessica se referia à uma irmã. – Oh, eu não tenho irmã.

– Não? Você não é filha da Bora também? – Ficou com os lábios entreabertos em surpresa.

– Não... – Negou em meio a um pequeno riso nervoso.

– Céus, eu jurava que você era irmã da Irene. Vocês são muito parecidas, os traços e tals. – De longe e com o indicador no ar, passeou o rosto alheio. – Fora o sorriso. Eu vi a Irene sorrindo e vi agora você também sorrindo e por Deus, são muito parecidas! – A vice discursava estando realmente surpresa com as negações. – Se você não tivesse me dito que a Bora era a mãe, juraria que você mesma fosse. – Finalizou, observando que a neurologista de sua frente ficava ainda mais estática que da outra vez, até mesmo tinha os olhos um tanto arregalados.

A americana não sequer conseguiu falar nada. Apenas ficou paralisada, encarando Jessica com a mesma expressão.

No dado minuto em que essa segunda observou o lacrimejar dos olhos alheios, a vice voltou a se pronunciar. – Ai meu Deus...toquei em um assunto muito delicado? – Perguntou, de modo receoso.

Como resposta, a morena apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos, na tentativa de não deixar as lágrimas escorrerem.

– Você é, não é...? – Jessica conseguiu ter certa noção do que estava se passando ali, então, tirou a conclusão mais lógica para si.

– Acho que eu não deveria ter começado mentindo para a minha sub chefe. – Foi a única coisa que conseguiu proferir, enquanto soltava uma risada soprada e voltava a abrir os olhos.

– Não se preocupe. – Vagarosamente, tocou um dos ombros alheios, acariciando-o. Praticamente no mesmo segundo, a castanha ouviu mais uma sirene, indicando que mais uma ambulância havia chegado. Era finalmente Yuri saindo de lá. Com isso, a Jung se agitou. – Ei, eu preciso ir lá fora, okay? Você fica bem aqui?

– Fico sim. – Declarou, respirando fundo. Se alto praguejava mentalmente por ter se deixado levar pelas emoções novamente, ainda mais para alguém que nem era sua amiga.

Ainda.

Então, Jessica se levantou, rumando-se para fora, mas antes de sair, foi chamada novamente.

– Jessica... – Chamando-a, era a voz embargada de Tiffany.

– Sim? – Parou na metade do caminho, voltando a olhar a de trás.

– Você pode...não comentar para ninguém?

– Fica tranquila. – Ela sorriu minimamente, antes de seguir o seu caminho para o quintal.

Não muito depois, a americana fez a mesma coisa, indo até o quintal, após se recuperar mais do baque.

– Pany! – Aquela vozinha fina podia ser ouvida de longe. – Pany! – Irene estava indo na direção da Young, em passos desengonçados. Apesar da pequena usar cadeira de rodas, ela conseguia andar, contudo, de maneira bem debilitada e limitada, por isso a neurologista responsável por si, preferia que ela ocupasse esforços usando a cadeira de rodas.

– Ei, baby! Você não deveria estar correndo tanto assim. Cuidado. – Se abaixou para pegar a paciente no colo, levando-se assim que o fez.

– É porque eu quero ir brincar, tia. Brinca comigo, por favorzinho! Não quero ficar com adultos chatos... – Montou em seus olhos um olhar pidão, como se fosse um cachorrinho.

– Eu aceito o convite, princesa. Onde você quer ir?

– Hm... – Começou a olhar pelos arredores, procurando algo que lhe interessasse. Logo, ela viu uma figura loira e baixinha, um tanto mais afastada, finalizando uma ligação. A mesma tinha se afastado a pouco do grupo de amigas para atender o telefone. – TIA TAE! – A menininha gritou, olhando e apontando para Taeyeon ao reconhecê-la.

Tiffany rolou os olhos, no entanto, tentou fazer com que a Irene não visse. – Ela deve estar ocupada, vamos brincar só nos duas. – Passou a caminhar até a sala com a criança ainda no colo.

– Não, tia, eu também quero chamar a tia Tae. – Esticou-se no rumo em que a outra médica estava indicando que ela queria ir até lá e consequentemente, obrigando Tiffany a parar seus passos. – TIA TAAAAAE! – Gritou mais alto, dessa vez, chamando a atenção da chamada, a qual sorriu e desviou seu caminho original, passando a ir em sua direção, deixando Irene mais animada.

Talvez a Tiffany tenha ficado com ciúmes. Talvez.

Quando a loira chegou, a Young ainda estava de costas e a criança estava com o rosto virado para trás.

– Oi, criança. – Ditou de forma simpática, apertando o pequeno nariz alheio.

– Oi, tia. – Sorriu, fazendo uma pequena careta com tal aperto. – Vem brincar comigo e com a outra tia.

– Oh, eu não quero atrapalhar vocês. – Indagou quando percebeu que era Tiffany que estava ali.

– Não vai atrapalhar. A titia também quer a sua companhia, não quer? – Olhou no rumo da morena, esperando uma resposta esperançosa.

No mesmo minuto, a neurologista encarou a outra adulta.

– Claro. – Disse de forma séria, voltando seu caminho até a sala com a paciente no colo.

– Eba!!! Vem, Tae! – A garota chamou a atenção da baixinha, a qual as seguiu depois de ficar alguns segundos estática em frente à porta. Sabia que a resposta positiva da americana acontecera apenas para agradar a figura infantil, mas não a impediu de ficar surpresa.

Já ali na sala, o trio se sentou ao sofá, com Irene sendo colocada no meio.

– O que você quer fazer, baixinha? – Kim perguntou, olhando para o ser menor que ela.

– Eu quero desenhar!

– Deixa eu ver... – Taeyeon iniciou uma busca com os olhos, procurando algo por aquele cômodo. – Achei! – Ao se levantar, pegou um amontoado de folhas brancas e alguns lápis que estavam espalhados por uma das gavetas abertas do móvel que sustentava a TV. – Vamos sentar no chão, assim nos apoiamos na mesinha de centro. – Dito isso, a mesma se sentou ali, colocando os objetos na mesa e logo sendo seguida pelas restantes.

Cada uma pegou uma folha e um lápis.

– Tia, te desafio a desenhar um porquinho. – A ordem foi de Irene à Fany. – E você. – Apontou para a Kim. – Desenha um anão da branca de neve. Seria interessante um auto retrato seu. – Cobriu a boca com uma das mãos, rindo baixinho. Do outro lado, a Young segurou o riso.

– Ei! Que audácia! Sou mais alta que você. – Cruzou os braços, emburrada. – Quer cair na briga comigo? – Desfez o cruzado apenas para fazer murinhos com as mãos, direcionados para a criança, como se a chamasse para uma briga.

– Não, porque você não teria coragem de me bater, então eu ganharia. – Colocou os dois polegares em suas bochechas e começou a mexer as mãos, à medida que mostrava a língua.

– Aish, sua convencida. – Imitou o ato alheio, também mostrando a língua daquela maneira.

– Vocês duas acabaram? – A neurologista questionou, fazendo as duas pararem o que faziam.

 – Irene, eu acho que a sua tia está com ciúmes. – Taeyeon sussurrou, olhando para a menor.

– Eu também acho isso. – O sussurro agora veio da garotinha, que mais uma vez cobriu a boca com uma das mãos, rindo de forma sapeca.

– Vamos começar a desenhar logo, andem. – Rolando os olhos, a morena ordenou, passando a começar seu desenho em seguida e não demorou para ser acompanhada pelas demais.

Permaneceram naquele cenário por alguns minutos, cada uma em seu canto desenhando. Ele foi cortado somente quando a mais nova chamou a atenção de Tiffany.

– Tia, olha. Eu me desenhei. – Mostrou o papel com o desenho de uma menina no meio da folha. – Ainda vou desenhar mais coisas.

– Ficou uma gracinha, minha querida. – A médica olhava abrindo um sorriso grande.

– Também quero ver. – Foi a vez de Taeyeon se pronunciar. Então, Irene virou a folha para ela. – Uau, sabe o que isso está? – Manteve os lábios entreabertos e as sobrancelhas erguidas.

– O que?

– Isso está simplesmente esplêndido! – Seu tom de voz era animado ao elogiar o desenho.

– Obrigada, tia! – Irene se agitou mais ainda, se demonstrando bem satisfeita com o elogio.

– Olha, eu já terminei o meu. – Estendendo o seu desenho, a cardiologista anunciou.

– O seu desenho também está simplesmente esplêndido! – Com a mesma entonação de entusiasmo, Irene imitou aquela expressão. – Veja só, tia. – Chamou Tiffany, mostrando o desenho alheio.

– Nossa. – Ergueu o olhar, analisando a figura de um anão da branca de neve, um tanto quanto desengonçado. – É o desenho mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. – Abriu um sorriso forçado, olhando diretamente à dona do desenho.

– Obrigada, Tiffany. – Kim devolveu o curvar de lábios da mesma forma.

Antes que continuassem com aquela interação estranha, escutaram uma pequena tosse da mais nova.

– Tia...estou sentindo a minha boca e a minha garganta secas... – Falava com a neurologista, tossindo mais uma vez.

– Eu busco um copo de água para você. – Tal premissa não veio da morena e sim da cardiologista, cuja já se levantava e partia até a cozinha. Tiffany ficou um pouco sem reação diante daquilo, pois não imaginava que a outra tomaria uma atitude tão rápida.

– Você está sentindo mais alguma coisa? Alguma dor em algum lugar? – As perguntas possuíam um tom preocupado vindo da americana.

– Eu estou bem, só preciso de um pouco de água. Não se preocupe. – Abriu um sorriso tentando confortar a mais velha. Conseguinte, desviou o olhar para a folha que a maior desenhava. – Wow, o seu desenho está ficando simplesmente esplêndido! – Apontou para o rascunho de porquinho no papel.

– Não acredito... – Bateu a destra na própria testa.

– O que foi? – Perguntou inocentemente.

– Você realmente vai ficar repetindo tudo que a Taeyeon diz?

– O que tem, tia? Eu gosto do jeito que ela fala. – Deu de ombros, anterior ao sorriso que permitiu surgir em seus lábios. Com aquela cena, a neurologista apenas conseguiu suspirar baixo.

– Aqui está. – A terceira mulher voltou com um copo de água nas mãos, passando a entregá-lo para Irene, a qual bebeu tudo em quase uma golada só.

– Agora eu vou terminar o meu desenho, esperem. – Limpou a boca e deixou o copo na mesinha, voltando a sua atenção em seu desenho. Enquanto ela terminava os seus rabiscos, as demais ficaram em silêncio, sem sequer trocarem contatos visuais.

O clima foi quebrado minutos depois em que Irene terminou a obra de arte.

– Terminei, olhem. – Chamou a atenção de ambas as médicas. – Desenhei eu no meio e vocês, uma de cada lado. – O desenho era exatamente aquilo que relatara. Uma criança no meio e duas adultas, uma em cada lateral.

Assim que terminaram de analisar o papel, Taeyeon e Tiffany se encararam, um tanto perplexas, mas, o contato fora cortado pela voz da menina novamente.

– Cansei de desenhar, quero fazer outra coisa! – Constatou, se erguendo minimamente e sentando-se no sofá.

Como um belo escrito do destino, Jessica passou perto dali, atravessando o caminho até a cozinha, o que não passara despercebido pela criança.

– Ei, moça. – A menininha chamou a castanha, que por puro extinto, a olhou.

– Oi, neném. – Se aproximou. – Você está precisando de alguma coisa? – Sentou-se num dos braços do sofá e afagou os cabelos da mais nova.

– Sim. – Balançou a cabeça concordando. – Você é a dona da casa? Ou sabe quem seja?

– Eu sou uma das donas, vamos assim dizer.

– Então você pode me dizer onde tem maquiagens? Eu quero maquiar minhas titias. – Ditou, arrancando certo pânico na Young e na Kim, as quais se entreolharam novamente, assustadas.

– Oh... – Vendo a reação das outras mulheres, Jessica segurou a risada. – Vamos, eu mostro onde tem. – Levantou-se, indicando que subiria as escadas. A seguindo, as três restantes também trataram de subir as escadas, contando com Taeyeon segurando a figura infantil.

No andar superior, a Jung adentrou o próprio quarto e antes de sair novamente, colocou as maletas de maquiagem por cima da cama.

– Fiquem à vontade e boa sorte. – Acenando, alegou divertida. Durante sua saída recebia olhares de pedidos de socorro das outras adultas.

– Quem quer ser a minha primeira voluntária? – Irene fez o leilão. Taeyeon e Tiffany estavam sentadas próximas, sendo separadas apenas pela garotinha, que se encontrava ajoelhada no colchão com alguns utensílios de maquiagem já em mãos.

— Calma, Stephanie, não precisa brigar por esse posto. — Taeyeon proclamava, usando as mãos para simular um pedido de calma. Do outro lado, Tiffany estava completamente o contrário de animada, claramente sem estar brigando por aquele posto de bonequinha da Irene. — Eu te dou as honras. — Abriu um sorriso em ironia, recebendo uma fuzilados com o olhar da neurologista.

— Então vou fazer maquiagem em você primeiro, Pany! — Pegou os objetos que segurava em mãos e começou a separá-los, para usar. De maneira animada e sem jeito, ela usava o rosto da mais velha como quadro, pintando aqui e acolá, passando sombras fortes, blush marcante e um batom ainda mais chamativo.

Observando tudo, a Kim só conseguia segurar a risada e receber um olhar quase perfurante da Young.

Passado-se aqueles minutos de tortura para a neurologista, a Irene se afastou, mostrando o que havia feito.

— Terminei. — Anunciou de forma orgulhosa. — O que você achou, Tae?  — Olhou a respectiva.

— Nossa. — Deixou um sorriso largo se formar em seus lábios, mas nele continha um ar de divertimento, pois segurava a gargalhada mais do que tudo. — É a maquiagem mais bonita que eu já vi em toda a minha vida! — Debochou igual à morena sobre seu desenho minutos atrás.

Tiffany apenas continuou a olhá-la como se fosse a estrangular a qualquer momento.

— Sim, mas para ela ficar simplesmente esplêndida, precisa de uma roupa bem chique. Eu vou pedir para a tia Jessica. — Vagarosamente, desceu da cama.

— Não vai sozinha, você pode pedir o equilíbrio, Irene. — Young anunciou, tentando impedir a garotinha de seguir caminho ao andar abaixo.

— Relaxa, tia, eu estou conseguindo equilibrar elas muito bem, acho que já estou me curando. — Disse esperançosa e logo saiu em disparada ao andar inferior, sem deixar brechas para as mais velhas lhe pegarem. Vez ou outra ela sentia suas pernas enfraquecerem ou doerem, mas a todo instante a pequenina as forçava enquanto descia as escadas de modo mais rápido, ainda que desordenado.

No andar superior, as médicas permaneceram sozinhas e não tardou para que Taeyeon soltasse toda a sua gargalhada reprimida.

— Oh, Pany, você está...está tão linda. — Ela dizia em meio às risadas, apontando até o rosto alheio.

— Calada! — Bateu na mão estendida para si, jogando-a para baixo. — Pelo menos eu devo estar mais bonita do que aquele seu gnomo feio!

— Nem ferrando! — Gargalhou ainda mais alto, chegando a encostar suas costas no colchão.

— Nhenhenhenhenhe. — A oposta fez uma careta, ao tempo que revirava os olhos. — Nem parece que a criança aqui é a Irene.

— Não tenho culpa se ela te fez ficar parecendo uma palhaça. — Tentava temperar o fôlego e a postura, sentando-se na cama novamente. — Acho que se ela convivesse com mais crianças, talvez estivesse menos necessitada de brincar conosco. — Após finalmente parar de rir, falou de forma mais suave, limpando as lágrimas e respirando fundo. — Ela é uma criança bem carente nesse sentido, pelo que percebi.

Foi a vez de Tiffany rir em deboche com sua risada abafada. — Você não entende nada de crianças para estar afirmando isso.

— E você se acha a entendedora de tudo sobre a minha vida agora? — Arqueou uma das sobrancelhas. — Pois você está enganada. — Transformara sua feição para uma mais melancólica. — Eu sei muito mais sobre crianças do que você pode imaginar... — Argumentou encarando a oposta, mas logo desviou o seu olhar para a porta quando percebeu que seus olhos começarem a arder.

Antecedendo mais alguma fala, os passinhos foram ouvidos novamente, mas agora, subindo as escadas. Quando enfim chegou no quarto, Irene parou e respirou fundo diversas vezes, pois sentia seus pulmões arderam com falta de ar, além da boca seca.

Aquilo chamou a atenção das mulheres.

— Irene, é melhor você se sentar. — Sua neurologista argumentou.

Seguinte a ordem, a garotinha a fez, movendo-se na intenção ir até a cama. Contudo, nos primeiros passos, sentia suas pernas enfraquecerem e por isso, não conseguiu continuar a caminhada, sendo logo jogada ao chão.

— Ai meu Deus. — As médicas se sobressaltaram, levantando-se rapidamente para pegar a criança. Por ter sido mais rápida, a Kim pegou-a no colo antes e voltou a se sentar na cama com a mesma.

— Você está bem? Quer mais água? — Ao mesmo tempo em que loira segurava a paciente, Tiffany ficava ao lado delas, como uma mãe coruja.

Irene só conseguiu balançar a cabeça negativamente antes de se inclinar minimamente e vomitar com tudo no colo da cardiologista.

— Oh gosh... — Analisando sua roupa completamente repleta de vômito, a Kim murmurou.

Em seguida, um choro começou a surgir na figura infantil. Ela estava se sentindo completamente envergonhada por ter vomitado no colo da mais velha.

— T-tia, m-me desculpa... — Pedia em meio ao choro, olhando para Taeyeon.

— Por favor, não briga com e-

— Relaxa. — A Kim interrompeu a fala que a morena começava a soltar. — E você, minha pequena. — Retornou a atenção para a criança. — Não se preocupe, okay? Está tudo bem, foi um acidente, acontece. — Tentava confortar a menina, limpando as lágrimas dessa.

— V-Você n-não vai f-ficar brava? — Seus soluços agora se faziam mais presente.

— Não vou, prometo que não. Está tudo bem, mesmo. — Sorriu de modo simpático, beijando a testa de sua frente logo após. — E você promete que vai parar de chorar e me mostrar um sorrisão lindo, hein? — Aumentou o sorriso, dizendo de forma mais divertida. — Vai, abre, abre. — Usou uma das mãos para fazer pequenas cócegas na menor, a qual começou a rir quase que no mesmo segundo.

— Cócegas não valem! — Rindo, Irene se contorcia nos braços alheios.

— Agora sim, estou satisfeita. — Parou com o que fazia. — Mas eu preciso ir me limpar, certo? Precisa ir com a Tiffany agora.

— Tudo bem. — Mexeu a cabeça de forma positiva e antes de se soltar da mulher, depositou um beijo na bochecha esquerda da mesma.

Pertinho delas, a Young somente observava a interação.

Tendo a paciente agora em seu colo, fez contato visual com a cardiologista e apesar dos pesares, direcionou um mínimo sorriso de canto à ela, como um pequeno agradecimento silencioso por ter sido paciente com sua pequena.

Por fim, a mais alta saiu do quarto com a menina no colo, deixando a Kim sozinha para se limpar.

...

Seguinte a chegada de Yuri, a reunião ocorreu consideravelmente bem.

Seu pai, fez um belo discurso para os mais próximos do portão sobre o quanto ele estava orgulhoso da filha, mas acabou passando certa vergonha quando a Kwon ignorou suas palavras, dando as costas e adentrando a casa.

  Ela deve estar cansada.  – SangWoo reiterou envergonhado conforme a figura feminina sumia pela entrada da mansão.

Após, ao longo do dia, os comes e bebes foram servidos para os convidados e naquela altura, Yuri já estava de volta ao lado de fora da casa.

Ela passou a conversar com a Young e Bora - depois que essa primeira cuidou do pequeno mal estar da menor e retirou sua péssima maquiagem - finalmente conhecendo a pequena Irene e surpreendentemente, as duas se deram bem, visto que, a Kwon era uma bobona com crianças, mesmo parecendo impossível.

Chegava a ser engraçado ver sua tentativa de brincar com a aquela, pegando-a no colo tendo apenas um braço sadio. Era engraçado também ver as reações ao redor das duas. As médicas e enfermeiras estavam vendo um outro lado da neurologista e havia um olhar em questão, por entre os convidados, que a cada instante, conhecia as mil faces escondidas na jovem médica. Jessica estava achando adorável aquele contato, estava tão perdida na cena que sequer percebeu quando o marido se aproximou.

– De quem é aquela criança? – Indagou com certa rispidez. – Ela é filha de uma das médicas? Quem traz uma criança pra uma reunião? Ainda mais uma doente?

Em reprovação, a Jung o encarou. Ela não podia acreditar que aquelas palavras estavam saindo da boca de um presidente de um hospital tão conceituado quanto o Asan.

– Você é um idiota... – Acusou, completamente decepcionada com as atitudes que aquele homem estava tendo. A cada passo em que ela conhecia esse novo lado de SangWoo, mais ela entendia Yuri.

Por consequência, a vice se afastou do mais velho e sem dizer mais nenhuma palavra, o deixou sozinho, rumando a qualquer outro canto longe do marido.

A reunião se seguia dessa maneira.

Posterior a algumas horas, eventualmente a reunião chegou ao fim. Os primeiros convidados a irem embora foram Tiffany, Bora e Irene, em virtude do mal estar da pequena. Então, a paciente se despediu de todos naquela casa. Quis que Taeyeon fosse junto a sua mãe e a Tiffany, mas a cardiologista negou alegando que tinha que levar a irmã pra casa. Claro que isso gerou uma careta na baixinha, no entanto, a Kim prometeu que passaria um dia todo com ela, isso se a mãe e a Young deixassem.

Obviamente pela alegria da mais nova, as duas outras concordaram de imediato. A verdade era que ninguém resistia ao charme de Irene. Como alguém podia dizer não àqueles olhinhos pidões?

Depois da ida daquelas três, cada um dos convidados foi tomando seu rumo de volta a seus lares, até que só restaram os donos da casa e Kwon Yuri.

...

Naquele mesmo dia, algumas horas mais tarde, Jessica acabara de sair do banho com o corpo coberto por um roupão e de cabelos molhados. Estava seguindo até o quarto - porque o cômodo era uma suíte - e já ali, se aproximou da penteadeira, com o intuito de secar seus fios.

Na proporção em que passava o secador pelas madeixas, sua mente viajava, repassando cada acontecimento daquele dia por sua cabeça. Ela relembrou cada simples olhada furtiva que roubava em direção a enteada e sorriu com aquilo, relembrando que Yuri também lhe observou. A Jung estava verdadeiramente feliz por finalmente a morena estar de volta a casa.

Em seguida, a mesma fechou os olhos, lembrando também do momento em que abraçou a mais nova assim que essa saíra da ambulância. O perfume amadeirado da morena estava sendo dificultado de se tirar da cabeça, assim como o toque da mesma em seu corpo. Tal pensamento, foi gatilho para lembrar da “massagem” que a neurologista a fez, ao passo que lhe passava protetor.

Um suspiro escapou na mesma hora, anterior a mordida na ponta do próprio lábio inferior.

Ali, a castanha se encontrava tão envolvida em seus pensamentos que sequer percebeu quando o marido se aproximou, envolvendo sua cintura com as mãos firmes e a puxando para perto.

– Você está tão cheirosa... – Ele murmurou próximo ao seu ouvido, causando um sobressaltar na Jung. No instante em que o homem arrastou os lábios por seu pescoço, a mulher tentou o afastar.

– Hoje não, Sang... – Pediu, empurrando seu quadril para trás ao mesmo tempo em que virava seu corpo para outra direção.

– Por quê? – Perguntou de cenho franzido, a soltando.

De prontidão, Jessica o encarou, já consideravelmente longe do marido. – Porque eu não esqueci o que você fez ainda.

– Não seja tão dramática, meu amor. Foi apenas um erro. – SangWoo soltou uma risada cortada.

Achando aquela resposta um ultraje, Jessica subiu as sobrancelhas.

– Um erro que poderia ter custado a vida de sua filha...e a minha! – Alegando, deu as costas ao mais velho e abriu o guarda roupa, buscando em seu interior um conjunto confortável para dormir.

Não conformado com a resposta da companheira, SangWoo voltou a se aproximar.

– Querida, você não acha que está sendo muito radical? – Se colocou ao lado da castanha. – Yuri está bem, você está bem. Não tem porquê me tratar desse jeito.

Jessica riu soprado. – Em que mundo você vive, SangWoo? – Questionou com rispidez, pegando o conjunto de roupa escolhido e o levando para a cama. – Você acha que nenhuma de nós sofremos com o que aconteceu? Eu estou com medo de entrar no meu próprio trabalho, trabalho este que eu amo fazer e agora... – Pausou, dando um suspiro. – E sua filha... – Dessa vez diminuiu o tom de voz. – Yuri perdeu os movimentos do braço. Como você acha que eu me sinto sabendo que sua filha se machucou por minha causa e a cima disso, por uma negligência sua?

Logo, o Kwon passou as mãos sobre os cabelos, indo à cama.

– Amor, você mesma disse que não é permanente, não é mesmo? – Sentou na borda da cama e encarou a mais nova. – Daqui uns dias tudo vai voltar ao normal, o braço de Yuri, esse seu medo aí, a rotina... – Se ajeitou no colchão e sorriu em direção a mulher, que mantinha a atenção em si. – O que não podemos deixar é que isso afete o nosso relacionamento, nossas necessidades.

Ouvindo aquele discurso, a Jung não resistiu em revirar os olhos. – Você é inacreditável! – Esbravejou, totalmente indignada com o marido, voltando a se afastar, dessa vez adentrando novamente o banheiro a fim de se trocar lá.

Minutos depois, já vestida, voltou ao quarto. Sang ainda estava na mesma posição, sentado. A mulher então foi até seu lado da cama e pegou seus travesseiros.

– Aonde vai? – O Kwon a indagou.

– Dormir em um dos quartos de hóspedes.

– Por quê? – SangWoo se levantou. – Você tem quarto e cama, não precisa dormir em outro lugar.

– Sim, mas eu preciso. Não consigo ficar perto de você sabendo o quão insensível você pode ser. – Soltou uma breve risada abafada.

– Insensível? Eu? – O homem levou a mão até o peito, como se tivesse ofendido. Após, riu com escárnio e começou a negar com a cabeça. – Yuri está fazendo sua cabeça, não é?

– Yuri? – Jessica franziu o cenho. – Yuri não está fazendo nada, Sang. Você está! Se teve algo que Yuri fez, foi abrir meus olhos para o homem com quem eu me casei.

Com aquilo, as feições do Kwon se tornaram enraivecidas igual a tonalidade de seu rosto. Dessa maneira, avançou na castanha e a segurou firme pelo braço.

– Meça suas palavras para falar comigo... – Anunciou entredentes. – Você é minha esposa e me deve respeito!

– Você está me machucando. – Jessica reclamou. Os olhos arregalados denunciavam a surpresa por aquela nova reação do marido. – Me solte!

A figura masculina apertou ainda mais seus dedos entorno da carne do braço da esposa antes de soltá-la, arrancando um grunido de dor da vítima.

– Você deveria parar de dar ouvidos a Yuri. Ela é uma manipuladora, capaz de dizer qualquer coisa pra conseguir o que quer. – Informou, indo em direção a cama.

– Tem certeza que ela que é assim? – Perguntou retoricamente e viu o marido a encarar. Ela então andou até a porta do quarto, mas antes de sair, a voz do Kwon a fez parar.

– Amanhã eu vou viajar para o Japão em uma conferência. Vou ficar por lá cerca de uma semana ou duas por conta também de reuniões com novos fornecedores... – Ele inquiriu, já estando novamente sentado no colchão. – Acho que esse tempo será bom para acalmarmos os nervos.

A mulher assentiu e sem esperar qualquer outra informação, saiu do quarto. Primeiramente, foi até um dos de hóspedes e deixou suas coisas por lá, antes de ir até a cozinha. Toda aquela tensão a deixou tão nervosa que precisava de uma água ou talvez algo mais forte.

Lá no cômodo destino, abriu a geladeira, tirando um jarro de água e buscando um copo no escorredor. Quando o alcançou, depositou o líquido transparente ali e bebeu tudo num gole só. Sentia suas mãos trêmulas e o coração acelerado.

– Você está bem? – Aquela voz causou um susto na Jung, fazendo-a quase deixar o copo cair. Automaticamente, após driblar o copo, virou-se para a entrada da cozinha, de onde Yuri a observava. – Desculpe, eu não quis te assustar... – Se aproximou. – Eu estava no sofá quando você passou e...

– Você ouviu? – A interrompeu, tendo como resposta um breve acenar positivo de Yuri.

– Você está bem? – A Kwon ficou frente a frente com a madrasta, podendo assim ver os olhos marejados. Desceu o olhar até as marcas avermelhadas no braço alheio e apertou o punho da mão sadia. – Ele te machucou? Aquele... – Fez menção de sair, estava disposta a colocar o pai em seu lugar quando sentiu o toque da mais velha a parar.

– Por favor, não... – A Jung pediu, arrancando um suspiro da morena, a qual voltou a encarar.

– Ele não pode fazer isso, Jessica...não de novo. – O comentário da mais nova causou certa confusão na castanha, mas decidiu não tocar em qualquer que fosse aquele assunto.

– Deixe que com ele eu me viro. – Ditou, tentando acalmar a enteada, essa que assentiu, passando a relaxar seus músculos. – Você deve dormir, amanhã começamos sua fisioterapia. – Um pouco mais calma, a madrasta sorriu. A fala fez Yuri subir as sobrancelhas.

– Bom, ao menos você vai me dizer qual o real estado do meu braço ou vai continuar evitando o assunto?

Devido a intimação, Jessica mordeu a ponta do lábio inferior, envergonhada por não ter tido coragem de contar a verdade para a neurologista.

– Amanhã...amanhã nós conversamos sobre isso.

– Certo. – Concordou. – Você deveria dormir também, não quero ter que te aguentar de mau humor amanhã. – Voiceferou num tom brincalhão. – Não é porque eu te salvei que isso signifique que eu goste ou tolere seu mau humor.

A outra abriu a boca fingindo uma indignação e bateu, quase sem força alguma, no ombro sadio da morena.

– Você é uma cobra, Yuri! – As duas acabaram rindo juntas e por incrível que pareça, a morena ficou feliz por ter feito a mais velha sorrir.

Não muito depois, pararam de rir gradativamente, sobrando apenas o silêncio confortável e o olhar profundo das duas, uma para a outra.

– Yuri... – Jessica interrompeu o silêncio, mantendo o contato visual e umidecendo os lábios. – No dia do atentado... – Começou a falar num impulso. Sua dúvida sobre um fato ocorrido naquele dia, estava lhe corroendo por dentro e talvez aquele fosse o momento perfeito para acabar com tais questões. Já tinha evitado dizer no dia anterior, mas agora estava pronta para saber.

– O que tem? – Yuri perguntou, ficando curiosa por aquela mudança repentina de assunto.

Ponderando, a mais velha mordeu a ponta do lábio inferior novamente. – É que... – Suspirou e riu de si mesma, achando engraçado seu súbito nervosismo. – É besteira, não é nada de demais.

– Então diga. – Se aproximou mais, agora estando totalmente curiosa.

Jessica exalou. Não tinha pra onde correr, já tinha entrado naquele assunto então iria até o fim agora. – No dia do atentado... por que você não negou quando o Malai achou que éramos um casal?

Aquela dúvida fez Yuri subir as sobrancelhas com certa surpresa. Ela lembrava daquele fato, só não esperava que o ocorrido seria capaz de tirar o sono da castanha.

– Bem... – Abriu um pequeno sorriso, sem mostrar os dentes. – Para ser sincera eu só queria ganhar tempo. – A Kwon soltou de uma vez. No mesmo instante, a Jung abaixou a cabeça, não podendo ver o sorriso zombeteiro que surgiu da outra.

– Oh...claro – Usou um tom de voz mais baixo para concluir.

Pelo fato de ainda ter uma mínima distância entre elas, a morena deu mais alguns passos. – Decepcionada? – A pergunta veio como um sussurro. Quando Jessica voltou a levantar a cabeça, sua enteada já estava perto. Perto demais.

A Jung engoliu a seco. – N-não eu...eu só... – Deu um passo para trás, se batendo contra a pia.

Aproveitando a situação, Yuri a cercou, juntando seu corpo ao dela e apoiando a mão sadia na superfície da pia. – Por que está nervosa, Jess? – Sorriu com tamanha malícia e aproximou ambos os rostos. – Eu te deixo nervosa?

– Y-Yuri... – Colocou as ambas as mãos sobre os ombros da enteada, a empurrando sutilmente. – Você é insuportável, sabia? – Se afastou. Suas bochechas avermelhadas fizeram a Kwon rir.

– Eu só te fiz uma pergunta, oras.

Em resposta, recebeu a madrasta a afuzilando com os olhos, ao passo que também fazia uma careta. – Não, você não me deixa nervosa e não, eu não estou decepcionada eu só... – Passou as mãos sobre os cabelos e comprimiu os lábios visivelmente nervosa. – Eu só fiquei preocupada de chegar ao ouvido do seu pai e um mal entendido acontecer, afinal, meu marido é ele.

– Nada que um divórcio não resolva... – Yuri sussurrou consigo mesma.

– O que disse?

– Eu disse boa noite, Jessica. – Sorrindo, girou seu corpo e foi em direção à porta. – Tenha bons sonhos. – Desejou, piscando para a castanha antes de enfim sair da cozinha.

Agora sozinha, Jessica soltou o ar que sequer percebeu que prendia. Também se abanou e pegou novamente a jarra de água, enchendo o copo e tomando o líquido transparente de uma só vez para tentar acalmar as descompassadas batidas de seu coração. 

...

No dia seguinte...

Eram quatro da manhã quando o celular de Seohyun começou a tocar, estridente, a despertando do sono junto a namorada.

Ainda de olhos fechados, a pediatra tateou o móvel ao lado da cama até encontrar o aparelho, atendendo-o sem nem olhar quem estava lhe ligando.

Ao ouvir o chamado, a Hyun se apressou em acordar a namorada.

– Yoon, precisamos ir! - Alertou, assim que viu a mais velha abrir os olhos.

Do outro lado da cidade, na casa das irmãs Kim, o celular de Taeyeon anunciava uma ligação. Ao contrário da pediatra, a cardiologista já estava acordada há muito tempo. A verdade era que estava se tornando cada vez mais difícil para a Kim dormir, as noites em claro estavam sendo mais frequentes do que o normal.

Sem delongas, ela atendeu ao número conhecido saltando na tela e no segundo que entendeu sobre o que aquela chamada, num horário tão cedo, se tratava, a loira se apressou em tomar um rápido banho, se arrumar para ir direto ao seu trabalho, não esquecendo de passar na casa de Hyoyeon, cujo a mesma também já havia recebido tal ligação.

No centro da cidade, a neurologista acabara de acordar. Ela estava, novamente, dormindo no apartamento abaixo ao seu. Dessa vez, Bora obrigou Tiffany a dormir junto a ela, dividindo a cama de casal, isso porque a mãe de Irene achava injusto que a amiga dormisse no sofá todas as vezes que Irene pedia que a médica dormisse ali.

Quando seu celular tocou, quem lhe acordara fora Bora, a entregando o aparelho que a despertou rapidamente, mesmo que estivesse em vibracall, por conta de seu sono leve.

Após terminar a ligação, Tiffany levantou da cama com certa pressa.

– Aconteceu algo? – Bora perguntou preocupada.

– Nada que eu não possa lidar. – Respondeu com um sorriso carinhoso.  Diga a Irene que eu não pude ficar, mas que tentarei dar um beijo de boa noite nela ainda hoje.

A oposta assentiu e sorriu. Ela estava amando ver todo aquele cuidado que Tiffany estava tendo com a pequena. – Tudo bem, ela vai entender...não vai tomar café?

– Como algo lá no hospital, não posso me atrasar. –  Por fim, acenou para a amiga ainda deitada na cama e correu em direção a saída.

Não muito longe dali, Sooyoung despertara com sua cabeça latejando por conta do barulho do celular. Ao seu lado, Sunny também fazia caretas por conta do volume do toque.

Mesmo que a contra gosto, a ginecologista atendeu a chamada, contudo, não era ela a pessoa que quem ligava queria falar.

– É para você, meu amor. – Estendeu o aparelho para Sunny que não demorou em atendê-lo.

Do outro lado da linha, a Lee pôde ouvir a voz de Jessica. Essa já estava há muito tempo no hospital, contactando cada um de seus profissionais com certa urgência.

O motivo?

Um grave acidente de ônibus.


Notas Finais


Vixi...

Por hoje é só, pessoal.

Besitos en la bundita e até a próxima!


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