História Beautiful Thing - MILEVEN - "Ei... Eu te amo"

Will entrou no quarto de mansinho, ambientes hospitalares o deixava um pouco intimidado. Ele se aproximou da cama e então pode ver o garoto ali, seu braço estava engessado e havia vários e vários curativos espalhados por seu rosto e corpo.

-Will? E você? – Eddie perguntou, um de seus olhos havia sido atingido e ele estava com um pouco de dificuldade pra deixar o mesmo aberto.

-Eh, sim... sou eu, Eddie. – disse ele, engolindo em seco.

-Estou tão mal assim? – perguntou ele notando a forma como o menino o encarava.

-Esta doendo algo? – Will perguntou ignorando a pergunta dele.

-Meu olho doe um pouco... Mas o resto, eles colocaram anestesias ou algo do tipo, não sinto nada. – Eddie disse com a voz um pouco cansada.

-Você parece cansado... – Will constatou e o outro riu fraco.

-Estou um pouco. – admitiu.

-Então descanse, nos conversamos quando se sentir melhor... – Eddie negou.

-Você esta bem? – ele perguntou deixando Will surpreso. – Eu só preciso saber disso.

-Eu... eu estou, Eddie. Por que? – perguntou, fitando o garoto que mantinha os olhos fechados.

-Eu só precisava me certificar de que ele não fez nada a você... – Eddie disse seguido de um bocejo, os remédios estavam fazendo efeito em seu organismo o que o deixava sonolento.

-Ele? Ele quem? Quem fez isso com você? – Will perguntou afobado.

-Isso não importa... Você esta bem. – Eddie abriu os olhos por um pequeno segundo só pra poder ver o rosto do garoto que ele tanto se importava. – Fique aqui comigo, por fav... – ele nem terminou a frase, pois o sono o pegou de vez o fazendo adormecer.

Will sentiu seu coração se apertar, preferia que fosse ele ali, todo machucado e dolorido, do que Eddie...

-Eu não vou sair daqui. – ele disse capturando a mão do menino entre a sua.

E ele não saiu...

Convencer o pai de o deixar ali não fora fácil, e também os pais de Eddie não estavam entendendo muito bem o por que o garoto insistia tanto em ficar ao lado do filho deles... Mas por fim permitiram.

**

Hopper precisava ir pra delegacia o mais rápido possível, precisava descobrir o que tinha acontecido naquele colégio de um jeito ou de outro, aonde já se viu um garoto que aparentemente e tão inocente apanhar como apanhou?

Como Eddie ainda estava inconsciente e se recuperando ele ainda não podia o interrogar em busca de informações agora. O que lhe restava então era buscar pelas câmeras de segurança da escola e por testemunhas.

-Tenham juízo. – advertiu ele ao deixar Mike e Eleven na casa do maior. – E se lembrem do que conversamos mais cedo. – ele estava serio.

-Fica tranqüilo, pai. – El disse sorrindo e depois olhou pro namorado. – Mike não vai mais me morder, não e mesmo? – Ela riu sapeca enquanto o namorado corava a bochecha.

-Não... claro que não. – Mike disse sem graça, Eleven queria apertar suas bochechas de tão fofo que ele era.

-Certo... – o homem encarou o casal mais uma vez. – Então, te busco quando sair da delegacia. – El assentiu e o pai deu partida no carro saindo dali.

-Se eu fosse você correria... – Mike disse do nada a deixando confusa.

-Como? – perguntou o olhando.

-Se eu fosse você correria, por que agora eu vou te morder só pra você aprender a me fazer passar por situações constrangedoras como essa outra vez. – disse ele rindo fraco, a menina arregalou os olhos.

-Isso não e serio né?! – perguntou duvidosa.

-A.... e muito serio. – Mike disse serio, a menina então não pensou duas vezes, o deu as costas e começou a correr enquanto ria.

Só que Mike era mais rápido e tinha as pernas mais longas então não foi difícil ele a alcançar. O garoto a agarrou por trás da cintura rindo.

-Agora você não foge... – disse ele a virando pra si, a menina sorriu e passou os braços pelo pescoço dele.

-E o que você vai fazer comigo? – perguntou olhando nos olhos dele, Mike não respondeu.

O moreno se inclinou um pouco e como resposta tomou os lábios da menina com o seu, os dois deram inicio a um beijo calmo, seus lábios aproveitavam do calor um do outro. Mike subiu uma de suas mãos ate as costas de El a puxando pra mais perto de si, ela sorriu contra a boca dele e então acariciou os cabelos negros que ela tanto amava.

O fôlego começava a faltar, Mike segurou o lábio inferior da menina entre seus dentes e mordeu, puxando de leve em seguida. Eleven gemeu fraco e sorriu quando o namorado soltou seu lábio, sorrindo também.

-Esta ficando muito safadinho, Wheeler... – cochichou ela.

-Culpa de um garota ai... – disse ele sem tirar os olhos dela.

-Uma garota? Que garota? – ela fez de desentendida.

-Vou te mostrar... – E então ele uniu seus lábios outra vez.

Agora suas línguas faziam parte do beijo também... El queria rir com o pensamento que veio em sua mente, ele nem sabia o que era beijar a alguns dias e olha agora... Mas não teve tempo. Em meio a pegação e caricias o casal nem notou que estavam exatamente em frente a porta da casa do garoto.

E foi só quando a porta se abriu que eles notaram isso... A pequena Holly gritou assustada com a cena, fazendo com que os dois se separassem assustados também.

-Holly? O que aconteceu? – Karen saiu correndo em direção a porta, se dando de cara com o filho do meio e a filha do xerife da cidade, ela sorriu maliciosa. – Eleven, Mike...

-Mãe... – Mike disse envergonhado.

-Olá, senhora Wheeler. – El disse se esforçando pra sorrir, estava morrendo de vergonha também, será que acabou de deixar uma criancinha traumatizada?

-Olá, querida. – a mulher a puxou pra um abraço caloroso que ela retribuiu. – Tudo bem por aqui? – perguntou quando soltou a menina, os dois adolescentes assentiram como se nada tivesse acontecido. – Hum... Por que estava gritando, Holly? – perguntou Karen olhando pra pequenina.

-O Mike... ele estava... – a menina fez movimentos com a língua tentando imitar o que tinha presenciado. – Na boca dela! – ela apontou pra El com os olhos arregalados.

-Holly! – Mike brigou olhando pra irmã.

-Mike? – Karen olhou pro filho em busca de explicações, o menino bufou alto sabendo que a mãe não se contentaria se ele não falasse o que tinha acontecido.

-Nos... nos estávamos... eh... – ele se complicava com as palavras.

-Nos beijando. – Quem falou foi Eleven vendo a mulher sorrir de lado, ela sentia as bochechas coradas. – Estávamos nos beijando aqui e ai a Holly abriu a porta... Não foi por mal. – disse e depois forçou um sorriso.

-Oh... Eh. – Karen não conseguiu segurar o riso.

ELE NÃO E GAY! MEU FILHO NÃO E GAY! MIKE ESTAVA BEIJANDO UMA GAROTA!

Era isso o que se passava na cabeça da mulher naquele instante.

-Tudo bem... Só não façam isso na frente da Holly, ela ainda e muito pequena. Vai brincar, querida. – ela disse sorrindo a filha que saiu correndo dali.

Mike prendeu seus dedos aos da namorada e então entraram dentro de casa, o menino coçou os cabelos ao notar que o olhar da mãe se prendia em suas mãos unidas.

-O mãe... Então. – começou meio tímido, ele olhou pra El buscando a aprovação dela, a menina entendeu e assentiu que sim com a cabeça. – Eh... eu e a El, nos... – ele engoliu em seco.

-Vocês... – a mulher o incentivou olhando esperançosa para os dois.

-Nos... estamos namorando. – ele contou e a mulher sorriu se jogando em cima dos dois em um abraço grupal.

MEU FILHO TEM UMA NAMORADA!

Ela gritava internamente enquanto apertava os dois contra si.

-Mãe... chega. A gente não ta conseguindo respirar. – Mike falou e então a mulher os soltou.

-Desculpe... E só que, eu fiquei contente. – contou ela sorrindo de orelha a orelha.

-Percebemos. – El falou sorrindo também.

Um silencio constrangedor se formou entre eles... Ate que Mike resolveu o quebrar.

-Eh, eu e a El vamos ir estudar ok?! – disse ele, a mulher assentiu.

-Claro, vão lá! Vou preparar biscoitos pra vocês! – disse sorridente e então partiu pra cozinha.

O casal riu sozinhos na sala e então foram pro porão, lugar que sempre estudavam juntos...

**

Enquanto isso no hospital, Will observava Eddie dormindo tranquilamente na cama, os pais do garoto tinham saído e disseram que já voltavam. Eddie começou a se remexer na cama chamando a atenção do menor.

-Ei, tudo bem... estou aqui. – Will disse se pondo do lado da cama.

-Will. – Eddie falou com a respiração ofegante.

-Um pesadelo? – perguntou, o outro assentiu. – Bom, pode me contar se quiser. – disse ele sorrindo fraco.

-Sonhei que ele estava aqui, que fazia o mesmo com você. – disse Eddie ainda com dificuldade pra respirar.

-Que me batia também?

-É...

-Eddie, quem fez isso com você? – Eddie engoliu em seco.

-Não quero que saiba. – disse.

-E por que não? Eu quero te ajudar, a pessoa que fez isso vai pagar! – o desespero soou em Eddie, Will não podia fazer isso, ele não queria nem correr o risco de o perder.

-Você não deve fazer nada, Will. – disse serio.

-Então me conte quem fez isso! – Will falou um pouco mais alto fazendo Eddie engolir em seco. – Me desculpe gritar... – ele encarou os pés.

-Foi o Troy... Ele viu a gente na festa da Iris, ele viu quando nos beijamos... – Eddie contou, falar isso era como se uma tonelada de culpa estivesse em suas costas, afinal de contas, foi ele quem iniciou tudo isso, ele quem beijou ao Hopper.

Will não conseguia dizer nada, sentiu a raiva subindo em seu peito, então bateram nele por causa disso!

Eddie viu a fúria subindo aos olhos do menino, Will o deu as costas e coçou os cabelos.

Deve estar com raiva de mim, esta no meio de isso tudo por minha causa... pensava ele.

-Will... – ele olhou o garoto. – Me desculpa, serio... eu não queria isso, não queria te envolver nisso tudo, você deve estar morrendo de raiva de mim. – suspirou segurando o choro, Will se virou pra ele preocupado.

-Ei, não... Não sinto raiva de você, sinto raiva daquele imbecil preconceituoso! – disse serio, Eddie piscou algumas vezes tentando assimilar aquilo. – Nos vamos resolver isso ok?! Isso não vai ficar assim! – Eddie assentiu concordando.

O olhar de Will que ate então estava preso nas orbes castanhas de Eddie desceram para a boca rosada do menino, havia um pequeno bandeei ali, denunciando que ele havia cortado a boca também. Will engoliu em seco, nunca sentiu tanto vontade de beijar alguém como sentia agora...

-Will? – Eddie o chamou.

-Sim... – seu olhar continuava preso na boca do menino.

-Você gostou? Do beijo... – perguntou receoso.

Will não sabia o que responder, gostou? Sim ou não? Era tudo tão confuso....

Só sabia de uma coisa...

Queria de novo.

E assim fez, se inclinou juntando seus lábios ao do menino em um selinho longo, Eddie se esforçou um pouco levando sua mão boa ate o rosto branco dele e fazendo um carinha ali, foi inevitável não sorrirem um contra os lábios do outro.

Passos vindos na direção daquele quarto fizeram os dois despertarem, Will se afastou com pressa de Eddie, bem na hora que os pais do garoto entraram no quarto.

-Ah, você acordou, filho! – A mulher disse indo em direção ao mesmo. – Se sente bem? – perguntou preocupada, ele sorriu.

-Muito bem, mãe... – ele foi sincero.

Eddie e Will trocaram um sorriso cúmplice... Sabia que dali em diante a palavra, amigo, não se encaixava mais neles.

**

Eleven olhava pra todas aquelas letras no livro a sua frente mas não conseguia associá-las ao exercício. Sua mente sempre acabava vagando pro que tinha acontecido mais cedo. A briga com Beverly, o amigo/ ficante de seu irmão com o rosto todo machucado...

Era coisa de mais...

Informação de mais pra um dia só...

Ela se cansou, bufou e deixou o livro de lado e deitando a cabeça nas pernas do namorado que estava sentado ao seu lado.

Mike se assustou de inicio, mas logo relaxou e deixou seu livro de lado também pra poder passar seus dedos sobre os fios sedosos de cabelo da namorada.

-Esta tudo bem? – perguntou, ela não estava com uma carinha muito boa.

-Só não estou com cabeça pra estudar hoje... – El disse com os olhos fechados aproveitando do carinho que recebia.

-Cansada? – quis saber, ela parecia.

-Um pouco. – suspirou.

-Quer dormir um pouquinho? – ele se inclinou deixando um beijo sobre a testa dela.

-Estou pensando em tantas coisas que acho que seria incapaz de dormir agora... – desabafou ela abrindo os olhos.

-Esta falando do que exatamente? – Mike se sentiu confuso.

-De tudo, Mike... Beverly, o Eddie e o Will, ate na Holly eu estou pensando agora! – Mike riu.

-Ela já deve ter esquecido aquilo, El... – ela sorriu também concordando com ele.

Mas realmente não deve ser algo legal ver ser irmão mais velho com a língua dentro da boca de outra pessoa, ainda mais quando se tem seis anos de idade...

-O que será que aconteceu com o Eddie? – ela perguntou, Mike negou com a cabeça.

-Também gostaria de saber... Mas, e verdade, ele e o Eddie se beijaram? – El assentiu, o menino arregalou os olhos. – Será que foi por isso? – Eleven se sentou novamente no sofá.

-Como assim?

-E se alguém viu os dois? Sabemos que a homossexualidade infelizmente não ela muito bem aceita por aqui né... – os dois bufaram.

-Faz sentido... Mas, se foi tenho certeza que meu pai vai dar um jeitinho nesse desgraçado rapidinho. – ela afirmou voltando a se deitar sobre as pernas dele. – E ainda tem a Beverly... – bufou com raiva, Mike riu e beijou a bochecha dela. – Não ria. – disse seria.

-E inevitável... Você e linda com raiva. – admitiu ele a fazendo revirar os olhos mas rir depois.

-Eu não entendo, Mike... O que essas pessoas tem contra a felicidade dos outros? Ela ficou toda revoltada quando me viu com você! – Mike levou suas mãos ate as maças do rosto dela, acariciando ali, ela deitou sobre sua mão aproveitando o toque.

- O que acha de esquecermos isso? – propôs ele. – Vamos só viver nossa vida e deixar isso pra lá. Nos somos muito diferentes um do outro, El... E claro que vamos incomodar. A popular com o nerd das aulas de química? – ele riu mas Eleven não, a menina estava seria.

-E se... – ela suspirou, se levantou e num ato súbito se sentou sobre o colo e Mike, passando cada uma de suas pernas ara um lado de seu corpo, não tinha nenhuma malicia ali, ela só queria poder olhar nos olhos dele, e assim fez, segurando o rosto do garoto entre suas mãos. – E se eu não quiser ser a popular e se eu quiser ser a nerd das aulas de química? – Mike engoliu a seco, diria algo mas ela não deixou. – Mike, só você me conhece, me conhece de verdade! – ele viu os olhinhos dela se encherem de lagrimas, ela nunca tinha sido tão sincera com ele como estava sendo agora. – Você é o que me faz ser eu, me faz sorrir, quem me ajuda a ficar de pé. – Ela riu fraco. – Sem você e como... se eu não tivesse graça, você me faz ser engraçada. – ele a abraçou com força.

Ela era a sua garota...

-Ei... – a chamou. – Eu te amo. – admitiu a fazendo perder o ar por alguns segundos, a menina mordeu o lábio e depois sorriu verdadeiramente.

-Eu também... – cochichou baixinho. – Eu também te amo... muito, muito, muito. – ele a abraçou com força enquanto a garota dava vários beijinhos por todo seu rosto.

“You're my other half

You're what makes me, me

What makes me smile

When I fall down and can't get back, get back, get back up

On my feet

Without you here I am boring

Something inside you is triggering

It makes me myself

Makes me funny”