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História Beauty and the Beast (hiatus) - Tale as old as time


Escrita por: ArumGirl

Notas do Autor


Para o cap, como o próprio título sugere, recomendo deixarem no ponto a música Beauty and the Beast, da Celine Dion (ou se preferirem na versão da Ariana Grande tbm serve).
Espero que gostem :)

Capítulo 38 - Tale as old as time


Fanfic / Fanfiction Beauty and the Beast (hiatus) - Tale as old as time

Millie enrolou um cachinho tímido em um dos dedos, admirando o quanto os fios eram maleáveis ao toque. O príncipe aproveitou o carinho com os olhos fechados, admirando a sensação que ele e a brisa matutina o ofereciam.

Ainda não sabia ao certo qual tipo de relacionamento estava tendo com o Wolfhard mais novo, mas gostava de ter alguém com quem partilhar a sua sinceridade, os seus pensamentos ou simplesmente curtir o dia em silêncio, observando a grama dançar contra o vento; gostava de estar em paz, apesar de ter consciência de que aquilo poderia não ser para sempre.

Ela precisaria voltar para casa um dia, afinal.

Finn parecia ter saído das páginas ilustradas de um livro e talvez não fosse a primeira vez que fazia aquela observação. Nunca se sentira ligada a alguém na mesma intensidade que percebera, em especial, no dia em que teve permissão para tocar a cicatriz comumente oculta pela máscara.

Ele estava a abraçando forte sobre a gramínea, o que fez Millie se questionar mais uma vez naquela manhã sobre o quê o afligia.

- Você está bem?

O príncipe moveu os lábios até o seu ouvido, afastando uma mecha de cabelo castanho que caía sobre este.

- Sim, só preciso ficar perto de você um pouco mais. - falou, segurando os olhos uns nos outros.

Sem dar um intervalo para mais palavras serem ditas, o príncipe a segurou pela nuca, fechando o pouco espaço existente entre eles. Em terra onde beijo é pura poesia, as palavras jamais deveriam ter semelhante importância.

Diferindo do que aconteceu nas vezes anteriores, esse sim era o tipo de contato que fazia não apenas o coração acelerar, como também incentivava os pés a abandonar o chão. Finn se encarregou de conduzir o momento, sentindo seu peito se afogar em felicidade quando ela o permitiu aprofundar o beijo, deixando as línguas se tocarem timidamente a princípio.

Millie se encolheu em modo automático, apoiando uma mão no peito magro na tentativa de achar posição mais confortável para si mesma. O estômago estava gelado, poro por poro arrepiado, contudo sentia-se mais feliz do que imaginaria estar. Sua experiência na área era zero, mas uma de suas características mais orgulhosas era aprender rápido, portanto, ousou abrir a boca um pouco mais, desejando que Finn pudesse explorá-la ao máximo.

Todavia nem tudo corria satisfatoriamente assim.

O Wolfhard estava sustentando os dedos no pescoço da Brown por desespero e não apenas para buscar uma melhor posição para beijá-la. Não era capaz de se auto silenciar novamente, não quando a imagem de Paige permanecia mais vívida do que nunca desde que sua irmã chegou.

Suspirando ao deixar os lábios alheios para trás, o príncipe tomou impulso para ficar de pé, estendendo as mãos para que a garota o seguisse.

- Já vamos entrar? Pensei que quisesse ficar um pouco mais - ela não entendeu - a intenção não era um passeio?

Finn olhou para os pés.

- Desculpe.

Meio minuto depois, em um estranho silêncio, os dois voltaram para dentro, abandonado o espaço ao ar livre nos fundos do castelo. A sugestão para aquele passeio havia partido dele, o que surpreendeu a prisioneira e simultaneamente a deixou preocupada.

Millie tentou recolher a mão unida a do mais alto, mas ele não permitiu que isso acontecesse, o que serviu para deixá-la ainda mais longe de entender o que se passava na sua mente.

Traçaram o caminho já conhecido que levava aos aposentos reais ainda sem trocar nenhuma palavra. Os olhos da garota foram para as mãos juntas, notando como os dedos longos entrelaçavam-se aos seus com força. Algo deveria estar mesmo errado, pois não era do feitio do Wolfhard agir assim.

- Finn, o que houve? - tomou um susto ao olhar o rosto dele mais de perto, segurando-o entre as mãos - você não parece nem um pouco bem, quer que eu te leve até a cama?

O toque dela, contra a sua pretensão, causou-lhe ainda mais dor. Não suportando, deu um passo atrás, agarrando a cadeira mais próxima para manter o equilíbrio seguro.

- Eu preciso te contar uma coisa. - respirou fundo - Quando te chamei para passear, era com o intuito de conversar, mas não tive coragem. - assumiu ele.

- Você está me deixando nervosa - Mills reparou o coração batendo um pouco mais rápido pelo suspense - é uma coisa séria?

- É. É algo que eu já deveria ter te dito há muito tempo, mas nunca tive coragem.

As imagens dos pesadelos da noite passada não abandonavam o seu subconsciente, para a maior das infelicidades. Sim, exatamente no plural. 

Havia sonhado três vezes seguidas com a irmã de Millie que estava desaparecida, a qual ele conhecia muito bem e a qual tinha mentido para Millie quando questionado sobre o assunto; isso era o bastante. Não podia mais olhá-la nos olhos sabendo o quão preocupada com Paige ela sempre esteve e se manter impassível como preferira estar. 

Após o terceiro sonho, desistira da noite de sono. Seus olhos ficaram viajando pelas linhas descoradas do teto do quarto, pensando e repensando no que deveria fazer durante o dia, em como deveria agir. Algumas coisas não poderiam permanecer escondidas pela eternidade, uma hora ou outra viriam à tona.

Sendo dolorosa ou não, a garota pela qual estava apaixonado merecia saber a verdade.

- Millie, eu… - as íris avelãs nas suas o desconcertavam ao invés de lhe darem o incentivo que precisava - eu...

O olhar pesaroso dele tomou o lugar dos questionamentos que estavam prontos para sair da boca de Millie. Ela assentiu para incentivá-lo.

- Estou te ouvindo.

Iria perdê-la para sempre, mas não podia continuar agindo como se nada tivesse acontecido.

- Eu...

- Millie! a decoração está pronta! - a voz de Lizzy os interrompeu e logo ela estava eufórica à porta.

- Já? - a castanha divagou, piscando lento enquanto mudava seu foco atencional do príncipe para a namorada de Gaten.

Yu pareceu confusa, mas logo riu da expressão no rosto da amiga.

- Como assim "já"? Faltam apenas dez horas para a festa, você está sonhando? - o olhar da garota se alternou entre o casal e ela assentiu em silenciosa compreensão - vou estar te esperando aqui fora.

A Brown se virou assim que a colega deixou o quarto, encarando o príncipe com uma expressão cética.

- Você já percebeu que quase sempre que estamos juntos, alguém surge?

Finn sorriu de lado para disfarçar a angústia crescente, tocando em sua mão para brincar sutilmente com os dedos.

- Vá, nós nos falamos depois. 

A tristeza que acompanhava os seus olhos, sua postura e o seu sorriso fizeram Millie repensar na possibilidade de dizer à Lizzy que depois comparecia ao andar de baixo para discutir sobre os últimos detalhes da festa, mas, conhecendo-a como ele conhecia, o Wolfhard tratou de segurar-lhe a mão entre as suas, depositando um beijinho suave ali.

- Não se preocupe, bela, teremos tempo para tratar desse assunto mais tarde. Eu ficarei bem.

- Ok. - acabou por concordar, beijando uma de suas mãos de volta antes de se retirar com Lizzy, que a aguardava pacientemente.



Dizer que as horas transcederam rápido teria sido a maneira mais sutil de explicar como, instantes depois, o salão de festas do castelo estava tão brilhante quanto as estrelas, decorado pelas grossas cortinas embanhadas em amarelo ouro.

Jaeden foi o segundo a chegar no salão, atrás apenas de Lizzy, que já ocupava seu lugar ao piano, repassando algumas notas para que tudo saísse perfeito. 

O marquês sentou-se numa das cadeiras distribuídas pelos arredores do espaço, cruzando a perna. Não gostaria que fosse assim, mas bailes ultimamente o deixavam melancólico, pois era impossível não lembrar de todos os que compareceu apenas para ver Elena. Ah, Elena...aquela mulher impregnara-se às suas roupas, mente e coração, sem deixá-lo em paz um único segundo.

Desiludido, Jaeden ficou de pé e encheu uma taça com espumante. Se nada mais podia fazer para melhorar sua situação, que a bebida o distraísse então.

Após passar os últimos dedicando-se as  comidas, vestidos e maquiagem, Sadie se permitiu respirar fundo enquanto caminhava para fora do seu quarto, devidamente pronta para a festa. Organizar tudo tinha dado bastante trabalho, mas o resultado iria valer à pena, em especial porque fizera-o por Noah, um amigo especial de bravas datas. Assim como Millie, a ruiva nunca tinha sido toda amores com a colega de trabalho pois algo em Louise ia contra a sua simpatia total.

Não diria que não gostava da garota, até porque esta nunca tinha feito algo que a desagradasse diretamente, todavia ainda assim não a inspirava confiança. Toda vez que esses tipos de suposição começavam a lhe cercar, Sadie as empurrava de volta para onde não deviam ter saído; ela não queria agir de alguma maneira que pudesse vir a magoar Noah, sabia bem o tamanho do sentimento que nutria pela namorada.

Tendo a atenção atraída pelo aperto que a amiga exercia em seu braço, Sadie virou o rosto, preocupada pela forma como Millie parecia cada vez mais prestes a sair correndo para longe do salão à medida em que desciam as escadas.

- Você está tensa, parece até que será pedida em casamento no lugar da Louise. 

- Desculpa - pediu a castanha, sentindo-se ainda pior - eu nunca estive em uma festa antes. Não dentro de um palácio.

Sink deu uma risadinha.

- Respira e tenta não pirar, Mills. Você está linda, só tem nós aqui, os de sempre. Vai dizer que só agora percebeu que está morando temporariamente em um  castelo, sob a proteção de um príncipe?

A castanha não negou.

- Tecnicamente.

- Bem, agora é tarde, então te resta apenas sorrir e acenar. Somos madames esta noite. - continuou Sadie, tentando acalmá-la e olhou para o próprio vestido - E você tem certeza de que não estou esquisita?

- Você está muito linda, Sads, não se preocupe.

O tecido azul ciano do vestido realçava os seus olhos como nenhuma outra peça, com mangas detalhadas em branco que iam até os pulsos. Aquele vestido pertencera à Sabine, sua mãe, e ela o havia guardado desde que o recebeu de presente, há tantas anos atrás.

- Sabe, uma vez eu tive um sonho muito estranho. - começou a namorada de Caleb, olhando para um cristal do lustre acima de suas cabeças - Nesse sonho, tudo no castelo tinha vida, desde os móveis à louça. Todos falavam comigo e até cantaram músicas, você acredita? eu passei dias espiando cada objeto, desconfiada que as coisas poderiam se mexer quando estávamos dormindo. Pareceu tão real...

Desviando da nova onda de nervosismo que ameaçava se aproximar, Millie riu, achando interessante a história da ruiva.

- Ai meu Deus, que loucura!

- O bule e um candelabro de ouro eram os que mais tagarelavam, me mostrando cada pedaço do castelo como se eu não o conhecesse. Foi surreal.

Mills observou o semblante relaxado da amiga de relance.

- Apesar da estranhezas, você gostou desse sonho.

- Ah, foi legal. - Sadie riu, dando de ombros - Imagina só se fosse possível? Seria tão incrível! - e se meteu numa nova história onde a imaginação roubava cada uma das cenas.

No andar de baixo, Noah e Louise acabavam de chegar ao salão. Ele estava ainda mais bonito naquele terno que servira a algum convidado nobre do rei que felizmente esqueceu a peça no castelo e nunca retornara para buscar. O marrom escuro marcava bem os olhos e cabelos do soldado, dando-o a impressão de ser um homem mais velho.

- Por que eu tenho que ficar de olhos vendados? Isso é injusto, estou morrendo de curiosidade!

Atrás da garota, Noah riu, guiando-a a alguns passos mais.

- Estamos quase lá, espere um pouquinho mais, valerá à pena.

Sentia-se nervoso pelo que iria acontecer no decorrer da noite. O casal não havia tornado a falar sobre casamento depois da última conversa, na qual Louise não expressou uma opinião agradável ao namorado.

Embora estivessem juntos há um longo tempo, certamente não tinham os mesmos pensamentos sobre determinados assuntos e esse não seria o problema se o que estivesse em jogo não fosse o futuro de ambos; não deveria existir dúvidas quando a questão estivesse relacionada ao casamento, não para duas pessoas que se amavam como eles dois. 

Ou pelo menos um deles amava.

Schnapp continuava voltando aquele pensamento que o deixava imerso em dúvidas, dúvidas até mesmo sobre o que Louise sentia por ele. Ela estava tão diferente nos últimos tempos, que por vezes o castanho pensava estar falando com uma pessoa que acabara de conhecer.

Isso era triste, incoveniente, doloroso e mais uma gama de adjetivos que o rapaz preferiu não seguir raciocinando. Era o aniversário da sua amada e ele não tinha o direito de estragar uma data de tamanha importância.

Sendo assim, reprimiu suas incertezas e pôs um sorriso no rosto, mais uma vez pondo as próprias necessidades abaixo das de outrem.

- Feliz aniversário, amor da minha vida! - ele sussurrou em seu ouvido, puxando a venda para baixo.

Quando os olhos acinzentados de Louise focaram no ambiente, livres, ela perdeu o fôlego. Nunca alguém fizera algo tão incrível para comemorar a chegada de uma nova idade sua.

Correu o olhar extasiado pelos lustres perfeitamente polidos do salão, cujo brilho só poderia ser assemelhado às mais preciosas pedras. Os querubins pintados no teto estavam mais visíveis do que há muito tempo, mostrando suas feições delicadas aos admiradores enquanto tocavam harpas e bandolins.

Lizzy estava ao piano, espalhando pelo local uma melodia que soava familiar aos ouvidos da aniversariante; ela ouvira muito aquela música durante os bailes reais, quando ficava apenas escondida observando casais das mais diversas castas da corte se divertirem.

- Noah, uau! - surpreendeu-se a Hempton, dando uma volta ao redor de si mesma enquanto captava cada detalhe da festa.

- Gostou?

- Se eu gostei? - os olhos marejados voltaram para os do namorado - eu adorei! Nunca tive nada tão bonito!

Satisfeito, o soldado ofereceu uma mão, a noite estava apenas começando.

- Então...quer dançar?

- Sim sim - ela usou as costas da luva para enxugar o canto dos olhos.

Agora entendia o porquê de Sadie ter insistido para que usasse acessórios finos daquela maneira.

Millie também tinha feito um trabalho incrível com o vestido, cujo modelo a agradava bastante, especialmente no decote destacável, coisa que a maioria das mulheres chiques evitavam, mas que Louise sempre gostou. Nunca tinha sido muito próxima da garota, todavia reconhecia o talento dela com tecidos e agulhas.

Schnapp segurou-lhe as mãos, beijando cada dedo na sequência.

- Eu te amo, Lou. Você merece tudo de melhor.

Em agradecimento, a garota o beijou, passando os braços pelo pescoço do castanho a fim de aprofundar o contato. Noah julgava sua felicidade o suficiente para se sentir igualmente contente.

- Nossa, isso tudo é muito nostálgico. - perto dali, Nick comentou para o irmão.

O príncipe mais jovem riu ao bebericar uma bebida de cor âmbar que Sadie preparara.

- Lembrando-se das milhares de vezes que pus as condessas, marquesas e duquesas para dançar com você enquanto eu gracejava suas filhas?

O pai de Eike franziu a testa.

- Na verdade, estava lembrando mesmo de quando éramos pequenos e você ficava dando nós nos sapatos dos cavalheiros, aproveitando-se da distração deles. - o lançou um olhar reprovador - Você sempre foi um pestinha.

Finn se contentou em dar uma pequena risadinha, a memória bem fresca com memórias daquela época.

- Isso me faz pensar: será que Eike herdará as minhas travessuras?

- Rezo todos os dias para que não.

- Aposto que Sophia seria capaz de internar o garoto num mosteiro até que estivesse livre de tamanho fardo.

- Eu não duvido que o faria, tampouco. - o primogênito riu, lamentando em seguida - que ela não me escute.

Nick estudou a inquietude do mais alto. Seus olhos não paravam em nenhum lugar específico, era óbvio que procuravam por Millie que, segundo as suas contas, já deveria ter chegado.

- Parece que a sua dama chegou. - seu irmão o avisou.

Finn voltou a atenção para as escadas e teve a certeza de ter dado um passo para trás. A beleza que irradiava degrau a degrau não deveria ser coisa desse mundo.

- Deveria chamá-la para dançar. - cutucou-lhe Nick.

- É exatamente o que farei. - para a sua surpresa (e satisfação) o outro concordou, ignorando a taça em cima da mesa mais próxima.

O Wolfhard se aproximou com a graciosidade de um verdadeiro príncipe, andando em linha reta até onde a mais nova convidada estava ao lado de Sadie. O vestido caíra como uma luva em seu corpo, suntuoso e delicado como se Millie estivesse carregando ouro puro em cada dobra do tecido.

 Os cabelos dela estavam presos em um coque no meio da cabeça, com mechas onduladas pendendo em ambos os lados da testa; as mãos e antebraços foram cobertos por luvas de tecido semelhante ao do vestido, com diferença no tom, acessório que foi contra a aprovação de Finn inicialmente, mas que depois se tornaram alvo de seu constante interesse. Não havia dúvidas de que encarava a mulher mais bonita de todos os tempos e saber que tinha o seu coração causava um conjunto de indescritíveis sensações. No seu caso, boas e ruins.

Manteve uma mão atrás do corpo e outra no peito ao se inclinar para baixo, se reverenciando à Brown.

- Millie Brown, me concederia a honra desta dança?

A castanha trocou um olhar com a amiga acompanhante, que tratou de pedir licença e se retirar o mais rápido possível a fim de deixar o casal a sós. Sadie tinha uma provocação coçando a ponta da sua língua, porém julgou melhor deixá-la para um outro momento.

Millie sequer pensou uma segunda vez antes de assentir, fazendo uma mesura ao mais alto antes de aceitar a mão dele e o seguir para o centro do salão.

De perto, ele pôde perceber que alguma das garotas havia iluminado os olhos dela com maquiagem, o que o fez, por longos segundos, apenas admirar os olhos da prisioneira; os lábios artificialmente rosados tiveram direito a um tempo de contemplação também, considerando que jamais estiveram tão sedutores. Se estivessem apenas os dois naquele salão, o príncipe sabia que não teria sido capaz de se conter.

A humilde garota de New Westminster manteve um grande sorriso no rosto enquanto era conduzida pelo espaço, onde Sofia, Jack, Noah e Louise aproveitavam as canções tocadas pelos dedos inteligentes de Lizzy. Os dois últimos, um pouco mais afastados, conversavam entre si.

- Macacos me mordam! - a sra. Grazer exclamou assim que viu a dupla se aproximar - não sei se fico mais embasbacada por estar vendo-os juntos ou pela sua beleza esta noite, Millie!

Tímida, a castanha a enviou um discreto beijo no ar.

- Obrigada, Sofia. Você também está incrível!

J. Dylan concordou com um gesto de cabeça, olhando para a mulher.

- Está linda, não é? Não canso de dizer o quão sortudo sou por ter encontrado uma pessoa de tamanha beleza!

- Ah, meu docinho... - a cacheada se derreteu.

- Tão bonitinhos - Finn comentou com um revirar de olhos, fazendo os demais rirem.

Jack moveu os olhos de Sofia até a companheira do Wolfhard.

- Esta roupa lhe caiu perfeitamente bem, Mills.

A garota o agradeceu com semelhante gentileza, pedindo licença um segundo após para iniciar a dança com Finn. Quando a mão do rapaz se apoiou em sua cintura, sorrateira, ela prendeu a respiração, amaldiçoando-se em seguida por fazê-lo, uma vez que a cinta já estava exigindo muito dos seus pulmões.

Não fazia questão de usá-la, mas até mesmo Lizzy foi a favor, justificando que valorizaria mais o busto.

Esperou com ansiedade que o cacheado se pronunciasse, segurando um punhado do vestido para cima a fim de não tropeçar na barra durante a dança. Ele ainda não dissera se ela estava bonita como esperou que ficasse quando a presenteou com a peça. 

É claro que estava feliz de ter ouvido os elogios dos outros amigos, mas com Finn, bom, era diferente.

- Caham - ele pigarreou, pretendendo iniciar a conversa - Desculpe se estiver sendo rude, mas você não foi prometida a ninguém na sua terra?

- Uh - Millie fez uma careta, pega desprevenida - por que isso tão de repente?

O príncipe mudou a direção do olhar.

- Curiosidade. Você já está na idade para se casar, segundo as tradições, mas nunca a vi falando sobre esse assunto.

A Brown demorou alguns instantes para trazer uma resposta, decidindo por final que o mais sensato a fazer seria contá-lo a verdade, mesmo que não tão nítida.

Lembrar de Jacob a fazia se sentir desconfortável.

- Bem, eu não estou prometida a algum homem como normalmente acontece, mas sim, já me foi feita essa proposta.

- Entendo. - a mandíbula dele ficou mais proeminente perante aquela confissão, o que a deixou confusa.

- Estava esperando que não houvessem pretendentes para mim? - resolveu perguntar.

Ele pensou um pouco antes de responder.

- Não exatamente.

- O que quer dizer?

- Eu supus que teria alguém interessado em desposá-la, mas não gosto de imaginá-la com outro homem. - sorriu pela metade, acenando com a cabeça - Isso foi inapropriado, desculpe.

Millie assentiu, desviando a atenção para o outro lado do salão, onde Gaten está empenhando em dar voz à melodia tocada pela namorada. Ela nunca o tinha visto cantando, mas podia dizer que o jovem dos cachinhos dourados era dotado de grande talento no que fazia. Sua voz acompanhava lindamente cada nota, cada acorde, o que deixava a história da canção ainda mais bonita.

Curiosa demais para se manter silenciosa, Mills voltou o olhar para frente e trouxe à tona a pergunta que lhe rondava insistentemente a mente.

- Você...não gostou do vestido em mim?

As linhas do rosto de Finn demarcaram desentendimento. Não compreendia como ela chegara àquela linha de pensamento. Sabia, mas não entendia.

Uma mulher como Millie jamais deveria duvidar da sua beleza, de nenhuma delas, pois se havia uma única coisa sua que superava todo o exterior magnífico era a alma. A sua alma era a face mais linda que um ser humano poderia possuir.

- Por que acharia isso? - ele devolveu uma questão, limitando-se a observá-la.

Ao segurar o olhar dele por segundos suficientes para reparar que o melhor a fazer teria sido deixar aquela dúvida guardada para ela, Brown sacodiu a cabeça, fitando o chão lustroso.

- Deixe pra lá.

- Olhe para mim.

Com as bochechas levemente coradas, a bibliotecária lhe ergueu o olhar, sentindo o estômago afundar durante o encontro com as íris mais profundas que havia visto.

- Você é a criatura mais linda que já esteve diante dos meus olhos, Millie, mas eu continuo achando que palavra alguma é capaz de descrever a sua beleza da maneira que eu gostaria. 

Millie engoliu em seco, constatando que as luvas estavam subitamente mais folgadas do que o normal. Talvez Sadie tivesse se confundido no tamanho ou então aquilo era fruto do seu nervosismo.

- Obrigada. - se limitou a dizer, o que o fez estranhar. Aquela garota nunca ficava sem assunto.

- Quer sair para ir tomar um ar? - sugeriu o mais velho.

Ela lhe sorriu sem mostrar os dentes.

- Não.

- Gostaria de beber alguma coisa?

- Não.

- Você está bem? Parece quieta.

Millie subiu as sobrancelhas, não precisando de muito para mostrar a sua perplexidade nas próximas palavras:

- Eu não estava preparada para ouvir o que me disse. Foi muito...profundo.

O semblante preocupado do príncipe foi substituído por traços de diversão perante a sinceridade inocente da garota.

- Você não é deste mundo, bela. - ele achou graça, acompanhando o rubor que descia-lhe pelo pescoço.

Ela o encarou de repente.

- Diga de novo.

Finn pensou ter se equivocado com o que ouviu.

- O quê?

- O meu apelido. - Mills respondeu seriamente  - Acho que eu nunca disse antes, mas adoro quando você me chama assim. Repita-o, por favor.

Talvez o príncipe devesse sorrir perante o pedido, todavia tudo que conseguiu fazer foi fixar os olhos nos dela, intensificando o contato visual que mantinham desde o princípio.

- Bela, minha bela. - e com uma pequeníssima pausa, acrescentou - E não quero mais ouvir sobre você se casando. Foi realmente muito incômodo.

Millie deu risada.

- Mas foi você que perguntou!

Foi a vez dele fazer careta.

- Maldição, eu sou um idiota.

Ela sorriu, interrompendo a dança por um instante para beijar-lhe o rosto. Como disse à Sadie antes, nem em seus maiores sonhos, imaginou estar em um baile no palácio, mesmo que não oficial, nos braços de um príncipe e o mais curioso de tudo: completamente apaixonada por ele.

- Ei, mas o que você queria me contar mais cedo antes que a Lizzy chegasse? - recordou, mudando o rumo da conversa.

Finn sentiu a garganta se apertar. Foi difícil voltar os pensamentos para outra coisa, porém ele havia conseguido. Não queria ter que voltar nesse assunto. Não agora.

- É melhor conversamos sobre isso depois.

- Estamos só nós dois aqui e já faz um bom tempo, por que na...

O príncipe soltou a mão que conduzia a dama durante a dança, descendo os dedos indicador e médio para os lábios de Millie, onde descansaram delicadamente.

- Por ora podemos só aproveitar esse momento?

Se sentindo um tanto quanto amolecida pelo pedido dele e caindo o olhar de modo breve para os seus lábios bem preenchidos, a bibliotecária concordou em ficar em silêncio e aproveitar a magia anunciada pela próxima dança.

Tale as old as time

(Um conto tão antigo quanto o tempo)

True as it can be

(Tão verdadeiro quanto pode ser)

Barely even friends

(Mal se tornam amigos)

Then somebody bends

(Então alguém se curva)

Unexpectedly

(Inesperadamente)


Just a little change

(Apenas uma ligeira mudança)

Small, to say the least

(Pequena, só pra começar)

Both a little scared

(Ambos um pouco assustados)

Neither one prepared

(Nenhum dos dois preparados)

Beauty and the Beast

(A Bela e a Fera)

O casal se entreolhou e sorriu sem metades, desde os olhos aos lábios. A letra da canção era rodeada por uma familiaridade que deixaria qualquer um sem fala. O Wolfhard não sabia onde Gaten tinha ido buscá-la, mas depois que a festa acabasse com certeza iriam conversar.

Mudanças. 1898 foi o ano em que Finn as havia descoberto, havia se descoberto. Até pouco tempo atrás, não encontrava necessidade de modificar as suas ações, se autoavaliar, pôr os amigos que estavam sofrendo junto a ele antes do que julgava ser a prioridade. Os seus dias estavam contados e nada poderia mudar isso, pensava incessantemente o antigo Finn.

Bom, poderia sim, uma única coisa, mas em nenhum momento desde o início da maldição o príncipe quis ter a esperança de encontrar alguém que pudesse salvá-lo de si mesmo; de encontrar o amor.

Ever just the same

(Sempre a mesma coisa)

Ever a surprise

(Sempre uma surpresa)

Ever as before

(Sempre como antes)

And ever just as sure

(Sempre tão certo)

As the sun will rise

(Como o nascer do sol)

Ele recuou dois passos, incentivando-a a girar no salão como a música pedia e então voltou a aproximar seus corpos, não permitindo muitos centímetros livres entre eles.

 Finn podia sentir o coração pulsando nos ouvidos.

Ever just the same

(Sempre a mesma coisa)

Ever a surprise

(Sempre uma surpresa)

Ever as before

(Sempre como antes)

And ever just as sure

(E sempre tão certo)

As the sun will rise

(Como o nascer do sol)

Acreditar em contos de fadas não é o melhor caminho a se seguir num mundo onde a maioria das pessoas são levadas a sacrificar os seus sonhos em prol de um bem maior chamado realidade.

 Millie e Finn ainda não compreendiam, mas assim como ditava a canção, eram parte de um conto tão antigo quanto o próprio tempo.

 Simplesmente havia mistérios entre céu e terra que estavam além da compreensão humana, seria tolice viver especulando. Aquele príncipe e aquela plebeia não eram os primeiros, muito menos os últimos, a ousar trilhar o caminho dos que, pela ordem cultural e social, não estavam destinados a ficar juntos.

Tale as old as time

(Um conto tão antigo quanto o tempo)

Tune as old as song,

(Uma canção tão clássica quanto a música)

Bittersweet and strange

(Agridoce e estranho)

Finding you can change

(Descobrindo que você pode mudar)

Learning you were wrong

(Aprendendo que você estava errado)


Certain as the sun

(Certo como o sol)

Rising in the east

(Nascendo no leste)

Tale as old as time

(Um conto tão antigo quanto o tempo)

Song as old as rhyme

(Uma canção tão arcaica quanto a rima)

Beauty and the Beast

(A Bela e a Fera)


Então, quem nunca foi surpreendido e subjugado pelo amor, que ousasse atirar a primeira pedra.

Tale as old as time

(Um conto tão antigo quanto o tempo)

Song as old as rhyme

(Uma canção tão arcaica quanto a rima)

Beauty and the Beast

(A Bela e a Fera).


Notas Finais


Quem também leu a música cantando junto, ergue a mãozinha aí nos comentários!! 😅
See ya!


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