1- I'm going far away, because I love you.
''Se soubesse como me sinto inseguro com você. Se soubesse como tenho medo que me troque por alguém jovem como você, entenderia minhas ações. Entenderia como me machuca ver nos seus lindos olhos cor de avelã, mágoa, raiva, dor, e arrependimento. E mesmo que diga que não se arrepende eu sei que quando está trancado no banheiro chorando, fumando e bebendo na sacada, de madrugada ou acordado ao meu lado de noite, está pensando na sua mãe te pedindo para ficar, te dizendo que eu não era o melhor para você. Fica pensando que ela talvez tenha razão e como queria voltar para os braços aconchegantes dela.''
Se levantou do chão do banheiro quando ouviu a porta da casa bater com força, se secando rapidamente, e indo o mais rápido possível se arrumar. Pegou uma calça preta uma blusa e um moletom cinza. Vestiu a touca e pegou um par de óculos. Numa bolsa jogou o estojo de maquiagem que usava vez ou outra quando saia para algum evento importante. Calçou seus tênis e saiu antes que ele voltasse. Chamou um táxi e seguiu para a casa de seu melhor e o único que restou, amigo, disfarçando a marca vermelho em sua bochecha. Takashima Kouyou sabia que quando voltasse para casa a reação de seu namorado, Yuu, seria pior. Que ele provavelmente lhe machucaria mais. Mas não queria pensar nisso agora. Queria apenas correr para os braços de alguém que iria cuidar de si naquele momento.
''Ah Kouyou, se visse como meu coração está despedaçado agora. Queria que entendesse que meus sentimentos por você não são doentios como todos acham que são. Sou apenas uma pessoa insegura. Um homem medroso. Talvez eu devesse deixa-lo ir embora. Deveria deixa-lo aos cuidados daquele seu amigo...Akira né0? Aquele que te conhece desde o ensino fundamental, ou antes disso. Sei lá, mas ele gosta de você, e parece que cuidaria melhor de você do que eu. Desculpe por tirar o brilho do seu sorriso''
Ao entrar na casa de seu amigo logo foi recebido por um abraço carinhoso. Sabia que sempre iria poder contar com ele. Ele jamais iria lhe abandonar. Mesmo conhecendo Yuu, ele continuou sendo seu amigo. Lhe apoiando, cuidando e até mesmo lhe aconselhando. Foram fazer o que sempre faziam. Jogar videogame. Por que era assim que se entendiam. Primeiro, vinha a distração depois, a conversa sobre o que estava acontecendo. Era mais fácil de falar, era menos constrangedor. Era menos tudo. Akira não iria lhe julgar, como todos faziam, ele apenas iria lhe ajudar.
''As vezes acho que você prefere a companhia dele do que a minha. Sua mãe praguejou contra nós. Ela sempre preferiu Akira do que eu. E quando você veio junto comigo para Tokyo, eu a ouvi lhe implorando para ficar. Ouvi ela dizendo, que comigo, você jamais seria feliz. Você era só um menino indo morar com um cara que estava indo para a faculdade e sabe-se la, se continuaria. Eu confesso que quase pedi para você não vir mais comigo, mas quando você me olhou com aqueles olhos que diziam que estava preparado pra ficar comigo, eu ignorei tudo e te trouxe junto. Olha como estamos agora...''
Após contar tudo o que aconteceu, Akira não conseguia deixar de acreditar que Uruha ainda se submetia a um relacionamento tóxico como aquele. Mas decidiu não interferir. Iria apenas cuidar dele, estaria sempre ali para secar aquelas lágrimas e colocar o sorriso bonito de volta naqueles lábios. Jogaram por mais uma longa hora e mais tarde colocou uma música o puxando para dançar. Ritmos diferentes, danças malucas e diferentes. Ahhh como adorava faze-lo rir. Era tão lindo.
"Ahh meu amor... se soubesse como me doeu ouvir sua risada cristalina. Sim, aquela risada que fez eu me apaixonar por você. Aquela risada única que eu tirei aos poucos. Ouvir você rindo ao lado de seu amigo, me fez perceber como nos mudamos. Como eu deixei você, minha amada flor, morrer."
Enquanto dançavam Kouyou ria das danças malucas, das mímicas exageradas ao fingir cantar e das tentativas frustadas de cantar em inglês de Akira, que por sinal era péssimo. Mas talvez fosse proposital. Kouyou ria de dar gargalhada. Os dentes infantis apareciam deixando aquela cena mais bela do que Akira imaginava. Era tão bom ver aquele sorriso que estava escondido. Era tão bom.
Logo a introdução de uma música, com ritmo mais lento, se iniciou. Akira sorriu fechado para Kouyou e o puxou para perto de si, levando uma de suas mãos a cintura fina, enquanto a outra pegava sua mão, entrelaçando seus dedos. Uma dança lenta e ritmada começou, arrancando sorrisos tímidos de ambos. Akira então, se lembrou de quando conheceu Kouyou. o sorriso tímido era o mesmo que ele lhe dera naquela época. Soltou a cintura de Kouyou e o rodopiou trazendo-o para perto de seu corpo de novo.
"Sabe... eu comprei flores... aquelas que você adora. Nunca me lembro o nome delas, por isso sempre deixo uma foto delas no meu celular. Anos lhe dando elas e eu sempre esquecia o nome. Engraçado né? Foi o buquê mais lindo que eu já comprei. Era perfeito para a ocasião. Eu dirigi até a casa de Akira. E quando cheguei lá, ouvi sua risada. Juro que perdi toda coragem de entrar ali e falar com você."
Kouyou deitou sua cabeça sobe o ombro e Akira. Apesar de ser mais alto que ele não precisou ficar encurvado. Sorriu sentindo o perfume que havia lhe dado no seu aniversário. Lembrou-se do moreno. Seus olhos se entristeceram, mas tratou de esquece-lo quando sentiu o carinho em seu cabelo. Levantou os olhos sorrindo para Akira que lhe sorriu doce.
"Juro que perdi a coragem. Sentei no banco que havia em frente a casa ouvindo suas risadas. Me lembrei de quando éramos mais novos. Eu costumava ouvi-la tanto, a ponto de sonhar com ela as vezes. Olhei o cartão onde eu tinha escrito uma única mensagem para você. Algo que a algum tempo eu não te dizia."
Kouyou observou que aquele sorriso junto daquele olhar, estavam diferentes. Havia algo a mais ali, e não soube o que fazer quando entendeu toda aquela gama de sentimentos, nos olhos de seu amigo. Akira viu a surpresa nos olhos de Kouyou e quis fugir ao perceber que ele havia descoberto seu pequeno segredo. Porém os olhos não se desviavam. Kouyou estava curioso. Via tantos sentimentos naqueles olhos. Tantos, que há anos não via mais.
"Eu confesso que estava preparado para tudo. Ou quase tudo. Após certo tempo uma música lenta começou a tocar e ouvi aquele sorriso baixo envergonhado. Eu imaginei nós dois ali. Eu segurando sua cintura e você desviando o olhar com as bochechas coradas e o sorriso infantil mais lindo. Nunca havia reparado naquela janela... e queria ter continuado assim. Eu curioso, olhei por ela e ali vi você. Não só você, mas seu amigo também. E vi também o exato momento em que pararam e se olharam. E juro que não estava preparado para ver aquela cena. Juro que não, porque eu vi tanto sentimento naquele beijo. Tanto sentimento que percebi que eu era um atraso na sua vida"
Não sabiam dizer como, mas estavam ali... se beijando. Ahh os lábios de Kouyou eram tão macios quanto pareciam. Era tão gostoso beija-lo assim como sempre sonhou.
Kouyou sentia algo estranho em seu peito. Um sentimento bom e ruim. Não sabia dizer.
"Ah Kouyou... doeu tanto. Só me lembro de deixar aquele lindo buquê cair no chão. Meu peito doía como o inferno. Eu dirigi, calmamente. Não como um louco por saber que seria um clichê, onde eu me acidentaria e voltaria a te atrapalhar. Cheguei em casa e quando entrei , fiquei sentado no sofá olhando nossas fotos espalhadas pelo recinto."
Kouyou se separou de Akira e acabou corando. Akira se desculpou, mas Kouyou apenas negou abraçando seu amigo que correspondeu apertando-o mais ao seu corpo.
-Aki-chan, eu que me desculpo. Me perdoa por tudo.-Kouyou disse, e seu amigo apenas o arrastou para o sofá, colocando-o deitado em seu colo. Logo Kouyou começou a chorar, sentindo o peso de tudo.
"Nesse momento eu imaginei você e Akira. As visitas em dias festivos, sua mãe sorrindo para ele e feliz por estarem juntos. Dizendo como ele era perfeito para você e como vocês se completavam. Eu nunca contei a você, mas, sempre que sua mãe dizia que você não estava feliz eu me deprimia por dentro. Sentia-me um verdadeiro monstro, mas você dizia 'mãe é ele que eu amo!' Então eu continuava. Só que depois do último jantar eu senti que estava falhando com você. "
O moreno pegava suas roupas e as dobrava com uma calma e tranquilidade, não condizentes com seu estado. Os olhos negros brilhavam enquanto as lágrimas grossas desciam por seu rosto. Fechou a mala com todas as suas roupas e puxou uma mochila, jogando ali seus sapatos. Seguiu para o banheiro pegando sua escova e cremes para cabelo que adquiriu o hábito de usar por causa de Kouyou.
"Eu lembro até hoje. Já fazia um ano que eu... era violento com você. Você já tinha perdido parte daquela essência que você tinha e sua mãe logo percebeu, e eu juro que quis fugir dali. Ouvir ela em pé na mesa, durante um momento simbolicamente feliz, dizer que eu só fazia mal a você, que ela preferia que você estivesse com Akira, enquanto você chorava numa ponta e eu me mantinha calado a olhando. A partir dali que tudo piorou, porque eu sentia que não era mais tão bom assim para você. Mas queria que continuasse ao meu lado. Ah, eu sou tão egoista!"
Olhou a hora vendo que marcavam exatamente dez horas. Olhou para a porta e soube que não tinha mais volta. Ele iria receber todo aquele carinho, amor... Todo aquele cuidado que ele precisava e que Yuu não estava dando. Seria assim agora. Se ficasse sabia que a tendência era piorar.
"Eu sabia que estava frágil e tinha ideia de que Akira, faria aquilo que nos paramos de fazer. Sexo comigo, tinha virado apenas sexo. Não era mais amor. Era seco e bruto, quando eu estava com raiva. Selvagem, deixando marcas ridículas usando a desculpa de que queria que todos vissem que você era só meu. Eu sei que chorava de madrugada, e que depois de um tempo não dormia. Me perdoa por te ferir tanto."
Os gemidos eram tímidos, mas excitantes. Akira estocava com força aquele interior quente e apertado. Sonhara tanto com esse momento, mas sabia que iria acabar logo. Kouyou voltaria para casa e brigaria com Yuu, que logo depois lhe pediria desculpa e voltariam a "rotina", seguida de mais uma cena de ciúmes e o mesmo ciclo. Queria marcar o corpo dele, apagar aquelas marcas brutas que maculavam aquela pele macia e bonita, mas Kouyou pediu que não. Não insistiu, entendia a situação.
-Mais...-o gemido saiu sofrido e Akira aumentou a velocidade, sentindo o interior lhe comprimir tornando tudo mais gostoso.-Ahhh... eu vou..ahh-disse liberando seu prazer por sua barriga. Akira acelerou e logo se desfez saindo do interior de Kouyou depositando beijos pela face corada, arrancando risos.
-Kou... eu... amo você.-disse e Kouyou apenas o abraçou. Akira não queria resposta, queria apenas dize-lo. Ficou feliz ao ouvir o riso baixo de Kouyou e começou a afagar seus cabelos, ouvindo após certo tempo a respiração compassada e tranquila dele. Hoje, finalmente. dormiria com seu amor.
"Eu vi o relógio marcar onze horas e tive certeza de que estava na hora de ir. Liguei para o táxi que demoraria cerca de vinte minutos para chegar, e andei pela casa. Diria que a única coisa que deixei minha ali, eram as fotos. Queria que esquecesse de mim então peguei cada porta retrato e tirei minhas fotos. Peguei todas elas e guardei numa caixa de sapato que encontrei enquanto arrumava minhas coisas. Apenas uma eu deixei. Ahhh... E ela me fez chorar de novo. Aquela de quando nos mudamos para Tokyo. Quando você passou na faculdade e eu consegui o emprego na loja. Chorei. Chorei, porque li algo atrás dela, que fez meu coração ter esperanças, mas tive que mata-las. Tive que matá-las porque senão eu te machucaria mais. Quando chegasse amanhã de manhã eu lhe bateria de novo. Lhe xingaria dos nomes mais baixos e humilhantes possíveis. Jogaria minhas frustações em sua cara e lhe obrigaria a fazer sexo comigo. Eu iria lhe usar, e te faria sofrer. Iria terminar de matar você. Então, quando o interfone tocou avisando que o táxi estava ali em frente eu deixei a foto sobre a mesa escondi a caixa embaixo do sofá, sai e tranquei a porta. Carregava apenas uma mala, uma mochila e minha guitarra. Pensei em deixar a chave, mas decidi guardá-la de lembrança. E ali eu te deixei meu amor. "
Kouyou acordou sentindo braços lhe rodearam e sentiu seu corpo e coração esquentar. Se virou vendo seu amigo e sentiu esse sentimento sumir. Havia traído Yuu. Havia dado falsas esperanças a Akira. Suspirou e Akira logo acordou. Tentou conversar sobre o que tinha acontecido, mas o loiro logo lhe explicou tudo e seguiram a manhã normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Decidiu ir embora antes do almoço, e seguiu com medo de Yuu. Mas a culpa lhe rodeava e sentia que dessa vez mereceria ser punido. Ouvir palavras ácidas e receber aqueles tapas. Entrou em casa, devagar, falando o "tadaima" habitual não recebendo resposta. Estranhou já que ele sempre estava em casa naquele horário. Entrou e trancou a casa, notado tudo quieto e arrumado.
-Trabalho...talvez?-sussurrou para si mesmo e foi para o quarto, deitou-se na cama e ficou ali observando o teto e o quarto espaçoso suficiente para os dois. Rolou na cama e sentiu o cheiro de Yuu que sempre ficava em seu travesseiro. Era tão bom o cheiro. Se lembrou de quando se conheceram. Como Kouyou adorava se agarrar a Yuu e ficar ali sentindo aquele cheiro único.
Se levantou para tomar banho e após terminar saiu enrolado na toalha abrindo o armário, não notando que faltavam algumas roupas de Yuu misturadas com as suas. Vestiu uma calça e procurou uma blusa de mangas compridas lembrando-se de que as suas estavam lavando. Decidiu pegar uma de Yuu abrindo então, seu lado do armário, ficando surpreso ao ver que não havia nada ali. Sentiu seu peito comprimir e começou uma busca desesperada pelas coisas do seu namorado, não encontrando absolutamente nada. Qualquer vestígio de que Yuu morava ali, desapareceu. Kouyou foi para a sala vendo os portas retratos e o pequeno mural vazio. Não existia nenhuma foto deles ali, apenas umas de Kouyou sozinho, ou com a família e Akira. Se sentou no sofá desesperado não entendendo nada.
Ficou olhando para a mesa logo notando uma foto... a única que restou deles. Estavam mais novos, na época em que Kouyou e Yuu tinham conseguido coisas importantes. Tocou o rosto de Yuu, vendo aquele brilho apaixonado no rosto dele.
-Yuu...-sussurrou virando a foto e lendo aquela mensagem que ambos deixaram ali.
'Essa foto foi nossa primeira dificuldade vencida diante de muitas. Brigamos feio, mas depois conseguimos. Yuu, eu te amo e sempre vou te amar, mesmo que você fique doido. -Kou."
'Me perdoa quando eu te machucar. Sabe que é difícil, que muitas coisas nos perturbam, mas vamos vencer tudo isso...juntos. Meu anjo, minha flor. Te amo muito e sempre vou te amar, mesmo que não me ame mais. -Yuu'
-Você foi embora? Por que Yuu? Por que? -questionou começando a chorar intensamente, se sentindo mais magoado do que em três anos sofrendo com aquele ciúme doentio.
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