História Because Of You - Capitulo Treze - Doce como Açucar

Chapter Thirteen -

“Porque todos me olham assim? Porque me olham como se eu fosse um bicho nojento?

Eu nunca fiz nada para eles. Eu sou um bom aluno, eu faço toda a tarefa, eu trato os outros bem, porque eles me chamam de coisas feias então?

Gordo, anão, baleia, sabichão, nerd, bochechudo.

Porque me empurram nos corredores?

Porque me ignoram?

Porque espalham rumores sobre mim?

Eu me sentia tão sozinho, tão sem valor.

Porque todos os meus coleguinhas não gostavam mais de mim?

Talvez eles tenham razão, talvez eu seja muito gordo. Minhas bochechas são enormes.

Talvez eu seja um anão gordo e feio! E ninguém quer ser amigo de um anão gordo e feio.

Mas mesmo assim, por favor, não me deixem sozinho.

Eu não aguento mais lanchar escondido de todos.

Não aguento mais os olhares feios.

Eu só quero um amigo…”

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Ele não era muito mais alto que eu, diria que da minha altura. Seus cabelos em um verde-menta caiam sobre sua testa, de tez pálida, graciosamente. Ele usava roupas estilosas; calça de lavagem branca, coberta por rasgos. Uma blusa listrada de mangas compridas e uma jaqueta azul marinho. Ele era muito bonito também. Sua postura exalava arrogância e confiança, seu rosto expressava tédio.

Ele definitivamente não era parecido com Tae.

Eu estava bem confiante, depois de passar um mês ao lado de Tae e Jungkook. Eu conseguia falar com eles muito bem, principalmente com Jungkook por o conhecer a mais tempo. E mesmo só conhecendo Taehyung a um mês, eu sentia que o conhecia há tempos.

Nós nos encaramos por um tempo, e eu senti a insegurança me atingir de novo. Minha esperança foi pisoteada pelos cavalos e dada aos crocodilos, com o decorrer dos minutos. Ele não tomaria iniciativa, ele não queria estar aqui, muito menos comigo. Ele provavelmente preferiria estar dormindo, pelo seu semblante. Palavras não vinham, não saiam. O silêncio reinava sobre nós, agoniante. Eu encarei meus pés, me sentindo mal. Ele parecia tão superior a mim.

Eu desisto, não consigo. Eu tenho Jungkook, e agora Taehyung também, não preciso de mais ninguém.

Me levantei do sofá, me sentindo derrotado. Eu caminhei até a porta de vidro, e a deslizei, entrando em minha sala, me sentindo confuso. Eu não deveria ter sido tão tolo assim, porque pensei que poderia fazer isso? Jungkook e Taehyung são claramente exceções.

Eu suspirei, bagunçando meu cabelo. Peguei meu celular no bolso de minha calça, e disquei o número de Jungkook.

“Tudo bem aí?” Sua voz saiu doce e atenciosa do telefone.

“Não, Jungkookie, não está. Eu desisto, eu não consigo.” Eu disse manhoso, me sentindo um fracasso.

“Hey, calma. Me diz o que aconteceu?” Eu suspirei.

“Eu não me sinto confortável com ele. O jeito que ele me encara, me faz sentir uma mosquinha! Ele não queria estar aqui, é evidente!” Eu me sentei no sofá, sentindo vontade de chorar.

“Hyung, se acalme. Yoongi-hyung é meio difícil assim mesmo.”

“Não sei se consigo, Jungkook-ah. Posso ir te ver?”

“Claro, claro. Podemos fazer isso outro dia então, não se sinta pressionado.”

“Obrigado, talvez eu tente mais tarde.” Eu suspirei, me levantando e indo em direção a porta.

“Espera.” A voz do amigo de Jungkook ecoou pelo cômodo vazio. Eram apenas eu e Min Yoongi em meu apartamento. Me virei surpreso. “Me des-” ele suspira. “Me desculpe, eu não fui muito receptivo.” Ele olhou pra baixo por um tempo, e depois me encarou novamente. “Ahn, você quer… sair e sei lá, comer alguma coisa?” Ele parecia um pouco incerto, confuso talvez.

Eu não pude deixar de ficar um pouco surpreso.

“Jungkook-ah?”

“Oi?”

“Vou tentar mais uma vez.” Eu disse baixinho. Ouvi sua risada, do outro lado da linha.

“Vai lá hyung, qualquer coisa vou estar aqui.” Eu terminei a ligação e olhei pra Min Yoongi assentindo rapidamente. Ele indicou a porta com a cabeça, e eu o segui silenciosamente, pegando meu casaco e seguindo até o hall dos elevadores.

O ar frio da noite, se chocou contra nossos corpos, quando deixamos meu apartamento. As luzes dos prédios iluminam nosso caminho, até então desconhecido por mim. Eu apenas seguia Yoongi, que andava calmamente a minha frente.

“Vou te levar onde servem o melhor Bibimbap que você já comeu.” Ele sorriu pequeno pra mim, logo virando a cabeça pra frente e voltando a andar.

Eu fiquei um pouco atordoado. Como ele estava tão ignorante a pouco, e seu sorriso pode ser tão...doce?

Apenas sacudi minha cabeça, e voltei a seguir Min Yoongi.

[...]

“Me desculpe de novo.” Ele disse sem graça. “Eu não tenho muitos amigos, tirando os meninos, porque eu sou geralmente difícil de lidar.” Sua voz estava baixa, e seus olhos me fitando intensamente.

“Ahn, está tudo bem. Eu também não sou lá essas coisas.” Respondi baixinho, brincando com os talheres na mesa. “Eu tendo a afastar os outros, sou meio novo em tudo isso.” Eu abaixei a cabeça.

“É novo pra nós dois. Eu era meio anti-social quando criança.” Ele desviou o olhar, e soltou ar pela boca. “Por alguma razão, as outras crianças não gostavam muito de mim. Até hoje muitas pessoas não gostam.” Eu ouvia atentamente o que Min Yoongi falava, estaria ele se abrindo pra mim?

“Porque?”

“As pessoas precisam de alguém pra odiar, e por alguma razão eu sempre fui esse alguém.” Eu olhei pra ele sentindo uma dor no peito.

“Porém, eu conheci um garoto chamado Hoseok por acaso, no meu primeiro dia de aula, quando eu tinha sete.” Hoseok provavelmente é mais um do grupo de amigos deles. Ele brincou com os dedos, e continuou a falar. “As crianças me olhavam feio pra onde eu ia, eu me sentia sozinho.” Meu coração se apertou.

Eu sabia exatamente o que Min Yoongi sentia, pois essa foi minha realidade por muitos anos.

Quando Chung Hee começou a mudar, eu perdi a confiança nas pessoas e passei a afastar os outros. Quando menos percebi, eu não tinha mais amigos, e todos na escola olhavam feio pra mim.

“E do nada, enquanto eu estava isolado - como sempre, ele simplesmente se sentou perto de mim, e lanchamos juntos. Aquele bobão não largou mais do meu pé desde então.” Seus olhos brilhavam lindamente toda vez que ele mencionava Hoseok. Min Yoongi deve ser muito grato a ele. “E depois que eu conheci ele, tudo ficou um pouco melhor, sabe? Eu conheci um cara chamado Jin por causa do Hoseok, e Jin me apresentou a aqueles idiotas um tempo depois.” Ele olhou pra mim. “Eu não tive que fazer muito esforço pra realmente me me enturmar com outras pessoas, porque com nosso pequeno grupo foi algo tão natural.” Eu assenti com a cabeça, um pedido mudo para que ele continuasse. “Essa é minha primeira vez que eu tento me relacionar seriamente com alguém, em tantos anos. E acho que comecei do jeito errado.” Ele riu baixinho.

“Vamos começar de novo, então?” Tentei sorrir para ele, recebendo um de volta.

“Olá, eu sou Min Yoongi e tenho dezenove anos. Sou perdidamente apaixonado por meu melhor amigo Jung Hoseok, e namoro com aquele idiota desde que tinha quinze anos.” Ele estendeu a mão pra mim, um pouco mais simpático. Tentei esconder minha surpresa ao descobrir que Min Yoongi e Jung Hoseok namoravam, e sorri pra ele.

“Eu sou Park Jimin, e tenho dezessete anos. Me mudei de Busan, pois recebi uma bolsa de estudos aqui em Seoul, muito prazer.” Estendi a mão e apertei a sua.

Ele voltou a encostar as costas na cadeira, e chamou  garçom, pedindo um Bibimbap.

“Jimin?” Ele me chamou parecendo incerto.

“Sim?”

“Eu não quero parecer intrometido, mas pode se dizer que sou bem observador, e talvez curioso.” Senti um frio na barriga, temendo o que viria a seguir. “O seu olhar me intriga.” Seu olhar era intenso sobre mim, me fazendo sentir um pouco desconfortável. “Você sofreu bastante, não é?” Direto como um tiro, atingindo meu peito em cheio. Senti o ar um pouco mais pesado. “Você não deixou Busan apenas pela bolsa, não é?”

As coisas estavam indo tão bem, porque isso agora?

“Desculpa, fui direto demais.” Ele bateu em sua testa. “O que eu quero dizer é:” Ele suspirou. “É evidente que você se machucou bastante em algum ponto de sua vida, não só fisicamente.” Arregalei os olhos. “Eu vi sua cicatriz no tornozelo.” Ele disse rapidamente. Me fazendo pensar em qual ocasião ele conseguiu ver a pequena cicatriz em meu tornozelo, feita por Chung Hee.

“O que importa é, já passou.” Ele sorriu docemente pra mim. “Eu consigo me ver em você, de algum jeito bizarro, mas consigo. Eu também já me machuquei bastante.” Ele bateu suas mãos em suas coxas. “Mas como eu disse, já passou. Nada dura pra sempre, e seu sofrimento também não vai.” Senti meu peito pesar, o fitei com dor no olhar. “Você prendeu o Jungkook de um jeito que eu ainda não entendi, e aquele lá não vai desistir de você.” Eu ri pra ele, sentindo meus olhos marejar. “Quando não conseguimos lidar com nossos problemas sozinhos, eu acredito que alguém lá fora está destinado a nos ajudar. E agora você não tem somente a Jungkook.” Ele riu contido. “Taehyung já te adora, também. E depois de tudo que ele falou pra Hoseok, se prepare.” Eu sorri sem graça.

“Aqueles cinco marmanjos me ajudaram, e não tenho dúvida que te ajudaram também.”

“Obrigado, Min Yoongi.”

“Não precisa dizer isso. Somos amigos não somos?”

Eu abri a boca surpreso.

“Quer dizer que-”

“Eu estou incluído. Eu também quero ser seu amigo, Jimin.” Ele sorriu docemente. “Do jeito que Hoseok e os meninos me ajudaram com meus problemas, eu quero te ajudar. Então pode começar a me chamar de hyung!” Eu ri junto de meu novo hyung.

“Mesmo assim, obrigado Yoongi-hyung.” Eu abaixei a cabeça, um pouco envergonhado.

“Okay, já fomos melosos demais. Vamos falar sobre o que interessa.” Ele bateu uma mão na outra, depois as esfregando. “Você gosta do Jungkook não é?” O olhei e arqueei uma de minhas sobrancelhas.

“É claro que eu gosto dele! Ele foi meu primeiro amigo!” Eu disse o óbvio, vendo Yoongi rolar os olhos, e bater em sua testa.

“Não desse jeito, seu lerdo!” O olhei me sentindo ofendido. “Do jeito de paixão. Do jeito que eu gosto do Hoseok!” Senti minhas bochechas esquentaram e eu neguei com a cabeça rapidamente.

“Mas é claro que não!” Ele riu alto de mim, até o garçom de antes voltar com nosso Bibimbap.

“Está esperando o que? Vamos atacar antes que esfrie!” Ele sorriu pra mim, e mesmo ainda estando envergonhado, eu assenti pegando meu hashis.

“Hyung?” O chamei. Ele me olhou, segurando seus hashis.

“Sim?”

“Eu gosto de você.” Eu sorri docemente pra ele.

[...]

“E aí, como foi?” Eu me estirei na cama, me sentindo cansado.

“Ah, foi melhor depois.” Eu suspirei. “Ele me pediu desculpas, e falou que ele sente dificuldade em se relacionar como eu.”

“Ele pediu desculpa?!” Ele questionou surpreso. “Sabe o que é ter Min Yoongi pedir desculpas para você? É uma coisa que só acontece uma vez na vida! Jiminnie, ele deve ter gostado de você!”

Eu ri alto do seu tom de voz, levando a mão a boca.

“Nós conversamos por um tempo depois, ele me contou sobre o Hoseok. E depois comemos um dos melhores Bibimbap que eu já comi na vida!”

“E você está okay, hum, com eles serem gays?” Eu fiz um barulho engraçado com minha boca.

“É claro que sim, Jungkook-ah! Dá pra ver o quanto o Yoongi-hyung gosta do Hoseok, os olhos dele brilham tanto quando ele fala dele.” Eu me cobri com meu cobertor, me aconchegando.

“É, eles se amam bastante.” Ele riu baixinho, no fundo pude ouvir o latido baixinho da Marshmallow.

“Eu quero minha bebê de volta!” Me referi a Marshy, fazendo voz de choro. "Devolve meu bebê, Jungkook!" Eu segurei minha risada, ao ouvir a sua. “Quem vai me abraçar a noite?”

“Não, não. Agora ela é minha! Vai dormir comigo hoje, não é lindinha?” Marshmallow latiu.

“Isso se chama traição! Estão me traindo na cara lavada!” Eu brinquei, ouvindo sua risada gostosa e rindo junto dele.

“Ai, hyung. Não me faça rir, minha mãe já me mandou ir dormir. Ela vai me matar se descobrir que eu passo minhas madrugadas falando com você.” Eu ri baixinho.

“Okay, criança.” Eu bocejei, me sentindo sonolento. “Eu logo, logo desligo.” Bocejei de novo.

“Hyung?” Sua voz parecia mais rouca, seguida por um bocejo.

“Sim, Jungkookie?”

“O que achou do Yoongi-hyung?” Ouvi o som do que parecia o colchão, então supus que ele se moveu na cama.

“Ele é um doce.” Sussurrei antes de fechar meus olhos.

“Você também é, Jiminnie-hyung.” Ele sussurrou, eu dei uma risadinha.

“Boa noite, Jungkookie.”

“Boa noite, hyung.” Foi a última coisa que ouvi antes de cair no sono.