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História Before Sunrise. - Unus


Escrita por: rinametal

Notas do Autor


oi sou eu de novo

Capítulo 1 - Unus


Fanfic / Fanfiction Before Sunrise. - Unus

10:00 - 14 DE ABRIL

Fechando o livro com força, Heejin se perguntou brevemente quanto tempo seria a prisão por assassinato na Áustria. Ela imaginou que provavelmente valeria a pena, ouvindo o casal ao seu lado discutindo. Isso era realmente necessário agora? Isso era necessário?

Cansada de ouvir uma discussão que ela nem conseguia entender, Heejin examinou o vagão em busca de um assento para o qual pudesse mudar, vendo que não estava tão lotado. Enquanto seu olhar cintilou ao redor, uma pessoa chamou sua atenção.

Era uma mulher de cabelos castanhos, vestindo uma gola alta de lã bordô com o nariz enfiado no que Heejin reconheceu ser o primeiro livro da série Harry Potter. Ela reprimiu um sorriso ao vê-la e rapidamente tomou uma decisão sobre para onde sentar.

Finalmente tendo realocado suas malas, Heejin se acomodou em seu novo assento. Ela estava a algumas fileiras de distância do casal discutindo, cuja briga chegou ao clímax com os dois decidindo sair do vagão, saindo enquanto gritavam um com o outro. Ela olhou para a mulher do outro lado do corredor, em solidariedade, apenas para ver os olhos da estranha já fixos nela.

– Faz alguma ideia do que eles discutiam? – a estranha sussurrou.

Cara a cara com a mulher, Heejin questionou sua decisão de se sentar perto dela. Ela era incrivelmente bonita, um fato que Heejin ignorou por causa do livro que cobria seu rosto. O que ela deveria dizer?

– Você, uh, fala coreano? – a mulher perguntou novamente.

Heejin estava muito ocupada olhando para o rosto dela para perceber que a estranha estava, de fato, falando em sua língua materna.

– Oh, sim. Eu falo coreano, mas meu alemão não é muito bom, então eu realmente não sei sobre o que eles estavam discutindo. – Heejin disse timidamente. Algumas batidas se passaram e ela teve que se forçar a desviar o olhar, redirecionando-o para o livro em seu colo, decepcionada.

Se ela soubesse que se sair melhor nas aulas de alemão lhe daria uma desculpa para continuar uma conversa com uma bela estranha, Heejin teria se esforçado mais para realmente aprender o idioma.

– Ah, que livro você está lendo?

A cabeça de Heejin virou para a direita, surpresa com a tentativa de continuar a conversa. O rosto da mulher estava adornado comum sorriso gentil, e Heejin derreteu com a visão.

Recuperando os sentidos, ela ergueu o livro que estava lendo antes de se distrair com o casal barulhento.

A mulher assentiu em aprovação. 

– Georges Bataille, isso é legal. – Ela então levantou seu próprio livro. – O meu é um pouco menos filosófico, embora seja bem mais grosso. – ela brincou, arrancando uma risadinha de Heejin.

– Você ficaria surpresa com o quão filosófico Harry Potter pode ser.

– Ah, é muito filosófico, mas só estou lendo para poder reclamar sobre como eles não fizeram os filmes direito. – disse ela, rindo de sua própria piada. – Você já-

– Como abre essa porra de porta?!

Ela estremeceu ao som do casal zangado voltando para o vagão, fingindo gritar um com o outro enquanto voltavam para seus lugares. Uma vez que eles estavam fora do alcance da voz e ocupados se antagonizando novamente.

– Já ouviu falar que quando os casais envelhecem, eles perdem a capacidade de se ouvir? – Heejin se virou para a estranha.

As sobrancelhas da estranha se ergueram.

– Sério? Como?

– Supostamente, os homens perdem a capacidade de ouvir sons mais altos, enquanto as mulheres a perdem nos sons mais baixos. Acho que se anulam um ao outro.

Ela soltou uma pequena risada desta vez, o que fez muitas coisas questionáveis ​​ao coração de Heejin. Tudo o que Heejin escolheu ignorar por enquanto. 

– Talvez seja a fórmula da natureza para os casais envelhecerem juntos sem se matarem.

– Eu não diria-

– Típico seu! Realmente pulou tanto que você tem que ficar olhando para ela?

A estranha deu a ela um sorriso de desculpas, que Heejin devolveu desanimada. Era impossível ouvir uma à outra com o casal se irritando novamente, então ela não podia fazer nada além de lamentar a perda de uma conversa interessante. Heejin estava prestes a tentar ler seu livro quando a estranha falou com ela novamente.

– Ei, eu estava pensando em ir até o vagão-restaurante. – disse ela, olhando para o outro lado. – Você quer vir comigo?

Heejin examinou o rosto da estranha, que parecia sério. Deixando de lado as características de uma deusa, ela tem certeza de que essa mulher não era uma assassina em série de nenhum tipo. E mesmo que fosse, bem, pelo menos seria algo interessante.

– Sim. –  Heejin respondeu com um sorriso.

 

10h40 – 14 DE ABRIL

– Então, você fala alemão?

– Um pouco. – respondeu Heejin e apontou para uma mesa vazia. – Está bom aqui?

A mulher respondeu com um aceno de cabeça.

A vista ao lado delas era a de uma extensão infinita de pasto verde e um par de casas de madeira esporádicas. É o tipo de imagem que chegou às pinturas e outras obras de arte, então Heejin se sentiu um pouco mal por estarem passando por ela sem dar atenção.

– Então, você fala coreano e alemão?

Sua atenção se voltou para a mulher à sua frente, cujo queixo estava apoiado na palma da mão, olhando para o rosto de Heejin.

Ela respirou fundo. Ela não estava acostumada a ter alguém descaradamente dando a ela toda a sua atenção assim. 

– Sim. Isso, inglês e um pouco de francês. E você?

– Eu falo a verdade, isso conta? – A mulher riu. Heejin revirou os olhos com a piada. – Hmm, eu só falo coreano, um pouco de inglês. Eu tentei aprender outros, no entanto! Tentei um pouco de francês, até fiquei na fila do metrô. Eu estava praticando na fila. Une billet, s'il vous plaît. Une billet, s'il vous plaît... você sabe, a coisa toda...

Heejin queria dizer o quão adorável ela estava sendo, mas decidiu corrigir sua pronúncia. 

– É un billet.

– Sim, isso. Un billet. Então chego à bilheteria, olhei para uma mulher e minha mente fica completamente em branco. É como uma daquelas coisas de ansiedade de desempenho, sabe? Então eu comecei a dizer em inglês: 'Então, eu preciso de uma passagem para chegar..' Enfim...

Sua voz falhou e Heejin não pôde deixar de se divertir com o olhar confuso em seu rosto.

– Então, para onde você está indo?

– Paris. Minhas aulas começam na semana que vem. – Por mais que quisesse provocá-la, Heejin deixou a mudança de assunto passar.

– Ainda está na faculdade? Qual?

– Sim, La Sorbonne. Conhece?

Heejin esperava que ela não soubesse, mas a mulher assentiu para si mesma em compreensão.

– E você? – Heejin perguntou, inclinando-se sobre a mesa. – Para onde vai?

– Estou indo para Viena.

– De férias?

– S- Não, não. – ela se corrigiu, rindo do erro. – Eu realmente não sei o que estou fazendo. Apenas viajando por aí, eu acho? Visitei uma amiga em Madri e pensei em comprar um daqueles passes Eurail. Parecia divertido.

 – Então, a viagem pela Europa está sendo boa?

– Tem sido.. um saco. Ficar sentada semanas olhando pela janela, tem sido realmente ótimo. – riu.

Instintivamente, o olhar de Heejin vagou para o cenário na janela ao lado dela. Realmente parecia ótimo, e por um momento até contemplou como seria viver uma vida simples no meio dos campos. Mas então lembrou a si mesma que provavelmente estava apenas romantizando a vida longe da cidade.

– Faz você pensar em um monte de coisas, não? – a estranha perguntou, ainda olhando para a janela. Uma batida passou e ela redirecionou seu olhar para Heejin. – Isso me deu uma ideia para um programa de televisão, na verdade.

– Programa de televisão? – Heejin perguntou intrigada.

– Sim, alguns dos meus amigos são produtores, não sei. Acabei de ter essa ideia de um programa que passa 24h por dia, durante um ano. O que você faz é colocar 365 pessoas de cidades do mundo todo para fazer esses documentários de 24h em tempo real, capturando a vida enquanto é vivida. –  Ela fez uma pausa e Heejin acenou com a cabeça para incentivá-la a continuar. – Começaria com... um cara acordando de manhã, e talvez tomando um longo banho, tomando um café da manhã, fazendo um café, esse tipo de coisa.

Uma risada escapou da boca de Heejin antes que ela pudesse impedir. 

– Espera, espera. Todas as coisas mundanas e chatas que todos tem que fazer todos os dias da vida?

A mulher abriu a boca para dizer algo, mas fechou novamente. A imagem perfeita da indignação. Alguns segundos se passaram antes que ela finalmente respondesse. 

– Eu ia dizer, ''Poesia da Vida Cotidiana''. Mas quando você coloca dessa forma...

– Isso poderia funcionar, eu acho. É a mesma coisa, no entanto. – Heejin riu novamente.

– Eh, Você diz do seu jeito. Eu digo do meu. – disse a mulher. – Você é você, eu sou eu. Faz toda a diferença no mundo.

Heejin cantarolou em concordância. 

– Então é como um programa da National Geographic, mas sobre pessoas.

– Exatamente! – a mulher exclamou, jogando as mãos para cima e recostando-se na cadeira, parecendo que Heejin apenas a justificou. – Pense nisso assim, por que um cachorro dormindo ao sol é tão bonito? Sabe? É realmente bonito. Mas um cara sacando dinheiro do caixa eletrônico parece um completo idiota?

Heejin não pôde deixar de rir de sua pergunta, mesmo que a mulher parecesse completamente séria ao perguntar. Mais tarde, ela decidiria que foi essa pergunta idiota, esse exato momento, que a fez pensar que talvez fosse bom manter essa pessoa por perto.

 

12:00 - 14 DE ABRIL

– Eu me sinto mal por não ter realmente perguntado o seu nome ainda.

Heejin ergueu os olhos do goulash que estava comendo, um pouco surpresa por ter quebrado o silêncio confortável entre elas.

Ela supôs que era muito estranho que elas ainda não soubessem o nome uma da outra – elas já se falavam há algum tempo, afinal. Uma pequena parte de Heejin sugeriu que talvez fosse melhor não saber muito uma sobre a outra, nem mesmo seus nomes. Mas antes que ela pudesse entreter o pensamento, a estranha já estava falando.

– Meu nome é Hyunjin. Kim Hyunjin.

– Hyunjin. – Heejin repetiu, tentando por si mesma, e decidindo que ela gostava de como soava. Foi estúpido pensar que ela está melhor sem dizer nem uma vez. – Meu chamo Heejin, Jeon Heejin.

Um sorriso se espalhou no rosto de Hyunjin. 

– Ok, prazer em conhecê-la oficialmente, Heejin. – disse ela, estendendo a mão para um aperto.

– Prazer em te conhecer também.

 

13:00 - 14 DE ABRIL

– Sabe, meus pais nunca cogitaram a possibilidade de eu me apaixonar, ou casar, ou ter filhos. 

Heejin não sabia por que, mas dizer o que estava pensando era infinitamente mais fácil quando Hyunjin a ouvia. Provavelmente algo em seus olhos. Eles faziam parecer que ela estava bebendo cada palavra que Heejin dizia, como se seus pensamentos fossem importantes e merecessem consideração cuidadosa.

– Mesmo quando criança, eles sempre queriam que eu pensasse numa carreira futura. –continuou Heejin. – Tipo, quando eu dizia que queria ser escritora, meu pai dizia ''jornalista''. Eu queria ter um abrigo para gato, e ele dizia, ''veterinária''.  Era uma constante conversão das minhas belas ambições nessas formas práticas de fazer dinheiro. Eu sempre me perguntei: por que não posso simplesmente fazer as coisas que quero? Porque tudo tem que ser tão complicado?

Hyunjin assentiu com suas palavras e se mexeu em seu assento. 

– Eu tinha um bom detector de mentiras quando era criança. Sempre sabia quando mentiam pra mim. No colegial, eu ficava puta de ouvir o que todos pensavam que eu devia fazer com a minha vida e fazia o contrário. Ninguém fazia por maldade. Mas não conseguia me empolgar com as ambições das outras pessoas para a minha vida.

Heejin entendia bastante sobre isso. Mesmo sendo alguém que conheceu Hyunjin apenas algumas horas atrás, era difícil imaginá-la fazendo qualquer coisa que não quisesse. Da mesma forma, ela também parecia alguém com uma veia teimosa. Lembrando do show que ela lançou antes, Heejin riu.

Hyunjin levantou uma sobrancelha. 

– Há alguma coisa que você queira compartilhar?

– Nada importante. –  Heejin respondeu com uma risada. – Mas quer saber, se seus pais nunca te contradizem em nada, fica ainda mais difícil reclamar deles. Mesmo quando estão errados, é essa merda passiva-agressiva, entende? Eles apoiaram você o tempo todo, então você não pode exatamente atuar.

Hyunjin considerou suas palavras e fez um barulho de concordância. 

– Sim, mas apesar de todas as tolices que fazem parte dela... Eu ainda me lembro da minha infância como uma época mágica. – Ela caiu para trás contra seu assento e olhou pela janela, o reflexo em seus olhos fazendo parecer que eles estavam brilhando. – Lembro de quando minha mãe me falou pela primeira vez sobre a morte. Minha bisavó tinha morrido, e minha família foi visitá-los. Acho que eu tinha uns três anos. Enfim, eu estava brincando no quintal e minha irmã tinha me ensinado como segurar a mangueira de um jeito que a água fazia um spray contra o sol, e formava um arco-íris. Você sabe né?

Heejin assentiu.

– Então, eu estava fazendo isso e, através da nuvem de gotas, eu vi minha bisa. Ela estava parada lá, sorrindo pra mim. – Os olhos de Hyunjin estavam longe, e de alguma forma parecia que ela estava sonhando acordada. – Eu fiquei segurando a mangueira por um bom tempo, olhando para ela. Então finalmente, larguei a mangueira e ela desapareceu. Aí eu corri para dentro e contei aos meus pais. Eles me deram uma longa explicação sobre como quando as pessoas morrem, nunca mais as vemos e que eu tinha imaginado tudo. Mas eu sabia o que tinha visto. Estava feliz por ter visto. Eu nunca mais vi nada assim. Aquilo me fez perceber como tudo é ambíguo. Até mesmo a morte.

Heejin levou um momento para absorver a história e mais alguns para entender a pessoa diante dela. Ela se perguntou se o desejo de manter essa mulher no bolso era uma coisa passageira ou uma necessidade permanente.

– Você tem sorte de poder ter essa atitude em relação à morte. – Heejin finalmente disse.

– Por que?

– Acho que tenho medo da morte 24h por dia. Juro. Quer dizer, é por isso que estou num trem agora. Eu podia ter voado para Paris, mas tenho medo. – Quando Hyunjin respondeu com uma risada, Heejin lançou um olhar para ela. – Não posso fazer nada. Eu sei que as estatísticas dizem ''Blá-blá-blá, é mais seguro''. Quando estou num avião, posso ver a explosão. Me vejo caindo através das nuvens. E tenho pavor daqueles poucos segundos de consciência que antecedem a morte. Quando você sabe que vai morrer. Não consigo parar de pensar assim. É exaustivo.

Hyunjin olhou para cima em pensamento. 

– Bem, se serve de consolo, ouvi dizer que a experiência de quase morte é realmente pacífica. Algo sobre seu cérebro liberando hormônios calmantes. Não me cite sobre isso, no entanto.

– Ainda não estou ansiosa para experimentar por mim mesma. – disse Heejin amargamente.

Hyunjin bufou. 

– Nem eu.

 

14h30 – 14 DE ABRIL

Hyunjin estava tendo uma crise.

A coisa era, ela sabia que tinha um voo de volta para Seul amanhã. Ela sabia que tinha que sair desse maldito trem, perder dezoito horas ou mais em Viena, encontrar o aeroporto e depois pegar um avião de volta para casa.

Mas por que ela não conseguia fazer isso?

(Ela percebeu que tinha algo a ver com o olho de sua mente constantemente exibindo uma imagem de Heejin, os olhos desaparecendo em seu sorriso e parecendo lindos demais para Hyunjin lidar.)

Ela pegou suas malas no compartimento superior e as segurou com força, andando pelo pequeno espaço que o vagão oferecia. A ideia de sair deste trem sozinha fez com que as emoções se formassem na garganta de Hyunjin, semelhante à sensação que ela teria sempre que fizesse algo que sabia que iria fodê-la no futuro.

Ela sabia o que tinha que fazer, mas isso não tornava as coisas exatamente mais fáceis para si.

Agindo com vontade própria, seus pés logo a trouxeram de volta à mesa que ela dividia com Heejin. Ela estava a olhando com curiosidade, e Hyunjin só podia esperar que ela pelo menos a ouvisse.

Ela respirou fundo.

– Tenho uma ideia claramente insana, mas se não te perguntar isso, vou me arrepender pelo resto da minha vida. – Hyunjin disse, seu nervosismo palpável.

– O que?

A expressão de Heejin era indecifrável, mas Hyunjin percebeu que era agora ou nunca, algo dentro dela a empurrando para continuar. Talvez fosse adrenalina, talvez fosse coragem, talvez fosse outra coisa. Mas o que quer que fosse, Hyunjin agarrou-se nisso desesperadamente.

Ela se sentou na cadeira que ocupava antes, apoiou os cotovelos na mesa e se inclinou o mais perto que pôde de Heejin. 

– Eu... eu quero continuar falando com você. Não faço ideia dos seus planos, mas sinto que temos uma espécie de conexão. Você também sente, né? Essa coisa estranha. – Ela olhou para cima em busca de uma maneira melhor de colocar isso em palavras, mas não conseguiu. – Parece besta chamar isso de conexão, mas estou fazendo isso de cabeça.

– Eu entendo. – disse Heejin, olhando para ela com seriedade. – E eu sinto isso também.

Hyunjin assentiu para si mesma, satisfeita, e juntou as mãos. 

– OK. Legal. É isso que acho que devemos fazer: Desça do trem aqui em Viena, e vamos conhecer a cidade.

Ela não tinha certeza se Heejin entendeu o que ela disse, com a maneira como as palavras simplesmente saíram de sua boca da melhor maneira possível. Mas então Heejin a fixou com um olhar de surpresa, então maravilha, que de alguma forma se transformou em outro daqueles sorrisos que fizeram o coração de Hyunjin funcionar mal e a mente ficar em branco.

– E o que vamos fazer?

Não é uma rejeição, ela pensou feliz. A realização enviou uma onda de coragem através dela.

– Honestamente? Não sei. Tudo o que sei é que tenho que pegar um voo da Korean Airlines amanhã de manhã às nove e meia, e não posso pagar um hotel, então eu ia andar por aí e seria muito mais divertido se você viesse comigo. E se achar que eu sou uma psicopata, você pega o próximo trem! Talvez até me prenda ou algo assim.

Ela procurou no rosto de Heejin um sinal de que estava cedendo, apenas para encontrar incerteza. Infelizmente para as duas, Hyunjin não estava recuando.

– Tudo bem, tudo bem. Pense da seguinte forma... – Hyunjin franziu os lábios. – Pule adiante, dez, vinte anos. Você está lá fora, vivendo sua vida. Você se formou na La Sorbonne e é uma...?

– Escritora. –  Heejin respondeu.

– Você é uma escritora legal! – Hyunjin exclamou. – Faltam vinte anos para hoje e você tem um bom apartamento e talvez até um marido. Mas digamos que seu casamento não está indo muito bem, não tem a mesma faísca, sabe? Você começa a pensar em todas as pessoas que conheceu em sua vida e no que poderia ter acontecido se tivesse dado uma chance a uma delas. Bem, eu sou uma dessas pessoas.

Heejin riu disso e Hyunjin aplaudiu internamente.

– Pense nisso como uma viagem no tempo de lá para agora, para descobrir o que você perdeu. Isso pode ser um enorme favor pra você e seu futuro marido, por perceber que você não perdeu nada. – Hyunjin se levantou da cadeira e gesticulou para si mesma. – Sou tão fraca quanto ele. Desmotivada. Totalmente chata. Você fez a escolha certa e é muito feliz.

Tudo isso parecia muito melhor em sua cabeça, mas por alguma razão Hyunjin observou enquanto o ceticismo desaparecia do rosto de Heejin. O trem escolheu aquele exato momento para derrapar até parar, quase derrubando Hyunjin.

– Viagem no tempo? – Heejin perguntou com uma cadência provocante em sua voz.

– Sim. – Hyunjin respondeu com falsa seriedade. – É para o seu futuro casamento, sabe.

Heejin pareceu considerar suas palavras novamente, então se levantou da cadeira. O coração de Hyunjin saltou para a garganta.

– Deixe eu pegar minha mala.



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