História Before The Right Time - Capítulo Trinta e Um

— Você não pode fazer isso! – Davos tenta acompanhar os passos apressados do Rei do Norte.

— É o meu irmãozinho que está lá! – Jon não consegue conter a felicidade com a notícia. Ele entra no quarto e Davos fecha a porta ao entrar.

— Nós viemos de tão longe até aqui e quando finalmente conseguimos convencer a rainha a deixar extrair o Vidro de dragão, você simplesmente quer largar tudo isso? – Davos altera a voz. Ele nunca tinha falado desse jeito com Jon, mas não podia deixar que o Rei colocasse tudo a perder.

— Davos, você não está entendendo. – Jon passa as mãos pelo cabelo, tentando arrumar uma forma de explicar. — Faz anos que ninguém tem notícia do meu irmão. Agora eu recebo uma mensagem da Patrulha, afirmando que ele está lá. Você sabe que Bran depois do acidente ficou sem o movimento das pernas, ele precisará de ajuda.

— O que você vai fazer lá sozinho? Não fará diferença a sua presença, mas fará diferença aqui, a Rainha não permitirá que você deixe o castelo.

— Eu não sou prisioneiro dela. – Jon responde com o tom rígido. 

— Mas vocês podem ser dois fortes aliados.

— Eu não irei dobrar o joelho e ela não desistirá de tentar me obrigar a fazer isso. – Jon para de falar e começa a raciocinar sobre o que estava acontecendo. Ele encara Davos. — Você andou falando com Tyrion.

— Jon, uma aliança por casamento é a melhor coisa que pode acontecer para ambos...

— Você não pensou por um momento que talvez eu não queira me casar com ela? – Jon altera a voz. — Estou cansado de decidirem a minha vida, o que eu devo fazer. Nós estamos em meio a uma Guerra e você conspirando com a Mão da Rainha para uma união por casamento. Eu nem tenho certeza se irei sobreviver depois de tudo isso. Eu admiro Tyrion, mas ele só está pensando no Reino da rainha a qual ele serve.

— E como você espere que a gente ganhe essa Guerra? Sem o exército de Daenerys nós não teremos guerreiros suficientes nem para tentar lutar. E não precisará abdicar de seu título como Rei do Norte, porque será Rei dos outros Sete Reinos também. Sua irmã ou até mesmo Bran será Protetor do Norte. – Davos percebe que o olhar de Jon vacilou. — Você sabe que eu estou falando a verdade. Ned e Catelyn se casaram por aliança política e construíram uma família e se amavam, você viu isso. Não apenas eles, como diversas alianças são formadas a cada minuto. Você e Daenerys são jovens, por mais que tenham tido suas discussões, estão se entendendo aos poucos.

Jon não sabia qual argumento usar para convencer seu conselheiro, porque sabia que Davos estava certo. Nunca tinha passado pela sua cabeça a ideia de casar até conhecer Ygritte, e depois que tinha deixado a Patrulha imaginou como seria ter uma família ao seu lado. Mas não ocorreu do jeito que ele imaginara e tomaram caminhos diferentes. Quando conheceu Daenerys sentiu algo diferente, e isso se comprovou quando a reencontrou e a atração que sente quando ficam a sós. Mas algo o impedia de aceitar o sentimento que estava se formando. Pelo pouco tempo que estava em Pedra de Dragão, Jon tinha noção da personalidade de Daenerys e suas atitudes não eram compatíveis com os pensamentos que Jon tinha, apesar de terem em comum a vontade de construir um mundo melhor para a população.

— Eu não queria entrar nesse grande jogo. Ter a minha vida controlada por essa roda que nunca irá mudar se continuar desse jeito.

— No momento em que os nortenhos te escolheram para ser Rei do Norte, você entrou nesse grande jogo. – Davos se aproxima de Jon e coloca a mão sob o ombro do jovem. — Não pode fugir de suas responsabilidades. Muitas vidas dependem da sua, Jon Snow. Seu irmão foi traído por casar com uma pessoa quando tinha um acordo por uma aliança política. Não cometa os mesmos erros que sua família cometeu, a maioria estão mortos mas você está aqui. Não pense muito, não temos tempo para isso.

Davos se afasta e sai do quarto. Jon se joga na cama, pensando em tudo que Davos tinha dito. Ele tira do bolso a mensagem enviada por Edd e encara o papel, pensando no que irá fazer.

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Daenerys estava sentada, encarando a Mesa Pintando enquanto seus pensamentos a distraiam. Ela não conseguia parar de pensar na mensagem que Jon Snow tinha recebido, se ele realmente iria deixar Pedra do Dragão para ir atrás do irmão. O pensamento de vê-lo indo para longe a deixava agoniada e curiosa por se sentir assim, afinal ele era nortenho e pertencia ao Norte.

— Atrapalho, minha rainha? – Tyrion entra na sala e a observa atentamente.

— Estava apenas distraída. – Daenerys força um sorriso e ajeita sua postura.

— Acabei de esbarrar com Jorah, fico feliz em saber que o aceitou de volta. – Tyrion senta ao lado de Daenerys.

— Ele achou a cura! Será ótimo tê-lo como aliado novamente. – Daenerys responde enquanto encarava diretamente a Muralha na Mesa Pintada.

— O que está acontecendo? Você parece estar distante daqui. – Tyrion repara quando Daenerys desperta de seus pensamentos.

— Você ficou sabendo que chegou um corvo para Jon Snow? Avisando que o irmão dele, Bran Stark, se encontra na Muralha.

— Fico feliz por ele e por Sansa...

— Ele quer ir até lá para encontrar o irmão. Não posso permitir que isso aconteça. – Daenerys o interrompe, irritada com a situação. — Será uma grande irresponsabilidade se ele deixar Pedra do Dragão.

— Por que irresponsabilidade? – Tyrion estranha a reação da rainha. — Você permitiu que ele extraísse o Vidro de dragão da e ele acompanhou o começo. O Rei do Norte pode muito bem deixar seus homens aqui enquanto vai até lá.

— Ele não se ajoelhou, portanto ainda é meu inimigo. Se ele realmente quiser a minha ajuda nessa Grande Guerra, terá que permanecer aqui. – Daenerys se levanta da cadeira e começa a andar pela sala. — Ele que nem ouse pedir permissão para sair de Pedra do Dragão.

— Eu tive uma conversa com ele a uns dias atrás. Conversamos sobre uma possível aliança através de um matrimônio entre vocês dois. 

— Qual é a opinião dele sobre isto? – Daenerys para de andar em círculos para encarar o Mão da Rainha.

— Não dei tempo para ele dizer algo, certamente naquele momento sua resposta seria negativa. – Tyrion percebe a mudança no olhar de Daenerys, como se estivesse desapontada. — Mas eu conversei com seu conselheiro, Davos Seaworth. Ele me disse que Jon Snow sempre optará pelo lado que favoreça o bem estar da população. Então, ele não recusará nossa proposta.

— Bom. – Daenerys respira fundo. — Mas para que ele diga alguma resposta, terá que permanecer no Castelo. Não aceitarei que ele se ausente.

— Não acredito que ele irá até a Muralha, sor Davos provavelmente já o convenceu de ficar aqui.

— Eu não acho que ele desistirá tão fácil assim. – Daenerys volta seu olhar para a janela, observando seus dragões voando.

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Jon Snow pegou sua capa que tinha sido feita por Sansa e coloca sob seu ombro. Vai até a escrivaninha e alcança a Garralonga, a posicionando em sua armadura. Passou o dia em seu quarto e fez as refeições por lá, tirou o dia para refletir sobre a mensagem recebida e decidiu que não poderia ficar ali enquanto poderia finalmente reencontrar seu irmãozinho. Jon abre a porta lentamente, o quarto de Davos era ao seu lado e qualquer barulho poderia fazer o conselheiro acordar e impedi-lo de ir até a Muralha. Ele caminha silenciosamente pelo corredor, e decide ir por trás do Castelo, onde tem menos guardas. Quando está chegando perto do portão para sair do Castelo, ele escuta passos se aproximando e fecha os olhos com a certeza que foi pego.

— Fugindo? – Jon franze a testa ao escutar a voz suave feminina. Ele vira para encara-la. Sente como se o ar tivesse o deixado ao ver o traje que Daenerys estava usando, um vestido branco feito por seda, destacando seus seios, quase os deixando transparente. Engoliu seco ao perceber que por debaixo daquele pano não havia mais nada. — Eu fiz uma pergunta.

— Eu estava...apenas caminhando, procurando um lugar tranquilo para refletir. – Jon gagueja durante a explicação. Ele não era bom com mentiras e a presença da rainha o afetava de todas as maneiras.

— Seu quarto não é suficiente para isso? – Daenerys pergunta com humor na voz. — Não tente mentir, você não é bom nisso.

— Eu sei! – Jon responde sem jeito.

— Você estava indo atrás do seu irmão na Muralha, não é? – Daenerys pergunta e recebe como resposta à confirmação de Jon com a cabeça. — Sem a minha permissão.

— Com todo respeito, eu não preciso de permissão porque também sou um Rei. – Jon é rígido nas palavras e surpreende Daenerys.

— Mas você está no meu Castelo, eu posso facilmente chamar um guarda e o matar aqui mesmo, talvez até mesmo o levar a força até um de meus dragões. – Daenerys o ameaça, enquanto se aproxima lentamente.

— Eu não fiz nada contra a sua pessoa. – Jon também dá um passo à frente e sorri. — Eu não sei se você possui fé em algum dos deuses, eu tenho nos Deuses Antigos e acredito que grande parte da população de Westeros também possui. Sabem que eu estou aqui, e o direito de hóspede é bem claro.  Quando um convidado come a comida e bebe a água na mesa do seu anfitrião sob o seu teto, o direito de hóspede é invocado. Quando invocado, nem o hóspede ou o anfitrião podem machucar um ao outro durante o período da visita. Se algum dos dois quebrar esta sagrada convenção social, é dito que a ira dos deuses cairá sobre ele.

— Eu não tenho medo dos deuses. – Daenerys murmura se aproximando, irritada pela afronta.

— Mas certamente não pretende ser uma rainha odiada por grande parte da população que segue as leis. – Jon sorri ironicamente.

— Você está certo. – Daenerys dá de ombros. — Mas certamente sem a minha ajuda, você não terá Vidro de Dragão e nem um exército grandioso para lutar contra o seu inimigo.

— Estou cansado dessas discursões. Desde que eu cheguei tenho tentado convencê-la do inimigo que está chegando, mas tudo que a Majestade tem feito é debochar da situação. – Jon altera a voz, diminuindo cada vez mais a distância. — Infelizmente eu não estarei aqui para ver você e todo seu exército sendo transformado em zumbis. Porque eles chegarão até aqui.

— Isso é uma ameaça? – Daenerys franze a testa e dá mais um passo à frente.

— Qual o seu problema em achar que tudo é um ataque a vossa majestade? – Jon suspira cansado de argumentar. — Eu estou cansado de tentar explicar para você o perigo que está por vir. Desde que eu parti para Muralha não teve um momento que não lutei, eu passei por diversas coisas e não esperava ter a certeza de que esse inimigo realmente é real e não apenas uma lenda. Eu queria que tudo isso fosse uma alucinação mas não é.

— Aceite ser meu aliado, fique aqui no Castelo e eu lutarei ao seu lado. – Daenerys possui o tom de voz calmo, dando abertura para uma trégua.

— Quando eu fui embora de Casa, meu irmão tinha acabado de se acidentar, eu partir sem ter a certeza de que ele estaria bem. Eu soube por meio de uma mensagem que ele havia perdido o movimento das pernas e me senti uma pessoa terrível por não estar ao lado dele quando descobriu isso. Ele amava escalar as torres. Depois eu descobri que os Greyjoy tinham tomado Winterfell e passei anos acreditando que ele estava morto. Mas agora eu tenho finalmente a chance de vê-lo novamente. Ele é minha família, você entende isso?

— Não, eu não entendo. – Daenerys dá um meio sorriso. — Não tenho uma família para possuir esse sentimento, mas se ainda existisse alguém do mesmo sangue que o meu, eu faria a mesma coisa.

Os dois se dão conta da proximidade que estão um do outro. Não fazem ideia de como ficaram tão próximos, mas nenhum dos dois recua. O coração de Daenerys disparava cada vez mais rápido por estar tão próxima de Jon, nunca tinha sentido algo parecido. Era maior do que atração, paixão ou algo que um dia sentiu, um sentimento estava se formando e ela não sabia como controlar, era mais forte do que ela própria e isso a assustava. Jon encarava os olhos violeta da bela mulher que estava a sua frente, como se estivesse hipnotizado. O desejo era nítido no olhar dela, assim como imaginava que era no seu. Jon aproximou-se lentamente, colando suas testas, sentindo a respiração pesada de Daenerys, que fecha os olhos. Ele morde o lábio inferior dela, dando início a um beijo calmo, aproveitando para explorar cada parte como se aquele beijo revelasse todos seus mistérios. Jon percebe o que estava fazendo e se afasta, deixando Daenerys confusa. Ele mantém os rostos próximos e não consegue falar nada, a rainha o puxou para um beijando-o fervorosamente. Daenerys levou suas mãos até o cabelo de Jon durante o beijo, enquanto Jon colava ainda mais seus corpos com a mão na cintura da rainha. Jon a encosta na parede em meio aos beijos, e sentiu o calor do corpo de Daenerys colado ao seu. Ele passa a mão por todo o corpo dela, conhecendo cada parte. Percebendo o rumo que aquilo iria tomar, ele se afasta imediatamente.

— Nós não podíamos ter feito isso. – Jon tenta controlar a sua respiração, que estava ofegante. Daenerys passa a mão pelos seus cabelos, tentando se recompor.

— Não saia daqui por nada, eu preciso fazer uma coisa. – Daenerys o pede e sai apressadamente.

Jon passa a mão pelos cabelos, tentando entender o que havia acontecido. Uma hora eles estavam discutindo e em outro se beijando e por pouco não avançando para outro nível. Ele não podia ter feito isso, a qualquer momento um guarda poderia ter chegado e visto os dois juntos. Jon agradece pela rainha ter saído para que ele possa se acalmar e voltar a lucidez. Jon encara o corredor, estranhando a demora de Daenerys e se questiona o por que dela ter saído daquele jeito e pedido para o esperar. Ele observa quando a imagem dela surge pelo corredor em sua direção, ela carregava algo em suas mãos mas não conseguia identificar por ainda estar longe. Jon tenta esconder o constrangimento ao vê-la se aproximando, com um vestido longo e coberto e olha para o que ela segue nas mãos e estranha.

— Por que você está com isso?

— Pode colocar em mim? – Daenerys pergunta suavemente. Jon concorda e engole seco quando ela vira as costas para que ele possa colocar a capa preta. — Obrigada.

— Para onde você irá? – Jon estranha.

— Nós vamos até a Muralha. – Daenerys responde brevemente e apressa seus passos até o portão e vira ao perceber que Jon não tinha saído do lugar. — Vamos.

Jon balança a cabeça e segue a rainha. Os dois caminham lado a lado, mas Daenerys o guia até o lugar para onde estavam indo. Ela falou rapidamente com guardas que estavam por perto, que apenas concordaram com o que ela tinha dito. Daenerys para de caminhar quando eles chegam no alto da montanha, e Jon estranha por terem parado ali. Quando estava prestes a perguntar, o dragão com escamas vermelhas se aproxima da rainha e ela monta nele.

— Você não vem? – Daenerys pergunta animadamente para Jon e estende seu braço. Jon encara a mão de Daenerys e o dragão, e sorri ao segura-lá como impulso para subir.

Daenerys sorri emocionada e alisa o dragão quando ele dá partida. Jon não consegue dizer nada, apenas coloca as mãos na cintura de Daenerys, deixando seus corpos colados um ao outro. Ele demora para olhar até o chão e quando consegue coragem, se surpreende com à vista privilegiada de cima. Era como se estivesse vivendo um sonho, tem um semblante de uma criança ao ver tudo aquilo de um aspecto diferente. Jon percebe que Daenerys estava se divertindo e tinha um sorriso que nunca havia visto em seu rosto, ele beija o pescoço de Daenerys e  a aperta ainda mais enquanto contempla a paisagem do alto.