1. Spirit Fanfics >
  2. Before You Go >
  3. It's Time

História Before You Go - It's Time


Escrita por: goldenbutterfly

Capítulo 8 - It's Time


Flashback on

 

—Venha comigo. — Asriel pediu, sem sequer olhar para ela. — Todos os demais, ao trabalho.

 

Os homens apenas concordaram com um aceno respeitoso de cabeça e dispersaram no mesmo instante. Asriel atravessou uma porta e Marisa o acompanhou, sem dizer uma só palavra. Logo, ambos estavam subindo um lance de escadas que dava no escritório de onde Asriel comandava todo aquele lugar. Enquanto caminhavam, Marisa observava ao redor com seu daemon a seu lado. Jamais havia visto uma fortificação como aquela e se perguntou quanto tempo e dedicação Asriel havia empenhado para construir aquela fortaleza.

 

—Entre, por favor. — Ele disse, abrindo a porta do escritório para ela.

 

—Onde estamos? — Marisa perguntou, após Asriel e sua daemon entrarem e a porta ser novamente fechada.

 

—Longe do alcance do Magisterium. — Ele respondeu. — Ninguém que não esteja aqui sabe da localização desse lugar. Estará segura, se quiser ficar.

 

—Eu ficarei, obrigada. — Ela disse, tentando manter a formalidade em conversar com ele. — Como sabia onde eu estava?

 

—Não sabia. Foi pura sorte eu estar no lugar certo, na hora certa. — Asriel disse, remexendo papéis sobre a mesa. — Por que o Magisterium está atrás de você?

 

—Acham que eu sei onde está Lyra.

 

—E você sabe?

 

—Não. — Marisa respondeu com firmeza, para deixar claro que não estava mentindo. — Se soubesse, já teria ido encontrar minha filha.

 

—Mesmo que ela não queira ficar com você? — Ele questionou, deixando a mulher sem fala. — Eu soube que por duas vezes ela fugiu dos seus braços, e por outras mais fugiu dos seus esforços para encontrá-la.

 

—Você a teve ao seu lado a vida toda e nunca aproveitou esse privilégio como deveria. — Marisa rebateu à altura. — E agora tem a coragem de falar com ares de julgamento sobre o que eu fiz para manter minha filha comigo? Que tipo de homem é você, Asriel?

 

—O homem que é o pai da sua filha. — Asriel disse com naturalidade, disfarçando com maestria o golpe que aquelas palavras lhe deram. — E que acabou de salvar a sua vida.

 

—Você é inacreditável, Asriel Belacqua. — Ela revirou os olhos, enojada com a capacidade que aquele homem tinha de ser tão imbecil às vezes. — Agradeço que tenha salvo minha vida. E não preciso que me lembre que é o pai de Lyra. Não houve um só dia em que eu não pensasse nisso.

 

E então, pela primeira vez desde que haviam chegado ali, Asriel olhou Marisa nos olhos. E ela, por sua vez, não sabia que a intensidade de seu próprio olhar era capaz de fazer aquele homem parar para pensar por alguns instantes e mudar seu comportamento.

 

—Não tenho o direito de te julgar, me desculpe. — Asriel apoiou suas mãos sobre a mesa de madeira e suspirou. — Vamos começar isso de uma forma amigável, está bem? Você está aqui como minha convidada. Tem tudo a sua disposição e se precisar de algo basta pedir.

 

—Quer mesmo que eu fique?

 

—Como eu disse antes, você está segura aqui. E, independente do que aconteça, irei protegê-la. Você tem a minha palavra.

 

—Por que você faria isso por mim? — Marisa questionou, duvidando daquela promessa.

 

—Porque é o certo a se fazer.

 

—Não está me dando um motivo para o que está fazendo, e sim uma justificativa.

 

Mesmo que tivesse pensado em algo para argumentar, o que não aconteceu, Asriel não teria tempo para falar, pois naquele momento um dos jovens que estava a seu serviço bateu à porta e Asriel mandou que entrasse.

 

—Com licença, milorde. — O rapaz pediu ao abrir a porta e dar apenas dois passos para dentro do escritório. — O aposento para Lady Coulter está pronto para recebê-la.

 

—Leve-a até lá, por favor. — Asriel pediu e o rapaz voltou para trás os dois passos que havia dado e esperou que a mulher saísse. — Pode acompanhá-lo, Marisa?

 

—Com sua licença, Lorde Asriel. — Ela lhe dirigiu uma mesura irônica, antes de sair do escritório com o macaco dourado caminhando em sua sombra.

 

A porta foi mais uma vez fechada e Asriel conseguiu ouvir os passos de Marisa ficando cada vez mais distantes. O homem se deixou cair sobre sua cadeira, se perguntando o que era aquilo que estava sentindo e porque estava sentindo. Se perguntando se, antes de Marisa ir, ele poderia ter dito ou feito algo que a fizesse se sentir melhor, pois sabia que ela estava triste pela ausência de Lyra e sentindo-se vulnerável e com medo, haja vista que o Magisterium havia chegado tão perto de capturá-la. Stelmaria se aproximou silenciosa, antes de falar com seu humano.

 

—Você ainda sente algo por Marisa. — Afirmou a daemon. — Do contrário, aquele olhar dela não o teria desarmado por dentro.

 

—Não posso ficar perto dela. — Disse Asriel, lamentando em seu coração o que acabara de dizer. — Marisa me desestabiliza e não posso me permitir isso.

 

Flashback off

 

 

Era a manhã seguinte à noite na qual Asriel havia beijado Marisa. Por mais que tentasse, ela não conseguia tirar aquele momento de seus pensamentos e se perguntava como iria olhar novamente para Asriel depois do que aconteceu. Suas defesas haviam caído, em parte talvez ela mesma havia permitido que fossem derrubadas aos poucos quando aquele homem entrou novamente em sua vida. Ela sentia que não havia mais nada que pudesse protegê-la, ao mesmo tempo em que procurava desesperadamente por uma forma de fortalecer o escudo atrás do qual se escondia há vários anos. Marisa já havia sofrido demais. Era o tipo de pessoa que havia passado pelo inferno e sobrevivido, e tal tipo de experiência te ensina lições e te transforma para sempre.

 

Ela estava na varanda, ainda vestida com um de seus elegantes trajes de dormir, sentada com braços sobre o parapeito e olhando atentamente para a extensão daquele céu tão azul quanto seus olhos. A seu lado, o macaco dourado apenas a observava com atenção, sentindo em si próprio o conflito de sentimentos dentro de sua humana.

 

—Mamãe... — Christie chamou por ela e só então Marisa a viu, vindo em sua direção. Pouco a frente da garota, a borboleta azul vinha voando graciosamente.

 

—O que faz acordada tão cedo? — A mulher perguntou.

 

—Não dormi muito bem. — Respondeu Christie, sentando-se ao lado da mãe. — E a senhora?

 

—Perdi o sono. — Marisa falou, levando sua mão gentilmente até as costas do macaco dourado. — Acho que estou apreensiva com essa fuga.

 

—Não teria outro motivo? — A garota indagou, olhando firmemente nos olhos de Marisa.

 

—O que quer dizer?

 

—Vi a senhora e Asriel ontem à noite. — Aquele resposta fez Marisa arregalar os olhos e perder a fala por alguns instantes.

 

—Mas... como? — A mulher questionou, incrédula. — Você estava dormindo, eu mesma te coloquei na cama.

 

—Foi por acaso, eu não fui até a sala por saber que estavam lá. — Christie explicou. — Acordei quando me dei conta de que estava em minha cama e não no carro. Me levantei e estava indo até a cozinha, foi quando os vi... juntos.

 

Marisa sentiu seu rosto corar, sentiu a pele de sua face arder como se estivesse em chamas. Sentiu-se envergonhada por tocar em um assunto como aquele com sua filha, que ainda era uma criança. Mas se Christie a tinha visto com Asriel, não havia muito mais que pudesse fazer a não ser tentar esclarecer o que tinha acontecido.

 

—E o que você pensa disso? Do que viu? — Marisa perguntou.

 

—Não penso nada, mamãe.

 

Aquela foi a resposta mais sincera e inocente que Marisa recebeu em sua vida. Ela não teve sequer algo para dizer diante daquilo e apenas riu, desviando seu olhar para o céu. Respirou fundo, antes de voltar a falar.

 

—Não conte à Lyra, por favor. — Pediu, olhando nos olhos de sua menina. — Não quero lhe dar a ilusão de pensar que talvez possa ter seus pais juntos, algo que ela jamais teve.

 

—Não pretendia contar a ninguém, não se preocupe. — Falou a garota, para o alívio de Marisa. — Mas eu posso perguntar uma coisa?

 

—Claro, meu amor.

 

—A senhora o ama?

 

A bela mulher ficou em silêncio, ponderando aquela pergunta dentro de si com seu coração e sua mente. Sabia que havia amado Asriel no passado, amado tanto a ponto de não se importar de se entregar a ele mesmo sendo uma mulher casada com outro homem. Amado tanto a ponto de ter tido uma filha com ele. No entanto, tantas coisas haviam acontecido depois que Asriel tirou Lyra de seus braços. Tudo o que havia sofrido em parte era por culpa dele e ela passou anos sentindo uma profunda raiva daquele homem. Mas nunca sentiu que o odiava, nem uma só vez. E com o tempo, a imagem de Asriel Belacqua não era mais capaz de abalar a mulher forte e confiante que ela havia se tornado. Se ainda restava algo daquele amor, Marisa o enterrou no mais profundo de seu ser, tão profundo que jamais voltaria a tona. E assim permaneceu, até aquela noite no topo da montanha, quando, sentindo o calor do sol de outro mundo em seus rostos, Asriel a beijou e pediu que ela fosse com ele. Até aquele dia, quando ele a salvou das mãos do Magisterium e a levou consigo. Até aquele momento, quando ele a fez prometer que iria sair viva dali. E principalmente, até aquele dia, tempos depois, quando Asriel bateu à porta de seu apartamento e voltou a fazer parte de sua vida.

 

—Acho que sim. — Marisa finalmente respondeu, sendo honesta consigo mesma ao máximo. — Mas não sei o que devo fazer. Prefiro pensar nisso quando estivermos longe daqui, em segurança.

 

E não tocaram mais naquele assunto. Dali, foram para a cozinha preparar o café da manhã e logo Lyra também despertou. Em companhia das filhas, Marisa praticamente esqueceu seus sentimentos tão confusos em relação a Asriel. Quase poderia esquecer também o Magisterium, não fosse o fato de saber que a vida de Christie estava em perigo. A manhã se passou, metade da tarde também. Marisa voltou a pensar em Asriel, mas dessa vez o motivo era ele ainda não ter aparecido ou mandado notícias. Ela começou a ficar apreensiva e em seu coração o medo de que algo tivesse dado errado começou a tomar conta.

 

Christie e Lyra estavam na sala, cada uma de pé sobre um sofá, em uma animada disputa de quem derrubaria a outra primeiro atirando-lhe almofadas. Suas gargalhadas se podiam ouvir em todo o apartamento, mas logo o que prevaleceu foi o som de fortes batidas na porta. Christie desceu do sofá, enfiando os pés calçados de meia em seus sapatos antes de ir atendê-la.

 

—Asriel. — A garota sorriu ao ver o homem esperando. — Entre.

 

—Obrigado. — Ele passou por Christie com passos apressados e nervosos, levando na mão uma maleta.

 

—Pai! — Lyra exclamou com alegria ao vê-lo adentrar a sala e saltou do sofá para ir até ele.

 

—Minha menininha. — Asriel sorriu ao abraçar sua filha. — Como você está?

 

—Estou bem. — Lyra respondeu, olhando-o atentamente. — O senhor parece nervoso. Aconteceu alguma coisa?

 

—Onde está a mãe de vocês? — Ele perguntou.

 

—Estou aqui. — Marisa surgiu, vinda de seu escritório.

 

—Temos que sair, agora. — Asriel falou sem rodeios. — O Magisterium enviou um destacamento de soldados, estão bem perto daqui.

 

—Como isso é possível? — Marisa indagou. — A informação que tivemos ontem é de que ainda estavam se preparando para enviar alguém.

 

—O amigo que tenho lá dentro só soube hoje que o Magisterium matinha esse destacamento em segredo e que os soldados não estavam a caminho e sim que já estavam aqui desde a manhã. — Asriel disse. — Vão chegar a qualquer momento, Marisa. Nós temos que ir.

 

—O que temos que fazer? — Christie perguntou, tão nervosa com a situação que as asas azuis da borboleta pousada em seu ombro tremiam.

 

—Nos preparar para o caso de termos que nos defender. — Ele respondeu, colocando a maleta sobre a mesa de centro, e olhou para Marisa. — Tem uma arma?

 

—Sim. — Ela respondeu.

 

—Pegue-a, vai precisar. — Asriel pediu e no mesmo instante Marisa foi em direção a seu quarto. Então, ele abriu a maleta e revelou seu conteúdo: outras três armas e balas. — Christie e Lyra, vocês irão ajudar levando uma arma cada uma. Marisa e eu podemos precisar de mais poder de fogo e não teremos tempo de recarregar nossas armas já vazias.

 

—Isso vai virar uma guerra, não é? — Lyra questionou, quando seu pai colocou em suas mãos uma das armas que já estava carregada.

 

—Lyra, o Magisterium está atrás de sua... — Asriel se deteve, lembrando que as duas crianças não sabiam de toda a verdade. — Está atrás de sua mãe por vingança, querem matá-la. Talvez isso sempre tenha sido uma guerra, mas sei que você é corajosa o bastante para enfrentá-la. — Ele sorriu para a filha e em seguida para Christie. — Vocês duas são.

 

Ele recebeu os sorrisos delas como resposta e então pegou outro revólver dentro da maleta e começou a carregá-lo com munições. O fazia de forma tão rápida e nervosa que Christie percebeu que precisava de ajuda. Sem pensar duas vezes, ela pegou o segundo revólver e começou a colocar as balas no carregador, deixando Asriel e Lyra grandemente surpresos.

 

—Onde você aprendeu a fazer isso? — Perguntou a menina, espantada com a maestria com a qual sua irmã manuseva o objeto.

 

—Em Londres. Na minha Londres, onde eu vivia antes. — Respondeu Christie e em seguida terminou o que estava fazendo: a arma estava impecavelmente pronta para ser usada. — Sobreviver sozinha te ensina algumas coisas.

 

—Segurem com cuidado, está bem? — Asriel pediu ao ver as duas irmãs com armas em suas mãos. — E mantenham seus dedos afastados do gatilho para evitar algum disparo por acidente.

 

—Estou pronta. — Marisa retornou, com sua arma em mãos.

 

—É a hora. — Disse Asriel, também com sua arma em mãos.

 

Patalaimon pulou para os braços de Lyra, que o segurou forte contra si com a mão que estava livre. Lily, ainda sobre o ombro de Christie, já não tremia pois havia se inundado da coragem que pulsava dentro de sua humana. Stelmaria, como sempre, calma e alerta ao lado de Asriel. E de pé sobre as patas traseiras e com os dedinhos negros agarrados ao tecido da calça de sua humana, estava o macaco dourado ao lado de Marisa. Um minuto depois, todos já haviam deixado o apartamento e caminhavam em direção a rua.


Notas Finais


Escolham suas armas e preparem-se para o próximo capítulo. 😉


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...