História Before You (Imagine Jeon Jungkook - BTS) - Formas de Amor de Blake e Claire

Capítulo 7 — Chapter Seven.

— Esse milkshake é muito doce, não sei como você consegue tomar com frequência. — Jeongguk comentou enquanto terminava de esvaziar seu copo.

— Você é um fresco Jungkook. — Ignorei sua fala, tomando o meu milkshake de baunilha na maior tranquilidade. Lentamente, para que não acabasse tão rápido.

— Tenho que manter a forma. — Ele deu de ombros, cruzando os braços e se encostando no sofá.

— Você trabalha, faz academia… E faculdade?

— Faço faculdade a distância, assim eu consigo organizar meus horários com mais facilidade. — Respondeu com um sorriso no rosto. — O que você quer fazer quando terminar o ensino médio?

— Vou fazer um exame para faculdade de medicina, aliás, eu deveria estar estudando agora… — Voltei a tomar meu milkshake, pensando na matéria acumulada causada pelas festas dos últimos dias.

— O Jimin me falou que você estuda bastante, não tem nenhum descanso?

— Claro que tenho, umas 2 horas de intervalo entre uma matéria e outra… — Jungkook fez uma cara de pato, arrancando uma risada minha.

— Sério? Pensei que Taehyung estava brincando quando disse que era responsável por toda sua vida social.

— É, minha vida é bem sem graça. Se dependesse de mim mesma, eu nem sairia de casa. — Deixei meu copo sobre a mesa, ouvindo Jeon rir fraco e balançar a cabeça, como se reprovasse o que eu acabara de falar. — A sua vida é bem movimentada, talvez por isso você me ache tão parada.

— Já virei adulto com dezenove anos, você deveria aproveitar enquanto ainda tem dezessete, depois é só trabalho e prova da faculdade.

— Obrigada papai, são ótimos conselhos! — Murmurei num tom irônico, esperando que ele sorrisse, e assim ele fez, mas, diferente do que eu esperava. Seu sorriso carregava um grande teor de malícia.

— Papai, é?

— Sabia que você é um idiota de marca grande?! — Exclamei ao perceber o porquê de sua maliciosidade, logo depois ouvindo sua risada engraçada.

— Mas eu nem disse nada… — Se defendeu, sorrindo ladino enquanto me encarava profundamente.

— Hm. — Quebrei nosso contato, colocando a mão no bolso e tirando o dinheiro dali.

— Pensei que eu iria pagar. — Ele tentou me impedir, mas eu apenas coloquei o dinheiro debaixo de algumas moedas.

— Não quero ficar te devendo depois, sei que você vai querer algo em troca. — Ditei sem expressão alguma, imaginando que ele cairia na minha tentativa de fingir que não estava tão interessada quanto.

— Esperta. — Jeongguk sorriu novamente, colocando seu dinheiro abaixo de seu copo.

Eu me levantei para ir embora, e ele me acompanhou como quem não se importava com nada.

— Você não tem casa não?

— Tenho. — Respondeu simples, andando ao meu lado na calçada.

— Então por que você não vai pra ela e me deixa em paz?

— Será que a gatinha esqueceu que a minha casa é a casa do Jimin? — Me olhou de canto. — Agora moramos no mesmo bairro.

— Que bom lembrar disso… — Suspirei, colocando as mãos no bolso do meu moletom e olhando para frente.

— Não precisa fingir que não gosta de mim, ___________, eu sei que gosta. — Eu o olhei, vendo novamente aquela maldita expressão maliciosa no rosto.

— Onde você aprendeu a ser tão convencido assim? — Perguntei, deixando um sorriso escapar.

— Ali na cafeteria, quando você admitiu que me acha bonito.

— Você já era assim antes, nem me venha com essa. — Voltei meu olhar para minha frente. Só mais um pouco e finalmente chegarei em casa.

— Mas depois que você falou, talvez eu tenha ficado um pouquinho mais. — Disse enquanto ria da minha expressão irônica para ele.

— Que pena, pois vou logo te informando que essa foi a última vez que eu te elogiei.

— Aham, sei.

— Você também me elogiou, eu deveria estar me gabando agora? — Ri.

— Para falar a verdade, deveria sim, ser elogiado por mim é uma honra… — Ele riu mais ainda quando eu revirei os olhos.

— Se é tão bonito assim, então por que não vai procurar outra garota para seguir? Tenta uma de dezoito ou dezenove anos, acho que ela nem vai se importar com o fato de você ser um chato. — Ditei enquanto observava sua reação de canto de olho.

— Devo esperar pelo seu aniversário então? — Perguntou, me fazendo rir enquanto o encarava desacreditada.

— Inacreditável. — Ri soprado, parando bem em frente a minha casa e vendo-o fazer o mesmo.

— Me passa seu número! — Pediu rapidamente, juntando as mãos de modo fofo.

— Nem pensar. — Respondi com um sorriso ladino, imitando o seu.

— Você quer passar, vai... — Se colocou em minha frente assim que eu ameacei entrar dentro de casa.

— Na-na-ni-na-não! — Falei pausadamente. Jeongguk cruzou os braços, mantendo postura ainda na minha frente, tentando me intimidar com toda sua altura, mas eu fiz o mesmo, cruzando os braços e ficando nas pontas dos pés.

— Eu te odeio, garota. — Sibilou, franzindo o cenho.

— Isso já é um motivo para eu não te passar meu número. — Fingi que iria me afastar e ele voltou a me segurar, fazendo bico enquanto pendia a cabeça para o lado. Quase me convencendo a fazer o que ele queria.

— Por favor? — Murmurou.

— Você não vai me deixar em paz mesmo, não é? — Ele balançou a cabeça, fazendo-me suspirar enquanto mostrava a mão, esperando que ele me entregasse seu celular. Jeongguk foi rápido, desbloqueou seu aparelho e logo tratou de colocar na lista de contatos, onde eu poderia adicionar o meu. — Pronto, agora vê se mete o pé daqui antes que meu avô te veja! — Devolvi seu celular, vendo um sorriso empolgado nascer em seu rosto.

— Valeu, princesa. — Me olhou, ainda com os lábios curvados.

— Não me agradeça por isso. — Ditei vagamente, caminhando em direção a minha porta.

— A gente se vê! — Exclamou antes de voltar a caminhar para sua casa. Eu o olhei uma última vez, sorrindo de toda sua animação enquanto acenava para mim e apressava seus passos.

Eu esperava entrar em casa e ainda ouvir parte da discussão do vovô e da Hyeon, mas o silêncio dominava os cômodos, e não havia ninguém na sala ou na cozinha. Após perambular a casa, notei que eles estavam em seu quarto, provavelmente dormindo, e Hyeon não estava mais por aqui, seu quarto estava horrível e haviam até coisas quebradas pelo chão.

Decidi que a melhor coisa a se fazer naquele momento era ficar na minha, e assim o fiz, indo para meu quarto e passando o resto do dia por lá, estudando e concluindo todas as minhas atividades atrasadas.

A Claire me ligou no fim do dia, chorando como uma criança e falando sobre Blake, eles brigaram feio e ela estava confusa quanto a mudança repentina do loiro, eu não soube muito o que falar para ela, já que não tive nenhuma experiência semelhante a esta, mas deixei claro que estava ali para o que der e vier, mesmo que minha função fosse ficar calada sem dizer sequer uma palavra, eu a consolaria de alguma forma.

Outra pessoa que também me distraiu por alguns minutos foi o Jungkook. O moreno me mandou mensagem por volta das seis e vinte três da tarde, e nem me perguntem porque fui tão específica, sequer sei dizer.

Nós conversamos pouco, e naqueles poucos minutos de conversa, notei que Jeon era pior ainda atrás de uma tela — mais chato e irritante. Eu imaginei que não conversaríamos tanto, e que logo logo ele enjoaria de mim e me deixaria em paz, mas as semanas seguintes me mostraram totalmente o contrário.

Graças a toda a insistência de Jungkook, nós começamos a conversar mais que o normal, passando noites acordados enviando mensagens um para o outro. Talvez eu devesse estranhar isso e tentar amenizar as coisas, mas nem era mais necessário, parecia que nossa relação estava se tornando totalmente amigável, mesmo que vez ou outra eu o mandasse catar coquinho e deixar de ser tão insuportável, já que suas provocações apareciam suavemente entre uma conversa aqui e ali.

— A resposta é trinta. — Jeongguk falou simples, me observando pela chamada de vídeo enquanto eu fazia meu dever de casa.

— Pensei que você fosse me ensinar, e não me dar a resposta. — Joguei o lápis em cima do caderno, olhando para a tela do meu celular com o cenho franzido. O garoto riu enquanto se encostava no sofá da casa, aproximando a câmera do celular em sua cara.

— Use a fórmula, depois some os valores dados na questão. — Explicou, com a boca bem em frente a câmera.

— Ok, dentes de coelho, muito obrigada. — Voltei a atenção pro caderno.

— Você fica bonita concentrada…

E assim eram nossas ligações, com o tempo ele me ligava apenas para perguntar sobre coisas fúteis, ou jogar papo fora. Eu fingia que acreditava em suas enrolações, mas no fundo eu sabia que ele apenas queria olhar para a minha cara de morta através do celular, até porque, ele nem sabe disfarçar.

— Esmalte preto ou branco? — Deitada de lado na cama e com o celular apoiado em um travesseiro bem em minha frente, eu mostrei os dois vidrinhos para ele através da câmera, rindo de sua expressão pensativa. Jeongguk faz um bico e franze o cenho quando está tomando uma nova decisão, e eu acho isso mais fofo do que deveria.

— Preto! — Respondeu rapidamente, sorrindo ao me ver passando o esmalte na unha. — Sabia que isso é uma leve demonstração de amor?

— O quê? — Murmurei distraída.

— Você perguntar qual cor de esmalte deve passar nas unhas, eu escolher, e você realmente passar… — Olhei para a tela do celular, vendo seu sorriso ladino nascer no rosto.

— Eu também pergunto pro Taehyung, pro Jimin, pro vovô…

— Você é uma estraga prazeres! — Falou indignado, fingindo dar soquinhos na câmera de seu celular, arrancando boas risadas minhas.

Suas ligações já estavam fazendo parte de minha rotina, e começamos a nos tratar como amigos realmente. Vez ou outra ele tinha uma recaída e lançava uma indireta maliciosa, mas eu acabei entendendo que isso duraria um bom tempo. Admito que quando ele foi parando de me provocar, eu senti um certo vazio, como se sentisse saudades de suas falas interessadas.

Se passaram duas semanas desde que começamos a conversar todos os dias, já estávamos acostumados a isso, mas eu comecei a me ocupar bastante com minhas tarefas diárias, e ele, com seu trabalho e faculdade, por conta disso, as ligações foram diminuindo, assim como as mensagens. De vez em quando eu mandava algum meme pra ele, que fazia o mesmo, mas não estávamos com tanto tempo para conversar como nas semanas anteriores.

A última vez que o vi pessoalmente foi naquele dia da cafeteria, depois disso começamos com nossas chamadas de vídeo, e apesar de estarmos morando no mesmo bairro, não nos vimos mais. As chamadas pareciam ser o suficiente, e eu não tinha toda aquela necessidade de vê-lo pessoalmente. Porém, depois que paramos de nos falar com frequência, eu comecei a sentir certa saudade de sua presença.

Hoje é quinta feira, e o dia nasceu bem nublado, por conta disso eu saí bem mais cedo de casa, jamais poderia deixar que a chuva me impedisse de ir à escola, até porque, a prova de hoje não poderia ser adiada. O assunto era fácil, e eu consegui acabar rapidamente, tudo isso graças às pequenas aulas de Jeon Jungkook através de nossas chamadas, ele vai se gabar muito depois que eu contar que acabei as questões primeiro que todo mundo.

Após o horário da prova, fomos liberados para o intervalo, o qual eu aproveitava tranquilamente agora, Claire havia sumido assim que o sinal bateu, mas eu estava tão good vibes que nem reclamei por ela ter me deixado sozinha. A vovó havia me dado uma caixinha de leite de amêndoas para eu trazer hoje, então, nada poderia acabar com meu dia.

Caminhando calmamente pelo longo corredor da escola, eu tentava furar minha caixinha, até ser puxada de uma vez para a salinha de limpeza.

— Poxa Claire, meu leite! — Bufei emburrada, vendo que eu havia perdido ele no corredor, já que a loira me puxou com tanta força que me fez derrubá-lo.

— Eu te dou outro depois! — Ela falou rapidamente, fechando a porta e se encostando nela. Eu continuei emburrada, me encostando na parede e só então notando sua expressão preocupada.

— O que foi?

— Vamos investigar algo. — Ditou convicta.

— Essa prova te fez mal? Ou você tá brincando?

— Estou falando sério! — Bufou, esfregando a mão na cara e segurando os cabelos para trás.

— Calma, calma… — Me aproximei dela, tentando segurar suas mãos para que ela não arrancasse todos os fios de sua cabeça. — Me fala o que você quer investigar?

— Blake…

— De novo? — Suspirei, balançando a cabeça. — Claire, talvez ele esteja passando por dias ruins, você está tentando encontrar algo mas e se não tiver nada para encontrar?

— Mensagens ignoradas, ligações recusadas, sumiços repentinos, falta de interesse total… Ele nem me manda mais mensagem… — Murmurou chorosa, puxando ar. Eu a puxei para um abraço, me sentindo mal por ela, não queria acreditar que Blake estava fazendo algo assim.

— Tudo bem, tudo bem… Se você quer investigar para dar um fim nisso tudo, estou com você!

— Obrigada, amiga. — Fungou, encostando a cabeça em meu ombro.

— Como quer fazer isso? — Perguntei.

— Ele sempre some no final dos horários, eu desconfio que ele esteja indo para a biblioteca, vamos descobrir isso hoje. Mas eu quero que ele pense que eu fui embora, e você também! — Explicou todo seu plano, me fazendo encará-la confusa na hora.

— Estudamos em salas uma ao lado da outra, como vamos sumir do nada?

— Não vamos para as próximas aulas, ficamos aqui e esperamos o fim dos horários. — Sugeriu de modo simples, e eu pendi a cabeça para o lado.

— Sabe quantas faltas iremos levar, sua loira louca?

— É só hoje __________, eu prometo! — Juntou as mãos, implorando para que eu entrasse nesse plano dela.

— Certo, mas precisamos pegar nossas mochilas primeiro…

— Elas já estão aqui. — Apontou para o canto da sala minúscula em que nos encontrávamos, mostrando nossas mochilas juntinhas bem atrás de uma estante de metal.

— Você é doidinha, Claire. — Acabei rindo soprado, e ela me acompanhou enquanto se sentava no chão. Espero que todas as suas desconfianças estejam erradas, eu não gostaria de ver minha melhor amiga magoada, principalmente por causa de um cara.

O sinal bateu minutos depois que nos escondemos aqui, Claire desabafava a cada segundo, e eu tentava concentrar minha atenção em suas falas depressivas e na minha falecida caixinha de leite de amêndoas. Em determinado momento eu acabei dormindo, acordando apenas quando ela me chamou, dizendo que os horários haviam acabado, e que todos já estavam indo para casa.

— Minhas costas estão fudidas… — Murmurei enquanto me espreguiçava, bocejando e pegando minha bolsa da mão de Claire.

— Vai ser rápido, depois iremos embora. — Ela disse enquanto colocava sua mochila nas costas. Seu rosto carregava uma expressão neutra, ela estava tentando disfarçar seu incômodo, tentando disfarçar a dor que sentia... e a dor que talvez sentiria daqui a pouco.

— Não fica assim, se estivermos certas de nossas desconfianças, você vai superar tudo isso! — Coloquei a mão em seu ombro, acalmando-a e terminando de colocar minha mochila nas costas.

— Vamos… — Foi rápida, abrindo a porta e me puxando para sair com ela, sequer se importando com o que eu acabara de falar.

O corredor já estava parcialmente vazio, e poucas pessoas pararam por ali, a maioria eram casais aos beijos, os quais eu passava e fingia que nem estava vendo.

— Vai chover pra caramba… — Comentei enquanto observava o céu através das janelas de vidro resistente que ocupavam o lugar das paredes do segundo andar da escola.

— Sairemos antes dessa chuva. — A voz de Claire estava mais pesada, imaginei que ela estivesse cansada por termos acabado de subir mais de quinze degraus de escada, mas eu não sabia diferenciar se seu cansaço era por isso mesmo.

À medida que nos aproximávamos da biblioteca, mais nervosa a loira ficava, e ao pararmos na porta, eu me coloquei em frente a ela.

— Você vai surtar, Claire, não quer ir pra casa? Eu posso ir com você, podemos fazer alguma coisa pra comer e dormir a noite inteira depois… — Tentei ser convincente, falando mais de uma das várias coisas entediantes que eu achava legal de se fazer. Isso até ouvir um suspiro alto seguido por um gemido arrastado de dentro do cômodo atrás de mim, o semblante de Claire mudou drasticamente, assim como o meu. Ela praticamente me arrancou de sua frente, me jogando pro lado com força. Eu tropecei nos próprios pés, e só tive tempo de vê-la abrindo a porta antes de cair no chão. — Droga, Claire… — Me levantei rapidamente, a seguindo para dentro da biblioteca.

Haviam vários corredores, e aquele barulho poderia ter vindo de qualquer canto, pensei que iríamos demorar para encontrar, mas, foram apenas alguns passos pelo segundo corredor e Claire se desfez em lágrimas ao se deparar com uma das cenas que jamais seriam esquecidas por ela.

— Seu idiota! Você estragou tudo! Estragou tudo! — Ela repetia várias e várias vezes, enquanto eu tentava segurá-la com toda minha força para que ela não avançasse em Blake e na outra garota. — Eu te odeio, eu te odeio muito!

— Vamos conversar, não é nada disso que você tá pensando, Claire… — Blake tentou se defender, mas não adiantou de nada, já que ele apenas levou um belo tapa na cara, desferido pela loira que eu tentava segurar. Talvez eu tenha deixado ela dar aquele tapa — só talvez.

— Olha o que você fez, olha o que você fez com a gente porra! — Gritou em alto e bom tom, amedrontando Blake e a menina que o acompanhava. — Vai se fuder, você e essa filha da puta!

Claire se soltou de mim, correndo para longe. Antes de sair eu me virei para Blake, mostrando o dedo do meio das duas mãos e apressando o passo para alcançar Claire.

— Ei, calma! — Consegui chegar perto dela, a abraçando e tentando acalmar todo seu surto.

— Calma? Você quer pra eu ter calma porra? — Interrogou, puxando ar e se afastando de mim, me olhando com o rosto banhada de lágrimas.

— Vai ficar tudo bem, ok? Não é o fim do mundo, você vai superar isso, ainda tem muita coisa pra…

— Do que caralhos você tá falando, _________? Não tenta me aconselhar nesse momento, você nunca passou por algo assim para ter o que me dizer! — Parou um pouco distante de mim. — Você não sabe nada sobre esse assunto, você nunca nem amou alguém, então por favor… Só…. — Apertou os olhos, respirando fundo. — Me deixa… — Voltou a correr para longe de mim, me deixando plantada no meio do corredor.

Então eu faltei todas as aulas de hoje pra isso? Quer dizer... Que ignorância a minha, Claire está claramente abalada pela traição, totalmente fora de si, por isso disse essas coisas. Eu poderia ajudá-la, mas como ela mesma disse, eu não entendo nada desta dor, e nem sei se gostaria de entender um dia.

Eu caminhei para casa com passos mais curtos dessa vez, sem me importar com a chuva que poderia cair a qualquer momento. Minha cabeça estava totalmente voltada a Blake e Claire, eles estavam tão felizes, estavam claramente bem um com o outro, eu vi a forma como ele olhou para ela no dia da festa de Peter, com os olhos brilhando e um sorriso sincero e apaixonado... Isso mudou tão rápido, ele está a traindo a semanas, e ela sempre desconfiou.

Se amar é isso, prefiro me manter o mais distante possível.

Por algum motivo, enquanto eu pensava nas formas de amor entre eles dois, acabei me lembrando de Jungkook. Será que ele também é assim? Será que também usa das mesmas máscaras de Blake? Não sei dizer porque ele veio na minha cabeça nesse instante, e nem porque senti tanta falta dele enquanto imaginava nós dois em uma situação como essa.

Eu suspirei pesadamente ao perceber que estava o colocando como um possível namorado para mim nesses pensamentos, na verdade, sempre que eu me coloco em certas ocasiões de casais, ele é o namorado na minha cabeça. Isso pode até significar algo, mas eu prefiro ignorar.

— Chegou tarde... — Meu avô comentou assim que eu entrei em casa, indo para a cozinha onde ele e a vovó estavam. — Tomou um chuvisco no caminho? — Perguntou com um sorriso no rosto.

— Só um pouquinho. — Respondi, sorrindo enquanto abaixava o capuz de meu casaco e o arrancava de meu corpo.

— O almoço atrasou um pouquinho hoje, então, você chegou bem na hora. — A vovó falou, colocando os pratos na mesa e olhando para mim. — Como foi a prova?

— Foi fácil, fui uma das primeiras a terminar.

— Essa é minha menina! — Vovô Clark exclamou enquanto bagunçava meus cabelos, sentando em uma das cadeiras da mesa.

— Mas e essa carinha triste? Deveria estar feliz por isso, não? — A vovó, como sempre, percebeu minha falha tentativa de fingir que estava tudo bem. Ela franziu o cenho, colocando o pano de prato em seu ombro e cruzando os braços, o vovô também olhou para mim, esperando que eu dissesse algo.

— Ah.... — Suspirei, me sentando ao lado do velho Clark. — Eu demorei para chegar porque fui investigar uma coisa com a Claire.

— Decidiram virar detetives ao invés de médicas? — Vovô perguntou num tom brincalhão, me fazendo rir.

— Não, é que... A Claire estava desconfiada quanto ao Blake, o namorado dela, eu pensei que ela estivesse enganada quando dizia que achava que ele estava traindo ela. — Meus avós se entreolharam, voltando os olhares curiosos para mim em seguida.

— E ele estava? — A vovó indagou ansiosa, e eu acabei rindo de toda a atenção que eles estavam me dando.

— Vocês gostam de uma fofoca né?

— Estava ou não estava? — Vovô voltou a perguntar, e eu apenas assenti, vendo-os suspirar surpresos.

— Encontramos ele na biblioteca com outra garota, eu tentei acalmar a Claire e dizer que tudo ficaria bem, que isso não é o fim do mundo, até porque, ela pode superar isso e esquecer o Blake. — Falei de modo simples, vendo minha avó franzir o cenho. — Só que ela acabou surtando e se zangando, jogou algumas verdades na minha cara e foi embora.

— Eu entendo a Claire, não é tão fácil quanto parece, ____________... — A vovó sentou também, olhando pro homem ao meu lado. — Se o seu avô me largasse por outra, eu o mataria, mas saiba que eu ficaria imensamente triste por longos dias.

— É por isso que eu não a larguei por outra! — Ele brincou mais uma vez, me fazendo rir alto enquanto o via levar vários tapinhas fracos da vovó.

— Querida, você não teve nenhum namoradinho para entender a experiência ainda, mas é bem doloroso, então, é por isso que eu entendo a Claire, antes de conhecer o Clark, eu tive alguns relacionamentos ruins também...

— E aí eu cheguei e foi só paz e amor. — O velho Clark ditou convencido, e eu ri junto deles, a forma como os dois se olhavam mesmo após anos juntos era a única coisa que me dava esperança de que, nem todos os relacionamentos são como o de Blake e Claire. Sempre há algo bom no final.

— Agora eu tenho que suportar esse velho chato, tá vendo? — Ela foi quem brincou dessa vez.

— Mas você me ama, minha velha. — Ele sorriu carinhoso, acariciando seus cabelos levemente grisalhos.

Droga, por que eu pensei no Jungkook de novo?