História Behind my belly - Capítulo 02

Capítulo 02.

Claire Dearing.

Meus olhos estão cheios de lágrimas. Owen me encara com seus lábios entreabertos.

Quando percebo já estou sentada em minha em cama, com as mãos cubro meu rosto soluçando baixinho. Grávida... Estou grávida.

  - Claire. Você precisa se acalmar. - Owen segura meu ombro. Ele está agachado em minha frente me encarando nos olhos. 

  Não digo nada. Minha mente trabalha como nunca agora, pensando em várias coisas ao mesmo, uma tribulação de sentimento invade meu peito, um aperto, medo, desespero.

  - E a faculdade que eu ia começar a fazer? O cargo novo no parque? Não tenho estrutura financeira para isso, muito menos ema estrutura emocional. Owen, não posso estar grávida, não posso. - digo sentindo tudo doer dentro de mim.

  - Claire, vai dar tudo certo. - ele agarra minha mão - Você vai fazer sua faculdade, vai dar conta do cargo do parque, vai dar tudo certo. Não é o fim do mundo, coloca isso na sua cabeça, não é o fim do mundo. 

  - Um filho. - olho para o teto - Minha família, eles vão surtar. - apoio minha cabeça em minha mão.

Sei bem o que eles acham de uma gravidez antes do casamento.

Minha cabeça dói.

  - Calma. - ele sussurra - Você só precisa conversar com eles e também conversar com o Taylor. 

Taylor. Ele definitivamente vai surtar com a ideia.

  - Ele vai reagir tão mal. - nego com a cabeça. 
 

  - Não importa o jeito que ele vai reagir, você não fez esse filho sozinha. - seus olhos estão nos meus. 

  - Como isso foi acontecer? - me deito na cama com os olhos fechados sentido as lágrimas molharem meu rosto.

  - Você vai se sair bem. - ele sorri se sentando ao meu lado. 
 

  - Diz isso porque o filho não é seu. - digo suspirando. 

  - Não é verdade. - ele suspirou - Eu te conheço á anos, então tenho certeza que você vai se sair muito bem. 

Fico lhe observando por alguns segundos. Owen está aqui, sentado ao meu lado, sendo companheiro comigo. Nem parece ser o mesmo Owen de todos os dias.

  - Obrigada por estar aqui. - digo ainda lhe encarando. 

  - Você me chamou. - disse sorrindo de lado e acariciando meu braço carinhosamente - Pense positivo, Claire. 

  - Não vai ser fácil. - digo secando meu rosto. 

  - Criança é sempre bom nas nossas vidas. - ele sorri - Imagine, uma menina determinada como a mãe ou um menino jogador de futebol como o pai. 

Rio fraco e ele sorri.

  - É uma responsabilidade e tanto. - passo a mão na testa.
 
  - Você se acostuma rápido. - sorri.

Sorrio já sentindo o aperto no peito passar, mas o frio na barriga continua. Suspiro.

- O que você faria? - pergunto.

- Eu dormeria. - rio junto a ele.

Depois disso ficamos em silêncio. Ele sentado ao meu lado acariciando meu braço com o polegar de forma carinhosa, enquanto eu me concentro no movimento de olhos fechados.

Em minha cabeça, penso em muitas coisas ao mesmo tempo. Como vai ser a partir de agora? Com uma criança nos braços e com a responsabilidade de ser mãe? Minha família e o Taylor... Meu Deus. Minha cabeça dói, mas, acredito que seja por conta do choro.

Depois de respirar e inspirar devagar, percebo que meu coração já bate em uma velocidade normal. Preciso aceitar que agora, essa é minha realidade, a realidade de ter um ser humano se formando em meu ventre.

Quando abro os olhos, Owen não está mais ali e não sinto mais seu toque. Suspiro e olho pelo relógio, são cinco e um. Há uma mensagem de Owen na barra de notificações.

*Não quis te acordar para me despedir, fique bem, Claire. Tudo melhora no final.*

Suspiro e sorrio de lado. Nunca imaginei ter um momento como esse com Owen, sempre estamos encontrando uma maneira de provocar um ao outro e sempre brigamos no final, mas o vendo aqui, segurando minha mão, fez com que eu enxergasse outro lado, um lado amigo.

***
  - Bom dia, Claire! - Zia aparece do meu lado logo assim que saio do helicóptero e coloco meus pés na ilha.

Helicópteros do Jurassic Park deixam todos os funcionários na ilha ás nove da manhã e nos buncam as oito da noite. Sim, passo o maior tempo do meu dia aqui.

- Bom dia, Zia. - sorrio.

- Fiquei preocupada com você ontem. - ela me encara - Tentei me livrar da festa, mas não tive muito sucesso. - diz arrependida - O que aconteceu?

- Tudo bem, amiga. - digo pegando em sua mão - Podemos conversar sobre isso depois? Aqui não é um bom lugar.

- Assunto sério? - concordo com a cabeça - Vamos almoçar juntas e aproveitamos para conversarmos, pode ser?

- Claro. - digo sorrindo. Preciso contar para ela, sei que Zia irá me entender e com certeza vai me ajudar.

- Ótimo. Te encontro ao lado daquela hamburgueria que você adora. - diz sorrindo e eu sinto meu estômago embrulhar quando me lembro do cheiro do cheddar.

- Ok. - digo - Até depois então.

Ela sorri e sai em direção ao seu consultório veterinário. Suspiro e caminho diretamente até minha sala, adentro e sento na cadeira ligando o monitor. Franklin sorri desejando bom dia e eu retribuo dando meu melhor sorriso.

As horas parecem passar devagar e não consigo me concentrar no relatório que preciso fazer para entregar no dia seguinte. Meus pensamentos me atormentam sem parar.

Hoje pela manhã, mandei uma mensagem para Taylor, marcando um jantar. Não é justo esconder isso dele e muito menos passar por isso sozinha, então, hoje iremos jantar no nosso restaurante preferido. No fundo estou com tanto medo da sua reação que já sinto meu corpo estremecer.

  - Claire! Você está bem? - Franklin me tira dos meus devaneios - Estou te chamando á algum tempo e você me ignorou. 

  - Desculpe, Franklin. - suspiro o encarando - Estava com a cabeça em outro lugar. O que estava dizendo? 

  - Tudo bem. - ele sorri - Hoskins quer marcar uma data para visitar os Raptores. 

  - O que? Por que? - pergunto e ele deu os ombros. 

  - Não sei. Não se esqueça que sou apenas o intermediário do nosso chefe e ele não respondeu ainda. - ele nega mostrando o monitor. 

  - Você acha que Simon vai aceitar? - pergunto me referindo ao chefe. 

  - Não sei, tudo depende da oferta de dinheiro que está na jogada. - ele sorri de lado - Mas, não se preocupe, quando Simon responder, te aviso. 

  - Obrigado. - suspiro - Owen não vai gostar nada dessa ideia. 

  - E quem gosta? - Franklin bufa - Hoskins é o pior ser humano que já conheci aproveitador e egocêntrico. 

Concordo com a cabeça. Hoskins sempre está procurando uma maneira de ganhar mais dinheiro, nem que precise arriscar a sua vida por isso.

A hora do almoço chegou e eu já estou caminhando pela praça de alimentação procurando por Zia. Estou com tanta fome que posso comer um boi.

A avisto de longe perto da hamburgueria, sorrio assim que ela me vê e aponto para a mesa vazia ao meu lado. Olho para trás e vejo um restaurante caseiro: "Comida da vovó", é ali que vou pedir minha comida hoje.

  - Oi! - ela sorri colocando seu celular em cima da mesa - Não vai querer hambúrguer hoje? 

  - Não. - sorrio tentando disfarçar minha cara de nojo - Vou de comida caseira. 

  - Ok. Vou ir lá fazer nossos pedidos e você conta o que está acontecendo. - ela se levanta - Vai querer o que? 

  - Prato simples. - digo observando o cardápio que estava em cima da mesa - E suco de laranja.

Ela concorda e sai. Fico ensaiando como contar para ela, mas, sei que para Zia, vai ser a coisa mais fácil do mundo.

  - Abra o jogo agora. - ela diz assim que se senta.

- Estou grávida. - digo observando o menu de sobremesas.

- O que? - ela pergunta de boca aberta.

- Isso mesmo que você ouviu, amiga. - digo percebendo como uma torta de maçã pode ter tantas calorias, como posso gostar tanto disso?

- Claire! - ela diz retirando o cardápio de minha mão - Como isso aconteceu?

- Durante uma transa. - ela revira os olhos - Não sei amiga, fiz essa pergunta para mim mesmo durante a noite toda, então, se você souber a resposta, por favor, me diga.

- Meu Deus. - ela tampa a boca - E como você está com tudo isso?

- Com medo. - eu a encaro - Não sei nem por onde começar a minha frustração.

- Ain, não fica assim, amiga. - ela agarra minha mão - Sabe que não está sozinha nisso, né? Você tem a mim.

  - Sei disso, amiga. - aperto sua mão. 

Sei que posso contar com ela, pois sempre foi assim, sempre que precisei, Zia esteve do meu lado e sei que não vai ser diferente agora.

  - Sabe que precisa encontrar um médico né? Um pediatra, ginecologista, obstetra, nutricionista e... - eu a interrompo. 

  - Sim, eu sei. - suspiro - Vou no médico sábado, já agendei um horário. 

  - Posso ir com você? - ela pergunta animada. 

  - Mas é claro que pode. - sorrio agradecida - Preciso que você vá comigo. 

  - Então eu vou. - ela sorri - Fez teste de farmácia? - concordo com a cabeça - Sozinha? - pergunta preocupada, nego - Com o Taylor? 

  - Não, com o Owen. - ela arregalou os olhos e tossiu. 

  - Owen Grady? - ela pergunta com a voz elevada e eu lhe dou um leve tapa no braço - Ele dirigiu até sua casa para fazer um teste de gravidez? Pera aí... Vocês não se odeiam? 

  - Não nos odiamos, Zia. - nego com a cabeça enquanto os garçons colocam nossos pratos na mesa - Obrigada. - Agradeço ambos que concordaram com a cabeça e depois saíram - Apenas brigamos se passamos muito tempo juntos. - concluo tirando os talheres do plástico. 

  - Fala sério! - ela sorriu - Ele deve te considerar muito para fazer isso. 

  - Para de falar besteira. - reviro os olhos dando a primeira garfada na comida. 

  - E Taylor? - ela pergunta bebendo seu suco. 

  - Vou falar com ele hoje a noite, me deseje sorte. - ela concorda com a cabeça suspirando. 

O dia passou devagar, mas, enfim, já é hora de ir embora. Não terminei o relatório, então, hoje não foi um dia produtivo por aqui.

Estou sentada em um dos bancos onde ficamos esperando os helicópteros. Tudo fica em paz no fim do dia: funcionários exaustos loucos para irem embora, dinossauros em paz sem turistas para incomodar e a brisa do mar que sopra pelo ar de maneira relaxante. Olho para o céu, observando as estrelas, sei que essa paz acabará quando me der de frente com Taylor.

  - Oi. - uma voz soou ao meu lado. É Owen - Zia me disse que você queria falar comigo. 

  - O que? - pergunto. Lógico, Zia enventou isso para que ele viesse falar comigo. Ela tem o costume de marcar encontros inesperados, foi assim com Taylor também - Áh, sim. - sorrio disfarçando - Ia te ligar, mas, não tive tempo.
 
A verdade não é bem essa. Estou com tanta vergonha dele, que não consegui discar seu número pelo telefone.

  - Tudo bem, foi um dia corrido para mim também. - ele diz se sentando ao meu lado - Você está bem? 

  - Estou melhor. Obrigada. - digo - Obrigada por ontem, Owen, de verdade. 

  - Você já agradeceu. - ele suspira apioando as costas no banco. 

  - Mas é sério... Se não fosse por você, havia ficado chorando a noite toda. - digo sincera. 

  - Bom, disso já não sei, mas você demorou um bom tempo para cair no sono. - ele disse me encarando. 

  - Ficou muito tempo? - perguntei. 

  - O suficiente para te ver babar. - diz rindo e eu lhe dei um tapa no braço. 

  - Eu não babo. - digo rindo - Mas, foi legal da sua parte. 

  - Isso é para você perceber que pode contar comigo. - disse sem me encarar. 

  - Pois é. - sorrio lhe olhando. Ele fez a barba - É você mesmo? Ou tem outro espírito aí dentro? 

  - O que? Tá ficando maluca, mulher? - ele pergunta me olhando. 

  - Você não é legal assim não, Owen. - digo e ele dá uma gargalhada. 

  - Sempre fui legal, Claire. Você que é chata demais para não perceber. 

  - Não sou chata. - dou um tapa em seu ombro - Você quem é. - ele revirou os olhos - Sabia que o porteiro olhou de forma maliciosa para mim hoje de manhã? Deve ser por causa de você.

  - Por causa de mim? - ele ri - Por que?

  - Porque você apareceu só de samba canção á meia noite na minha casa. Ele deve ter imaginado coisa errada. - rio. 

  - Velho safado. - ele gargalha - Tenho certeza que ele olhou para minha bunda quando eu me virei para apertar o botão do elevador. - me encarou - Desde quando transar é errado? 

  - Nós não transamos! - rio sentindo meu rosto queimar. 

  - Não transamos, mas gostei da sua cama. - ele me lança uma piscadela e eu lhe dou um tapa - Que foi? Ia até te perguntar onde você comprou. 

  - Pervertido. - digo e avisto de longe os helicópteros chegando - Vamos embora, ainda tenho um jantar para encarar. 

  - Jantar? - ele pergunta confuso se levantando.

  - Marquei com Taylor. - suspiro - Pra conversar.

  - Isso é bom. - ele concorda com a cabeça - Vai dar tudo certo, acho que Taylor vai se sair bem.  

****

  - Como assim você está grávida? - Taylor quase grita.