Filho de médicos bem-sucedidos, Yifan sempre soube o que o destino lhe reservara.
Seguiria os passos dos pais e manteria a tradição da família de médicos.
Era o que seus pais, e toda a sua família esperava dele. Fora criado para ser um médico bem-sucedido. Yifan não se recordava de, alguma vez, ter cogitado ser alguma coisa diferente.
Porém, depois de algumas semanas trabalhando na ala cirúrgica, e de perder todos os cinco pacientes de um acidente de carro, Yifan não conseguiu suportar.
Deu-se conta de que, a partir daquele momento, todo o restante da sua vida seria daquele jeito. Ele iria sempre perder pacientes em sua mesa de operações, era um risco recorrente.
Ele não queria voltar a perder pacientes em suas mãos daquela forma novamente.
Depois de algumas semanas de terapia, Yifan optou por desistir da carreira como cirurgião e seguir os caminhos da psiquiatria.
Inicialmente, movido pela falta de melhores opções, Yifan acabou apaixonando-se pela psiquiatria, de uma maneira que jamais achou ser possível.
Quando terminou a especialização na área, fora chamado para ser o médico responsável de um novo hospital psiquiátrico.
Durante os primeiros meses, todos os pacientes eram condenados, que haviam sido transferidos de prisões do estado, para o hospital, onde receberiam um tratamento mais adequado.
Então, chegou o primeiro paciente de Yifan. O primeiro a ter sido diretamente mandado para lá, sem transferências de presídios como os outros.
Yifan estava animado, talvez até demais. Aquele seria o seu primeiro paciente, oficialmente, a primeira pessoa que ele iria tratar desde o primeiro momento, sem nenhum antecedente médico.
Ele iria poder explorar todas as suas habilidades, e conhece-lo, desmonta-lo por inteiro.
Os pacientes transferidos, eram um tanto complicados, vários já haviam passado por tratamentos psicoterapêuticos, tinham um longo histórico de tratamentos, e diferentes médicos, era difícil lidar com eles.
Achavam-se donos de toda a verdade, e que, poderiam manipular Yifan.
Porém, o Byun não era assim, pelo menos Yifan esperava que não.
Ele não possuía nenhum antecedente médico ou criminal. Era o instrumento de estudo perfeito.
Yifan tinha grandes planos para Byun.
Desde a sua prisão, Byun confessara o crime, fora declarado criminalmente insano e mandado para o hospital psiquiátrico.
Depois de algumas semanas, e várias sessões terapêuticas com Byun, o maior objetivo de Yifan se tornara descobrir o passado do Byun.
Com o passar dos meses, Yifan descobriu que aquela seria uma “missão” mais complicada do que ele imaginara.
Baekhyun não se abria sobre seus primeiros anos de vida de forma alguma.
Anos se passaram, e, Yifan apenas acabou deixando de mão, passando Baekhyun aos cuidados do mais novo psiquiatra do hospital: Park Chanyeol.
Yifan gostara de Chanyeol no momento em que seus olhos bateram no rapaz.
Era jovem, recém-formado, e com uma boa vontade enorme.
Logo afeiçoou-se a Baekhyun, e vários outros pacientes da ala 12, era um rapaz carismático.
Embora, Yifan desaprovasse a aproximação que tinha com os pacientes.
Especialmente Oh Sehun.
Yifan tinha a leve impressão de que eles tinham uma espécie de amizade.
O que era algo terrível, naquela área de trabalho.
Apesar dos esforços do dr. Park para que Yifan não soubesse de sua aproximação com os pacientes, e que Sehun o acompanhava em consultas, e compartilhavam informações sobre os pacientes, algo totalmente contra as regras do hospital, e que, ocasionariam a demissão de Chanyeol, Yifan sabia de tudo.
Os pacientes falavam, os enfermeiros falavam, embora fosse difícil arrancar algo dos pertencentes ao último grupo.
Porém, nada que uma ameaça de demissão não resolvesse.
O dr. Wu estava sentado em seu escritório, resolvendo algumas pendencias com o entregador de suprimentos do hospital, quando Minseok bateu à porta.
Yifan pediu que entrasse, Minseok aguardou, em pé, frente a mesa, aguardando ele terminar a ligação.
Quando o Wu desligou o telefone, voltou seu rosto para Minseok.
— Chanyeol mandou Kim JongDae para o tratamento intensivo. — Falou o enfermeiro. — Pediu para vir avisa-lo. E, gostaria de acrescentar, que ele estava na companhia de Oh Sehun. Até o permitiu opinar enquanto falava com JongDae. E seguiu junto com ele para o escritório do dr. Park.
Yifan não precisou de mais nada.
Levantou-se e saiu do escritório, descendo as escadas rapidamente, não estava com paciência para esperar pelo elevador.
Em poucos minutos chegou à porta do escritório de Chanyeol. Iria bater na porta, porém, ouviu vozes vindas de lá.
— Tire os pés da mesa, Sehun! — Era a voz de Chanyeol.
— Você está horrível. — Sehun falou em seguida.
— Ao menos, ele não quebrou o meu nariz. — O dr. Park voltou a falar, e, nesse ponto, Yifan decidiu entrar no escritório.
— Dr. Park. — Falou, com a voz autoritária. — Precisamos conversar. A sós. — Disse lançando um olhar indecifrável para Sehun.
— Dr. Wu... — Sehun falou, seu tom de voz, apesar de firme, demonstrava surpresa. — O que o traz à ala 12? Nunca o vejo por aqui, junto com o restante de nós, meros loucos.
— Sehun, pode, por favor, se retirar? — Chanyeol falou voltando seu olhar para Sehun.
— Não importa o que você faça, Yifan, eu saberei, de um jeito ou de outro. — Sehun falou em tom sarcástico, saindo da sala.
Yifan foi até a mesa de Chanyeol, e sentou-se na poltrona do médico, Chanyeol foi até a porta, e a trancou, sentando-se em seguida, numa das cadeiras de frente para Yifan.
— O que você que está fazendo? — Yifan falou, seu tom era firme.
— Me perdoe, mas, o que quer dizer com isso?
— Essa palhaçada toda, com esse rapaz, Oh Sehun. — Yifan jogou-se contra o apoio da poltrona. — Você é o psiquiatra dele, não o melhor amigo. Precisa manter a profissionalismo Chanyeol. Não pode simplesmente ser “amiguinho” dos pacientes. Porque é isso que eles são: pacientes. Nada mais. Você está aqui para tratar eles, não para ser amigo deles.
— Eu sei... — Chanyeol começou, porém, Yifan o interrompeu.
— Não me interessa o que você acha, Chanyeol. Essa sua amizade não trouxe nada de bom.
— Permita-me corrigi-lo. — Chanyeol falou. — Sehun tem apresentado bastante melhora. Suas alucinações com apocalipse zumbi, não passam de pesadelos. E, em relação ao fato de Sehun conhecer o caso dos pacientes, isso era inevitável, eles ainda conversam entre si, sabia? Como Sehun mesmo disse, ele saberia de um jeito ou de outro. — Chanyeol riu. — Não duvido que ele esteja agora, com o ouvido colado na parede, ouvindo essa conversa.
— Ei! Pare de me entregar! — Sehun gritou do lado de fora, e Chanyeol sorriu.
Yifan suspirou.
— Esse vai ser o único aviso. E serve também para o sr. Oh também! — Disse a última frase num tom mais alto. — Vocês não são amigos. Não irei permitir que continue quebrando as regras dessa forma, Chanyeol. Se ouvir falar que você e o Sehun andam de fuxico como duas velhas, irei demiti-lo, e Sehun irá direto para a área de tratamento intensivo.
— Não! Tudo menos o cubo de açúcar! — Sehun gritou do corredor.
— O que? — Yifan perguntou confuso.
— “Cubo de açúcar”. — Chanyeol repetiu. É como Sehun chama a unidade de tratamento intensivo.
Yifan revirou os olhos e levantou-se da poltrona de Chanyeol.
O dr. Park o acompanhou até a porta.
Ao passar pelo corredor, sequer dirigiu um olhar à Sehun.
O Oh esperou que o dr. Wu tivesse saído da ala 12, para virar-se para Chanyeol e dizer:
— Foi o Xiumin. Aquele fofoqueiro filho da puta.
— Olha a língua! — Chanyeol o repreendeu. — O que quer dizer com isso?
— Xiumin, sabe? Ele que vai fazer as fofocas para o dr. Wu. Roberta nunca nos entregaria ao dr. Wu. Tinha que ser a cobra do Xiumin. Aquele traidor de merda. Sempre soube que ele não prestava.
— Essa é uma acusação muito grave Sehun.
— Eu sei o que estou falando Chanyeol. O Xiumin não presta.
— Vamos com calma Sehun, e, você não tinha que ver o LuHan?
— Aigoo! Eu esqueci totalmente do Lu! — Sehun falou saindo correndo corredor a fora.
— Não corra! — Chanyeol gritou, porém, foi totalmente ignorado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.