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História Bela Flor - Jikook - Primeiro dia


Escrita por: evyamaze

Notas do Autor


#aflordopark

Capítulo 8 - Primeiro dia


Jimin

Eu nunca me senti abalado por qualquer garoto que eu quisesse ter para mim.

Nunca mesmo.

Porém, porque agora eu me sinto a pior pessoa do mundo?

E pior, eu não tenho nem a decência para entender meus problemas sozinho, preciso meter meus melhores ㅡ e únicos ㅡ amigos nisso também.

ㅡ Mas o que aconteceu realmente?

É Hoseok quem pergunta. No momento estou sentado em seu sofá, olhando para seu rosto que ainda evidencia que acordou recentemente.

Depois da ida de Jungkook, me senti tão perdido com tudo o que senti no momento que a única pessoa em que pensei que poderia me ajudar era Jung Hoseok, e é para o rosto dele que olho agora, perdido, muito, muito perdido. Tentando, de alguma forma, entender o que se passa comigo mesmo.

ㅡ Eu não sei. ㅡ falo verdadeiramente. A pauta do momento é Jungkook - claro que é - E Hoseok já sabe o que aconteceu, mas o que me intriga no momento sou exatamente eu.

Porque compreender algo que nunca senti antes é muito difícil.

ㅡ Como assim não, Park Jimin? Ora, você é um homem, já teve tantos… agora está com a cabeça virada por um garoto?

ㅡ Hoseok, Jungkook não é  um garoto. Ele não é como Hyunjin ou qualquer outro que já tive. Eu não sei explicar, por isso preciso que me ajude.

ㅡ E como eu vou te ajudar em tudo isso? ㅡ Pergunta totalmente entediado, sentando no sofá. ㅡ eu não namoro, não entendo disso.

ㅡ Mas você já amou! ㅡ digo. ㅡ lembro que você dizia que amava o Min. Me diga o que realmente é o tal “amar”.

ㅡ Isso faz anos, Jimin. ㅡ ele solta rindo. ㅡ eu tinha dezesseis anos. Estava encantado com o meu primeiro homem! Min já fazia faculdade e eu achava aquilo o máximo! ㅡ ele ri. ㅡ eu dizia que amava, mas era só coisa de adolescente. Passou.

ㅡ Passou? ㅡ eu nego, que cara de pau…

ㅡ Claro que passou.

ㅡ Hoseok, quem você acha que quer enganar? Apenas me ajude. Eu vi Hyunjin ontem, e sequer senti algo por ele. Nem tesão que era o que mais tínhamos eu senti. Mas, com Jungkook... ㅡ suspiro. ㅡ eu senti um mar de coisas. Ver ele ir, foi... Aquele olhar... Não sei. Ele disse que gosta de mim e eu me senti tocado com aquilo no mesmo instante.

ㅡ Mas que garoto burro... ㅡ ele ainda rir, mas no mesmo momento em que o encaro, cessa o riso e também suspira. ㅡ Ok. Não o chamarei de burro, pois ninguém manda realmente no coração, mas você não foi claro com ele? Não disse que ele não se apaixonasse, pois você não sabia retribuir?

ㅡ Fui. Eu disse isso muitas vezes, mas como você mesmo citou, ninguém manda no coração. Hobi, e eu disse a ele que tentaria me entender.

ㅡ Você? ㅡ fala com ironia. ㅡ Fala sério.

ㅡ Eu, sim. ㅡ retruco. ㅡ me ajude. Sabe como me senti vendo nos olhos dele que eu estava o fazendo sofrer?

ㅡ Você está apaixonado por ele? É isso?

Eu o olho, parando alguns segundos para pensar em uma resposta, mas nada sai de minha boca. Como saberia responder uma pergunta sobre algo que nunca senti?

Ou acho que nunca senti.

ㅡ Eu nunca amei ninguém, Hoseok. Nunca senti meu coração palpitar ou implorar por outra pessoa.

ㅡ Mas então você sentiu com garoto da boate. ㅡ ele me olha, cruzando as pernas, completamente sério. - Park Jimin, você foi fisgado.

Eu bufo, deitando de vez em seu estofado, olhando o teto branco de gesso e pensando em como Jungkook deve estar se sentindo no momento.

ㅡ Foi errado me envolver com alguém tão jovem como ele?

Ouço Hobi também soltar todo o ar que prende e então se erguer, caminhando até sua cozinha, buscando a jarra de café, pondo em sua xícara.

Ah é, eu estou em seu apartamento. São… dez da manhã? Talvez. Depois que Jungkook saiu do nosso apartamento, eu simplesmente fiquei sem chão.

ㅡ Deixe de drama. ㅡ Hoseok fala, bebericando um pouco do café. ㅡ Quantos anos vocês tem de diferença, dez?

ㅡ Onze. ㅡ respondo ponto meu antebraço sobre a testa.

ㅡ Onze anos não é nada tão alarmante já que ele é maior... E outra, onde que idade interfere em algo?

ㅡ E se eu for o primeiro cara que ele gosta? E se for eu, o responsável por machucar pela primeira vez o coração dele, Hobi?

ㅡ Desde quando você se importa em machucar o coração de alguém?

ㅡ Mas é o Jungkook!

Hoseok suspira, deixando a xícara meia de café sobre o mármore de seu balcão e busca outra, enchendo-a também.

ㅡ Você está me cansando.

Quando o olho caminhando de volta onde estou, agradeço a xícara de café que me é entregue. Eu sento outra vez, me sentindo ridículo por estar idêntico a um romântico sofredor de doramas clichês.

Eu não sou nada disso.

Eu acho...

ㅡ Eu realmente não sei mesmo o que faço.

ㅡ Você acha que não consegue viver sem tê-lo?

ㅡ Acho que nem é isso, o que me faz enlouquecer é imaginar o que ele está sentindo. Me sinto culpado.

ㅡ Você foi realmente fisgado, Jiminie... ㅡ ele nega, dessa vez nem ri mais da minha patetice. ㅡ E eu nem sei como posso te ajudar nisso tudo.

ㅡ Só me ajude a amá-lo! Eu quero ter Jeon Jungkook de volta.

ㅡ Isso é uma certeza?

ㅡ Eu… acho que sim.

Hoseok nega outra vez, tomando todo o restante do café.

ㅡ Acha? Isso é uma piada?

ㅡ Hobi-ah… por favor.

ㅡ Não. Não vou te ajudar em nada. ㅡ ele diz por fim. ㅡ amar alguém não é algo que pode ser ensinado, Jimin. Amar alguém é algo natural, algo que… só acontece.

ㅡ Mas e como eu, o homem que nunca amou alguém, poderia amar de forma natural?

ㅡ Sei lá, oxe.

ㅡ Hobi-ah…

ㅡ Aish, que coisa chata! Talvez você só precise se permitir. Porque você não fala com esse garoto e diz suas intenções?

ㅡ Eu já disse, só que ele quer uma certeza antes de tudo.

ㅡ Mas você já tem, se não, não estaria choramingando aqui. Diga a ele que estará disposto a deixar isso realmente acontecer.

ㅡ Mas… e se eu não for capaz?

ㅡ Ah, vai se foder, vai.

ㅡ Falo sério. E se tudo o que eu quiser for Jungkook, mas não conseguir entregar meu coração a ele? Hoseok, precisamos ser claros aqui. Tenho trinta anos, Jungkook tem dezenove. Ter um relacionamento com alguém tão jovem daria o que falar. Pessoas me conhecem, será que Jungkook gostaria de toda essa exposição?

ㅡ Isso é algo que você precisa perguntar a ele. É sério, converse com o garoto. Vocês poderiam se resolver, e eu ficaria longe de toda essa confusão e choradeira.

Eu o olho em completo tédio, e tomando o último gole de café, faço drama.

ㅡ Ótimo melhor amigo você é. Eu tô mesmo é fodido.

Hoseok não liga, ele está acostumado com meus dramas que sequer causam-lhe efeito.

ㅡ Porque você está na minha casa ao invés de estar na sua empresa?

ㅡ como você mesmo disse, é minha empresa. ㅡ estico meus pés sobre sua mesa de centro e então o encaro, relaxando minha postura. ㅡ posso chegar a hora que quiser lá.

ㅡ Ah, é mesmo? E a reunião que você vem falando a semana toda, não era hoje?

Eu salto de seu sofá em um pulo e então pego meu celular em meu bolso verificando a data.

ㅡ Merda, caralho, porra! ㅡ sinto vontade de xingar o mundo inteiro. ㅡ é hoje mesmo, e os papéis ficaram em meu apartamento. Sequer terminei de revisá-los ainda.

ㅡ Isso que dá querer ficar com sua florzinha de cabelos cor de fogo, esquece-se dos assuntos importantes.

ㅡ Para o seu governo. ㅡ falo devolvendo meu celular ao bolso. ㅡ Jeon Jungkook é um assunto importante, no momento chega a ser o mais importante para mim.

ㅡ Uhum, sei. Vai lá, Romeu, conversa com a sua Julieta e aprenda a amar. ㅡ ironiza quando me ver caminhar em direção a saída de seu apartamento.

Então sorrio, abrindo a porta, antes calçando meus sapatos e por fim o olhando.

ㅡ Talvez eu vá mesmo. Valeu, Hobi.

[...]

Jungkook

Enquanto estava sentado no banco traseiro de um táxi, tudo que passava na minha mente era o quanto eu fui determinado em deixar Jimin para trás.

Caramba, eu o deixei!

Meu deus… Eu quero chorar.

Meu corpo está tenso, meu coração continua acelerado e eu nem sei se o motorista está tomando o caminho mais longo para me cobrar o rim ou se é porque ele percebeu minha tristeza e está com pena de me deixar sozinho em casa.

Talvez seja mesmo pela corrida cara no final de tudo.

Mas eu ainda me mantinha completamente pensativo sobre como ele disse que talvez sentisse o mesmo e que iria tentar se entender.

Mas o que me deixava ainda mais absorto, era o fato de que, pela segunda vez em minha vida, eu pensei primeiro em mim.

Segunda vez…

A primeira foi quando resolvi sair da casa de minha mãe adotiva, mesmo sem um centavo ou certeza comigo.

Eu estava me escolhendo.

Deixar Jimin para trás significou me pôr em primeiro lugar outra vez, mas também significou sofrer outra vez.

Quando mando mensagem para todos os meus amigos, apenas citando que é uma emergência e que preciso de todos, eu enfim percebo a dor que sinto dentro de mim.

Quando desço em meu endereço, pagando a conta que no final realmente deu muito cara, eu encontro cada um deles sentados na calçada, me esperando ali, quando podiam esperar dentro de casa se usassem a chave reserva escondida.

E basta olhar para cada olhar preocupado, que eu despenco.

Ali mesmo, a alguns passos de distância deles e na rua, eu começo a chorar.

Jackson é o primeiro que parece se surpreender com aquilo e corre até mim. Meu corpo é acolhido pelo do meu amigo, e segundo depois, eu sinto um a um se abarrotar num abraço coletivo.

ㅡ Foi o loiro safado, né? ㅡ é Taehyung quem pergunta, a voz entrega sua chateação, mas ele deixa um beijinho sobre meus cabelos vermelhos. ㅡ não chora, Koo...

ㅡ Eu vou quebrar as pernas daquele safado. ㅡ Jackson anuncia, ainda abraçado a mim. ㅡ eu prometo que vou.

Eu fungo e nego, limpando meus olhos, retirando minhas chaves do bolso.

ㅡ Ele não fez nada, hyung. Fui eu, eu quem fiz.

Lisa retira as chaves de minha mão e caminha à frente, abrindo a porta.

Jackson me leva consigo ainda em um abraço e ela espera que todos entrem para voltar a fechar a porta. Sentando no sofá ainda preso a mim, Jack abre as pernas e me coloca no meio delas, me apertando como se com seu abraço toda a minha dor fosse sumir.

Não vai. Mas admito, eu gosto como ele e cada um se importa comigo.

ㅡ O que aconteceu, oppa? ㅡ Jennie pergunta.

Mark e Lisa sentam à minha frente, diretamente no chão e me encaram à espera de que eu fale. Taehyung está de pé, encostado à porta, mas parece tão atento quanto a eles.

ㅡ Eu o deixei. ㅡ digo, fungando. ㅡ Deixei Jimin...

ㅡ O que ele fez? ㅡ Mark pergunta, preocupado. ㅡ Te machucou?

Novamente nego.

ㅡ Ele nunca me machucou. Nunca fisicamente… Mas eu disse que gostava dele, hyung... Eu sei que fui tolo porque ele disse para eu não gostar assim, mas como eu poderia mandar em meu coração? Eu nunca tive ninguém, e logo quando me envolvo com uma, tudo é uma bagunça… eu não quero isso.

ㅡ Então nossa aposta foi para o ralo. ㅡ Taehyung fala. Olho-o, chateado e com um bico e percebo o olhar de Jackson sobre ele. ㅡ Foi mal. ㅡ diz, sem jeito. ㅡ É que... Você disse ontem, disse que não ia envolver o coração! Disse que ia tentar manter as coisas separadas, o que aconteceu então?

ㅡ Aconteceu que eu estava me enganando, hyung. ㅡ digo enxugando meu rosto. Jackson afrouxa um pouco o abraço, mas não desgruda de mim. ㅡ Eu disse que não envolveria o coração em relação a ele, mas a verdade é que eu gosto dele, e gosto deste a primeira vez em que ele me beijou e eu me senti livre...

ㅡ Mas se você gosta dele, porque você o deixou, saeng? Está sofrendo por isso... ㅡ Mark comenta.

ㅡ Porque ele não gosta de mim assim, hyung. Nunca vai gostar, eu acho... Como eu posso ficar com outro alguém que sequer entende os próprios sentimentos? E eu sei o que é conviver com alguém que não me ama, dói, dói muito.

ㅡ Um relacionamento com uma pessoa não é igual ao de uma mãe e um filho, Jungkook. ㅡ lisa fala, mas suspira. ㅡ Mas talvez eu entenda o que você esteja sentindo. Mas não ache que só porque sua mãe não cuidou de você, que não te amou, que ele também não irá.

ㅡ O que ele disse sobre isso? ㅡ Jackson, pergunta. ㅡ quando você contou sobre o que sentia, o que ele disse?

ㅡ Ele nem soube responder… ele ficou todo confuso, me deu até dó. Mas sabe, ele é um traidor também, acredita que ele tem outra pessoa? E que chama ela de Peach? Ele dá apelidos para todos…

Eu tento negar, mas isso me dá tanta raiva… é claro que eu já estou outra vez com um bico nos lábios, aish, Park Jimin, porque você me fez gostar de você?!

ㅡ Como assim? Peach? ㅡ Jennie pergunta, finalmente sentando ao lado da namorada.

ㅡ Pêssego? ㅡ Mark franze o nariz.

ㅡ Brega. ㅡ Jackson aponta. ㅡ prefiro xuxu. ㅡ e pisca para o outro, fazendo a mim e a todos os outros revirarem os olhos.

ㅡ Me partiu o coração. ㅡ comento, trazendo a atenção de todos de volta para o meu sofrimento. ㅡ Ele meio que apareceu lá ontem, e…

ㅡ Teve barraco? ㅡ Jackson me interrompe, arregalando os olhos.

ㅡ Não. Quer dizer, mais ou menos. Jimin desceu para falar com ele na portaria, porque parece que ele queria subir. Mas como não podia, ele deu o maior tapão na cara do Park. Ficou a marca dos dedos e tudo.

ㅡ Viado, que babado…

ㅡ Se aquela revista de fofocas fica sabendo de um furo desses…

ㅡ Ele estaria perdido. ㅡ Jackson diz, concordando com Jennie. Rico sempre tem medo dessas revistas, isso é algo que eu sei há muito tempo.

ㅡ Mas conta, e o que aconteceu depois? ㅡ Curioso, Mark até se aproxima um pouquinho mais de mim. ㅡ ele te contou sobre o tapa e o garoto ou você teve que colocar ele contra a parede?

ㅡ Eu meio que o coloquei contra a parede... Ele disse que teve uma coisa com esse cara no ano passado. E que teve que deixá-lo porque não o amava. E se acontecesse o mesmo comigo? Quer dizer, é claro que iria acontecer… mas se eu me envolvesse mais com ele, com certeza sairia mais quebrado do que estou agora.

ㅡ Então, você o deixou porque ele disse que não podia te amar também? ㅡ Jackson pergunta. Percebo sua mão fazer carinhos em meus cabelos e até sorrio fraco, me sentindo um pouco cuidado. ㅡ aquele loiro safado disse isso?

ㅡ Na verdade ㅡ fungo novamente ㅡ ele disse que sentia...

ㅡ Sentia o quê? ㅡ Taehyung se aproxima, parando ao lado.

Dou de ombros.

ㅡ Não sei... Ele só disse que sentia, hyung. Disse que iria tentar se entender também.

ㅡ Caralho, eu não estou acreditando. ㅡ Tae diz sorrindo, e senta a frente também. No momento é engraçado o modo em como todos estão ao meu redor, e é reconfortante ter um pouco do colo, carinho e atenção deles, mas estamos olhando para a cara de Taehyung, que pensativo, torna a falar. ㅡ Hoseok me disse que ele fala muito de você, Koo. Tipo, muito mesmo, chega a encher o saco. E se ele realmente sentir algo? Não estou pedindo para você voltar para ele, eu ainda quero ajudar Jack a quebrar as canelas dele, mas, e se ele realmente sentir?

ㅡ Taehyung, não seja bobo. Você acha mesmo que isso é possível? ㅡ Jackson pergunta. ㅡ Kook se apaixonou muito rápido porque se sentiu livre, se sentiu ele mesmo pela primeira vez, mas um homem com todo o dinheiro e fama que Park Jimin tem, claramente só quer se divertir. Ele nunca se apaixonaria assim.

ㅡ E porque não? ㅡ Jennie indaga. ㅡ Dinheiro e amor são coisas que andam em caminhos diferentes, oppa. Há pessoas que fingem amar pelo dinheiro, mas o dinheiro nunca compra o amor, então é inútil. Jungkook gostou de Jimin pelo que ele é, não foi? ㅡ me olha.

ㅡ Claro que foi. ㅡ falo. ㅡ ele poderia trabalhar numa conveniência de esquina, assim como eu trabalhava, jamais me importaria. Mas fiquei com medo de ser magoado novamente. É muito ruim ter de ficar ao lado de alguém que não te suporta.

ㅡ Não mistura as coisas Jungkook. Eu já te disse, esses sentimentos são diferentes.

ㅡ E se o Park sentir, porque não dar uma chance para ter a certeza? ㅡ Mark fala. Olho-o e suspiro. ㅡ O amor é algo complexo, saeng. Quando se ama, a gente quer estar perto, quer proteger, mas as vezes não sabemos como dizer que queremos isso, então apenas aproveitamos o pouco que nos é dado porque é melhor do que nada.

Eu franzo o cenho devido as suas palavras, mas logo entendo. Jackson ao meu lado desvia o olhar, e Mark parece triste a falar.

Porque gostar de alguém precisa ser tão complicado às vezes?

ㅡ Oppa, e se você o ensinasse a amar? ㅡ Jennie pergunta, sorrindo fraco. ㅡ Eu não sabia que poderia ser capaz de amar uma garota, até que conheci Lisa, e então a beijei a primeira vez e senti todas as borboletas do meu estômago baterem asas. Ela me ensinou como é bom estar com quem gostamos mesmo, independente de qualquer diferença. Pode ser assim com ele.

ㅡ Eu senti as borboletas com ele, noona ㅡ faço bico, lembrando-me da imagem do loiro que roubou meu coração para si. ㅡ ele amava dar beijos lentos e sorri no final, e aquilo me deixava tão… se eu pudesse, continuaria beijando-o daquele jeito até que ele sentisse o mesmo, mas eu não quero me iludir mais.

ㅡ Jungkook, você está correto em querer se proteger ㅡ Jackson diz, olhando-os. ㅡ mas tenho que concordar com o que todos estão falando também. Vocês podem se descobrir juntos... Eu acho realmente complicado alguém como ele, criar sentimentos românticos quando já deixou claro que não conseguia ter, mas não é impossível... Todo coração duro precisa de amor para florescer.

Eu sorrio para o que meu amigo fala e deito a cabeça sobre seu ombro, suspirando e pensando um pouco no que todos falam.

É mesmo possível se descobrir juntos?

Eu realmente não sei.

À noite, Tae ainda nos implora para irmos a uma boate, tentar alegrar tudo, mas claramente negamos. O ânimo não é para um lugar lotado de pessoas bêbadas e loucas por beijos e talvez sexo, então decidimos comprar muito soju e salgados de sabores diferentes para ingerir enquanto assistimos um episódio qualquer e repetido de greys anatomy.

ㅡ Eu não aceito a morte do Omar. ㅡ Taehyung diz, erguendo sua garrafa de soju enquanto aponta para a TV. ㅡ Injusto, Injusto!

ㅡ Cala a boca, Taehyung. ㅡ brigo com a voz arrastada enquanto sorrio. Ele claramente está bêbado e talvez eu também esteja um pouco.

ㅡ É a quarta vez que assistimos essa mesma cena, vocês não cansam não? ㅡ Jennie pergunta, bocejando enquanto está deitada no colo de Lisa.

Taehyung nega várias vezes com a cabeça, e eu sorrio mais. Jackson e Mark estão um ao lado do outro, e vejo que suas mãos estão juntas, entrelaçadas, enquanto a cabeça de Jackson repousa sobre o ombro do meu outro amigo.

No fim, dormimos todos da maneira em como já estávamos acostumados, ou seja, espalhados pela casa.

Ao amanhecer, como já havia entregado minha vaga na conveniência e não tinha que trabalhar, apenas despertei com dor de cabeça e caminhei até a cozinha, pronto para fazer um café quentinho. Porém, encontrei Taehyung lá, de pé, já com a bebida feita em uma xícara entre seus dedos.

ㅡ Quer café? ㅡ ele ergue a xícara que segura. Assinto e sento num dos banquinhos enquanto vejo-o pôr um pouco da bebida para mim. ㅡ dormiu bem?

ㅡ Dormir, mas, estou com um pouco de dor de cabeça. ㅡ falo resmungando.

ㅡ Você bebeu um pouco demais ontem, mas nada fora do normal. Toma o café e depois toma um analgésico que logo passa.

Assinto buscando a xícara de sua mão e logo estou assoprando a fumaça que sai dali, pensando em algo que por ventura, pode me ajudar um pouco.

ㅡ Hyung, como você e Yoongi começaram a namorar? ㅡ pergunto de súbito, rindo com o modo em como Taehyung franziu o nariz ao ouvir a pergunta.

Taehyung encosta no balcão, bebendo de seu café enquanto pensa.

ㅡ Eu deveria te matar por lembrar disso, mas como você está de coração partido, tudo bem.

ㅡ Não estou… ok, estou. Como foi?

ㅡ Bem... Acho que foi logo no início do terceiro semestre do curso. Passamos seis meses nos olhando, depois começamos a conversar, e rolou algo… Foi isso, não durou muito depois. ㅡ dá de ombros.

ㅡ E você o amou?

O silêncio que se segue não é constrangedor. Taehyung pensa agora de cabeça baixa, e então suspira no fim.

ㅡ Eu encontrei com ele antes de ontem. Não transamos como eu esperava, porque acabamos discutindo já que Hoseok deixou esse presentinho aqui. ㅡ ele aponta para o pescoço, abaixando um pouco a camisa que usa e logo mostra a marca roxa perto de sua clavícula. ㅡ ele surtou. Mas surtou muito, e eu nem deveria me importar já que sou solteiro. Mas... caramba, eu me senti tão mal… Talvez eu ainda o ame, sei lá.

ㅡ Poxa.

ㅡ Mas até parece que eu realmente não sou solteiro. ㅡ ele resmunga, olhando para um ponto qualquer, como se nem estivesse mais falando comigo. ㅡ aquele... aish, eu posso transar com quem quiser. Eu tenho certeza que ele também transa.

Eu rio, fazendo-o me olhar finalmente.

ㅡ Acho que ele ainda gosta de você, hyung, é normal ficar com ciúmes.

ㅡ Talvez. Eu também gosto dele. ㅡ suspira. ㅡ ou não. ㅡ dá de ombros. ㅡ Estou curtindo muito ficar com Hoseok.

ㅡ Você quer namorar ele? ㅡ pergunto, curioso.

ㅡ Não sei ainda. Namorar talvez não seja o meu forte. ㅡ ele ri, bebendo mais um tico de café. ㅡ mas respondendo sua primeira pergunta, eu acho que, realmente, ainda amo Yoongi. Quando Jackson me disse aquilo eu fiquei com muita raiva, mas ele tem razão. Todas as vezes que topo sair e transar com Yoongi, eu estou alimentando algo que talvez já nem exista mais, e assim eu o faço sofrer... Mas eu também sofro. Quando chego em casa, penso nele e no coração dele, e em como eu o deixei, é muito complicado.

Suspiro, eu conheço bem a história deles.

Taehyung foi quem simplesmente terminou o relacionamento por achar que precisava de algo a mais, mas parece que sempre volta a procurar Yoongi, fazendo assim com que seus corações sofram, mas a carne se sacie.

Mas nosso papo não se prolonga muito além dos suspiros que ele dá. Logo ouvimos um resmungo baixo e então Lisa se ergue de meu sofá, com seus cabelos bagunçados, sorrindo enquanto olha a namorada logo abaixo de si, em um colchão no chão abraçada a Jackson.

ㅡ Bom dia. ㅡ desejo. ㅡ quer café, noona?

ㅡ Tem suco não? Café amarga.

ㅡ Só louco para não gostar de café, principalmente pela manhã. ㅡ Taehyung retruca, retornando a tomar o seu e esquecendo definitivamente nossa conversa.

Quando meus amigos enfim estão todos de pé, é para a casa de Jackson que resolvemos ir. A casa, que realmente é uma mansão, nos oferece piscina, bar e muito, muito sossego.

Então, enquanto meus amigos mais se matam do que brincam na piscina, eu bebo um gole do drink que Mark fez questão de preparar para todos nós, e até tento descansar um pouco a mente, porém, ela apenas me leva direto para manhã anterior, em como Jimin estava entregue, mesmo dizendo não ter certeza do que sentia.

Os olhos dele pareceram tão reais quando me pediu para não ir…

Aish, que bagunça! Que bagunça!

E é aí que fico totalmente confuso. Quando começo a analisar todas as coisas em que Jimin fazia e agia comigo, eu percebo que a maioria não coincide com uma pessoa que não tinha sentimentos.

Quer dizer, eu não tenho experiências em relacionamento, mas é correto alguém agir como ele agia comigo, sem sequer sentir nem um tiquinho de sentimento?

Será que ele realmente não sentia nada?

É o que roda em minha mente. Eu penso nele, mas penso em mim também. E tudo volta a ser ainda mais bagunçado.

Será que estaria indo em direção a mais sofrimento se me permitisse sentir? E se Jimin realmente não for capaz de amar, o que seria de mim se me envolvesse demais?

Eu fico com todos os meus pensamentos martelando durante todo o dia inteiro, e sequer descanso quando retorno para a casa.

Eu penso nele, penso em como ele me tocava e tratava.

Quando os dias se passam, os pensamentos até cessam um pouco. Ainda bem. E mesmo que Jimin venha a minha mente, eu tento ao máximo prosseguir com o que devo fazer.

Quando chega o meu primeiro dia de trabalho na empresa de advocacia de Jung Hoseok, me sinto tão nervoso que sinto minha barriga doer.

Sei da fama dele pela cidade, e sei como é duro e regrado. Estou nervoso porque quero parecer e ser competente para a vaga, e não porque Jimin o pediu para que ele me contratasse.

Não tenho experiência alguma em assuntos advocatícios, porém, passei a semana vendo vídeos e treinando como devia agir, falar, e me comportar, então estou aqui, sentado na cadeira de espera ao lado de sua sala, enquanto ajeito a gravata que uso junto a camisa social.

Isso é algo que não estou habituado, mas terei que me acostumar caso queira ir bem em meu novo emprego.

ㅡ Senhor Jeon, senhor Jung já o aguarda. ㅡ é o que uma moça que julgo ser a secretária de Hoseok diz.

Assinto, me pondo de pé rápido e a agradeço, logo respirando fundo para caminhar até a sala em que ela me guia, e quando a porta é aberta, meu coração falta sair pela boca.

O homem que vejo sentado em uma cadeira grande, logo atrás de uma mesa retangular que contém alguns papéis acessórios e seu computador, é totalmente intimidador e diferente do que eu vi na boate.

Completamente diferente.

Ele me olha de lá e então fica de pé, ajeitando um dos botões do terno que veste enquanto eu caminho ㅡ rezando para que ele não perceba que estou quase tremendo.

Quando me aproximo, engulo em seco ao me sentir totalmente intimidado, e vejo algo que me assusta ainda mais ao parar.

Um sorriso.

Jung Hoseok sorri de uma forma tão calorosa e boa que me sinto estranho por me sentir um pouco mais à vontade no mesmo momento.

ㅡ Garoto Jeon, sente-se, por favor. ㅡ ele aponta para a cadeira a frente, sentando-se novamente em sua própria cadeira.

ㅡ Bom dia, senhor Jung. ㅡ o reverencio antes de sentar-me lá. ㅡ É um prazer conhecê-lo.

Ele nega e abana a mão, totalmente descontraído.

ㅡ Sem formalidades, por favor. Me chame apenas de Hoseok. ㅡ assinto, sorrindo totalmente envergonhado e vejo-o se ajeitar melhor sobre a cadeira. ㅡ Então, Jungkook... Você não tem experiências em escritórios, certo?

ㅡ Certo. ㅡ assinto novamente. ㅡ Mas não se preocupe, senhor Jung, prometo que serei bastante atento e dedicado. Eu aprendo rápido.

ㅡ Acredito que sim. ㅡ ele se encosta à cadeira, e, MEU DEUS, eu volto a me sentir nervoso no segundo em que ele fala: ㅡ Jimin falou muito bem sobre você.

Meu coração dispara. Tinha mesmo que falar nele?

ㅡ M-Mesmo? ㅡ e para piorar, eu nem consigo esconder meu nervosismo. No momento me pergunto: o que Jimin contou? Será que só a parte que eu posso ser bom para a empresa, ou… Céus!

ㅡ Não se preocupe, ele não é o tipo de amigo que conta tudo entre detalhes. ㅡ diz, talvez para me tranquilizar, mas não tranquiliza nem um pouquinho. O fato dele saber que eu e Jimin tivemos algo me deixa todo coisado. Mas daí, para piorar, ele continua a falar e solta logo um: ㅡ ele me disse que não estão mais saindo, é verdade?

Essa é a parte ruim do seu futuro chefe saber um pouco de sua vida e ainda ser um grande amigo do homem no qual faz seu coração palpitar forte.

ㅡ É sim, senhor...

ㅡ Sem a parte do senhor, Jungkook. ㅡ diz outra vez, me fazendo assentir. ㅡ quero que me veja como um amigo também, além de seu chefe, tudo bem? Afinal, temos muito em comum.

Ele ainda está falando de Jimin? Está falando de Taehyung?

Ou de ambos?

ㅡ Tudo bem. ㅡ sorrio nervoso.

ㅡ Certo. Não falaremos mais de vida particular, ok? Seu trabalho aqui não é tão difícil. Sua mesa ficará no setor dois, é aqui ao lado. Na sua mesa haverá um telefone, onde por vezes irei te ligar e pedir por papéis ou pastas que estão na sala junto com você. Deu para entender?

Escuto tudo bem atento, e no fim assinto, respirando fundo, ainda me sentindo nervoso.

ㅡ Não se preocupe, senhorita Kim irá te ajudar no que precisar. ㅡ ele diz e então aperta um dos botões que há no telefone logo acima de sua mesa. Quando a porta se abre, a mesma moça que me trouxe até aqui entra e se aproxima, Hoseok volta a sorrir. ㅡ Senhorita Kim, leve Jungkook a sua nova sala, por favor, e, ah, o ajude no que precisar, tudo bem?

ㅡ Sim, senhor. ㅡ ela diz sorrindo e então me olha.

ㅡ Pode ir, Jungkook. Espero que nos encontremos mais vezes, talvez até fora do ambiente de trabalho. ㅡ Jung diz e pisca. Eu sorrio assentindo e me despedindo. Logo estou seguindo a tal senhorita Kim até o setor dois, onde ela mostra a porta que há uma placa sem nome algum, e então a abre.

ㅡ Esta é sua nova sala, seu nome será posto na placa da porta, não se preocupe. ㅡ diz adentrando o lugar comigo. ㅡ Esse aqui ㅡ aponta para um telefone no canto da mesa. ㅡ é o seu meio de comunicação direto comigo e com o senhor Jung. Quando ele ligar e pedir algo, você pode procurar nas pastas. Todas estão separadas em ordens alfabéticas, não é difícil, mas aconselho que mantenha assim para facilitar seu trabalho. ㅡ ela diz tudo muito rápido, me fazendo olhar para cada coisa que seu dedo aponta. ㅡ Esse é seu computador, sua cadeira, ali é o banheiro, e agora vou te mostrar a melhor parte de todas, a nossa área de lazer, vem. ㅡ diz animada e segura minha mão.

ㅡ Senhorita Kim, espera um pouco… ㅡ peço, quando ela apenas me puxa para fora da sala.

ㅡ Me chame apenas de Dahyun, senhorita Kim é o senhor Jung que teima em chamar, ele adora ser formal com os funcionários.

Formal? Mas ele disse para não ser…

Ué?

ㅡ Para onde está me levando? ㅡ pergunto adentrando o elevador com ela, e então a vejo sorrir e apertar o botão do terceiro andar. Onde estamos é o quinto, o último.

ㅡ Te levarei até onde fará amigos novos aqui. ㅡ diz sorrindo.

O elevador não demora para parar e então abrir suas portas. Dahyun anda e cumprimenta algumas pessoas, fazendo com que eu as cumprimente rápido também, e ainda caminhe até o canto extremo.

ㅡ Aqui. ㅡ ela fala ao chegarmos. ㅡ seja bem-vindo.

Eu olho para cada partezinha do lugar totalmente boquiaberto e então ofego surpreso.

A parte do descanso é realmente para descanso. Há sofás e cadeiras grandes e largas, com uma aparência de serem muito confortáveis também. No canto, há um balcão onde uma moça serve algumas pessoas. Um balcão com um vidro transparente que dá a visão de todas as comidas que há ali, e logo atrás dela ficam as bebidas.

Há uma TV grande na parede e também uma mesa de jogos no centro do espaço. E lá já há algumas pessoas jogando de modo alegre, totalmente descontraídas para um ambiente de trabalho tão sério.

ㅡ Woah. ㅡ falo, ainda surpreso. ㅡ isso é tudo o que eu não imaginei encontrar numa empresa tão séria quanto a Jung Advocacy.

ㅡ Não é? Mas é tudo uma ideia do senhor Jung. ㅡ Dahyun diz, sorrindo. ㅡ ele preza muito pelo descanso, diz que um funcionário com a mente descansada é mais produtivo.

Assinto ouvindo o que a garota fala e então continuo a observar cada coisa do lugar. Após parar um pouco para aproveitar o lugar e até tomar um dos tantos cafés diferentes que o lugar oferecia, eu retorno a minha sala ainda acompanhado por ela, e só quando entro ali é que me despeço para enfim dar início ao meu primeiro dia de trabalho.

Admito que estou um pouco mais à vontade agora.

Sentado na cadeira, observo cada pasta posta na grande estante atrás e aos lados de onde eu fico. São muitas mesmo. O computador à frente, quando o ligo, logo pede para que seja criado um login e senha para o novo funcionário, então sem demoras, eu o faço.

Durante o dia, Jung me chama algumas vezes e até mesmo muito sem jeito eu ainda consigo entregar tudo o que ele me pede.

Quando chego ao fim do meu primeiro dia de trabalho, estou totalmente contente comigo mesmo. Pensei ser mais difícil, mas Jung Hoseok me parece um bom chefe, e teve paciência suficiente para sanar as poucas dúvidas que tive, então o dia foi bem produtivo para ser o início de algo novo na minha vidinha tão ble.

Quando enfim saio da empresa, eu penso em caminhar até o ponto de ônibus mais próximo para assim ir direto para minha casa, mas eu me amaldiçoou quando meu pensamento vai diretamente para outro lugar.

Eu me afastei, deveria ser eu a querer distância, mas meu peito só pede para que eu vá até aquele apartamento e então passe um tempo lá para matar um pouco da saudade enorme que sinto, mas então crio um grande impasse em minha mente, quando ainda parado em frente à empresa, eu penso no que realmente devo fazer.

“Para de ser tão gado, Jeon Jungkook, você deu um basta, se esqueceu?”

É o que a vozinha na minha cabeça grita e ela tem mesmo razão.

Porém, quando enfim pisco e suspiro, pensando em ir diretamente para casa, ouço chamarem meu nome, mas então quando me viro para olhar, franzo o cenho já que a pessoa que me chama, é um completo estranho.

ㅡ Você que é Jeon Jungkook, não é? ㅡ O homem de cabelos loiros e longos, pergunta ao se aproximar de mim.

Eu o olho tentando recordar se já nos conhecemos, mas falho miseravelmente. Ele é muito bonito, e se aproxima me encarando dos pés a cabeça até parar em minha frente.

Ajeito o terno que uso, tentando ficar um pouco mais sério, mas logo percebo que ele tem um jeito de superioridade e, infelizmente, começo a me sentir intimidado.

ㅡ Eu te conheço? ㅡ pergunto.

Ele continua a me olhar, e agora até sorrir.

ㅡ Hwang Hyunjin, acredito que já ouviu falar de mim.

E então toda a lembrança de Jimin contando sobre seu ex vem à mente. Eu engulo em seco, agora observando o garoto também de cima a baixo, e me sentindo ainda mais intimidado.

Porque eu sou assim?

ㅡ Pela sua cara, tenho a certeza que sim. ㅡ ele volta a dizer. ㅡ se já ouviu falar de mim, sabe o porquê de minha presença aqui, certo?

ㅡ Park Jimin. ㅡ falo baixo, me culpando por ser tão fraco ao ponto de não conseguir encarar ao mesmo nível outra pessoa que se envolveu com Jimin, apenas por uma insegurança repentina que nasce de imediato no meu corpo.

Ele é realmente bonito.

ㅡ Exato. Então serei direto com você. Eu pertenço a Park Jimin. Ele é o único homem capaz de ser dono do meu corpo e coração, então, respeitosamente, estou dizendo para você se mantenha longe dele, porque não há espaços para dois.

Ele diz aquilo e continua a me olhar com toda a sua superioridade.

Merda, que grande merda.

ㅡ Eu e ele já não temos mais nada. ㅡ falo sentindo meus olhos já queimarem. Sou fraco, admito, e parece que ver o homem no qual Park um dia desejou, ou ainda deseja, bem a minha frente piora tudo.

ㅡ Não? - ele pergunta surpreso e sorri vitorioso no final. ㅡ melhor assim então. Eu não sou uma pessoa ruim, estou até te livrando de algo ruim. ㅡ continua falando. Eu não consigo desviar meus olhos, mesmo que esses com certeza agora estejam vermelhos. Ver como ele fica feliz com algo que me deixa triste, é… dilacerador. ㅡ Park Jimin não ama ninguém, apenas usa os corpos da maneira em como ele quer, como se fossem brinquedos. O único que ele amava, era eu. Ele apenas está tentando me substituir com você, mas ele nunca conseguirá, eu sou insubstituível.

Quando ele finda suas palavras, eu não consigo segurar meu choro e apenas limpo uma única lágrima que desce por meu rosto. Respirando fundo, eu o reverencio me despedindo sem falar nada, e me viro, pronto para fugir o mais rápido dali, somente para não ouvir mais nada daquilo.

ㅡ Ei, não pode virar as costas quando uma pessoa que está falando com você ㅡ ele volta a falar e ouço seus passos logo atrás. Eu não paro, apenas continuo, mas seu braço logo captura o meu, me obrigando a parar, e assim o olhar. ㅡ espera aí.

ㅡ Por favor, me solte. ㅡ digo, tentando soar firme.

Ele olha para sua mão que está presa com muita força em meu braço, e logo olha para mim, sorrindo.

Possivelmente está vendo o quanto sou realmente fraco, e agora irá querer brincar comigo também.

Quando me preparo para pedir educadamente e novamente para que me solte, eu sequer chego a abrir a boca. Um par de mãos o segura firme sobre o toque que ainda se mantém em mim, e então o faz me solte no mesmo instante.

Eu me assusto com aquilo, mas logo vejo o corpo que para na minha frente e os fios loiros que balançam com o vento.

ㅡ Eu te disse para ficar longe dele ou você iria se arrepender, não disse?

Jimin está bem à minha frente. Suas roupas são comuns agora, saindo do padrão em que estou acostumado a lhe ver, sempre bem impecável. Apenas veste um conjunto de moletom cinza e tênis.

Mas são suas roupas que realmente me chamam a atenção, e sim a sua presença.

De onde ele veio? Como apareceu assim, do nada?

O rapaz a frente ainda permanece quieto, e eu estou do mesmo jeito. Jimin apareceu do nada, e como se estivesse ali apenas para me proteger, nos interrompeu.

Jimin me protegeu?

ㅡ Vocês nem estão mais juntos, ele mesmo me disse. ㅡ o rapaz fala completamente raivoso. ㅡ qual é, Jimin… ㅡ ele se aproxima do loiro, mesmo que Jimin com certeza não queira essa aproximação. ㅡ Amor, vai mesmo continuar nessa?

ㅡ Hyunjin, vá embora agora. ㅡ Jimin fala e se aproxima ainda mais. ㅡ se você ousar tocar, falar, ou sequer olhar para Jungkook, eu juro que vou atrás de você. Eu já te disse que o que tinha entre nós dois acabou e acabou há muito tempo. Tenha ao menos um pouco de amor próprio.

Com os olhos arregalados, eu escuto tudo o que ele fala para o rapaz.

Eles se encaram, a tensão é muito grande. Quando vejo os olhos marejados do outro, imagino o que ele esteja sentindo, e imagino também que doa muito.

ㅡ Vá. ㅡ Jimin torna a falar, duro, com sua voz mais grossa que habitual. ㅡ agora. ㅡ ele ordena.

ㅡ Amor... Não faz isso.

ㅡ Vá agora ou eu...

ㅡ Hyung, não fale assim com ele. ㅡ eu peço, baixo. ㅡ ele não tem culpa se está te amando...

Quando falo, ambos me encaram de imediato e então ficam em silêncio. Eu suspiro, virando-me de costas no mesmo instante e então volto a caminhar tentando fugir.

Estou envergonhado.

ㅡ Você também já está amando ele, não é? ㅡ o tal Hyunjin fala alto, me fazendo parar os passos e girar nos calcanhares, olhando bem para seu rosto.

Jimin também me encara, diferente de como olhava para o garoto, seu olhar para mim, é manso, completamente calmo.

ㅡ E se eu amar? ㅡ pergunto baixo, novamente controlando meu choro. ㅡ quem controla o coração?

Hyunjin continua me olhando. Igualmente a mim seus olhos estão marejados agora, e como se me odiasse, ele trinca o maxilar.

ㅡ Ninguém controla. ㅡ é Jimin quem responde.

Eu o olho surpreso e ofego quando vejo-o caminhar até onde estou, parando a minha frente enquanto encara meus olhos, ele diz:

ㅡ Ninguém controla, Jungkook, eu descobri isso.

Nossos corpos estão quase colados, e de onde estou percebo sua respiração forte. Assusto-me quando Jimin busca minha mão e põe sobre seu peito, me fazendo encarar o ato para só então retornar aos seus olhos.

ㅡ Sequer eu, que tenho tudo sobre controle, tudo nas palmas das mãos, consegui controlar o meu...

Eu tento desviar meus olhos, mas parece que Jimin comanda até isso em mim.

Minha respiração também está desregulada, e com ele tão próximo assim, e é difícil conseguir que se normalize.

Eu molho meus lábios, me sentindo nervoso, mas então Jimin busca minha outra mão e também repousa sobre seu peito, deixando com que nossas mãos fiquem ali, juntas, enquanto nossos olhares ainda se cruzam.

ㅡ Eu vim aqui para te ver. ㅡ ele diz em um sussurro. ㅡ Estava com saudade. Muita saudade...

Eu me sinto um caos.

Tento me soltar e até olho para o rapaz atrás de si e que ainda nos olha com o semblante tão triste que dói em mim.

ㅡ Pare com isso, irá machucá-lo ainda mais. ㅡ peço, perdido.

ㅡ Não se importe com ele, ele não se importa com você assim.

ㅡ Eu não ligo. Não é porque alguém é mau, que eu também preciso ser. Pare com isso, está machucando a nós dois.

E então ele suspira. Devagar, Jimin solta minhas mãos e demora a virar.

ㅡ Hyunjin... ㅡ ele tenta falar, mas sequer consegue terminar.

ㅡ Eu já entendi. Espero que seja muito feliz com seu novo brinquedo. Enquanto a você, Jungkook... ㅡ diz olhando para mim. No momento uma lágrima desce por seu rosto, mas assim como eu, ele a enxuga rápido demais. ㅡ Não se doe demais a ele, ele irá maltratar seu coração mais cedo ou mais tarde.

Quando o vejo ir, suas palavras permanecem em mim.

Eu entro em algum tipo de transe que não saberia explicar, mas fui atingido em cheio por tudo isso, e agora não sei como reagir.

Quando eu e Jimin permanecemos a olhar o rapaz ir, eu o observo de costas, e então novamente me viro, desta vez louco para fugir dele.

ㅡ Isso não é verdade, Jungkook. ㅡ ele fala. Não é preciso que fale alto devido nossa pouca distância, mas sua voz me faz parar no mesmo instante, e meu corpo já o implora, pois, apenas espero que chegue perto, para assim novamente me virar. ㅡ Não é...

Fecho os meus olhos. Se eu não tivesse aceitado aquele cartão...

ㅡ Isso cansa tanto. ㅡ falo baixo quando novamente nossos corpos estão perto demais. Eu o sinto.

É como se existisse um ímã entre nós, sempre juntos demais. Sempre perto.

ㅡ Jungkook-ah, me ouve, por favor. ㅡ Jimin pede baixo. ㅡ Eu quero aprender a cuidar de você e do seu coração.

Eu olho ao redor e então lembro que ainda estou em frente ao prédio do meu novo emprego.

Droga!

Do outro lado, logo em frente, há uma pequena praça, então sem que nada seja dito por mim, apenas aponto para lá, caminhando à frente e ouvindo mais uma vez os passos dele, logo atrás.

Quando sento em um dos bancos de madeira que há, ele senta logo em seguida ao meu lado, então sem que nos encaremos novamente, ele prossegue.

ㅡ Me desculpa por isso.

Dou de ombros, incapaz realmente de o olhar. Sinto vergonha acima de tudo.

Eu chorei como o fraco que sou, é deplorável.

ㅡ Como foi seu primeiro dia? ㅡ pergunta.

Olha para algumas flores que há ao redor, dando de ombros mais uma vez.

ㅡ Foi bom. Hoseok é um bom chefe, teve paciência comigo.

ㅡ Ele é sim... ㅡ O silêncio novamente vem, e desta vez incômoda como se agulhas adentrassem vagarosamente o meu peito. Eu não consigo o olhar, não sei se conseguirei, mas sei que ele está me olhando. E são longos minutos assim, eu já não sei mais como agir. ㅡ Jungkook-ah. ㅡ ele chama mais uma vez.

ㅡ Jimin, não. ㅡ falo rápido. ㅡ não faz isso, por favor.

ㅡ Isso o quê?

ㅡ Isso. ㅡ então eu finalmente o olho. Sinto como se um caminhão tivesse me acertado bem no peito. ㅡ você não gosta de mim assim, nós dois sabemos disso... e sabemos também que não poderá cuidar do meu coração, ele já está dolorido o suficiente.

ㅡ Não sabemos não. Me desculpe por te fazer sentir isso, mas é exatamente por isso que estou aqui. ㅡ Eu nego, mas Jimin torna a segurar minhas mãos, ficando de lado no banco. ㅡ Quero que me ajude com isso. Eu nunca amei, é verdade, mas isso não significa que nunca poderei amar, não é?

ㅡ Você está fazendo isso por pena? Por favor, não tenha pena de mim.

ㅡ Jungkook-ah, eu nunca senti pena de você! Quero fazer isso por mim, por nós. Eu quero que exista o “nós”, quero de verdade.

ㅡ Você não tem certeza disso...

ㅡ Eu senti sua falta, e não foi do seu corpo apenas, foi da sua companhia, do seu sorriso, da sua risada... Eu poderia ter quem eu quiser, então também não foi por causa do sexo que você mesmo disse que nós dois fizemos... Você é diferente, você me fez sorrir e sentir prazer sem sequer termos feito sexo de verdade.

ㅡ Nós fizemos sexo de verdade... ㅡ falo fazendo um bico, ainda balançando meus pés, e novamente desviando meu olhar.

ㅡ Ok. ㅡ ele ri soprado e suspira em seguida. ㅡ nos fizemos sexo, mas você me fez sentir prazer sem sequer termos ido além do que fomos, você entende? Em trinta anos, ninguém nunca me fez sentir algo assim.

ㅡ Você mesmo me pediu para não envolver sentimentos, Jimin. Porque só… não arruma outro garoto?

ㅡ Porque nenhum deles seria você.

Meus olhos voltam para os dele. Eu sou incapaz de negar que senti meu coração acelerar e se derreter completamente ao ouvir aquilo.

ㅡ Eu te disse aquilo porque era a verdade naquele momento, mas ela não condiz com o agora.

Eu não consigo esconder como suas palavras me deixam pensativo demais.

Enquanto fico quieto, pensando. Jimin está a me olhar, e não parece afoito. Ele apenas o faz de maneira calma e paciente, permitindo que eu tenha meu próprio tempo.

ㅡ Eu nunca mais vou voltar naquele apartamento. ㅡ digo enfim o olhando após minutos. ㅡ Eu sei que provavelmente aquele rapaz já deva ter dormido e feitos coisas com você lá. Eu sinto… muita coisa negativa só de pensar nessa possibilidade.

Jimin suspira e abaixa a cabeça, depois assente, demorando um pouco para tornar a falar.

ㅡ Eu errei nisso, acho que foi o pior de tudo. Pensei que você fosse gostar, assim como um dia Hyunjin gostou de lá, me desculpe por isso.

ㅡ Tudo bem. Irei receber bem agora, posso pagar pelo meu próprio apartamento.

ㅡ Eu fico tão feliz por você, amarílis…

ㅡ Nunca mais me chame por isso. ㅡ digo, erguendo o dedo. ㅡ eu não quero que você me chame por apelido nenhum.

ㅡ Mas…

ㅡ Não. Se quiser tentar algo comigo, será assim.

Jimin para por alguns segundos. Seus olhos analisam cada parte do meu rosto, e, sério demais, eu faço o mesmo. Quando vejo seu sorriso brotar, e vagarosamente aumentar, o fazendo erguer as bochechas e fechar os olhos quando os transforma em apenas duas linhas, eu até tento segurar, mas não consigo e também sorrio.

ㅡ Isso significa que...

ㅡ Significa que você é um grande bobão! ㅡ falo, vendo o sorriso dele morrer. ㅡ e que… talvez, possamos sair para um encontro.

ㅡ Um… encontro? ㅡ ele franze o nariz.

ㅡ É, para começar de um jeito correto.

ㅡ Tudo… tudo bem. ㅡ ele com certeza não quer apenas um encontro, mas agora sou eu quem estou no comando disso. Eu, Jeon Jungkook.

ㅡ Você também é uma pessoa pública, então teremos muito cuidado com tudo a partir de então.

ㅡ Mas… eu posso… posso te chamar de minha flor? Não é um apelido qualquer, eu juro, eu gosto de como soa para você.

Eu o olho, ainda tentando me manter sério. Mas eu sou fraco, muito, muito fraco.

ㅡ Isso faz meu coração acelerar, e de um jeito muito forte, então até que eu tenha a certeza de que seu coração também acelera por mim assim, você está proibido de me chamar de flor.

Jimin sorri. Ainda segurando minhas mãos, ele nega.

ㅡ Então não precisamos sequer contar os dias.

Eu franzo meu olhar, mas quando suas mãos guiam novamente as minhas até seu peito, meu riso bobo cresce, notando cada batimento forte ali presente.

ㅡ Minha flor... - ele sussurra. Eu o olho, nossos rostos estão perto, e sua respiração até bate em contra minha pele nesse momento. ㅡ Meu coração acelera por você desde a primeira vez em que te vi.

Eu ainda olho para minhas mãos ali, e suspiro.

ㅡ Jungkook-ah. ㅡ ele chama quando eu talvez tenha perdido tempo o suficiente em seu coração. Eu ergo o olhar, apenas para olhar em seus olhos, mas sou surpreendido por um selar rápido, tão tímido e gostoso, que me faz duvidar que Park realmente seja um CEO temido por todos e não somente um garotinho bobo.

Eu sinto a pressão de seus lábios mais uma vez, roubando outro selar. E outro, e outro, e outro… porque eu não me afasto?

ㅡ Você aceita tentar comigo? ㅡ ele pergunta, enfim parando de roubar selares para finalmente me olhar nos olhos.

Eu mordo meu lábio inferior.

Tentar... É possível?

E então eu vejo que realmente não há nenhuma garantia ou certeza do futuro. O que temos é apenas o presente, e o meu presente no momento é esse.

É Jimin.

Então eu assinto, sem jeito e um pouco envergonhado com tudo o que estamos fazendo, mas tendo essa única certeza do meu presente.

Eu o quero.

Então tentar talvez não seja um erro, é só uma chance.

Uma chance para algo que pode ir além, ou pode quebrar em mil pedacinhos o meu coração já rachado.

ㅡ Eu aceito.



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