Cap 1
Vida pov’s
“Seja Bem-Vindo ao internato de ensino médio: ‘Bela Juventude’, onde todos os estudantes aproveitam a melhor época da sua vida com responsabilidade e educação. Aqui incentivamos com prazer que os alunos participem de atividades extracurriculares e se dediquem aos estudos...”.
– O que mais eu devia dizer? – Eu sussurrava me inclinando sobre o balcão de madeira da biblioteca, mas “Sr. Conhecimento”, um apelido que os professores deram ao nosso bibliotecário, não parecia me dar o mínimo de atenção enquanto organizava o registro dos livros em seu computador. Cocei a garganta fazendo um som alto para que ele ao menos olhasse para mim e isso o fez soltar um suspiro longo e ajeitar seus óculos em seu rosto.
– Por que você nunca vem apenas pegar um livro? – Conhecimento colocou seus cabelos loiros para trás para ler melhor o inicio de meu discurso que eu havia deixado no balcão.
Eu estava ansioso para o que ele ia dizer sobre o que eu havia escrito. Desde que eu havia acordado eu pensava em qual seria a melhor maneira de dar as boas vindas aos novos alunos que chegariam na semana que vem. O Diretor havia me encarregado de fazê-los sentir-se em casa, afinal eu era o Presidente do conselho estudantil, um cargo que eu gosto muito aliás.
– Então? Como está? Eu não sei o que eu poderia acrescentar... – Estou cada vez mais colado ao balcão. Quero ver por trás do brilho dos seus óculos a expressão dos seus olhos. Péssimo? Muito bom? Muito simples? Demonstre alguma reação!
– Léo, Você é um cara carismático, gentil e inteligente. A introdução do seu discurso não está ruim. – Senti uma chama de esperança acender no meu peito e não pude esconder meu sorriso. – Para um diretor. – Tá, esquece a chama de esperança. – Por que você só não escreve algo que seja mais... – Conhecimento me devolveu o papel enquanto me analisava de cima a baixo. – Mais você.
– Como assim? – Perguntei enquanto dobrava o papel e colocava no bolso.
– Você sabe que é o cara mais popular da escola e também sabe que é assim naturalmente. – Conhecimento mais uma vez se voltava para o computador. – Digo, Seja mais natural. Todos são alunos mais novos que você, se continuar discursando como um velho vai acabar os entediando e os fazendo desistir de estudar em uma escola tão deprimente. – Mesmo falando comigo, não desviava o olhar do computador. Como consegue digitar tão rápido?
– Sei... – Cocei minha nuca e respirei fundo. Ser Natural... Como eu faria isso? Mesmo eu sendo o presidente, nunca havia sido convidado para o discurso de boas vindas. Sempre escolhem algum professor, ou o Conhecimento. – Obrigado Conhecimento! – Sorri para ele.
– Agora me faça um favor e saia de cima do balcão.
Depois de fugir de dos olhares fuzilantes de Connor, o verdadeiro nome de “Sr. Conhecimento”, por ficar subindo no balcão, fui até a sala do conselho estudantil. Ainda não havia ninguém, apenas o silencio, uma mesa grande, cadeiras vazias dois armários próximos a janela. Sentei-me na ponta da mesa, onde era meu lugar, e reli o que havia escrito. Talvez se eu falasse com mais empolgação a introdução não parecesse tão chata. Na verdade, não havia muito que dizer sobre o Bela Juventude... Era apenas um internato normal para o ensino médio. Talvez eu devesse começar me apresentando!
– Léo Vida? O senhor está por aqui? – A secretária do diretor abriu a porta devagar e com timidez colocou o a cabeça para dentro da sala.
– Ah, Olá! O diretor precisa de alguma coisa? – Perguntei enquanto guardava o meu discurso mais uma vez no bolso do casaco.
– O diretor Ithis pediu para o senhor ir vê-lo imediatamente.
– Obrigado. – Me levantei e dei a volta na mesa e passei direto por ela na porta.
O diretor Ithis quase nunca me chama... Ele é agradável, porém um homem sério. Está sempre trabalhando, por isso sei que se ele me chamou agora deve ser algo importante. Eu andava pelo corredor com varias janelas e observo o lado de fora, onde há alguns alunos do segundo ano que vieram antes do período das aulas. Parecem estar se divertindo, isso é bom, afinal a escola deve ser um ambiente prazeroso. Mesmo que algumas aulas sejam realmente entediantes...
Assim que cheguei a sala do diretor, bati na porta com delicadeza e chamei seu nome. Como resposta, recebi um “entre” e foi o que eu fiz. E lá estava ele, como sempre, olhando a janela e pensando, provavelmente eu nunca saberia o que ele tanto meditava em sua janela. “Aqui” sem desviar o olhar de seu vidro, estendeu a mão com alguns papéis os quais me aproximei rapidamente para pegar. De perto eu conseguia ver a tensão em seus ombros, seus dentes serrados e seus lábios pressionados. Então comecei a ler os documentos em minhas mãos e eram sobre... um aluno novo?
– Desculpe Senhor... Mas o que devo fazer com isso? – Perguntei confuso em uma reverencia de cabeça.
– Ele vem da escola do Nim... Teve problemas lá. Acredito Senhor Vida, que saiba que tipo de lugar é aquele. – De fato eu sabia, uma espécie de reformatório onde alunos problemáticos iam. O que não fazia muito sentido... Ithis nunca aceitou nenhuma transferência de lá. – Quero que você tome conta dele. Des vem mais cedo para conhecer o local e você o ensinará nossas regras.
– Eu?! Ma-! – Antes que eu pudesse terminar, ele simplesmente me lançou um olhar. Eu sabia, ele não mudaria de ideia. – Farei o possível. – Fiz uma reverência e comecei a me afastar.
– Obrigado Léo. – O ouvi dizer antes de eu fechar a porta atrás de mim. Argh! Como se eu já não estivesse atolado de trabalho! Mesmo assim não consigo parar de pensar no por que o diretor aceitou um aluno do Nim! Não faz o mínimo de sentido! O que ele tem de tão especial? Bom, só havia uma maneira de descobrir.
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