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História Bela (oneshot) - Único.


Escrita por: Khaliad

Notas do Autor


Esta história eu criei para uma peça de teatro que apresentarei na escola, tive que fazer algo com o tema: a música se relacionando com o teatro, a dança e a literatura e o cinema, porém aqui resolvi abordar apenas os três primeiros. Espero que gostem. ❤

Capítulo 1 - Único.


Ana se sente leve, seus movimentos são delicados, os passos lhe dão um sentimento de liberdade, às vezes não conseguia conter um sorriso ou outro, seus olhos eram os passos de seu parceiro. Porém, os seus não eram tão firmes quanto ela gostaria. Quando menos imaginou, ela tropeçou, a falta de visão lhe custava caro às vezes. Ela abaixou a cabeça e esperou os gritos de Helena, que logo vieram.
-VOCÊ ESTÁ LOUCA, GAROTA? SE CONTINUAR ASSIM VOCÊ ESTRAGARÁ TUDO! –a diretora, estava completamente exaltada, gritava e gesticulava, brava com Ana, logo ela se virou para as outras pessoas ali presentes- FOI IDEIA DE QUEM COLOCAR ESSA CEGA AQUI?
Ana já sentia as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, tentou escondê-lo com as mãos, não queria parecer fraca. Ela já era cega, não queria dar outro motivo para acharem-na frágil.
-P-perdão... –gaguejou a garota, Rodrigo, seu companheiro de dança se aproximou e colocou a mão no ombro de Ana, que assustou com o toque- Não vai acontecer novamente, prometo.
-Não, realmente não vai. –Helena a olhou com desprezo e se afastou, não antes de a ameaçar- Caso você estrague tudo novamente, saiba que há outras pessoas muito mais capazes que você para terem o papel de Bela.
As palavras de Helena ainda ressoavam na mente de Ana, ela estava em seu quarto, aos prantos, enquanto a irmã a consolava.
-E-eu não vou conseguir... -Ana soluçou, enquanto a irmã a abraçava- Eu vou errar, derrubar algo... ou pior... vou cair, todos vão rir.
-Ei, você é ótima, pare com isso. –a irmã disse limpando as lágrimas de Ana- Você não pode ficar se lamentando, não se quiser que todos te vejam como alguém forte, Ana.
-É... Você está certa. –Ana respondeu bem baixinho, ela ergueu a cabeça, os olhos vazios perdidos em qualquer ponto- Eu choro porque não consigo dançar, eu choro porque sou cega e inútil, eu vou chorar por tudo! –Ana deu um tapa fortíssimo na cama, que fez sua irmã dar um pulinho por conta do susto.
-Ana! Vai mesmo deixá-la fazer isso? Vai deixar aquela Helena te oprimir assim?
-Não deveria deixar, já sei disso. –a garota suspirou- É mais forte que eu, sabe? Esse pensamento de “sou uma inútil”... Ele sempre vai estar comigo.
-Então prove para si mesma que está errada. Vá dormir, amanhã quero ver a Bela no palco.
Ana sorriu e se enfiou debaixo das cobertas.
-Se eu tentar, posso conseguir... –ela sussurrou.
No dia seguinte ela já estava super disposta, esperando para entrar no palco, os bastidores estavam uma correria. Uma moça retocava sua maquiagem, enquanto um rapaz ajeitava seu cabelo. Rodrigo estava ao seu lado, ambos em completo silêncio, ele tinha esse costume de manter-se sério antes das apresentações, apenas concentrando-se.
-Espero que tenha entendido o recado ontem, garota. –Ana estremeceu ao ouvir a voz de Helena, mas mesmo assim tentou se recompor, ela seria forte.
-Não posso ficar me lamentando, não se eu quiser que todos me vejam como alguém forte. –Ana sussurrou as palavras da irmã.
-Disse alguma coisa, garota? –Helena disse, claramente já irritada.
-Eu sou capaz de fazer isso. Eu vou conseguir, Helena. –Ana cerrou os punhos e mostrou toda a confiança que ela mal sabia que tinha- Posso não enxergar, mas sei o que estou fazendo, o que posso fazer, além disso, o Rodrigo estará comigo.
-Sim, estarei. –ele virou a cadeira, surpreendendo Ana, que mal lembrava da presença dele ali- Não precisa se preocupar tanto, Helena. Se continuar com essa paranóia você mesma estragará sua peça.
A irritação de Helena era quase palpável. Seu rosto se contorcia de raiva, ela queria voar naquele casalsinho insuportável, naquela garota insuportável que conseguia ser insuportavelmente boa na dança, melhor do que ela mesma um dia já fora.
-Como ousa...? –ela rosnou- Posso muito bem te deixar sem emprego e acabar com sua vidinha miserável.
-Ou pode simplesmente nos deixar atuar. –Ana intrometeu-se. A maquiadora e o cabeleireiro que cuidavam da garota agora estavam encarando a discussão como se fosse algum filme, maravilhados com a situação constrangedora da diretora que nunca havia sido desafiada.
-FALTAM CINCO MINUTOS! –um dos ajudantes de Helena gritou, correndo com papéis que caíam a todo instante, ele voltava, os recolhia e tornava a gritar- CINCO MINUTOS! TODOS EM SEUS POSTOS! AGORAAA!!
-Ana, está pronta? –Rodrigo dirigiu-lhe a palavra.
-Sim, estou. –sua voz não estava tão firme, mas seu sorriso passava confiança.
Desta vez as pernas de Ana não traíram a garota, ela dançou como nunca havia feito. Estava segura, feliz, sorria constantemente, e, a energia de todos, ao final da peça a contagiava, vinham a abraçar, dançavam com ela, era a bagunça que Ana gostaria de presenciar sempre.



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