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História Believe - A verdade


Escrita por: carolthedanvers

Notas do Autor


Oi gente como estão??

Bom eu decidi por não mudar o que acontece agora, então imagino que se lembram do que acontece.

Obrigada a galera que comentou, logo mais eu respondo os comentários!

Capítulo 12 - A verdade


Regina sentiu-se gelar. As mãos que estendia para abraçar a loira imobilizaram-se no ar. A respiração parecia presa em seus pulmões. E, mesmo quando seu coração saltou de alegria, sua mente alertou-a para esperar. Bem devagar, ela desvencilhou-se de Emma.

- Swan, eu acho que...

- Não me diga que estou apressando as coisas. - Emma sentia-se surpreendemente calma, agora que dera o primeiro passo. O passo que, percebia, já fora dado em seu coração há muito tempo. - Não acho que estou sendo precipitada, preciso de você em minha vida Regina.

- Já estou em sua vida. - Regina sorriu, tentando não se preocupar. - Você sabe disso.

- Já foi bem difícil quando comecei a desejá-la e mais difícil ainda quando passei a gostar de você. Mas é impossível, agora que estou amando-a. Não quero ser apenas a sua vizinha, ou... só sua namorada, eu quero mais. – Segurou a morena pelos ombros, fitando-a intensamente. – Quero dormir e acordar todos os dias com você ao me lado, quero dividir tudo com você eu te quero como esposa.

- Você sabe que eu te amo Emma, mais do que imaginei que seria possível. Mais do que eu queria. Porém, o casamento é... 

- O certo. - Emma afagou-lhe os cabelos molhados. - É o mais certo para nós. Regina, uma vez eu lhe disse que não levo a intimidade na brincadeira e não estava me referindo apenas ao sexo. - Afastou-se um pouco, querendo ver-lhe o rosto, querendo que Regina visse o seu. - Estou falando sobre o que acontece comigo todas as vezes que olho para você. Antes de conhecê-la, estava satisfeita com a vida que tinha. Mas isso já não me basta mais. Não vou ficar me escondendo por trás da cerca de rosas para poder estar com você. Quero que fique comigo, conosco, eu e Henry.

- Emma, se pudesse ser assim tão simples... - Regina virou-se de costas para a loira, lutando para encontrar a resposta certa.

- Pode ser simples. - Emma ignorou uma súbita onda de pânico. - Quando eu vejo você com Henry, não sei explicar o que sinto, só sei que percebi que era tudo o que eu queria. Que você estivesse ali, somente isso. Saber que eu poderia compartilhar meu filho com você, porque você o ama. E poderíamos ter outros filhos... Ter um futuro.

Regina fechou os olhos, porque a imagem era tão doce, tão perfeita. E estava negando a ambas uma chance de transformar aquele sonho em realidade, apenas porque tinha medo.

- Se eu dissesse "sim" agora, antes que você me compreenda, antes que saiba tudo a meu respeito, não estaria sendo justa.

- Eu conheço você. - Emma abraçou a morena e afundou o rosto entre o pescoço e o ombro de Regina. - Sei que sua cor favorita é azul, o lugar que você mais amou conhecer foi a Grécia, que você ama comédias românticas clichês, seu sorvete favorito é flocos, sei que você é compassiva e apaixonada, sei que é leal, generosa e tem uma mente aberta. Sei também que ama muito sua família, que gosta de música romântica e vinho feito de maçãs. Conheço o som da sua risada, o seu cheiro, sei cada tipo de olhar seu. E sei que poderia fazê-la feliz, se você permitisse.

- Você me faz feliz Emma e é porque também quero vê-la feliz que não sei o que fazer. - Regina afastou-se e começou a andar, tentando aliviar a tensão. - Eu não sabia que tudo isso aconteceria tão depressa, antes que eu tivesse certeza. Eu juro, se soubesse que você estava pensando em casamento...

Ser esposa dela, Regina pensou. Unir-se a Emma e Henry para sempre. Não podia pensar em nada mais precioso do que isso. Precisava contar-lhe tudo, para que a loira tivesse a opção de aceitar ou recusar.

- Você tem sido muito mais honesta comigo do que eu com você.

- Sobre o quê?

- Sobre quem você é. - Regina fechou os olhos e suspirou. - Sou uma covarde. Tão facilmente devastada por maus pressentimentos, sentindo um medo patético, um medo... Físico e emocional. Tão vulnerável a coisas que outras pessoas encaram com indiferença.

- Não entendo sobre o que você está falando, Regina.

- Eu sei. – A morena pressionou os lábios. - Você entende que existem pessoas que são mais sensíveis do que outras? Pessoas que precisam desenvolver uma defesa que as impeça de absorver demais os turbilhões de emoções que giram em torno delas? Que são obrigadas a fazer isso, Emma, pois do contrário não conseguem sobreviver?

Emma afastou a impaciência e tentou sorrir.

- Ok, está ficando mística demais para o meu gosto.

Regina riu sem humor, pressionando a mão nos olhos.

- Você não sabe nem a metade. Preciso explicar, mas não sei como. Se eu pudesse... - Começou a virar-se, determinada a lhe contar tudo e derrubou o bloco de desenhos de cima da escrivaninha de Emma. Num gesto automático, abaixou-se para pegá-lo.

Talvez fosse o destino que quisesse que o bloco caísse de frente, mostrando um desenho recém-terminado. Um desenho excelente, Regina pensou, enquanto o analisava. As linhas firmes e sombrias de uma bruxa com um chapéu pontudo encaravam-na. O mal, ela pensou. Emma havia capturado o mal com perfeição.

- Não se preocupe com isso. - Emma adiantou-se para pegar o bloco, mas Regina balançou a cabeça.

- Isto é para o seu novo livro?

- Sim, "O Castelo de Prata". Não vamos mudar de assunto.

- Nem tanto quanto você está pensando - Regina murmurou. - Dê-me só um momento - Disse, com um sorriso cauteloso. - Fale-me sobre este desenho.

- Mas Regina...

- Por favor.

Frustrada, a loira passou a mão pelos cabelos.

- É apenas o que parece. Uma bruxa malvada que amaldiçoa a princesa e o castelo. Tive de imaginar que seria um encantamento que impedia qualquer pessoa de entrar ou sair do castelo.

- Então escolheu uma bruxa.

- Sei que é o óbvio. Mas a história parecia exigir isso. Em resumo a bruxa vingativa, ciumenta, furiosa com a beleza e a bondade da princesa faz um encantamento para que a princesa fique encerrada no castelo, privada do amor, da vida e da felicidade. Então, quando o verdadeiro amor vence, rompendo a maldição, a bruxa é eliminada. E eles vivem felizes para sempre.

- Imagino que, para você, as feiticeiras são sempre maldosas e calculistas. - "Calculistas", Regina lembrou-se. Fora uma das palavras que Robin usara para descrevê-la. Além de outras, muito, muito piores.

- Bem, é o que se espera delas. O poder corrompe, certo?

Regina deixou o bloco na escrivaninha.

- É o que algumas pessoas pensam. - Era apenas um desenho, Regina disse a si mesma. Apenas parte de uma história que a loira inventara. Ainda assim, serviu para lembrá-la de quão imensa era a distância que as separava. - Emma, quero lhe pedir uma coisa.

- Sabe que você poderia me pedir qualquer coisa.

- Preciso de um tempo - Regina disse. - e de fé. Amo você, Emma, e não existe mais ninguém com quem eu quisesse passar o resto da minha vida. Mas eu preciso de tempo pra arrumar coragem. Uma semana - Ela disse, antes que Emma pudesse protestar. - Somente uma semana. Até a lua cheia. Então, eu lhe contarei tudo sobre mim. Depois disso, espero que você me peça novamente para ser sua esposa. E, se pedir, a resposta será "sim".

- Diga sim agora. - Emma abraçou-a, capturando-lhe os lábios, esperando convencê-la com a força da sua própria vontade. - Que diferença fará uma semana?

- Toda diferença - Regina murmurou, colando-se a loira. - Ou nenhuma.

****************************************

Emma não se importava de esperar. O que a deixava impaciente e nervosa era o fato de que os dias pareciam arrastar-se. Um dia, dois, finalmente três. A fim de confortar-se, pensava sobre a mudança que aconteceria em sua vida, assim que aquela semana interminável acabasse.

Não passaria mais as noites sozinha. Logo, quando se virasse na cama, Regina estaria ali. A casa sempre estaria repleta da presença dela, do seu perfume de maçã, das fragrâncias de ervas e essências. Nas noites longas e tranquilas, elas poderiam sentar juntinhas no terraço e conversar sobre o dia que tiveram, ou sobre o futuro.

Ou, talvez, Regina quisesse que se mudassem para a casa dela. Não teria importância. Elas caminhariam pelos jardins, através dos canteiros e a morena poderia tentar ensinar-lhe os nomes de todas as flores.

Talvez pudessem fazer uma viagem para a Irlanda e Regina lhe mostraria todos os lugares significativos de sua infância. E lhe contaria histórias, como aquela da feiticeira e do sapo, sobre as quais Emma poderia escrever.

Um dia, teriam outros filhos e Emma a veria segurando um bebê no colo, da mesma maneira que segurara os de Zelena e Ruby.

Mais filhos.

Tal pensamento a fez olhar para o retrato emoldurado de Henry, sorrindo para ela na escrivaninha.

Ele era o seu bebê. Apenas seu por tanto tempo. E Emma realmente queria outros. Até agora, nunca se dera conta do quanto desejava mais filhos. Nem do quanto gostava de ser mãe. Parecia fazer parte da sua personalidade, algo que ela simplesmente "era".

Agora, enquanto a mente começava a brincar com a ideia, imaginou-se acalentando um bebê durante a noite, como fizera com Henry. Segurando-lhe os bracinhos quando os primeiros passos eram dados. Segurando a traseira de uma bicicleta desequilibrada.

Um filho. Não seria incrível ter mais um filho? Ou filha. Uma menininha com os olhos avelã. Irmãos e irmãs para Henry. O garoto adoraria, pensou, e descobriu-se sorrindo como uma idiota.

Mas, evidentemente, ainda não havia perguntado à Regina como ela se sentia a respeito. Sem dúvida, era algo que teriam de discutir. Talvez fosse apressá-la outra vez, se falasse nesse assunto agora.

Então, lembrou-se da expressão de Regina, quando fica abraçada à Henry. A maneira com que seu rosto se iluminara ao segurar os bebês, para que Henry pudesse vê-los e tocá-los.

Não, decidiu. Emma a conhecia. A morena estaria tão ansiosa quanto ela para transformar aquele amor em vida.

No final da semana, pensou, iriam começar a fazer os planos para um futuro juntas.

**********************************

Para Regina os dias passaram depressa demais. Ela ficava horas pensando na maneira certa de contar tudo a Emma. Depois, mudava de ideia e tentava encontrar outro jeito.

Havia o confronto direto.

Imaginava-se sentada com a loira na cozinha, com um bule de chá sobre a mesa.

- Swan - Ela diria. - Eu sou uma feiticeira. Se isso não a incomoda, podemos começar a planejar o casamento.

Havia a maneira sutil.

Estariam sentadas no pátio, perto do canteiro de margaridas do campo. Enquanto bebiam um vinho e admiravam o pôr do sol, conversariam sobre a infância de cada uma.

- Imagino que ter sido criada na Irlanda seja um pouco diferente de crescer em Boston. - Ela lhe diria. - Mas os irlandeses geralmente aceitam muito bem o fato de ter feiticeiros como vizinhos. - Então, Regina sorriria. - Mais vinho, amor?

Ou a abordagem intelectual.

- Estou certa de que você concorda que muitas lendas são baseadas em fatos. - Esta conversa poderia acontecer na praia, com o barulho das ondas e os gritos das gaivotas ao fundo. - Seus livros demonstram uma grande profundidade de compreensão e respeito pelo que a maioria das pessoas considera mito ou folclore. Sendo eu mesma uma feiticeira, aprecio seu enfoque positivo das fadas e da magia. Especialmente o modo como você descreveu a feiticeira no livro "Um Terceiro Desejo para Miranda".

Regina esperava apenas que lhe restasse algum humor para rir de cada um daqueles tristes cenários. E certamente teria de pensar em alguma coisa, agora que faltavam menos de vinte e quatro horas para o término do seu prazo.

Emma já se mostrara paciente demais e Regina não teria o direito de lhe pedir mais tempo. Não havia desculpas para fazê-la esperar mais.

Pelo menos naquela noite teria um pouco de apoio moral. Zelena e Killian, com os respectivos cônjuges, estavam a caminho para jantar. Se isso não a preparasse para o confronto com Emma no dia seguinte, nada mais o faria. Quando Regina saiu para o terraço, ficou brincando com o pingente de zircônia que tinha no pescoço.

Era óbvio que Henry estivera observando o seu quintal, pois no mesmo instante surgiu por entre a cerca de rosas, com Max atrás de si. A fim de demonstrar seu desprezo ao filhote, Quigley sentou e começou a lamber as patas.

- Nós vamos jantar na sua casa, hoje. - Henry anunciou. - Os bebês também vêm e se eu tiver muito, muito cuidado, talvez possa pegá-los no colo.

- Acho que podemos dar um jeito nisso. - Automaticamente, Regina olhou para o quintal vizinho, tentando encontrar sinais de Emma. - Como estava a escola hoje, meu amor?

- Foi bom. Já sei escrever o meu nome, da mamãe e o seu. Sei escrever o de Max, mas não o de Quigley, por isso escrevi apenas "gato". Então escrevi o nome do resto da minha família, como a professora mandou. - Henry parou de falar, olhou para os sapatos pela primeira vez desde que Regina o conhecia, o garotinho estava intimidado. - Está tudo bem que eu disse que você é da minha família?

- Está mais do que bem. - Abaixando-se, Regina deu um abraço apertado no menino. "Ah, sim", pensou, fechando os olhos com força. "É isso que quero, é isso que preciso. Posso ser a esposa dela e mãe para seu filho. Por favor, por favor, ajude-me a encontrar uma maneira de ter tudo isso." - Eu amo você, Henry.

- Você não vai embora, não é?

Porque estavam tão próximos e porque não pôde evitar, Regina tocou o coração do menino e viu que ele estava pensando em Lily.

- Não, querido. - Afastou-se, escolhendo as palavras com cuidado. - Eu jamais iria querer ir embora. Mas, se tiver de ir, se não puder evitar, ainda ficaríamos próximos.

- Como você pode ir embora e ainda ficar perto de mim?

- Porque você estaria no meu coração. Aqui. – Regina retirou a correntinha de ouro com o pingente de zircônia e colocou-o no pescoço de Henry.

-Ah! Veja como brilha!

- É muito especial. Quando você se sentir sozinho ou triste, basta segurar na pedra e pensar em mim. Eu vou saber e lhe enviarei felicidade de onde estiver.

Encantado, Henry girou o cristal na mão e ergueu-o contra a luz, produzindo uma explosão de cores e luzes.

- É mágico?

- É sim.

Henry aceitou a resposta com a fé de uma criança.

- Quero mostrar a mamãe. - Saiu correndo, mas parou ao lembrar-se da boa educação. – Obrigado, Gina.

- De nada. Ahn... Sua mãe está em casa?

- Sim, ela está no telhado.

- No telhado?

- É, porque no mês que vem já é o Natal e ela precisa saber quantas lâmpadas terá de comprar. Ela quer iluminar a casa inteira, pois disse que este Natal será o melhor de todos os tempos.

- Espero que sim.

Regina protegeu os olhos com a mão e olhou para cima. Lá estava Emma sentada no telhado da casa, olhando-a de volta. Regina sentiu o conhecido salto no coração, como sempre acontecia quando via a loira. Apesar de nervosa, sorriu e acenou-lhe, enquanto pousava a outra mão no ombro de Henry.

Tudo ficaria bem, disse a si mesma. Teria de ficar.

Emma ignorou o emaranhado de fios com as lâmpadas de Natal ao seu lado e ficou observando-os até que Henry corresse de volta para o quintal e Regina entrasse na casa.

Tudo ficaria bem, a loira pensou. Teria de ficar.

***********************************

Killian pegou uma enorme azeitona preta da bandeja e enfiou-a na boca.

- A que horas vamos comer? - Perguntou.

- Você já comeu. - Rose salientou.

- Estou falando de comida de verdade. - Ele piscou para Henry. - Cachorro-quente.

- Frango com molho de ervas. - Regina corrigiu, virando um peito de frango na churrasqueira.

Estavam todos espalhados pelo pátio, com Henry sentado numa cadeira de ferro segurando Alycia cuidadosamente no colo. Emma e Ruby mantinham um debate animado sobre cuidados com as crianças. Zelena amamentava James, enquanto escutava o relato de Rose sobre o final feliz da fuga que ela e Killian tinham investigado.

- O garoto estava miserável. - Ela dizia. - Arrependido por ter fugido e com medo de voltar. Quando nós o encontramos, com frio, sem dinheiro e com fome, ele ficou sabendo que seus pais estavam com mais medo do que raiva e mal pôde esperar para voltar para casa. Acho que vai ficar de castigo até os trinta anos, mas não parecia importar-se com isso. - Esperou até que Zelena fizesse o bebê arrotar. Estava louca para pegá-lo no colo. - Quer que o leve para o cestinho?

- Obrigada. - Zelena observou a expressão de Rose, quando ela pegou o bebê. - Está pensando em ter um destes? Ou dois?

- Para dizer a verdade... - Rose aspirou o suave perfume do bebê e sentiu os joelhos enfraquecerem. - Talvez eu já esteja... - Lançou um rápido olhar por sobre o ombro e viu o marido entretido com Henry. - Ainda não tenho certeza, mas já comecei a tentar.

- Ah, Rose, isso é...

- Shh. - Rose abaixou-se, usando o bebê como cobertura. - Não quero que ele saiba, e nem que desconfie, do contrário não serei capaz de impedi-lo de olhar por si mesmo. Quero poder contar-lhe sozinha. - Ela sorriu. - Ele vai morrer de susto.

Com todo cuidado, Rose deitou o bebê no carrinho duplo.

- Alycia também está dormindo. - Henry avisou.

- Quer deitá-la ali perto do irmão dela? - Killian abaixou-se para ajudar Henry levantar-se com o bebê. - É assim mesmo que se faz. - Manteve as mãos sob as dele, enquanto o menino deitava Alycia no carrinho.

Henry virou-se quando Max começou a latir.

- Shh! - Murmurou. - Você vai acordar os bebês!

Mas Max estava ocupado demais correndo atrás de Quigley. Procurando um espaço aberto, o gato disparou pela cerca de rosas na direção do quintal vizinho e desapareceu. Adorando a brincadeira, Max voou atrás dele.

- Eu vou buscá-lo, mamãe. - Fazendo tanto barulho quanto os animais, Henry correu atrás deles.

- Não acho que um adestrador seja a solução - Emma comentou, dando um gole na cerveja. - Já estou considerando seriamente uma instituição para problemas mentais.

************************

Ofegando um pouco, Henry seguiu os sons de latidos e miados através do gramado, pelo terraço e em volta da casa. Quando finalmente alcançou Max repreendeu-o.

- Vocês precisam ser amigos. Gina não vai gostar se você ficar provocando Quigley.

Max limitou-se a bater a cauda no chão e latiu novamente. Quigley procurara abrigo na escada que Emma usara para subir no telhado, e estava num degrau bem no meio, todo arrepiado e dando patadas no ar.

- Ele não gosta dessas brincadeiras, Max. - Com um suspiro, Henry abaixou-se para afagar o cão. - Ele não sabe que você só quer brincar e que não vai machucá-lo. Ele fica com medo. - Olhou para cima da escada. - Venha, Quigley, está tudo bem. Pode descer, agora.

Com um rosnado felino, Quigley estreitou os olhos, subiu mais alguns degraus da escada e abrigou-se no telhado, quando Max respondeu com mais uma série de latidos.

- Ah, Max, olhe só o que você fez.

Henry hesitou ao pé da escada. Sua mãe fora bastante específica ao lhe dizer que não chegasse perto dela. Mas ela não sabia que Quigley ficaria com tanto medo. Que podia cair do telhado e se machucar. Deu um passo para trás, pensando em ir chamar a mãe para resolver a situação. Então, ouviu Quigley miar.

Max era responsabilidade sua, Henry pensou. Ele deveria alimentá-lo e tomar conta dele, para que não se metesse em encrencas. Se Quigley se machucasse, a culpa seria sua.

- Já vou indo. Não fique com medo.

Mordendo o lábio, começou a subir os degraus. Já havia visto sua mãe chegar até o topo, e não parecia ser tão difícil. Era como subir nos brinquedos do parque, ou na escada do escorregador.

- Quigley, Quigley... - foi dizendo enquanto subia e deu uma risadinha quando Quigley espiou no telhado. - Seu gato bobo, Max só estava brincando. Vou levá-lo para baixo, não se preocupe.

Estava quase no topo, quando seu pé errou o degrau seguinte.

***********************************

- Está um cheiro delicioso. - Emma murmurou, mas aspirava a nuca de Regina e não o frango que a morena deixara numa travessa. - Muito apetitoso.

Ruby deu-lhe um leve empurrão, enquanto pegava um prato.

- Se vai mesmo beijá-la Emma, é melhor sair do caminho. Nós estamos querendo comer.

- Tudo bem. - Passando os braços em torno da cintura de Regina, que se limitara a arregalar os olhos de surpresa, Emma beijou-a longa e profundamente. - O prazo está quase acabando - Disse, contra seus lábios. - Você pode acabar com meu sofrimento agora mesmo, ou...

As palavras foram interrompidas no instante em que Emma ouviu o grito de Henry. Com o coração aos saltos, correu pelo gramado, chamando por ele. Pulou o cercado de rosas e disparou pelo seu quintal.

- Ah, Deus... Ah, meu Deus!

Todo seu sangue pareceu esvair-se do seu corpo quando o viu caído no chão, o bracinho dobrado num ângulo impossível, o rosto pálido como cera.

- Henry!

Em pânico, ajoelhou-se ao lado dele. Henry estava de olhos fechados imóvel demais, até sua mente registrou este fato terrível e quando se abaixou havia sangue, o sangue de seu menino, pelo chão.

- Não o remova do lugar! - Regina disparou a ordem, ajoelhando-se ao lado deles. Estava com a respiração ofegante, lutando contra o terror, mas suas mãos agarraram os pulsos da loira com firmeza. - Não sabemos o quanto e onde ele está ferido. Pode piorar as coisas, se removê-lo.

- Ele está sangrando. - Emma segurou o rosto do menino de forma delicada entre as mãos. - Henry. Acorde, Henry. - Tremendo, procurou-lhe o pulso na garganta. - Não faça isso comigo. Deus, por favor... Precisamos de uma ambulância.

- Vou chamar. - Rose falou, atrás delas.

Regina apenas balançou a cabeça, sentia que o socorro não chegaria a tempo.

- Emma. - Ficou muito calma, depois de entender o que teria de fazer. - Emma, me escute. - Segurou-a pelos ombros, mantendo as mãos firmes quando a loira tentou desvencilhar-se. - Você precisa se afastar. Deixe-me examiná-lo. Deixe-me ajudá-lo.

- Ele não está respirando. - Emma apenas ficava olhando para o filho. - Acho que não está respirando. O braço dele... Ele quebrou o braço.

Era mais do que isso. Mesmo sem um contato mais próximo, Regina sabia que era muito mais do que isso. 

- Eu posso ajudá-lo Emma, mas você terá de se afastar.

- Ele precisa de um médico. Pelo amor de Deus, alguém chame uma ambulância!

- Killian. - Regina falou baixinho.

Seu primo adiantou-se e pegou Emma pelo braço.

- Me solta! - Emma começou a se virar e viu que Killian a segurava. - O que você pensa que esta fazendo? Precisamos levá-lo para o hospital!

- Deixe que Regina faça o que puder - Ruby falou, esforçando-se para conter o seu próprio pânico. - Você tem de confiar nela, pelo bem de Henry.

- Gina... Pode ser tarde demais. Você sabe o que poderia acontecer se... 

- Eu preciso tentar Zelena.

Com extrema delicadeza, Regina pousou as mãos nos dois lados da cabeça de Henry. Preparou-se, esperando até que sua própria respiração ficasse lenta e profunda. Era difícil, difícil demais bloquear as emoções violentas e aterrorizadas de Emma, mas concentrou-se na criança, somente na criança. E abriu-se.

Dor. Lampejos quentes e ardentes de dor, irradiando-se em sua cabeça. Uma dor intensa demais para uma criança pequena suportar. Regina extraiu a dor, sorveu-a para si, permitindo que todo seu organismo a absorvesse. A agonia quase ameaçava perturbar a serenidade necessária para um trabalho tão profundo e delicado, esperou um pouco, até que as ondas de dor se acalmassem. Então, prosseguiu.

Tantos danos, pensou enquanto suas mãos deslizavam levemente para baixo. Uma queda tão alta. Uma imagem perfeita surgiu em sua mente. O chão chegando cada vez mais perto, o medo impotente, o impacto súbito e atordoante.

Seus dedos passaram por um corte profundo no ombro de Henry. Regina gemeu quando a imagem refletida cortou seu próprio ombro, latejou, sangrou. Depois, os dois cortes desapareceram.

- Meu Deus... - Emma havia parado de debater-se. Estava atônita demais. - O que ela está fazendo? Como?

- Ela precisa de silêncio. - Killian murmurou. Afastando-se de Emma, pegou a mão de Zelena. Não havia nada que pudessem fazer, exceto esperar.

Os ferimentos internos eram graves. O suor cobriu a pele de Regina enquanto ela examinava, absorvia e curava. Entoava um cântico, enquanto trabalhava, sabendo que precisava aprofundar o transe a fim de salvar Henry e a si mesma.

Ah, mas a dor! Dilacerava-a como um fogo, fazendo-a estremecer. Sua respiração ficou mais difícil. Cegamente, apertou a mão em torno da zircônia que Henry ainda usava, e pousou a outra mão no coração do menino.

Quando atirou a cabeça para trás, seus olhos estavam totalmente brancos.

A luz era intensa e forte a ponto de cegá-la. Mal podia ver a criança lá em cima. Ela chamou, gritou, querendo apressar-se, sabendo que um único passo em falso seria o fim para os dois.

Olhou fixamente para a luz e sentiu Henry escorregando para mais longe.

- O dom me pertence para ser usado ou desprezado. - Murmurou na língua de seu poder enquanto a dor e o poder reverberavam em sua voz. - Esta foi minha escolha desde o dia em que nasci. O que fere a criança a mim seja trazido. Como eu própria, ao pó voltará.

Regina gritou, então, pelo preço dilacerante de trapacear a morte. Sentiu a própria vida vazar de si, oscilando na direção da luz penetrante, enquanto o coração de Henry começava a bater debilmente sob sua mão.

Ela lutou, por ambas as vidas, evocando cada grama de suas forças, cada vestígio de seu poder.

Emma viu o filho enrijecer, viu seus olhos abrirem-se quando Regina vacilou para trás.

- Hen... Henry? - Ela deu um pulo para frente, apoiando-o em seus braços. – Meu amor, você está bem?

- Mamãe? - Os olhos nublados e desfocados começaram a clarear. - Eu caí?

-Sim, meu amor. - Enfraquecida pelo alívio e gratidão, Emma abraçou-o e acalentou-o em seus braços. - Sim...

- Não chore, mamãe. - Henry deu-lhe uma palmadinha nas costas. - Eu estou bem.

- Deixe-me ver. – Emma respirou fundo enquanto as lágrimas caiam dos seus olhos, passou as mãos pelo corpo do menino. Não havia mais sangue, descobriu. Nenhum sangue, nenhum ferimento, nem mesmo um arranhão. Virou-se e olhou para Regina, enquanto Killian a ajudava a levantar-se. - Está doendo em algum lugar, querido?

- Não. - Ele bocejou e recostou a cabeça no ombro da mãe. - Eu estava indo encontrar a mamãe Lily. Ela estava tão bonita, no meio de uma luz. Mas estava triste, parecendo que ia chorar, quando me viu chegando. Então Gina apareceu e pegou minha mão. Mamãe parecia feliz quando acenou, despedindo-se de nós. Estou com sono.

Emma sentia um nó na garganta e o coração parecia querer saltar do peito.

- Está bem, querido.

- Por que não me deixa levá-lo para dentro? - Ruby ofereceu-se. Quando Emma hesitou, ela baixou a voz. - Henry está bem, mas Gina não está. - Pegou no colo a criança meio adormecida. - Não permita que o bom senso a atrapalhe, Emma. - Acrescentou, afastando-se com Henry.

- Quero saber o que aconteceu aqui. - Temendo que começasse a gaguejar, a loira obrigou-se a falar mais devagar. - Quero saber exatamente o que aconteceu.

- Tudo bem. - Regina olhou para os primos. - Se vocês puderem nos deixar a sós por um instante, eu gostaria de... - As palavras ficaram soltas no ar, quando ela perdeu os sentidos.

Praguejando baixinho, Emma segurou-a antes que Regina caísse e aconchegou-a nos braços.

- O que esta acontecendo? - Indagou. - O que ela fez com Henry? - Baixou os olhos, vendo a palidez translúcida do rosto da morena. - O que ela fez a si mesma?

- Regina salvou a vida do seu filho. - Killian respondeu. - E arriscou a própria vida.

- Fique quieto Killian. - Zelena murmurou. - Emma já sofreu o bastante.

- Emma???

- Sim. - Zelena tocou o braço do primo, contendo-o. - Emma, Regina precisa descansar. Precisa de muito descanso e silêncio. Se você preferir, leve-a para casa dela. Um de nós ficará para cuidar dela.

- Não, eu vou cuidar dela. - Emma virou-se e carregou-a para casa.

*************************************

Regina flutuava para dentro e para fora de mundos sem cor. Não havia dor, agora, ou qualquer outra sensação. Tinha a mesma consistência que a neblina. Por uma ou duas vezes, ouviu Killian ou Zelena deslizando para sua mente, oferecendo-lhe conforto e confiança. Outros juntaram-se a eles, os seus pais, tios e tias e mais.

Após uma longa, longa jornada, ela sentia-se retornar. Matizes e vestígios de cores insinuavam-se no mundo incolor. As sensações começaram a penetrar em todo seu corpo, provocando coceiras na pele. Ela suspirou uma vez, o primeiro som que fazia em mais de vinte e sete horas e abriu os olhos.

Emma observou-a voltar. Levantou-se automaticamente da cadeira, a fim de levar-lhe o remédio que Zelena deixara.

- Hey com cuidado. - Disse, segurando-lhe a cabeça e levando o copo aos seus lábios. - Aqui você precisa beber isto. - A morena obedeceu, reconhecendo o cheiro e o sabor.

- Henry?

- Ele está bem. Ruby e Zelena vieram buscá-lo esta tarde. Vai passar a noite com elas. - Assentindo levemente, Regina tornou a beber.

- Quanto tempo fiquei dormindo?

- Dormindo? - Emma riu um pouco diante do termo que Regina usara para aquele estado de coma em que se encontrara. - Você esteve inconsciente por vinte e sete horas. - Olhou no relógio. - E trinta minutos.

A jornada mais longa que fizera, Regina pensou.

- Preciso ligar para minha família e avisar que estou bem.

- Eu faço isso. Está com fome?

- Não. - Regina tentou não se magoar com o tom educado e distante da voz de Emma. - Isso é tudo o que preciso, por enquanto.

- Então estarei de volta em um minuto.

Quando Emma deixou-a sozinha, Regina cobriu o rosto com as mãos. A culpa era toda sua, censurou-se. Não havia preparado a loira, relutara tanto em contar-lhe a verdade e o destino se encarregara de tudo. Com um suspiro cansado, levantou da cama e começou a vestir-se.

- O que pensa que está fazendo? - Emma indagou, entrando no quarto. - Você precisa descansar.

- Já descansei bastante. - Regina olhou para as próprias mãos, enquanto fechava os botões da blusa vagarosamente. – Temos que conversar.

Com os nervos vibrando, Emma limitou-se a concordar.

- Sim.

- Podemos ir lá fora? Gostaria de um pouco de ar fresco.

- Tudo bem. - Emma pegou-a pelo braço e ajudou-a a descer as escadas, indo para o terraço.

Assim que se sentaram, Emma tirou um cigarro do bolso e acendeu-o. Mal fechara os olhos desde o momento em que levara Regina para o seu quarto estava existindo à base de tabaco e café.

- Se você estiver disposta, acho que gostaria de uma explicação.

- Vou tentar. Lamento muito não ter lhe contado tudo antes. - Regina cruzou as mãos no colo. - Eu queria, mas não conseguia encontrar a melhor maneira.

- A maneira direta é a melhor. – A loira disse, dando uma tragada profunda no cigarro.

- Eu venho de uma linhagem muito antiga, tanto no lado paterno como materno. De uma cultura diferente, se você preferir. Você sabe o que quer dizer Wicca?

Um frio perpassou-lhe a espinha, mas Emma achou que seria o ar da noite.

- Feitiçaria. - Respondeu.

- Na verdade, o significado desta palavra é "sabedoria". Mas pode ser "feiticeira", também. - Regina levantou a cabeça e seus olhos encontraram os da loira, cansados e sombrios. - Sou uma feiticeira por herança, nascida com poderes de empatia que me tornam capaz de conectar-me, tanto física como emocionalmente, com outras pessoas. Meu dom é o da cura.

Emma tornou a tragar o cigarro.

- Você esta mesmo me dizendo que é uma feiticeira?

- Sim.

Impaciente, a loira levantou-se e atirou o cigarro para longe.

- Que tipo de brincadeira é essa, Regina? Depois de tudo o que aconteceu aqui, não acha que mereço uma explicação racional?

- Acho que você merece a verdade. Você até pode achar que não é racional. - Ela ergueu a mão, antes que Emma tornasse a falar. - Diga-me como você explicaria o que aconteceu.

Emma abriu a boca, depois fechou-a novamente. Estivera tentando solucionar aquele enigma pelas últimas vinte e sete horas, sem chegar a uma conclusão plausível.

- Não sei explicar. Mas isso não significa que vou engolir esta história.

- Tudo bem. – Regina se levantou e pousou a mão no peito da loira. - Você está cansada. Tem dormido muito pouco. Sua cabeça está latejando e sente um nó no estômago.

Emma arqueou a sobrancelha, com ironia.

- Não acho que seja preciso ser uma feiticeira para descobrir isso.

- Não. - Antes que a loira pudesse se afastar, Regina tocou-lhe a testa e pressionou a outra mão em seu estômago. - Melhorou? - Perguntou, após um momento.

Emma precisava sentar, mas tinha medo de não conseguir levantar-se outra vez. Regina a tocara, suavemente. E até a mais leve sombra de dor desaparecera.

- O que foi isso? Hipnose?

- Não... Emma, olhe para mim.

A loira olhou e viu uma mulher com os cabelos esvoaçando ao vento. A feiticeira de âmbar, pensou, entorpecida. Seria de admirar que tivesse achado a estátua tão parecida com ela?

Regina viu o choque a princípio de credulidade no rosto de Emma.

- Quando você perguntou se eu me casaria com você, lhe pedi um tempo para que pudesse encontrar uma forma de contar-lhe o que sou. Estava com medo. - Regina fez um gesto com as mãos. - Medo de que você me olhasse exatamente da maneira como está me olhando agora. Como se nem me conhecesse.

- Tudo isso é besteira. Escute, eu escrevo essas coisas, é o meu trabalho e sei muito bem distinguir verdade e ficção.

Regina enfiou a mão no bolso, onde sempre levava alguns cristais. Com os olhos fixos nos da loira, espalhou-os na palma da mão. Lentamente, os cristais começaram a brilhar, a púrpura da ametista escurecendo, o rosado do quartzo iluminando-se, o verde da malaquita reluzindo. Então, as pedras levantaram no ar, por cinco, dez centímetros e começaram a girar, rodopiando e formando flashes de luz.

- Zelena é mais talentosa com estas coisas. - Ela disse.

Emma ficou olhando para os cristais que tornaram a cair na mão da morena, tentando encontrar uma explicação lógica.

- Zelena também é feiticeira?

- Ela é minha prima. - Regina afirmou, dando de ombros.

- Então Killian...

- O dom de Killian é a vidência.

Emma não queria acreditar, mas era impossível descartar o que vira com seus próprios olhos.

- Sua família. - Começou. - Aqueles truques mágicos que seu pai fez...

- A magia em sua forma mais pura. - Regina tornou a guardar os cristais no bolso. - Como já lhe disse, meu pai tem muitos talentos. Bem como o restante de nós, cada um à sua própria maneira. Somos feiticeiros. Todos nós. - Regina tentou alcançá-la, mas Emma recuou. – Eu sinto muito.

- Você sente muito? - Profundamente abalada, Emma passou as mãos pelos cabelos. Aquilo só podia ser um sonho. Mas estava realmente parada ali, em seu terraço, sentindo o vento e ouvindo o barulho do mar. - Isso é ótimo. É ótimo. Você sente muito. Mas, por quê, Regina? Por ser o que é, ou por achar que isso não é importante o suficiente para ser mencionado?

- Não lamento ser o que sou. - O orgulho fez com que a morena endireitasse o corpo. - Lamento por ter inventado desculpas para não lhe contar. E lamento, mais do que tudo, que você não possa mais me ver da maneira que me via antes.

- Acha que posso simplesmente esquecer o que está me dizendo e prosseguir a partir de agora? Aceitar o fato de que a mulher que eu amo é algo que saiu de um dos meus livros de histórias e não pensar mais nisso?

- Eu sou exatamente a mesma que era ontem Emma e é quem serei amanhã.

- Uma feiticeira.

- Sim. – A morena cruzou os braços. - Uma feiticeira, nascida para curar. Não preparo maçãs envenenadas, nem seduzo criancinhas para casas feitas de chocolate.

- E isso deveria deixar-me mais tranquila?

- Como eu lhe disse, nós todos somos responsáveis pelo nosso próprio destino. - Mas ela sabia que o seu destino estava nas mãos de Emma. - Você pode fazer sua escolha.

A loira esforçava-se para acreditar, mas simplesmente não conseguia.

- Você precisou de um tempo para me dizer isso. Bem, eu juro que preciso de um tempo para decidir o que fazer a respeito. - Emma começou a andar, mas parou de repente. - Henry. Henry está na casa de Zelena.

Regina sentiu como se um punhal fosse cravado em seu coração.

- Ah, sim, com minha prima, a feiticeira. - Uma única lágrima deslizou pelo seu rosto. - O que acha que Zelena vai fazer? Lançar uma maldição em seu filho? Atirá-lo numa torre e trancar a porta?

- Eu não sei o que pensar. Pelo amor de Deus, acabei de descobrir que estou vivendo num conto de fadas! O que posso pensar?

- O que quiser Swan. - Regina respondeu, cansada. - Não posso mudar o que eu sou. Nem mesmo por você. E também não vou ficar aqui, enquanto você me olha como se eu fosse um monstro!

- Eu não...

- Quer que eu lhe diga como você está se sentindo? - Regina perguntou, enquanto uma outra lágrima caía. - Traída, com raiva, ferida. E desconfiada do que eu sou, do que posso ou irei fazer.

- Meus sentimentos são propriedade minha. - Emma disparou de volta, abalada. - Não quero ser invadida desta forma.

- Eu sei. E se eu desse um passo na sua direção, agora, se tentasse tocá-la como mulher, você se afastaria de mim. Portanto, vou nos poupar deste constrangimento. Boa noite, Swan.

Quando Regina saiu do terraço, encaminhando-se para as sombras do jardim, Emma pensou em chamá-la, mas não conseguiu.


Notas Finais


Até mais xoxo


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