Catedral de Notre—Dame
Paris, França Inverno ano de 1875 D.C
Século XIX
Gaara ainda mantinha o sorriso ladino quando tomou o caminho pela multidão aglomerada a frente da estrutura esplendorosa demarcada por imensas colunas e arcos capazes de sustentar os pináculos de alvenaria. Os vitrais coloridos e as aberrantes gárgulas que adornavam as torres e serviam de escoamento para a água da chuva e também o acúmulo de neve,compunham um visual sombrio e místico.
A Catedral de Notre-Dame, situada na praça de Paris ladeada pelas águas do Seine, fora projetada inicialmente como resposta a ascensão da centralização Alemã em meados do seculo XI. Mas para Gaara, era era uma clara demonstração de ostentação e poder que o clero detinha.
Gaara amava o poder.
Direcionou-se pela nave lateral iluminada por castiçais e cúpulas abotoando calmamente seu paletó apressando os passos que emitem um eco seco por toda catedral. Notou a presença de alguns padres e bispos transitando em sua direção, a grande maioria esboçando um leve menear de cabeça em sinal de cumprimento, afinal o rosto de gaara não era nenhuma novidade por ali. Puxou o relógio do bolso constatando um atraso de cinco minutos, detestava atrasos isso era um fato, mas desta vez o motivo havia valido a pena.
Sakura Haruno.
A bela jovem de língua afiada que fez pouco caso de seu convite para um passeio, mas prendeu sua atenção de uma maneira inexplicável.
Balançou os fios ruivos estagnado bem no transepto da Catedral ajoelhando-se em sinal de respeito ao imenso altar papal sinuoso, fazendo uma breve oração.Ainda possuía os hábitos de seu tempo como monge beneditino e hoje servindo a Roma e a Santa Inquisição, a postura religiosa era mais que um ritual, mesmo que sua alma estivesse condenada.
Ao fim do extenso caminho deparou-se com a escada em pedras que o levaria para o piso superior. Subiu com rapidez, encontrando um arco no fim do corredor sob uma porta talhada em madeira maciça e grandes ferrolhos. Empurrou-a sem cerimônias encarando a silhueta de Shino Aburame, o arcebispo de Reims sentado na poltrona, tão compenetrado em alguns papéis timbrados com o brasão de Roma que nem notara sua presença.
Gaara sempre fora silencioso e observador, algo que intensificou com o passar dos anos, por mero instinto de sobrevivência, obviamente. Afinal fugir de Sasuke Uchiha era uma tarefa árdua para alguém que desconhecia todo o poder que aquele elixir possuía.
Escondeu-se como pôde, vagando pelas tribos e civilizações em toda Europa. Aprendeu com as diferentes culturas e povos da Antiguidade sobre o ocultismo e a Alquimia, absorveu todo conteúdo, mesmo que com dificuldade quanto ao estudo dos variados dialetos.
Gaara lembrava-se nitidamente das sensações ao sorver o conteúdo daquele elixir, que trazia consigo aonde quer que fosse. Tanto que, assim como o glorioso Sasuke Uchiha também dispunha de sua corte imortal, ou como preferia chamar seus cavaleiros apocalípticos da santa inquisição, formados no auge da Idade das trevas.
Mesmo com abolição das práticas Inquisidoras, continuava a caçar todo e qualquer ato pagão ou indícios de necromancia, denominando-se a “mão de Deus”. Tudo isso com o apoio indireto de Roma, que fazia vista grossa para seus atos hediondos, desde que Gaara continuasse agindo na surdina e aniquilando quem quer que fosse contra os princípios católicos juntamente aos seus cavaleiros apocalípticos, tão sanguinários e cruéis como ele.
Não podia se dar ao luxo de ter consigo pessoas comuns, afinal, se Roma ou qualquer membro do Clero tivesse a certeza de que a imortalidade não era apenas um conto infantil, ou mera suposição encontrada nos papiros antigos, uma guerra seria declarada e tudo o que se crê sobre a religião pelo mundo cairia por terra.
Encarou mais uma vez, a face inquisidora do Arcebispo que trajava sua habitual rosa branca e seu medalhão com a imagem de Theotokos, “A portadora de Deus”, nome dado a Virgem Maria nas igrejas intituladas Orientais. O homem pôs-se de pé ajeitando a pequena armação sob a face que muito ocultava a tonalidade de seus orbes encarando em seguida Gaara com um sorriso amistoso.
— Monsieur Sabaku No? Pensei que meu encontro fosse com o Arcebispo de Roma. — o arcebispo aproximou-se estendendo a mão expondo seu exuberante anel dourado com o brasão de Reims.
—Com perdão Vossa Graça. — Gaara sorriu ladino beijando sob o anel do arcebispo. — Vim apenas averiguar a situação e confirmar os relatos que chegam a Roma sobre a devassidão desenfreada da Nova Era.
— Mas pelo que me consta a sua presença está relacionada diretamente aos serviços do Inquisidor, e como essa lei foi abolida no ano de 1772 na Província francesa... — mencionou o arcebispo. — Não infiro sua visita em todo caso.
— Vossa Graça, de maneira alguma Roma iria contra as leis supremas da corte, até porque custou-nos muito reafirmar a posição do Clero perante a sociedade. — afirmou Gaara presunçoso. — Vim apenas formalmente representando a arquidiocese romana em sua totalidade, para uma reunião com o Arcebispo de Reims como tantas outras vezes.
— Compreendo, mas me espantou sua presença visto que a carta que recebi tratava de um assunto alarmante, afinal acusar-me de ignorar as práticas libidinosas da corte francesa e um ultraje a minha posição perante a Igreja. Por favor, sente-se. Deseja um cálice de vinho tinto? O melhor de toda França, oferecido pelos Akasuna, diretamente de seu vinhedo no Sul. — apontou para o pequeno móvel com uma garrafa transparente que permitia contemplar o conteúdo numa tonalidade vermelho-granada e dois cálices dispostos uniformemente. — Se desejar por favor sirva-se. — O arcebispo sorriu e Gaara assentiu servindo-se de um cálice.
Constatou que o homem não mentira. Realmente o paladar daquele vinho era magnífico, levemente doce e muito fresco. Sorveu sentando-se em seguida defronte ao arcebispo que exalava sua magnitude.
— Realmente Vossa Graça, este vinho é delicioso. — sorriu ladino. — Os Akasuna são muito caridosos e religiosos eu presumo. — proferiu recebendo uma risada maliciosa do Arcebispo.
— De fato são. — ele riu mais ainda indicando certa ambiguidade. — Como a maioria da corte francesa, entretanto os Akasuna precisavam dos serviços de Deus, meu caro monsieur. — o Arcebispo elevou o dedo sob os lábios. — Sabe monsieur No Sabaku, a Igreja ainda tem certa influência na corte francesa, mesmo que a revolução liderada por Bonaparte tenha enfraquecido e dizimado parte da doutrina cristã. Muitos ainda seguem os preceitos e a conduta religiosa, além daqueles que preferem nos ter como aliados. São novos tempos, monsieur Sabaku No.
Gaara assentiu diante das palavras do Arcebispo. Afinal, a Revolução Francesa marcou um dos períodos mais sombrios e perturbadores para a Igreja Católica, já que a Revolução não só propagou os ideais iluministas que incluíam um sentimento anticlerical e anti-religioso, como também exerceu na prática esses ideais, muitas vezes de forma violenta. Nada muito diferente da Idade das trevas, onde a Igreja armada pela Santa Inquisição agia de terror físico e psicológico com os denominados praticantes do ocultismo e aqueles que de alguma forma iam contra os desígnios clericais.
— Enfim, acredito que sua visita tenha algo relacionado a observar-me , Monsieur Gaara. — a voz do Arcebispo soou inquieta. — Constatar se realmente compactuo com o pecado e a luxúria instalado na corte francesa. — afirmou incomodado. — Sejamos francos, este não é o real motivo que o traz a França. Conheço sua fama e sei que possui carta branca para agir a seu modo. Está rondando há meses entre idas e vindas a Paris com as mais variadas desculpas, diga de uma vez o que precisa para que assim cheguemos a um acordo proveitoso para ambos.
Gaara sorriu diante da astúcia do jovem arcebispo. Gostava de objetividade em suas parcerias e isso muito lhe agradou.
— Muito me agrada que Vossa Graça esteja aberto a negociações. Então irei direto ao ponto de uma vez. Quero que me ajude a aniquilar um maldito italiano. — Gaara proferiu rangendo os dentes recebendo um estreitar de olhos do homem a sua frente.
— O Monsieur se refere a Sasuke Uchiha? — indagou o Arcebispo com curiosidade.
— Exatamente, Vossa Graça. Aquele Maldito Uchiha e sua corja.
[...]
Sakura tinha desistido de suas compras. Ino não tinha entendido o porquê de sua senhora ter ficado tão irritada com aquele homem ruivo ao ponto de ter desistido de seus vestidos.
— Apenas não gostei dele. O jeito dele, não sei bem. Me incomodou. — ela falava enquanto andava pelas ruas de Paris. No entanto, era maior que isso e ela não sabia identificar. Uma sensação ruim tinha se apossado do seu corpo, o tal homem lhe trouxe calafrios.
— E os vestidos não irão fugir das lojas. — respondeu por final decretando o fim do assunto.
— Como quiser minha senhora!—Ino proferiu caminhando ao lado de Sakura a passos largos, já que a Haruno não fazia questão de manter a pose e elegância em seu andar.
Não demorou para as duas chegarem na mansão do Uchiha. Sakura não gostava de admitir, mas a mansão sem ele ficava um pouco monótona, tediosa. Não tinha ninguém para ela irritar ou provocar. Já tinha se acostumado com o jeito do Uchiha, não compreendia a sua ajuda, mas com o tempo passou a perceber que ele era uma pessoa boa com gostos estranhos, mas tinha algo além disso... Alguma coisa o perturbava, Sasuke era atormentado e ela concluiu que só poderia ser por algum momento de seu passado.
Ino encarou a face retorcida da Haruno e achou um tanto cômica , as caretas que adornavam o rosto de sua senhora, mas deu de ombros retirando a capa carregada de neve e pendurando no Hall de entrada.
Ino ouviu o burburinho e estagnou ao encarar uma discussão acalorada entre as três figuras.
A voz de Sai Uchiha, que de todo modo sempre fora contida, estava elevada uns dois tons acima e isso fez Ino parar abruptamente para tentar entender a confusão. Olhou para a Haruno que mantinha a expressão tão curiosa quanto a dela.
— Sei que está curiosa para ouvir a conversa Ino. — Sakura falou
Ino apenas assentiu e se aproximou ouvindo nitidamente a risada de Suigetsu Hozuki e a voz irônica de Karin.
— Não acredito no que me dizes! — Karin propagou. — Se bem que não é do meu interesse confirmar a verdade. Mas, como mulher e amiga de Lady Yamanaka, terei de contar o que ouvi de vosmecê. — Ino encarou Sakura sentindo um bolo se formar na garganta. Se perguntando o que será que Sai teria dito? Ou será que Karin havia contado os momentos íntimos entre as três? Captou no olhar verde de Sakura as mesmas indagações. Ameaçou revelar-se, mas a Haruno a conteve pelo pulso indicando para que ela se mantivesse em silêncio.
— Mia Rubra… — Suigetsu soluçou em claro sinal de embriaguez
— Calado, Hozuki! — Karin trincou a mandíbula elevando os dedos as têmporas indicando irritação. — Está tão ébrio que nem se mantém de pé! Pelo visto a noite que passaram no Cabaret de Madame Tsunade foi proveitosa a julgar pelo.odor de perfume barato vindo de vossas vestes. — Karin contorceu o cenho em desaprovação.
— Karin ,eu já lhe afirmei que… — Sai mal teve tempo de terminar de se pronunciar quando um barulho interrompeu sua falácia.
Ino nervosa esbarrou no jarro de porcelana chinesa fazendo com que o adorno espatifou-se sob o assoalho chamando toda atenção para si.
— Merci.— pediu cobrindo os lábios por conta do susto.
— Cabaret? — Sakura sussurrou para Ino ouvir. Viu a face de tristeza surgindo aos poucos no rosto de sua criada. — Homens... — Sakura falou injuriada.
Sai abriu a boca repetidas vezes tentando formar uma frase coerente, mas os olhos decepcionados de Ino sobre si o fizeram travar.
— Quem diria que você seria capaz disso, eu sabia que você era perfeito demais com todo esse papo de arte e amor. Enganou a minha pobre criada. Uchihas. — Sakura balançou a cabeça em desaprovação.
— Mademoiselle Haruno, por favor… — Sai sussurrou encarando o rosto de Ino. — Há uma explicação plausível, eu posso garantir. — Ele se aproximou da Yamanaka tomando as mãos enluvadas. — Ino eu lhe juro que não é desta maneira que estais a pensar.
Ino puxou as mãos do aperto reconfortante de Sai o encarando lívida.
Decerto havia cometido o pecado da luxúria na noite anterior com Karin, mas ainda sim, mesmo que não tivesse o direito de se sentir incomodada com a situação algo em seu âmago incomodava. Afinal não estavam enlaçados num compromisso.
Não era novidade alguma que homens da corte buscassem satisfazer seus anseios sexuais nos Cabarets, Mas em todo caso pensou que Sai Uchiha fosse diferente. Que estivesse mesmo interessado nela.Era uma tola por se sentir culpada em ter apreciado a devassidão com Karin.
— O monsieur Uchiha não me deve nenhuma explicação.— Ino virou-se em direção as escadas. — Com vossa permissão irei me recolher. — voltou-se para Sakura.
— Pode ir querida. Pelo ao menos agora sabe que homens não valem nada.
— Ino por favor me deixe explicar. — implorou Sai.
— Opa la rosa. — Suigetsu intrometeu-se soluçando. — Hable pela experiencias que usted tivera. No generalize nosostros hombres. — Suigetsu proferiu e Karin rolou os orbes impaciente. — O blanquelo es un hombre puro...rich. — pôs a mão sob os lábios tentando inutilmente conter os soluços.—Tão puro quanto um bebê. — o espanhol riu debilmente.
Karin impaciente puxou o Hozuki pela gravata curta.
— Idiota, vosmecê vem comigo.— bufou a ruiva arrastando o espanhol sob protestos rumo a ala leste da mansão.
— Puro quanto um bebê? Ele é virgem? — Sakura perguntou surpresa.
Ino encarou os orbes negros do rapaz sobre ela. Sai suspirou encarando a jovem mais uma vez.
— Por favor Ino, vamos conversar a sós. — Sai implorou com o rosto ruborizado. Ino meneou a cabeça afirmando seguindo o Uchiha pelo corredor oposto ao que Karin seguiu com Suigetsu.
Sakura observou os dois saindo para uma conversa reservada. Ela riu discretamente de tal despropósito.
— Bom, por essa eu não esperava.
[...]
Sai conduziu Ino até o corredor norte em direção a biblioteca da Mansão. Estava apreensivo já que a jovem se manteve todo o caminho em absoluto silêncio.
Empurrou a porta de carvalho acendendo o abajur acima da lareira. Caminhou até as cortinas grossas em tom vinho, abrindo — as para aproveitar ao máximo a claridade daquela manhã.
Estava com os nervos à flor da pele, exausto pelo fato de estar sem dormir.
— Por favor , mademoiselle se acomode.— puxou a cadeira oval e de estofado aconchegante indicando para que a jovem se sentasse.
Ino sentou-se.
Sua frustração com aquele homem tinha passado diante de tamanha revelação.
Sai arrastou o pequeno banco, usado apenas para alcançar os livros nas prateleiras mais altas das estantes dispostas pelo grande espaço. Sentou-se desconfortavelmente defronte a Ino. A julgar pela sua estatura, os joelhos curvados o deixava em uma posição deveras cômica e desconfortável, mas para ele era perfeita já que podia contemplar a beleza dos olhos azuis da mulher .
— Ouça-me. — ele pediu pegando sua mão enluvada acariciando com o polegar em círculos. — Eu... eu... — ele tentava formular algo coerente.
— Não fale nada que não queira dizer Sai, eu entendo.
— Não. Não quero que haja segredos entre nós! — Sai observou os olhos carinhosos da jovem voltados para si com uma cumplicidade genuína que sentiu seu peito inflar de um sentimento desconhecido mas tão quente e acolhedor. Estar com Ino Yamanaka parecia-lhe tão correto. — Vosmecê és tão bela. — ele soltou por fim. — Tão delicada que tenho medo de quebrar-lhe com um simples toque. — ele elevou as mãos até o rosto de Ino que cerrou os olhos apreciando a carícia. — Tão imaculada! Tão inocente!
Ino sentiu suas bochechas queimarem e um misto de lembranças e vergonha veio sobre ela. A jovem criada não era mais tão inocente e muito menos imaculada.
— Sai... — uma onda inquietante tomou conta de si, não seria justo fazer seu amado alimentar aquela imagem santificada dela. Ela era e sentia-se tão suja. Mas, ponderando pensou no que Sai pensaria dela, se ainda a veria com os mesmos olhos ou a acharia uma qualquer.
Ela gostava de Sai, foi o primeiro homem que lhe despertou interesse, a viu como um alguém.
— Espere me deixe continuar. — ele suspirou a interrompendo, eu passei a noite no Cabaret. Mas não da maneira que imaginas. — ele observou as reações inquietantes da Yamanaka. — Eu sou celibatário por livre arbítrio, Ino. Nunca estive com uma mulher carnalmente. — ele soltou o ar encarando a jovem. — Não tenho experiência alguma com relacionamentos, mas se vosmecê me der uma chance eu gostaria de tentar um compromisso. Ino o que eu quero dizer-lhe é que nenhuma outra mulher me despertou algum interesse a tal ponto.
As orbes azuladas da jovem estavam brilhando tamanha surpresa. — Comigo? Sabes que não sou uma nobre, sou uma criada de propriedade da lady Haruno. Somos diferentes, Sai. — disse tristonha ao perceber a realidade.
Sai sorriu diante a simplicidade da jovem tocando os lábios de Ino erguendo seu delicado rosto.
— Vosmecê não nasceu em berço de ouro Ino, mas tem uma nobreza inflamada dentro de si. — Ele notou Ino piscar confusa. — Seu coração, minha lady! Ele é tão ou mais nobre que toda a corte da França.— Ele sorriu elevando as mãos enluvadas até os lábios plantando um beijo cálido e repleto de afeto em ambas.
— Sai. — ela disse chorosa, visivelmente emocionada.
Sem ela esperar, o jovem tomou seus lábios, selando o primeiro beijo apaixonado do casal.
[...]
Três dias depois…
Le Manche, próximo a enseada de Londres, Nova Inglaterra
O silêncio aquela manhã era torturante, apenas os talheres se chocando contra a louça e os suspiros da jovem a sua frente faziam Itachi ter a certeza que não estava sozinho dentro daquela cabine. Aquele voto de quase silêncio durará os três dias consecutivos da viagem.
Izumi não se dignou a trocar mais de meia dúzia de palavras com Itachi, entre singelos cumprimentos de bom dia até um agradecimento após Itachi lhe entregar um livro para que obtivesse a leitura, a fim de que a viagem não se tornasse tão enfadonha para ela. Queria que ela se sentisse acolhida e o mais confortável, mas aquela mulher era impossível.
Além de dirigir-lhe apenas o trivial. Izumi também se negou a sair daquele banheiro na primeira noite e optou por dormir dentro da banheira de porcelana e só acatou repousar na cama quando Itachi jurou que derrubaria aquela porta.
Era teimosa.
Arredia.
Selvagem.
Porém de uma beleza perturbadora.
Itachi passou essas três noites a observando ressonar. Izumi possuía um sono agitado e por vezes se perdeu em pesadelos o deixando preocupado. Algo natural devido aos últimos acontecimentos, ele presumia.
Ainda incomodado com aquele silêncio aterrador e o fato de Izumi rechaçar qualquer tentativa de manter uma conversa com ele, Itachi resolveu aproveitar a informação que obtivera mais cedo para engatar um proseio com a jovem.
— Estive com meu irmão a pouco. — ele proferiu sorvendo um gole do seu chá.— Antes do almoço estaremos atracando no Porto de Londres, enfim estará livre do meu rosto odioso. — mencionou amargo.
Izumi o encarou e balançou a cabeça em negativa.
— Se é isso que pensas, não há como mudar tal despropósito, Monsieur Uchiha. — respondeu seca.
— Vosmecê é uma mulher frustrante! — Itachi a fitou perplexo abandonando a xicara sobre o pires. — E como deveria estar a pensar? Já que impede quaisquer conversa e me repeliu como se tivesse uma praga durante esses três dias que nos conhecemos e dividimos este espaço. — respondeu frustrado.
Izumi pousou os talheres elegantemente sobre o prato de louça branca e encarou os olhos negros que buscavam qualquer indício ou resposta para tal comportamento.
— Merci. — Izumi proferiu.
— O que? — Itachi abriu a boca incrédulo. — O que significa isso? Pelo que me pede desculpas?
— Pelo meu comportamento! — ela lhe sorriu gentil, realmente não queria que Itachi pensasse o pior dela e reconheceu que nesses três dias que tinha sido um tanto enérgica com relação ao Uchiha. — Pelo seu tom de voz percebo que lhe magoei e por favor não pense que fui leviana ou ingrata... — Izumi suspirou. — O monsieur não imagina a gratidão que carrego comigo. Nunca... — ela pausou e respirou fundo. — Nunca, em toda minha vida ninguém foi tão complacente e gentil comigo como vosmecê fora, sem ao menos me pedir nada em troca! Mas não gosto de me sentir pressionada ou que tomem decisões por mim! Fora exatamente isso que deixei para trás em Paris e será apenas isso que saberá sobre meu passado.
Itachi a encarou relaxando o semblante esboçando um mínimo sorriso. Era a primeira vez que Izumi substituir aquele olhar triste por um de intensa determinação.
— Só tem uma coisa que vosmecê se equivocou neste discurso. Eu quero sim algo em troca… — Itachi sorriu percebendo Izumi piscar confusa. — Que me permita ser seu amigo e possa te ajudar, afinal é isso que os amigos fazem. Eles se ajudam… — Izumi arregalou os olhos castanhos ponderando. — Eu lhe garanto que é apenas isso , Izumi… Não quero saber sobre seu passado ou o que raios te trouxe a Londres… O passado é algo que não se pode alterar, é como uma flecha lançada em direção ao alvo. Mas o futuro… este sim é uma infinidade de possibilidades. Me permita te conduzir ao seu futuro, Izumi. — ele sorriu tenro tocando a mão gélida da jovem que repousava sob a pequena mesa. — Nos conhecermos não foi uma simples coincidência.
Izumi o encarou pensando sobre as palavras reconfortantes daquele belo homem. Itachi conseguia acalmá-la e extrair o melhor de si sem muito esforço. Era leve e agradável estar com ele, como se pela primeira vez pudesse depositar em alguém sua confiança a muito esquecida . Isso de alguma forma assustava Izumi.
Decerto que ela não tinha nenhum plano traçado quando tomou a embarcação rumo a Inglaterra, enfim não tinha posses e o pouco dinheiro que lhe restara não dava nem para um pedaço de pão seco. Talvez pudesse aceitar a ajuda de Itachi e devolver-lhe tudo quando se estabilizasse em Londres, afinal podia não ter nobreza, mas o orgulho não lhe faltava. Suspirou resignada assentindo levemente e apertando os nós dos dedos grossos do Uchiha.
— Isso é um sim? — Itachi perguntou esperançoso sentindo uma fagulha tilintar seu coração, Era bom, extasiante por assim dizer. Izumi balançou a cabeça novamente recebendo um sorriso largo do homem e olhos e cabelos igualmente negros que lhe mostrará a fileira de dentes brancos e perfeitos. — Pressuposto, tenho bons contatos em Londres, morei lá por um tempo e posso garantir que vosmecê conseguirá refazer sua vida.— ele desatou a falar como uma criança alegre e isso encheu o coração de Izumi de sentimentos bons, apesar de desejar ver mais do entusiasmo do Uchiha resolveu deixar claro suas intenções.
— Entretanto… — ela pausou notando o sorriso de Itachi esmorecer aos poucos. — Só aceito com uma condição. — ela sorriu contida.
— Que seria? — Itachi indagou apreensivo.
— Que eu possa devolver-lhe cada franco que gastou comigo neste navio ,bem como as despesas posteriores…
— Izumi… — Itachi ameaçou falar mas foi interrompido.
— Se não for dentro destas condições nem ouse me ajudar! — ela foi firme.Itachi não tendo escolha passou as mãos sob os cabelos longos em sinal de frustração.
— Teimosa! Mas tem seu acordo selado! — ele sorriu, com toda convicção inflamada sabia que daria um jeito de reverter a seu favor. Era paciente e acima de tudo persuasivo.
Izumi sorriu mais ainda estendendo sua mão na direção do Uchiha que prontamente a pegou.
— Amigos? — ela indagou.
— Amigos. — Itachi afirmou não sentido-se um vitorioso, porém com a sensação mais do que reconfortante, como se aquele incômodo tivesse dissipado e uma paz fosse instaurada em seu coração o tornando mais humano do que já fora um dia.
[...]
O Est End ou Zona Portuária de Londres, uma alusão pejorativa a superlotação populacional da cidade, era um conglomerado de embarcações das mais variadas, vindas das extremidades dos demais continentes.
O local mudou em demasia, visto que o tão conhecido êxodo rural havia assolado também a Capital Inglesa.
Sasuke observava os transeuntes com seu semblante apático, sentiu o toque em seu ombro se deparando com Itachi e a tal jovem chamada Izumi em seu encalço perdida em pensamentos.
— Aportamos finalmente! — Itachi proferiu inalando o odor característico de maresia e peixe fresco. — Estava certo quanto ao clima meu tolo irmão! Sem neve, levamos bem menos tempo para atracarmos. Vejo que ainda possui o dom de ler as estrelas. — Itachi deu alguns tapinhas no ombro de Sasuke. — Deixe-me lhe apresentar a mademoiselle Izumi.
Sasuke rolou os orbes negros até a jovem que trajava roupas simples, mas tinha um semblante de nobreza, como se tivesse vivido durante muito tempo em um lugar luxuoso. Porém seus olhos grandes e castanhos o encaravam com curiosidade, mesmo ao lhe cumprimentar com uma mesura. Os mesmos olhos escondiam sombras de um passado triste. Itachi tinha razão, aquela mulher não oferecia um perigo iminente para ninguém, exceto a si mesma.
— Enchanté, monsieur Uchiha. — a voz que sempre fora polida e firme ressoou trêmula, Izumi estava nervosa com o olhar excruciante de Sasuke Uchiha sobre si, bem diferente do afetuoso e intenso que Itachi lhe destinava.Era como se sua alma fosse criteriosamente avaliada.
Sasuke apenas meneou a cabeça e cumprimentou a moça distintamente. Preferia manter o tratamento formal, afinal a pele de indiferença lhe caia melhor em solos ingleses.
Itachi percebendo o desconforto da jovem pigarreou a fim de contar o silêncio.
— Já avistou Deidara? — indagou o Uchiha mais velho buscando um ponto loiro no meio da multidão.
Sasuke negou encarando um grupo de homens sujos e maltrapilhos caminharem pelo cais observando os tripulantes desembarcarem. Já conhecia essa prática de tempos, os anos e séculos poderiam passar, mas a conduta de alguns homens em se beneficiar dos estrangeiros continuava a mesma. Eram os típicos ratos do porto, que cometiam pequenos delitos e furtos aos tripulantes das embarcações.
O italiano meneou a cabeça para irmão indicando o grupo. Itachi rapidamente captou a intenção de Sasuke e o alerta por detrás dela. Tomou o braço de Izumi como um perfeito cavalheiro assustando a moça devido ao contato repentino. Izumi na verdade estava perplexa com a pobreza naquela parte da cidade, que crescia em demasia.
— Merci, mademoiselle! Mas o porto de Londres não é seguro. — Izumi piscou aturdida sentindo o hálito de Itachi contra seu rosto. Notando a confusão no rosto da mulher e as bochechas levemente rosadas dando um contraste belíssimo naquela pele, Itachi prosseguiu. — Estais vendo a sua esquerda, dois homens de vestes sujas e aparência estranha? — Izumi olhou disfarçadamente e voltou assentindo ao contemplar as figuras mal encaradas transitando entre as barracas da feira livre a beira do cais. — Então, são conhecidos como ratos do cais. Ladrões, assaltantes que não perderiam a oportunidade de roubar uma bela moça desacompanhada e desatenta como vosmecê.
Izumi sentiu as bochechas esquentarem ainda mais e tratou de encarar as costas de Sasuke que caminhava tranquilamente a frente deles. E não pôde deixar de notar as personalidades distintas de ambos. Sasuke era assustador e Itachi, um bálsamo. Apertou o braço de Itachi mais contra si, se permitindo sentir-se segura nos braços daquele homem. Itachi por sua vez encarou a jovem esboçando um sorriso satisfeito. Era bom tê-la segurando-o com firmeza como se ele pudesse escapar a qualquer momento ou fosse sua pessoa favorita no mundo.
Sasuke estava mais preocupado em encontrar Deidara, porém ainda se mantinha alerta quanto aqueles bandidos que os cercavam pelo cais.
Segurou sua maleta com firmeza e o case com sua Kusanagi, quando sentiu o puxão repentino. Em reflexo puxou contra si, recebendo uma cotovelada na costela. Trincou a mandíbula em fúria esboçando um sorriso de puro escárnio. Observou o maltrapilho sacar uma pequena faca e ameaça-lo ao encostar o objeto afiado em sua cintura. Sasuke quis rir ainda mais, entretanto puxou a mão do homem contra si afundando a lâmina contra sua carne sem desviar os olhos negros dos acinzentados.
O homem se debateu assustado notando a pressão que a mão do Uchiha exercia sobre a sua fazendo-o fincar ainda mais a lâmina. Sasuke sorria débil da face assombrada do homem. Girou o pulso do bandido fazendo um som oco e instalado, típico de um osso quebrado, seguido de um grito agonizante.
Izumi ao contemplar a cena pôs as mãos sob os lábios para segurar o grito. Itachi a puxou contra seu corpo caminhando para longe dali. Sabia que Izumi vira a faca adentrar a cintura do irmão e teria que ser rápido para que ela não chamasse a atenção dos transeuntes, mais do que sasuke o fizera.
— Itachi… seu irmão… Itachi … temos que voltar… — ela sussurrou puxando o braço nervosamente.
O Uchiha mais velho puxou-a até um beco diagonal colando seu corpo contra a parede fria. Segurou seu rosto entre as mãos e a encarou.
— Está tudo bem , Izumi. Sasuke vai ficar bem… — ele tentou acalmá-la.
— Não...eu vi.. a faca...ela.. — a mulher de fios castanhos ofegava incrédula lembrando-se de Sasuke puxando a faca contra si enquanto sorria. — Itachi ...Sasuke… Ele puxou a faca contra si. Ele …Deus… Temos que voltar. — O Uchiha inspirou fundo cerrando os olhos e praguejando Sasuke mentalmente.
— Não podemos voltar e correr risco de chamar atenção! — foi categórico.
— Que espécie de irmão és vosmecê? — Izumi berrou ressentida. — Ele precisa de nós.
Itachi tocou o rosto da jovem mais uma vez afastando os fios castanhos grudados na testa.
— Vosmecê precisa confiar em mim.
Izumi riu sem humor balançando a cabeça em negativa. Itachi não vendo outra alternativa sacou sua adaga dourada cravejada com o brasão Uchiha do bolso do paletó. Izumi arregalou os olhos sentindo o coração palpitar desenfreadamente. Seria seu fim. Ameaçou gritar, mas foi contida pela mão grande de Itachi.
— Vosmecê precisa confiar em mim, Izumi! Não lhe farei mal. Soltarei teus lábios e te mostrarei algo muito importante, mas preciso que confie em mim!Vosmecê pode fazer isso? — Itachi a encarou apreensivo.
A jovem suspirou assentindo, não entendia como ou porquê, mas confiava em Itachi. Confiava nas palavras gentis e nos olhos negros como a noite que naquele momento o olhavam com carinho e preocupação.
O Uchiha por sua vez soltou os lábios finos e delicados elevando a mão esquerda na altura do rosto da mulher. Com a direita empunhou a adaga passando o fio sob a palma causando um ferimento profundo. Ela ameaçou ralhar, mas Itachi negou indicando que ela observasse atentamente.
— Mas o quê? — Izumi o olhou assombrada ao notar o ferimento se fechar lentamente. Abismada viu apenas o rastro rubro e nenhuma marca sequer. Encarou a face austera de Itachi buscando respostas. — Meu Deus, o que vosmecê é? Não és humano!
— Um imortal, Izumi! E estou fadado a viver eternamente…
A jovem arregalou os orbes castanhos não acreditando em que seus olhos viam, mas principalmente o que seus ouvidos acabaram de escutar.
[...]
Sasuke soltou o pulso do bandido, notando alguns olhares curioso sobre a cena. Abraçou o homem como um velho amigo puxando a faca de sua cintura sem nenhuma dificuldade. Rolou os orbes por cima dos ombros bufando, afinal se Itachi não o seguia era sinal que a mulher havia surtado e tinha visto a cena.
Impaciente com os resmungos do ladrão soltou-o perto das tinas com peixes e o encarou com desdém.
— Deveria dar cabo de sua vida imprestável! — proferiu amargo. — Mas vosmecê não vale o esforço. — Sasuke ajeitou a postura, notando o ferimento se curar instantaneamente, entretanto a mancha de sangue chamar mais atenção que o normal. — Cazzo, minha melhor camisa. — bufou impaciente. — Ratos do Cais...Por isso que odeio Londres.
Passou pelas tinas ajeitando o paletó da melhor maneira possível, avistando por fim a cabeleira loira em uma das barracas de tecidos. Deidara e seu hábito de comprar tudo o que via pela frente.
Caminhou em direção ao homem, quando viu os fios ruivos se aproximar com um sorriso contido na direção do outro. Sasori continuava o mesmo, só que seu semblante era mais tranquilo e ele podia arriscar uma felicidade genuína.
Aproximou-se notando os olhos acobreados a lhe fitar parando bem em cima da mancha avermelhada de sua blusa branca. Viu o momento em que Sasori cutucou Deidara cochichando ao seu ouvido e os olhos azuis o avaliarem com preocupação.
— Sasuke? O que aconteceu? E Itachi? Não vinha com vosmecê? — Sasuke rolou os orbes diante de tantas perguntas juntas vindas de Deidara. Sentiu sua cabeça girar.
— Aqui não, Deidara! Vamos até sua residência. — assumiu sua postura rígida e cumprimentou Sasori apenas com um menear de cabeça.
— Mas e Itachi? — indagou mais uma vez o loiro.
— Digamos que ele teve um interessante contratempo. — Sasuke sorriu malicioso.— Contratempo este que que de todo modo irá conhecer, agora vamos sair deste local antes que eu volte lá atrás e termine o que comecei, capisco!
Sasuke apontou para blusa e Deidara engoliu seco observando Sasori fazer o mesmo. Por experiência própria sabia que não era bom contrariar Sasuke Uchiha , principalmente depois de uma longa viagem. O humor de Sasuke era dos infernos, literalmente.
[...]
Sakura que depois do almoço se reuniu com Karin e suigetsu para um cafe. Resolveu em seguida deixar a conversa com o Suigetsu e Karin, os dois iniciaram uma briga calorosa e ela não estava com paciência para ouvir relacionados alheios. Não a interessava.
No grande relógio cuco da sala ela viu que ainda era tarde. Não tinha o hábito de tirar uma sesta após o almoço, mas seu corpo estava cansado e implorava por uma cama.
Subiu ao seu quarto e não achou Ino por lá, estava com preguiça demais para chamá-la. Decidiu por si tirar aquele vestido, corset, meias compridas e tudo mais. Por que as mulheres usavam tantas roupas? Ela detestava.
Deitou-se na cama, olhou o teto de gesso.
Suspirou exausta.
Mais uma semana estava por vir. Em uma situação normal, ela pensaria na sua vida, mas estava sonolenta demais para recapitular o seu dia e também não estava querendo lembrar daquele homem. Tinha algo de sombrio nele.
Soprou no candelabro e tudo ficou escuro, não demorou para adormecer.
Era um lugar montanhoso, tinha uma vale verde e um rio de águas cristalinas corria tranquilo.
Seus pés tocavam a grama verde, seguiu caminhando e avistou um pomar de maçãs. Era uma paisagem digna de uma pintura renascentista.
Uma música ao longe e toques ritmado lhe chamou a atenção.
A juventude que transborda em tuas veias.
Ò deusa que nos traz a vida...
A música em um idioma estranho continuava. Era um sacrifício ali, havia oferendas em volta de uma árvores.
Nos encha a nossa vida.
Transborde a juventude, deusa bendita raiz de nossa vida.
Uma garotinha de cabelos rosados e olhos azuis aproximou-se dela. Tinha traços camponeses e seu vestido varria o chão.
— Venha, estamos esperando por você. — disse gentilmente.
Sakura seguiu com a garotinha para o meio do círculo.
Nos encha de vida, vida que em ti transborda.
Gloriosa deusa!
Sakura aproximou-se, viu a colheita de frutas como sacrifício.
Olhou os presentes em volta da árvore.
— Deusa. — murmurou. Estavam oferecendo para a deusa.
— Quem bom revê-la. — uma voz apareceu atrás dela, ela virou-se.
— Mamãe! — exclamou surpresa. Era a sua mãe, a mulher que via nos quadros de sua casa.
— Minha filha, tão linda...
Os olhos de Sakura marejaram. Uma emoção qual ela não sabia como decifrar tinha apossado em seu corpo.
— Você morreu... Como está aqui? Que lugar é esse? — perguntou emocionada.
A mulher deu um sorriso acolhedor. Um sorriso que ela só estava acostumada nos retratos pintados.
— Não acredite no que foi dito.
Transborde a sua dádiva sobre nós, sua onda de graça nos trazendo a paz.
— Achei que não iria te ver mais pequenina. — o sorriso da mulher esvaiu-se. — Não achei que iria lhe encontrar tão depressa, não achei que esse dia iria vir, mas veio. Tormentas estão prestes a cruzar o seu caminho.
Sakura estreitou os olhos sem entender, soltou-se das mãos de sua mãe
— Tormentas.
— Não deixe eles te encontrarem Sakura, não deixe... Você querida...
Sakura acordou-se hiperventilando e assustada. Olhava assustada para os lados, mas tudo que via era escuridão.
— Quem irá vir me pegar? — gritou agoniada e percebeu que estava em seu quarto. Tudo não tinha passado de um sonho, um sonho tão real. Nunca tinha vivido uma experiência daquela e
— Mamãe...
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