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História Belle Époque - Le droit au paradis.


Escrita por: UchihaSpears e Saku_Sasu_Sara

Notas do Autor


CARBONILLA AQUI: Olá pessoinhas, sim, demoramos, mas aqui estamos viu, não esquecemos de vocês naum.
Juliana eu te amo demais.
Bom, leiam tudo e fiquem em casa, bjus.

Saku_Sasu_Sara Aqui: olá queridxs, primeiramente gostaria de agradecer a paciência e carinho com a fic... foram cobranças e cá estamos e como minha parceira de crime disse, não esquecemos de vcs não!
A propósito tbm te amo muito Daysee!!!

Pessoal boa leitura e fiquem em casa!

Capítulo dedicado a @Saltodevil e a todos vcs que sempre nos cobram Att, e amam esse casal maravilhoso! Sasusaku na veia.


Sem mais delongas boa leitura...

Capítulo 16 - Le droit au paradis.


Fanfic / Fanfiction Belle Époque - Le droit au paradis.

Théâtre du Châtelet - Praça de Paris - Noite de ano novo.

Paris, França Inverno ano de 1875 D.C

Século XIX



Sasuke acariciava as costas nuas de Sakura delicadamente apreciando aquela sensação de plenitude. Não  lembrava a última vez que se sentiu tão conectado com alguém carnalmente. Em seus pensamentos tinha completa ciência de que voltou da Cornualha com mais dúvidas do que respostas. Em todo caso o entendimento real que estava irremediavelmente apaixonado por Sakura Haruno. 

Aconchegou a mulher contra si, na certeza que nunca a deixaria partir. Que a protegeria com sua vida se caso fosse preciso.Há séculos e séculos buscando um sentido, algo que o fizesse sentir mais humano. Acharia uma solução. Encontraria uma forma de salvar Sakura de seu destino. Ele não poderia deixá-la ir, não  poderia abrir mão dela, mesmo que isso significasse ir contra aquela maldita profecia.

Plantou um beijo casto no topo de sua cabeça, sentindo a garota se movimentar sob seu colo. Encarou os olhos verdes que lhe observavam com extrema curiosidade. Sorriu tocando seu pescoço alvo numa massagem lenta e prazerosa. Viu quando Sakura cerrou os olhos gemendo em apreciação. Puxou seu rosto plantando um beijo cálido em sua testa, inalando o cheiro característico dos cabelos rosados e macios.

— Temos que ir, mia bella.—  ele sussurrou. —  Estamos a muito tempo longe do baile, logo darão por falta.

 — Achas mesmo necessário irmos?— disse incomodada pelo fim dos carinhos em seu corpo. Assustada por estar tão dependente das carícias daquele italiano.— Eu não me importo com os que estão lá embaixo. São uns hipócritas.  — disse com um tom de desprezo.

Sasuke riu, pois adorava o atrevimento daquela bela mulher. Segurou seu rosto tomando para si seus lábios num beijo gentil. Viu quando a jovem abriu os lábios recebendo sua língua massageando-a lentamente.  Sakura gemeu em sua boca e ele ousou ao puxar seus fios rosados ditando um ritmo bruto.

Seu pau pulsou na ânsia de fodê-la mais uma vez, mas não  ali. Agora desejava ver seu corpo delicioso sob seus lençóis. E mostrar-lhe aos poucos seu lado sádico. Ela poderia não  ter uma personalidade subserviente, mas era curiosa, atrevida, intensa e muito entregue. Afastou -se observando Sakura ofegante  e deu -lhe um sorriso malicioso. Adorava vê-la implorar com aqueles olhos que eram o espelho da sua alma.

 — Precisamos mesmo ir, donna mia. — murmurou pegando as pequenas mãos da Haruno e colocando sobre sua ereção  pungente. — Quero te foder em meus lençóis. A noite inteira, sem o receio de sermos interrompidos. Quero te amarrar no dossel da minha cama e chupar sua  chatê — sussurrou num francês perfeito movimentando  a mão de Sakura sob seu pau.— Até que vosmecê se derrame em meus lábios, dolce ... tão dolce.

Sasuke notou um sorriso malicioso surgir nos lábios rosados e não viu outra alternativa a não ser tomá-los para si novamente. Teve a certeza que seria praticamente impossível manter suas mãos longe de Sakura por muito tempo.


[...]


O charuto pendia o canto de seus lábios embora estivesse acostumado a bailes de gala organizados pela sociedade francesa, aquele em especial não lhe apetecia. Kizashi não estava preparado para confrontar Sakura novamente, e mesmo que tivesse ignorado sua presença marcante, em seu íntimo sabia que seria impossível.Era sua filha no final das contas, sua garotinha.

Odiou Sasuke Uchiha por sua prepotência e arrogância e muito disso contribuiu para que aceitasse a aliança ao tal Sabaku,mesmo temendo a ira do Italiano. Gaara parecia odiar Sasuke Uchiha de uma forma pesada e até sombria, sinal de que não mediria esforços para destruí-lo.

Kizashi era perspicaz e  observador e isso lhe rendeu o faro para negócios  e o dom de ler as pessoas.

O que mais lhe intrigava era que por mais que lhe apetecesse destruir o tal Uchiha, afinal seu ego fora mutilado nas mãos daquele italiano, Kizashi sabia prezar  um bom adversário. Mas como todo bom jogador, Sasuke possuía um ponto fraco. O banqueiro sabia muito bem, afinal o dele era Mebuki. Sempre foi aquela maldita mulher. Era fato que o elo fraco  de Sasuke Uchiha tinha o mesmo sobrenome que o seu,Sakura Haruno.

O argumento fora fomentado ao observar Sakura na companhia do Uchiha e perceber que sua filha herdara não apenas a aparência magnífica  de sua ex-esposa, mas sua aura esfuziante. Ela era atrativa. Esplendorosa e única.

Sabia que aquele pensamento poderia ser um trunfo contra o italiano e que isso talvez o levasse a ruína como foi consigo mesmo, quando Mebuki o deixou para fugir com aquele homem. E por saber ler tão bem as pessoas, entendia que Gaara No Sabaku era  cruel e astuto, e por pior pai que fora não permitiria que aquele homem soubesse de tal trunfo. Poderia ser hipócrita vindo do pai que escorraçou a filha deixando a própria sorte, mas Kizashi era um homem de mil facetas , aquele que sempre vestiria a carapaça de orgulho e  desprezo. E se isso significasse ter que mentir e agir como um homem sem escrúpulos, assim o faria. Sem culpa ou arrependimento. 

Sorveu um longo gole do seu chardonay Akasuna. Era um espumante de melhor safra e isso o fez rir com ironia.

O preço pela pureza de sua filha. O preço do seu sobrenome.

Logo abafou-se o fato de Sasori Akasuna ter fugido com outro homem e viver seu caso sodomita longe da França.

Uma vergonha contida pela Santa Igreja  e alguns milhões de francos doados para obra de caridade dos Akasuna.

Mas assim eram os poderosos e Kizashi era apenas parte desse ciclo.Uma pequena parte. Ele mesmo escondera a fuga de Mebuki com uma morte forjada. Seu nome era um legado.

Ajeitou a máscara de isso pardo sobre o rosto observando Gaara se aproximar.

A máscara de tigre  ocultava sua face, mas enfatizada seus olhos cruéis.

— Que bela acompanhante do Uchiha.— a voz do No Sabaku saiu baixa e maliciosa.

— Não me atentei a isso.— desconversou o banqueiro recebendo uma risada.

— A propósito, monsieur Sabaku estive reconsiderando sua proposta e bem, não  me desejo indispor com o Uchiha novamente. Ele é um homem poderoso e,..

— Sabe Kizashi, é melhor escolher em qual lado está.— Gaara cortou o banqueiro com a voz controlada porém numa ameaça implícita.— Não sou muito paciente, e vosmecê já deve ter percebido isso.

— Não compreendo Monsieur No Sabaku.— Kizashi bebericou seu espumante sentindo-se sufocado.  

— Achou realmente que não fosse descobrir que sua filha não  passa da nova aquisição do Uchiha?— Gaara riu ardiloso.— Não  passa de uma prostituta dele.

Kizashi encarou o ruivo sentindo o sangue gelar.

Gaara riu desdenhoso e prosseguiu.

— Prepotência sua pensar que pode desfazer nosso acordo.— Gaara pontuou.— Acha mesmo que sou um tolo por não me assegurar sobre vosmecê, Monsieur Haruno? Herdeiro único de uma família de banqueiros, casou-se com uma morta de fome que fugiu com outro homem...— Gaara sorriu mordaz.

— C-Co como  vosmecê...— O Haruno murmurou aturdido.

Gaara devolveu o olhar entediado.

— Achas mesmo que um homem como eu não tenho pessoas a meu favor dentro desta corte? Ou o Monsieur é um tolo ou arrogante por achar que seus segredos estariam seguros. Nenhum segredo fica oculto.

Kizashi cerrou os punhos sentindo-se zonzo.

Sil 'v plait monsieur Haruno! Vamos deixar o drama para outro momento e obviamente deixar claro alguns pontos... Se eu desejar que vosmecê minta, vai mentir!Vosmecê está sob meus domínios e atrelado a mim! Dou minha palavra que pouparei  sua doce filha e lhe ajudarei a encontrar sua esposa traidora e seu amante.

Kizashi o encarou trêmulo.

 — O que vosmecê  estais a dizer?— indagou perplexo.

— Achei que apenas o dinheiro bastaria para lhe corromper, mas talvez o Monsieur tenha princípios que desconhece e não seja tal porco chauvinista como gosta de transparecer. Muito embora acredite não tenha bagos para encarar o Uchiha.— O Sabaku deu de ombros.— Tenho um propósito. E tenho certeza que o Monsieur tem o seu. Minha vingança em troca da sua. O que me diz?

Kizashi pausou inspirando profundamente  e muito embora estivesse vendendo sua alma ao diabo, ele precisava encontrar Mebuki e seu amante, para só assim encontrar a sua paz.

A música agora parecia distante e as engrenagens de sua cabeça trabalhavam a todo vapor. Encarou o homem ruivo exibindo um olhar de entendimento.

— Feito. Sua vingança pela minha.


[...]


Sakura ajustava o seu vestido, a aquela altura já estava todo amassado, provavelmente era algo que não iria passar despercebido pela côrte.

Respirou fundo, seu corpo ainda estava em chamas, o italiano realmente sabia como enlouquecer o seu sangue francês. 

Tentou tirar as marcas, viu que não tinha muito o que se fazer, resolveu deixar daquela maneira. Não iria se importar com o que as pessoas iriam falar.

Sasuke caminhava silencioso ao lado dela, nem parecia aquele homem que há poucos minutos atrás lhe tirou todos os sentidos. 

Foi divino. 

Ela sentiu um alívio dentro de si por ter se permitido a nutrir todos aqueles desejos com um homem, definitivamente ela não gostava de mulheres. De certo, que o que tivera com Karin e Ino foi especial, se descobrir como mulher, os desejos, os toques, a sensibilidade. Porém com o Sasuke foi diferente. Extasiante. Uma entrega não  apenas de corpo,mas foi como se suas almas se encontrassem.

Sakura sentiu a conectividade implacável ao confrontar aqueles olhos negros, como uma libertação.Um pertencimento.

Afastou aquela sensação um tanto estranha, que aumentava ao observar o rosto bonito daquele homem. Seu ventre contorcia de ansiedade. Precisava de Sasuke de uma maneira além do prazer físico, ela não poderia negar que algo dentro de si havia modificado.

 Ao regrassarem ao salão, a orquestra ainda soava alta, as pessoas dançavam alegremente,  entregues a euforia e a embriaguez, poderia jurar que se o mundo acabasse naquele momento, os franceses não se importariam. 

— Me concede uma dança, Monsieur Uchiha? — ela perguntou. Sakura gostava de atenção, era inegável. Dominava a valsa, afinal a grande maioria da corte adorava ter com ela uma dança, e ela sabia disso. As vezes era tão exibicionista.Não pensou muito. Estava feliz e queria mostrar a todos isso. Uma impulsividade que não lhe era habitual.

Sasuke olhou para os nobres dançando, no entanto parecia que ele tinha outros planos e não poderiam ser adiados. 

— Tenho que negar bella donna, Infelizmente. 

Sakura rolou os olhos, era a segunda vez  que ele a negava algo. Sentiu-se magoada, como se ele não quisesse exibi-la pela corte.

— Um habitual seu, me admiraria se fosse só contrário. — Soltou arisca.Sasuke preferiu não falar nada. — Mas não me importa, dançarei com qualquer homem que esteja disposto. Quem sabe uma companhia agradável para apreciar a noite gélida francesa. — Por um segundo o italiano hesitou, no entanto, a deixou. Sabia o que ela queria com isso. Sakura era mimada e um não contrariava todas as suas expectativas.

A Haruno deixou o Sasuke para trás se direcionando ao grande salão. Um jovem cortesão de uma das famílias de comerciantes lhe concedeu aquela valsa. Ela sorriu, parecia radiante por fora e nublada por dentro. Olhou para Sasuke conversando com uma pessoa, que não se recordava. 

Seu coração estava confuso, mais do que habitual. Sasuke fez o seu coração palpitar em poucos segundos,  e muitas vezes com apenas um singelo olhar.Tinha um sorriso capaz de desarmá-la, mesmo que ela muitas vezes sobrepusesse a indiferença e seu humor ácido. Ela a fazia flutuar mesmo estando fincada ao chão. Nunca tinha sentido isso com Sasori durante seus meses de relacionamento.

 Ele era misterioso e parecia se importar com ela. Seu modo de lhe tratar era gentil, não era como os outros homens, às vezes ele a olhava com luxúria, no entanto outras vezes não, como gostasse de admira-la.

Ele a fazia se sentir um mulher confiante, ele confiava nela, algo que não conseguiu com o seu pai. 

Sasuke era o outro homem. D'acordo que ela não tinha muitas experiências com o mundo masculino. Apenas Sasori e essa não contava muito. Traumatizante.

Assim que Sakura se dirigiu para o salão Sasuke foi abordado por Samui Le Grand, herdeira dos bistrôs Le Grand. Obviamente que não conseguiu de todo dar a devida atenção a jovem, que se insinuava. Na verdade seu pensamento estava em Sakura o tempo todo. Em seu subconsciente revivia aquela cenário de entrega e luxúria. Seus corpos se conectando, os gemidos e o odor do sexo. Balançou a cabeça tentando se concentrar novamente em Samui e seu interesse em investir nas novas carruagens a vapor. As informações corriam pela corte tão ágeis como o vento. Seu carro mal chegara  e já era motivo de especulações. Samui pareceu realmente interessada em investir,por isso ganhou sua atenção  por mais tempo do que costumava a dar as moças da corte. Embora fosse um homem dado a devassidão, só se envolvia com mulheres que despertavam seu interesse além do carnal. Mas de fato, depois que Sakura Haruno entrou em sua vida, muito antes dele descobrir as amarras que os prendia, Sasuke não conseguia desejar mais ninguém. Ainda lembrava da sensação de vê-la no baile de seu noivado com o Akasuna. A forma que a desejou, o olhar arisco e repleto de desprezo. Sakura havia entranhando em seu corpo, mente e porque não alma, se ainda tivesse alguma. Encarou mais uma vez a Haruno dançando com outro jovem e bufou lembrando-se do  tom contrariado com que ela lhe respondeu. Atrevida que merecia umas palmadas, depois uma boa foda que a deixasse exausta. Ela era dele, não como uma propriedade ou objeto para adereço e ostentação. Era sua por pertencimento. Era sua morada. Seu lar. E mesmo que o sexo pela primeira vez em tempos tivesse um significado muito distante do ato carnal, não se espantou de todo, o rumo dos seus pensamentos, afinal velhos hábitos nunca mudam.  

Ele gostava de cada detalhe nela, mesmo aquele humor ácido e as típicas  provocações que faziam daquela peculiarmente irritante, a mulher mais fascinante que já havia encontrado. 

Quando negou tal dança desejava que Sakura interpretasse as entrelinhas, e confessava que a irritar tinha se tornado um vício. Mas entendeu que era de sua natureza jogar  e era fascinantemente indomável, pelo menos fora da cama. Decidiu que dois poderiam jogar aquele jogo. Sorriu internamente ao observá-la aceitar a dança de um dos cavalheiros. Vagou  seus olhos se divertindo, mas estagnou ao sentir-se observado por tempo demais. Seus pelos da nuca se eriçaram, mas não de uma forma boa. Aquela sensação estranha acendeu um alerta.

Virou o pescoço rapidamente notando um homem mais afastado oculto na escuridão das colunas. Apenas seus olhos lhe encaravam. Era de um tom esverdeado maligno.

Olhou rapidamente para Sakura confirmando se ela estava bem e girou os olhos na direção  do homem novamente constatando que havia sumido.

Preocupado e sem nenhum decoro foi em direção  ao salão, se aproximando de Sakura e tocando seu braço o mais  gentilmente que aquela situação permitia. Algo dizia que precisavam sair dali.

Vasculhou o salão atrás de Karin ou Suigetsu, lembrando-se instantaneamente que ambos estavam ocupados com Ino e Sai, respectivamente.

— Acho que esta noite já deu por encerrada, Sakura.— enfatizou sem desviar dos olhos esverdeados, emitindo uma ordem implícita.

Sakura tentou ignorá-lo, mas as mãos do Uchiha foram agéis e a puxou dos braços do cavalheiro com quem dançava. Sakura achou  aquela atitude rude e machista, porém não queria um outro escândalo e os olhos de ninguém sobre ela. A mulher se despediu do jovem sentindo -se envergonhada e fez a finta que estava tudo bem. Deu um passo à frente ignorando a presença do homem.

— Sakura?— Sasuke chamou acompanhando os passos rápidos  da jovem.— Sakura? Espere...— ele segurou seu braço novamente

 — Eu não quero ver o seu rosto. — disse demonstrando irritação. — Quando a noite parecia ter sido perfeita, vosmecê arrumou um  meio de fazê-la terminar de uma maneira decepcionante. O que foi?A sua honra de macho alfa ficou possessa de ciúmes? — elevou o tom da voz.— Era mais fácil ter me prendido em uma coleira.— bufou colérica.

Sasuke sorriu riu minimamente diante do comentário e arqueou uma sobrancelha tentando ironizar a situação.

Sakura abriu a boca em entendimento, afinal sabia que aquilo muito agradava o Uchiha em seus momentos de luxúria. Irritada com ele elevou os braços balançando a cabeça.

— Vosmecê é incorrigível.— Sakura enfatizou.— Estou a falar sobre mim, sobre meus sentimentos! Estais a ser um troglodita novamente. Não pense que tem o poder sobre a minha vida Uchiha, pelo fato de ter me deitado com vosmecê. — ela soou magoada. — Achei que confiasse em mim.

Sasuke passou as mãos pelo rosto frustrado. Nem passou pela sua cabeça aquele tipo de situação,  obviamente que nutria sentimentos controversos motivados pela paixão que sentia por aquela mulher, mas naquele momento o que mais importava era mantê-la em segurança. Ele não pensou em mais nada, só em tirá-la daquela festa. E se Gaara estivesse ali por ela? Inspirou profundamente bagunçando os fios negros. Encarou Sakura novamente, agora parados no hall do Teatro. Estava correndo contra o tempo, precisava voltar ao salão e se certificar que fora apenas uma mera impressão. Afinal se Gaara estivesse na França já teria atacado de alguma forma, a menos que estivesse um outro propósito.

Olhou por cima do ombro de Sakura notando o cocheiro das carruagens de aluguel. Se voltou para Haruno que ainda o encarava esperando uma resposta.

— Sakura, vosmecê precisa confiar em mim. Pense o que quiser, mas quero que entre naquela carruagem e vá para mansão e me espere lá. — ele foi categórico notando o semblante irritado da Haruno.

Sakura colocou a mão  nas têmporas, ela não queria que sua noite terminasse daquela forma, um pico de estresse era tudo o que menos almejava. Mesmo o Uchiha agindo feito um cretino troglodita, tinha algo dentro dela que acreditava nele. Sakura sentiu que precisava acreditar nele ali. Não sabia como explicar, era algo estranho, mas decidiu confiar nele.

 — D'accord. Confiarei em vosmecê, mesmo que não confie em mim.— ela respondeu ácida. — Apenas tome cuidado. — disse com o coração acelerado, se repreendendo mentalmente por expor tanto o que sente por aquele homem. Não era do seu feitio.Mas o que era de seu feitio então?

Sasuke  se voltou para o cocheiro lhe estendo alguns francos. Encarou o olhar magoado de Sakura mais uma vez antes de se afastar em direção  ao salão. Ele não queria magoá-la, mas se magoar fosse o único jeito dela obedecê-lo, assim seria. Tentaria reverter a situação depois. Ele não conseguiria buscar Gaara sabendo que ela estaria tão exposta naquele lugar.

Sakura entrou na carruagem, estava com os dedos cruzados. Sua intuição estava à flor da pele.  Se remoia, pois não sabia como traduzir aquele pressentimento. Sasuke estaria em perigo?Deu um breve riso nervoso, não, com certeza não. 

Ela não possuía quaisquer compromisso com ele, pelo ao menos não deixaram nada estabelecido além do desejo pulsante. Aquela aura misteriosa que sobreponha aquela mansão. Os segredos velados daquelas paredes sodomitas. A verdade oculta naqueles olhos negros e quentes como o inferno.As vezes tinha vontade de questioná-lo como em um interrogatório e descobrir o que aquele homem queria com ela, mas não conseguiria chegar  tão longe, estava rendida aquele italiano de maneiras que nunca desejou antes.

A carruagem seguiu pelas ruas de Paris, deixando uma passageira com a cabeça fervendo com suposições e almejando estar nos braços dele novamente.

 [...]


Absorto em pensamentos regressou ao salão procurando por algum indício de que Gaara estivera transitando pelos convidados.

Lembrou-se vagamente de um homem que conversava com Kizashi Haruno assim que haviam chegado.

Vasculhou o salão em busca do banqueiro, mas parecia que Haruno havia sido tragado pela multidão  de vestidos e máscaras dançantes. Ajustou a máscara negra sob a face a fim de se misturar melhor por entre os convidados.

Notou Shion Durband em uma conversa animada com  os Akasuna e sorriu com escárnio. Era comum a identificação  dos iguais.

Lembrou-se de sua época como um sanguinário Viking ao lado daquela família de bárbaros. Imediatamente as palavras do Rei Nórdico nunca fizeram tanto sentido.

" Os opostos se atraem porque naturalmente se completam, os iguais se atraem porque se aperfeiçoam."

Em seu tempo vivendo naquela imensa família nórdica,  aprendeu sobre muito sobre adaptação e resignação. Eram um povo de todo bárbaro, mas valorizavam sua família e a cultura de seu povo. 

Pegou um espumante levando aos lábios num gole generoso girando o corpo buscando os cabelos ruivos de Gaara.

Caminhou em direção  aos camarotes observando uma movimentação estranha. Um casal parecia discutir, talvez passasse despercebido se a mulher em questão não fosse Matsuri Lacroix

Matsuri parecia alterada de uma forma que ele nunca vira. Como sua botton sempre fora uma mulher  contida. Se aproximou bem a tempo de ver o homem puxar Matsuri pelo braço. A face austera de Gaara se revelou e mesmo que o ruivo estivesse alheio a sua presença, parecia transtornado. Sasuke quase sucumbiu ao ódio se revelando para o Sabaku. Mas precisava descobrir o que aquele maldito queria. De toda forma, entendeu que Matsuri era a tal informante de Gaara. Aquilo não o surpreendia, Gaara era sempre previsível. Tanto que por isso manteve a Lacroix bem perto, bancando sua casa e seus caprichos, tendo aquela mulher sob seus domínios. Sabia que Matsuri uma hora o trairia, afinal sua experiência  mundana atiçava seu sexto sentido. Mas em todo caso, desejava saber até onde ela iria com isso.

Naquele momento optou por ser frívolo e calculista, se  manteve em silêncio tentando captar qualquer informação que o colocasse à frente do Sabaku.

Viu quando Gaara apertou os braços de Matsuri a sacolejando repetidas vezes.A mulher parecia lhe negar algo.

A raiva era nítida em seu semblante tanto que empurrou a Lacroix que caiu de mal jeito no chão. Gaara se afastou em direção ao grande salão, mas não  sem antes adverti-la com o dedo em riste.

Ficou ali estagnado, tentando por os pensamentos em ordem. Ele sabia que tinha de ser cauteloso, Gaara era escorregadio e astuto. 

Por um momento odiou que suas visões não fossem como as de Hinata e o alertasse para os perigos iminentes. 

Gaara estava bem próximo tramando algo que ele precisava urgentemente descobrir.Não era habitual que o Sabaku estivesse agindo por tanto tempo na surdina. Suas atitudes tinham um padrão. Buscar e dizimar os aliados de Sasuke.

Saiu das sombras observando Matsuri se levantar e secar os resquícios de lágrimas no canto dos olhos. Esperou até que ela se recompusesse.

Seus olhos se encontraram e notou Matsuri elevar as mãos aos seios assustada.

Mon die,  Sasuke.— Ela sussurrou nervosa.— Estava a lhe procurar...— tentou sorriu o mais brando possível.— Que tal uma dança?— A jovem tomou seu braço,mas o italiano puxou sem a menor delicadeza.

— Sem voltas, Matsuri. — Sasuke soou frio notanda a Lacroix engolir em seco.— A quanto tempo tem me espionado para Gaara No Sabaku?

Sasuke observou a mulher piscar aturdida e notou seus lábios tremerem.

— Sasuke, sil'v plait… eu juro que não o traí...— Matsuri tentou tocar a face de Sasuke, mas foi impedida pelas mãos calejadas do italiano.

Non acredito em vosmecê.— Sasuke cerrou os dentes antes de puxá-la em direção  aos camarotes.

Matsuri acompanhou o Uchiha apreensiva, embora Sasuke não tenha sido agressivo ao conduzí-la, ela temia por sua sorte a partir de agora.

Sasuke estava atordoado, Gaara extraía o pior de si. Não o via desde a última batalha na Cornualha,há quase um século onde o exército do clã Hyugga liderados por ele e Naruto saíram vitoriosos. 

Durante muito tempo conseguiu seguir seus rastros, motivado não apenas para proteger o segredo do clã, mas também  por sua vingança pessoal. Por diversas vezes esteve próximo de concluí-la, mas as prioridades como Et Protetor sempre sobrepuseram quaisquer outro objetivo. 

Ele era consciente do seu dever, até mesmo agora que estava dividido entre a razão e seu coração.

Passou por alguns convidados que observavam o casal caminhar apressadamente em direção  ao pavimento dos camarotes do Teatro.

Sasuke parou abruptamente no primeiro corredor iluminado. Soltou o braço da jovem a encarando. As lamparinas davam  um efeito fantasmagórico ao rosto do Uchiha. Pela primeira vez em tempos que estivera com Sasuke, ela sentiu medo.

— O q-que va-vais fa-fazer?— ela o indagou trêmula.

Sasuke a encarou analisando com aquele olhar feroz e excruciante.Riu com escárnio.

— Estais com medo, Matsuri?— Ele sussurrou gélido.

A garota retesou o corpo ao ouvir o mesmo tom que Sasuke usava em suas sessões sadistas. O tom brando, porém cortante.

— Não o temo.— Mentiu e Sasuke sorriu mordaz.

— Estais a mentir, Matsuri.— ele se aproximou.— E vosmecê  sabe que odeio mentiras.

Matsuri deixou as lágrimas caírem. Estava exausta da pressão de Gaara,o sentimento verdadeiro que sentia pelo ruivo em contrapartida tinha o apreço por Sasuke. Era um homem bom, cuidou dela quando mais ninguém  o fizera, e mesmo que soubesse que era apenas uma troca de favores, ela era grata por isso.

Sasuke observou a batalha interna que Matsuri travava, sentia pena da garota que fora mais um joguete nas mãos  de Gaara. Frustrado tocou o rosto da mulher e secou suas lágrimas com os polegares.

— Ele não  ama vosmecê. Gaara não ama ninguém, exceto o poder.— Ele sussurrou.— Acha que eu te machucaria?

Ele notou a garota sacudir a cabeça em sinal de negação.

Non.— Sua voz saiu como um sussurro.— Vosmecê não, mas Gaara sim. Ele foi categórico quanto a isso. Não quero morrer, Sasuke. Eu amo Gaara,mas ao mesmo tempo eu o temo.

Sasuke assentiu em entendimento.

— Posso lhe proteger, Matsuri. Mas tem que confiar em mim.— Sasuke pontuou numa tentativa  de persuadi-la.

Matsuri negou veemente.

— Não há como me ajudar. Estou condenada a ele. Mas não  se preocupe Sasuke, Gaara não quer vosmecê. — Matsuri se afastou para interior do corredor as pressas  se chocando com um grupo de convidados bêbados antes de sumir de suas vistas. Sozinho, Sasuke bufou frustrado, sentiu a pontada forte em sua cabeça caindo no chão se apoiando na parede úmida. Fechou os olhos e os abriu lentamente já tomado pelo tom escarlate, esperou pela conhecida escuridão que o abraçou calmamente.

[...]


O vento forte açoitava sua pele, a medida que o cavalo trotava. Sentiu o cheiro de terra molhada, indicando a chuva torrencial que cairia a qualquer momento.

Notou a ponte no final da trilha indicando o local já conhecido. Desceu do cavalo batendo em seu lombo para que  regressasse pelo caminho de onde veio.

Seguro, passou por debaixo da ponte já se deparando com as tendas do acampamento. O campo verde e florido indicava que a primavera havia chegado. Caminhou observando a multidão em volta da enorme árvore de galhos ressecados. O musgo retido em sua copa ganhava além de cogumelos, insetos e pequenas flores.

Notou o ponto amarelo se destacar em meio aos outros pontos escuros, Naruto dentro do clã Hyugga era contrastante e não  apenas pelo fato de ser corpulento e extremamente alto. Em sua maioria, homens e mulheres do clã possuíam olhos claríssimos e cabelos escuros, e o Uzumaki era oposto com seus cabelos loiros e olhos azuis tão claros quanto o mar da costa da Cornualha.

Naruto usava um casaco de pele de raposa alaranjada e a cabeça do animal como um capuz, as vestes do deus raposa. Ao seu lado Hinata com sua túnica branca e a coroa de flores do campo sobre  a cabeça, ambos preparados para a iniciação de um dos muitos rituais do clã. Sasuke não conseguia se movimentar algo o estagnou naquele lugar, uma força descomunal. Então as vozes ecoaram em seu interior, como um coro de adoração e clamor, na língua mãe do clã.


" Mae ieuenctid yn gorlifo yn eich gwythiennau"

A juventude transborda em suas veias.


Procurou de onde surgiam as vozes, já que a multidão permanecia numa espécie de transe, sem emitir uma palavra sequer.


"O dduwies yn dod â ni i"

Ó deusa nos traz a vida.


O coro reverberou mais forte estremecendo a relva embaixo dos pés de Sasuke.

O vento assoviou e nesse  momento seus olhos vermelhos confrontaram os olhos translúcidos de Hinata.


"Llenwch ni gyda'n"

Nos encha a nossa vida.

"Gorlif ein bywyd, duwies fendigedig, gwraidd ein bywyd"

Transborde nossa vida, deusa bendita, raiz de nossa vida.


A Hyugga manteve sua face austera o encarando como se analisasse seus passos. Se voltou finalmente para a árvore, tocando seus galhos secos. Tocou cada parte murmurando algo inaudível para Sasuke que devido a distância só conseguia notar o movimento dos lábios da Hyugga.

Naruto se afastou regressando em seguida com algo coberto por uma capa branca em seus braços. O Uzumaki depositou sobre a mesa o que parecia um corpo inerte.

O clã inteiro se ajoelhou restando apenas Sasuke de pé.

Hinata se aproximou puxando a capa revelando os fios rosados. Sasuke não precisava ver completamente a figura para entender que se tratava de Sakura.

Começou a correr se deparando com um cenário diferente do que estava, o mar de corpos  se tornou de repente um pântano de lama fétida. Sasuke tentou se movimentar em direção a árvore, mas a cada passo, seus pés e pernas afundavam naquele lodo escuro. Encarou Hinata que agora segurava o punhal  com as duas mãos elevando em direção a árvore divina.

As veias ao redor dos olhos da Hyugga ressaltaram fazendo -os assumirem uma tonalidade branca.

Hinata lamuriou-se mais uma vez para árvore se voltando para a figura parcialmente coberta sob a mesa.

Naruto prendeu os braços e pernas pálidos, nos grilhões de ferro. Se entreolharam firmando assim o início daquele que parecia um ritual.

Sasuke sentiu o estômago embrulhar a medida que tentava sair do lugar. Ele sabia, como Et protetor, que sua missão estava quase concluída. Kaguya Hime renasceria na árvore divina e consequentemente Sakura Haruno deixaria de existir. Desesperado movimentou-se, mas lama parecia sugá-lo como areia movediça.

Hinata elevou o punhal apontando em direção ao corpo preso inerte.

— Hinata, não.—  sua voz eclodiu e uma luz cortou os céus em direção a árvore. O estrondo foi tão grande que afastou Hinata e Naruto da mesa de pedra. Ouviu um silvo tão alto que se tornou ensurdecedor. Colocou as mãos no ouvido fechando os olhos em seguida. O zumbido o deixou tonto, mas sabia que precisava chegar até a  árvore. Chegar até Sakura.

Ao abri-los notou que agora no lugar da lama a grama verde cobria o chão. Correu em direção a mesa percebendo Hinata se levantar.

Sasuke correu o mais rápido que pode e constatou o punhal encravado no corpo encapuzado. O peito sangrava copiosamente.

Desesperado Sasuke puxou o corpo contra si  revelando o rosto pálido.

Assombrado encarou os olhos translúcidos de Neji Hyugga perdendo a vida. A marca esverdeada em sua testa ficando opaca.

Sasuke voltou-se para Hinata a encarando confuso.

— Onde está Sakura?— ele berrou.

A Hyugga o encarou.

— Vosmecê prometeu Sasuke.— o rosto de Hinata assumiu aos poucos outra versão. Os olhos antes em tom branco, passaram a ter o verde vibrante. Os cabelos escuros tomaram uma outra vertente, bem clara e mais curta. Ele lembrou-se daquela mulher. Não era Hinata, mas sim Mebuki.

Engoliu seco encarando agora apenas a capa ensanguentada sobre suas mãos.

Não quebre sua promessa. Ele a quer. — A voz firme de Mebuki. — o demônio  do deserto a quer para um propósito maior.

Sasuke encarou a mulher novamente assimilando os fatos. — Eu prometi protegê-la e assim o farei.Mas não cumprirei com os desígnios do clã e vosmecê sabe disso,não a entregarei para a morte, Mebuki.

A mulher sorriu languidamente.

— Eu sei Sasuke. Mas esse é o destino de Sakura e não podemos mudar o nosso destino. 

Sasuke cerrou os punhos soltando a capa sobre a mesa de pedra se voltando para Mebuki.

—  Eu acredito no poder do livre arbítrio. Não vou abrir mão dela, mesmo que soe egoísta. Me recuso a perder mais alguém.

A Otsutsuki tocou o rosto de Sasuke num afago maternal.

—  Mesmo que isso signifique que não possam ficar juntos? Sakura não é imortal, como vosmecê, ela carrega o espírito de Kaguya Hime como um receptáculo. Nós do clã Otsutsuki possuímos a maldição de gerar os descendentes da deusa imortal, mas não podemos ser agraciados com a imortalidade. De qualquer forma Sakura irá deixar o plano terrestre, e vosmecê terá de deixá-la partir um dia.— Sasuke encarou Mebuki profundamente antes de responder.

— Até este dia, e se chegar este dia, eu partirei junto com ela. Porque eu escolhi estar ao seu lado até seu último suspiro.

Mebuki observou Sasuke com os olhos marejados e assentiu.

— É notável o quanto Sakura é importante para vosmecê.Ama minha filha e isso me conforta, a ama  não somente de corpo,mas também com sua alma, Sasuke Uchiha. — ela sorriu tristemente.

 — Se eu tivesse uma alma, pertenceria a ela também.— Sasuke murmurou inquieto.

— O que faz pensar que não possui uma alma?— Ela o indagou séria.

Sasuke riu sem humor.

— Eu a condenei no dia em que me tornei um imortal. No dia em que abri mão de envelhecer.— Sasuke respondeu prontamente.

— Ah claro, vosmecê  a condenou.— ela falou se afastando em direção a densa floresta como se no fundo entendesse os sentimentos de Sasuke. Mas mesmo assim pensasse o contrário.— Lembre-se sempre disso, que fora vosmecê  e apenas vosmecê que a condenou.

Sasuke tinha dúvidas, não sabia o que esperar quando o véu que separa os mundos se rompesse e ele por fim pudesse descansar. Era um imortal, não possuía uma alma, era apenas uma carapaça. Um corpo oco.

A morte  era uma verdadeira incógnita e motivo de estudos no decorrer dos tempos e de suas crenças. Todas tinham sua trajetória, porém uma única certeza, a morte os aguardava e sua alma enfim voltaria para casa.

Para os cristãos  seria como viver a eternidade ao lado de Deus-pai. Para os Vikings o salão dos deuses em Valhala.

Alguns povos orientais e africanos acreditavam no poder da reencarnação, karma e uma doutrina espiritual. Já as crenças alquimistas acreditavam na atmosfera, num plano cósmico. Como se tornassem partículas de um todo e dissipassem no ar, muito embora creiam na reencarnação  como uma forma de regressar ao plano.

Sasuke se considerava o limbo, o meio entre todas essas crenças. Ele aos poucos foi absorvendo cada uma delas, se identificando e redescobrindo, mesmo que uma parte pequena ainda dentro de si acreditasse que alguém ditava o rumo das coisas, que eram meras marionetes nas mãos de um poder supremo e elevado.

— Mebuki, espere...— Ele observou esperando a mulher se virar em sua direção. —  Acredita que possuo uma alma?

— Vosmecê realmente acredita que não possui? — Mebuki se virou dando o assunto por encerrado sumindo em direção da floresta.

Sasuke encarou a árvore seca e novamente o pano em suas mãos.

 Sentiu a dor de cabeça habitual forçando os olhos escarlates. Esgotado fechou os olhos se rendendo a escuridão.


[...]


A jovem caminhou pelos corredores do segundo pavimento absorvendo as palavras de Sasuke Uchiha. Por um breve momento sentiu-se tentada a aceitar a ajuda oferecida pelo italiano. Mas quem Matsuri Lacroix enganaria? Amava Gaara e por ele daria a própria vida. Era leal ao homem que a tirou da sarjeta e lhe prometeu a vida eterna ao seu lado.

Abriu a cortina grossa do primeiro camarote ouvindo ao longe a orquestra.

Vagou os olhos castanhos em busca da cabeleira ruiva, haviam marcado de se encontrar naquele local assim que ela cumprisse com o que haviam combinado.

Gaara? chamou receosa fechando a cortina e caminhando até a sacada. Tirou a máscara de plumas roxas apoiando no beiral e passou a observar  a multidão um tanto entediada.

 Conseguiu o que lhe pedi? a voz grave rompeu da escuridão no canto direito. 

Matsuri estremeceu assustada colocando a mão sobre o peito inspirando profundamente soltando o ar assim que reconheceu a silhueta de Gaara caminhando  elegantemente pelo camarote em sua direção.

Me assustou, Gaara. ela reclamou.

Vosmecê  ainda não respondeu minha pergunta.  ele passou em frente a jovem que arrepiou-se com a proximidade, mas não de forma positiva. Gaara tinha uma aura escura e sombria. Foi até o Uchiha e conseguiu algum objeto dele?

Matsuri assentiu nervosamente, indecisa sobre contar a Gaara que Sasuke sabia que ele estava no baile.

Optou por não mencionar, afinal logo o confronto entre ambos aconteceria e aquele jogo irritante de gato e rato chegaria ao fim.

— Mostre-me o que pegou.— Ele exigiu esticando a mão  direita.

Matsuri puxou do decote o par de abotoaduras douradas com as iniciais U.S e Gaara sorriu mordaz.

— Vosmecê saiu-se melhor do que esperava.— Ele acariciou o rosto da jovem com a canhota como se parabenizasse um animal de estimação por um bom feito.

Gaara observava a jóia com os olhos brilhando e um sorriso sádico nos lábios.

Matsuri pigarreou chamando a atenção  do ruivo para si.

— Vosmecê irá cumprir sua parte  do trato Gaara e me presentear com a imortalidade?— Matsuri o confrontou recebendo um estreitar de olhos verdes.

Gaara virou a cabeça analisando a mulher com um riso cínico.

Matsuri engoliu seco sentindo um calafrio.

— Oh, sim… Claro, Claro.— O Sabaku proferiu indiferente.— Mas me diga, cara mia. Alguém os viu juntos?

Matsuri forçou a memória lembrando-se de Shion Durband e um grupo de convidados que viram Sasuke puxando-na pelo braço.

— Creio que um grupos de convidados e talvez...— ela passou.

— E talvez?— Gaara insistiu.

— A anfitriã da festa, Shion Durband.

Gaara sorriu amplo mostrando a fileira de dentes brancos.

— Perfeito.— ele murmurou satisfeito encarando a jovem.

Matsuri sorriu receosa arriscando mais uma vez.

— Então, agora não precisarei mais agir duplamente, poderei enfim me juntar a vosmecê?— inquiriu esperançosa.

Gaara sorriu aproximando -se dela acariciando seu pescoço lentamente desde a região da traqueia até a nuca.

Matsuri cerrou os olhos apreciando o toque de seu mestre, o homem que ela amava.

— Obviamente que não, cara mia.— Ele sorriu intensificando o aperto no pescoço  da jovem. 

O olhar sádico estava ali e Matsuri sentiu medo. As mãos enluvadas de Gaara contornaram seu pescoço aumentando o aperto ensandecidamente.

— Gaara está me machucando.— a Lacroix elevou as mãos na tentativa vã de retirar o aperto envolta  de seu pescoço.

Gaara gargalhou débil empurrando o corpo da jovem contra a mureta de mármore. Para ele aquele ato não tinha nada de hediondo, sua face exalava a loucura presa em seu interior.

— Não vai demorar absolutamente nada. Daqui a pouco seu cérebro irá parar de oxigenar e vosmecê  poderá ter seu lugar no paraíso e viver eternamente ao lado do Pai. — Ele continuou não se importando com aquela monstruosidade que estava prestes a cometer.— vosmecê não queria a imortalidade? Mas es uma messalina pecadora e a única forma de viver eternamente é se redimindo dos seus pecados. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende, Lucas Capítulo 15, versículo 10.— ele recitou ensandecido e fanático.— Por rodo poder revestido em mim, eu te absolvo dos seu pecados. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo. Amém.

O ar se tornava cada vez mais escasso nos pulmões da jovem, e o desespero latente em seus olhos castanhos. Lembrou-se mais uma vez das palavras de Sasuke e sentiu-se uma tola por não acreditar. Acabaria morta nas mãos daquele monstro do deserto.

Gaara trincava os dentes observando a vida da jovem se esvair aos poucos. Matsuri era sem dúvida forte, tanto que resistia. Sua língua esticada para fora em busca de ar era mais do que uma cena apreciada por Gaara, na verdade aquilo alimentava a ilusão de poder que ele carregava consigo, como se fosse um enviado de Deus e pudesse decidir a vida das pessoas. Como se fosse imune de pecados. 

— Que lástima ter que dispensar seus serviços.— Ele sussurrou observando os olhos opacos da jovem. Matsuri estrebuchou duas vezes indo a óbito em seguida.— Não  imagina como é difícil arranjar lacaios fiéis e obedientes como vosmecê.

Gaara soltou o pescoço da Lacroix, cuspindo  em seguida. Pegou as abotoaduras do bolso da calça  colocando nas mãos da jovem.

Sorriu com a ironia, Matsuri tinha sido uma peça interessante nesse jogo, mas como no xadrez as vezes devemos sacrificar nossas melhores peças em prol do Rei.

O plano já havia sido arquitetado desde a aliança a Kizashi, o bispo e até mesmo quando decidiu se livrar de Matsuri. Afinal, mataria dois coelhos com uma cajadada só. Suas ambições iam agora, muito além de uma vingança. Ele almejava poder. Almejava ser um Deus. Para isso tinha que ser meticuloso, afastar Sasuke de seu alvo  e tomar para si os segredos daquele maldito clã imortal.

Gaara precisava garantir sua entrada na Cornualha sem empecilhos e a única forma de isso ocorrer é ter Sakura Haruno como barganha.


[...]


Desorientado, caminhava pelas ruas gélidas de Paris. Sasuke sabia o quão vulnerável ficava após suas visões, e sempre precisava de um tempo para se recompor, mas sua preocupação  com Sakura sobreponha a qualquer outra coisa.

Mebuki não fora clara com as palavras,mas as entrelinhas foram o bastante para que ele compreendesse que Sakura estava em perigo.

Juntando a que Matsuri lhe falara ele só conseguia pensar o quão mais rápido conseguia chegar até a mansão.

Passou a mão pelos fios negros ajeitando a sobrecasaca em seguida. Fazia frio, mas por ser imortal necessidades físicas como frio, calor, sede e fome não eram imprescindíveis a sua sobrevivência. Ficaria dias, semanas, meses e anos sem comer  ou dormir, um condicionamento inumano.

Chegou ao Hall constatando que os empregados seguiram suas recomendações e seguiram para suas casas.

Com o desejo ardente de ver se Sakura estava bem,tomou direção aos aposentos da Haruno sem cerimônias.

Bateu duas vezes e como não obteve resposta adentrou o cômodo.

Observou o aposento pairando seu olhar sobre o amontoado de seda e linho no centro da cama.

Sorriu internamente se perguntando como aquele ser tão pequeno e atrevido poderia ser tão  espaçoso.

Se aproximou sorrateiro com o intuito de observá-la de perto. 

Sakura dormia profundamente, um ressonar baixo, mas com uma expressão  quase angelical.

Sasuke acariciou os fios rosados, mas retirou ao ver que ela se mexera desconfortável.

Ao desligar o abajur chutou sem querer um objeto solto no chão.

Apanhou o livro de capa vermelha  e encarou novamente as iniciais M.O. em dourado.

Mebuki Otsutsuki.

Sakura estava buscando entender o seu passado, conhecer os motivos que levaram sua mãe a desaparecer com outro homem. Sasuke não poderia impedi-la,por mais que seu lado protetor quisesse fazê-lo.

Colocou o objeto sobre o criado mudo se afastando.

Caminhou rapidamente até seu escritório, com a certeza que deveria preparar sua partida com Sakura, o quanto antes. Principalmente agora que Gaara estava em seu encalço.





Notas Finais


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