História Belo Desastre - O único que ela estava olhando ultimamente

 
Ela me disse para não pisar nas rachaduras
Eu disse para ela não se intrometer e relaxar
Bem, seu belo rostinho me parou na pista
Mas agora ela dorme com um olho aberto
Este é o preço que ela pagou
 

Girl With One Eye — Florence The Machine

Esse bastardo!

Ela gritou com raiva e também saiu da sala.

Assim que visse esse cara estúpido, colocaria um monte de droides atrás dele. Ela iria… Bulma praguejou alto por essa desgraça e considerou um método de vingança após o outro.

A imaginação da cientista vagou por causa da mais simples e crua raiva.

Ninguém fez um jogo tão ruim com ela. Primeiro aumentar a expectativa e depois esse final frio?! Ele também queria! Ou ela tinha imaginado a fome em seus olhos?

Bulma estava com o seu orgulho ferido.

Entretanto, isso iria ter volta! Algum dia, quando menos esperasse... seria seu orgulho de homem que sofreria.

Ela não esqueceria esse episódio e o perdoaria. De jeito nenhum!

Vegeta ouviu o grito de raiva de Bulma.

Ele estava no telhado do prédio. Preocupado, acariciou o rosto e então olhou para a irritante ereção em suas calças.

Ela foi a razão pela qual interrompeu o beijo.

No breve momento em que seu corpo assumiu o controle, foi seu desejo pressionar o corpo de Bulma contra o dele e deixá-la sentir o que estava fazendo com ele. Logo a teria beijado e nunca teria parado até que satisfizesse sua fome.

E a seguir? Uma mulher inteligente e calculista como Bulma não tiraria vantagem de sua condição? Por isso seu cérebro interferiu no último segundo, forçando-o a parar.

— Que merda — sibilou baixinho.

Seu corpo ardia de necessidade insatisfeita. Ele massageou as têmporas e ponderou em uma solução.

— Distância... definitivamente distância. Eu tenho que evitá-la por um tempo. Especialmente quando está tão brava comigo... Espaço? Ou o deserto? Eu poderia espionar como Kakarotto treina.

O príncipe estava com raiva de si mesmo. Depois de insultar a cientista, por que simplesmente não saiu da sala? Quando ele começou, ela não havia recuado ou se afastado nenhuma vez. Bulma estava curiosa e animada.

A memória de seus olhos cobertos de luxúria e bochechas coradas iria assombrá-lo pelos próximos dias. Junto com a ereção latejante que ainda não tinha diminuído.

De alguma forma, sabia que existia algo entre eles e que ganhou a partida. Teria sido melhor se não tivesse descoberto.

Ele se levantou e foi embora.

~*~

Uma semana depois, Bulma ainda estava furiosa.

Vegeta ainda não havia aparecido, mas ela já tinha algumas boas surpresas escondidas em sua preciosa sala gravitacional. Um passo errado em um certo ladrilho e ativará uma armadilha.

Mais por tédio do que por convicção, a cientista providenciou uma verificação de segurança para Sakumo Kurosaki. 

Ela não achava que a empresa de segurança iria encontrar alguma coisa, porém, teria por escrito uma prova e iria colar na porta de Vegeta. 

Só que a mulher ainda não havia perguntado a Sakumo sobre o baile. Possuía um motivo que preferia não compartilhar por enquanto:

Para ficar no lado seguro, ela queria esperar pelo relatório, porque como Vegeta tinha dito e Goku também havia provado no passado: o instinto de um Saiyajin não deveria ser subestimado. 

— Mesmo que seja possível que Vegeta esteja certo sobre Sakumo, isso não deu a ele o direito de brincar com os meus sentimentos! — gritou alto.

De pura frustração, Bulma quebrou o lápis e jogou os restos na lata de lixo. Precisava se distrair com urgência. Olhou para os vários designs que seu estilista enviou na tela de seu computador.

Ela já tinha um favorito. Um vestido de baile com um corpete azul escuro bordado com pérolas que formavam um gradiente de cor do azul meia-noite ao azul claro. Abaixo do corpete corria uma saia larga de cor creme, que era bordada na bainha com pérolas douradas cintilantes.

Mas as jóias, sapatos e penteados certos ainda precisavam ser planejados.

— Meu companheiro deve usar cores iguais: azul meia-noite e branco... hm, ou azul escuro e dourado.

Ela pegou algumas canetas e começou a desenhar ternos. Por alguma razão desconhecida, os sujeitos tinham torsos largos... e então começou a desenhar um penteado alto e espetado e sobrancelhas franzidas.

De repente percebeu que Vegeta estava olhando para ela de terno.

Zangada, amassou o primeiro desenho e jogou-o para trás. 

Ridículo! Vegeta não seria seu acompanhante. Ela apenas queria saber como ele ficava em um terno feito sob medida. Exatamente, por isso começou a desenhar Vegeta em um terno cinza carvão com uma camisa vermelha escura: as cores também ficaram lindas nele.

“Merda, o que estou fazendo aqui? Eu tenho que apagar ele e aquele quase-beijo da memória”, pensou com raiva e enfiou os desenhos em uma gaveta.

Se o príncipe aparecesse em breve, a cientista ainda não tinha ideia de como lidar com sua presença. Além do plano de ir atrás de um chute na bunda.

Ela deitou a cabeça na mesa e parecia perdida em pensamentos para a velha lata de tinta em que guardava as canetas.

— Com toda a honestidade, não é algo para se falar. O que devo perguntar? Hm… Você queria me beijar ou só estava brincando?

“Eu sou uma mulher aos olhos dele? Vegeta uma vez mencionou que eu era algo especial. Às vezes, sinto que existe um vínculo especial entre nós; quando não estamos discutindo, mas talvez eu esteja apenas imaginando e sou apenas uma mecânica chata para ele. Talvez devêssemos deixar por isso e suprimir essa estranha tensão sexual.”

Bulma bufou. Mais fácil falar do que fazer.

Mesmo ali, lembrar disso a aqueceu novamente. Ela não conseguia controlar suas emoções. Se Vegeta tivesse alguma, ele estaria no mesmo dilema. Possivelmente o príncipe estivesse pensando exatamente nas mesmas coisas e não soubesse como enfrentá-la.

Ambos tinham orgulho e não queriam encarar o outro como um fraco... porque os dois tinham medo de se machucar.

"Era isso? Não pode ser!”

Bulma sentou-se em estado de choque quando o pensamento passou por sua mente.

A cientista não tinha um relacionamento sério desde Yamcha. Enquanto isso, a separação foi há meses. Havia aproveitado o verão, flertando e conversando com homens bonitos e charmosos; mas ninguém despertou seu interesse. O único homem que ela estava olhando ultimamente era Vegeta.

Ela engoliu em seco, nervosa.

O quanto complicado o relacionamento deles teria ficado se ele a tivesse beijado? Bulma era honesta consigo mesma; naquele momento estava tão curiosa que teria o beijado de volta.

Mas e depois? De volta aos negócios? Amigos com benefícios? Sexo casual? Nenhuma ideia! 

Ela não se conhecia mais.

No entanto, naquele momento, só queria aquele beijo. Sim. Podia aceitar como verdadeiro para si mesma. A cientista tinha gostado que o super-humano forte e solitário Vegeta tivesse olhado para ela tão intensamente. Como se fosse a única mulher neste planeta... não, a única mulher de todo universo que era interessante para ele.

Bulma resmungou e esfregou o pescoço tenso. Provavelmente tenha sido uma boa atitude Vegeta ter fugido e cortado a oportunidade.

De repente seu celular tocou e ela atendeu:

— Olá, Bulma Briefs. Sim... E...? Tem certeza? Sério? Merda! Envie-me os documentos para revisão. Em seguida, inicie o protocolo beta. Todos os firewalls, senhas e outros backups de dados devem ser alterados imediatamente. Eu tenho que falar com o nosso advogado.

Logo desligou, aborrecida.

Um fogo furioso podia ser visto em seus olhos azuis. Uma certa pessoa pagaria por essa traição. Ninguém os espionou livremente.

~*~

Três dias depois, de madrugada.

Vegeta pousou na saliência de seu quarto e entrou. Ele trocou de roupa e escapuliu pela janela diretamente ao DG.

A manhã estava fresca e clara, os pássaros cantavam e a aura de Bulma podia ser sentida na cozinha. Significa: nenhum café da manhã delicioso, mas treinamento novamente em sua amada sala gravitacional.

Ele havia usado os últimos dias para assistir Kakarotto e o Namekuseijin lutarem. Não o impressionou particularmente; eles lutaram entre si e Gohan frequentemente participava.

Também voou para alguns lugares desabitados e treinado, contudo, sem o aumento da gravidade e os droides rapidamente o príncipe se entediou. Naquela circunstância usou o tempo livre para pensar.

Estava convencido de que havia feito a coisa certa. Vegeta não precisava de um relacionamento complicado e Bulma era a epítome de uma mulher complicada.

Se a cientista fosse alguém que visse o sexo como um calmante sem obrigações, ele não se importaria.

Sim, Bulma era sexy e ele não se importaria de acabar na cama com ela. Seu corpo possuía suas virtudes. No entanto, o Saiyajin a tinha visto com o seu antigo amante e sabia que ela preferia relacionamentos amorosos.

“Eu posso perguntar: Você quer sexo fantástico, de sacudir a terra, sem obrigações, a qualquer hora, em qualquer lugar? Não? Então não se aproxime de mim!”

De qualquer maneira já sabia a resposta da terráquea.

— Com isso, a situação não vai ser tão complicada — murmurou ele sabiamente. — A pausa provavelmente a acalmou o suficiente para que eu pudesse falar com ela sem enlouquecer.

Uma sala de treinamento limpa e silenciosa o esperava. 

Vegeta sorriu satisfeito.

Naquele dia poderia finalmente começar uma sessão de treinamento sério novamente e trezentos e cinquenta seria um bom começo.

Ele ligou a gravidade. Estranho. Trezentos e cinquenta sempre foi tão pesado?

O príncipe deu um passo para o centro da sala e olhou ao redor em busca dos droides de treinamento que deveriam começar a atacá-lo.

Quando a ponta de seu pé tocou um ladrilho, um feixe de luz de repente disparou do teto e atingiu seu ombro.

Vegeta se virou surpreso. De onde veio isso?

Seu pé tocou outro azulejo. Um jato de água gelada se derramou em seu rosto. Em seguida, enxugou a água de seus olhos em descrença, mas não rápido o suficiente.

As surpresas estavam apenas começando.

Imediatamente, pesos ​​choveram do teto, feixes de luz foram descobertos, as luzes começaram a piscar e ele podia ouvir o bipe de novos droides se aproximando.

~*~

Bulma estava sentada à mesa da cozinha, saboreando seu café com leite e o fantástico crêpe francês que Kimchi havia feito e com um sorriso satisfeito ouviu o rugido masculino que vinha do jardim.

Em sua mente, ela contou até dez. Então um Saiyajin irritado, molhado e em farrapos parou na porta e resmungou.

— Oh, Vegeta, você voltou — Bulma o cumprimentou radiante.

— O que você fez com o meu DG? — Ele perguntou com raiva.

— Hm. Você acabou de entrar sem me dizer? Pois não deveria ter feito isso. Eu teria te informado sobre a nova atualização que criei especialmente para ti — explicou inocentemente.

— O que você fez?

A cientista calmamente tomou um gole de café para mantê-lo entretido.

— Eu preparei o terreno. Se você pisar em certos pontos, será atingido — disse ela.

— Ah. Essa é a sua vingança?! Eu posso apenas flutuar — respondeu ele.

— Faça isso, mas se seu pé não estiver no chão pelo menos uma vez a cada três minutos, um sensor perceberá e iniciará uma rede de energia que atinge tudo. Os novos droides têm um sistema de defesa espelhado e podem refletir a energia. Me diga, o que achou de tudo? A atualização do DG é de seu agrado?

Vegeta a fitou sem palavras. Depois ofereceu um sorriso.

— Se esse for o seu castigo, vou te dizer... Obrigado pelo novo desafio. Isso parece emocionante.

~*~

O príncipe se virou e saiu para voltar à sala gravitacional.

Bulma encolheu os ombros.

O primeiro “obrigado” de Vegeta deveria ser comemorado, no entanto, ela simplesmente não tinha vontade. 

Bulma não mencionou que o sistema de som foi adulterado para tocar Macarena sem parar. Só que o Saiyajin notaria isso em breve.

Além disso, não se importava que Vegeta estivesse feliz. A cientista ainda estava chateada com o “lance” do Sakumo.

A empresa de segurança avisou que o currículo de Sakumo Kurosaki apresentava algumas lacunas, e foram encontrados vestígios de dados mostrando que havia copiado arquivos sem permissão. Também houve uma testemunha que viu Sakumo falar com alguém de uma empresa rival.

Seu advogado providenciará para que esse criminoso seja punido por espionagem industrial. Foi uma sorte não ter havido nenhum prejuízo financeiro até ali, embora Sakumo aparentemente tenha contatado alguém sobre os planos dos Robôs-Médicos. Mas antes que pudessem ser roubados, os integrantes da empresa do cliente se entregaram voluntariamente pelos seus crimes e foram presos. Um ato totalmente imprevisível. 

Mais tarde, Sakumo ficou ganancioso e pensou em roubar seu novo Robô-Doméstico. Então, antes que pudesse vender os planos de Kimchi, a herdeira da Corporação Cápsula descobriu, sem tolerar sua traição. 

Isso mesmo. Bulma Briefs não ia deixar que roubassem dela o seu trabalho!

— Estou feliz que esse bastardo tenha o que merece. Mas eu tenho que me desculpar com Vegeta porque ele estava certo, no final… Porra. O negócio de levar um acompanhante também acabou! Prefiro ir sozinha a perder meu tempo com idiotas. Se eu não quiser ficar no baile, posso sair a qualquer hora — ponderou e terminou o café.

Bulma se levantou e foi até a tela na parede para ver o interior da sala de gravidade.

O Saiyajin ficou na sala gravitacional e experimentou os novos dispositivos. Ele estava sorrindo de felicidade.

Provavelmente, ela deva simplesmente deixar pra lá? Aparentemente, o Saiyajin ficou feliz com os novos aparelhos e desafios. Tudo podia ficar bem.

Esse era o ponto positivo de ser daqueles que não falam: algumas coisas não precisam ser faladas. As ações falam mais por si mesmas.

Do jeito que os dois eram, simplesmente podiam ignorar o quase-beijo e não mencionar isso. Podia dar certo.

Enfim, a cientista só iria retirar a música Macarena somente no dia seguinte, porque seria engraçado.

— MULHER — um minuto depois o Saiyajin berrou em plenos pulmões ao som de Macarena.