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História Bênção da Lua(Reescrita) - Destino


Escrita por: amanteigada_

Notas do Autor


oi pra quem ainda lê isso aqui

este é o PENÚLTIMO capítulo, não sei se vou conseguir escrever uma segunda temporada, ando bem acirrada com esse danadinho do ENEM 🥹
enfim, digam o que vocês preferem, boa leitura!

Capítulo 17 - Destino


    Adrien saiu de seu banho com os pensamentos um tanto inquietos. Era um dia estranho no geral, estivera com a cabeça pesada durante todas as horas acordado, até mesmo enquanto dormia, quando foi necessário Plagg gritar em seu ouvido para despertá-lo de um pesadelo envolvendo sua mãe e Hawk Moth. Para resumir, estava tendo o caos dançando em sua cabeça, a dor alugando um apartamento em cima de suas lembranças. Agora tudo que sobrara era um deserto do que um dia fora uma infância recheada de risos. Felizmente tinha Marinette. Lembrar minimamente deste fato fazia um sorriso de conforto se apossar de seus lábios. Era sempre Marinette que aparecia em sua mente quando pensava na definição de "amor". Ela era doce, tinha o gosto em si do próprio amor. Sua aparência era adorável e meiga, uma pessoa amável de se olhar. O coração era enorme e tinha uma empatia como a de ninguém. Marinette era basicamente a personificação do amor e da bondade. Soava como Ladybug, ambas tinham isso em comum: priorizar sempre o outro antes de si mesmas.

Enquanto pensava na garota de cabelos azulados seus pensamentos continuaram inquietos e agitados. Era como uma urgência para algo, mas o quê? Precisava ver Marinette e não sabia expressar isso? Estava com saudades dela? Sua mente se silenciou por um breve momento enquanto secava os próprios cabelos com uma toalha. Decidiu ir visitá-la, por fim. Colocou suas roupas costumeiras e chamou Plagg, e então transformou-se para ir atrás de um de seus únicos pontos de felicidade.

Será que ela estaria costurando a essa hora? Ou quem sabe estaria ajudando os pais na padaria nesse horário da tarde... de qualquer jeito ela arrumaria um tempo para parar e conversar. Sempre demonstrava adorar explicar o quê estava fazendo. E talvez até conseguisse descolar alguns doces da padaria de seus pais. Apenas a hipótese fez o estômago do herói roncar com a possibilidade de comer os famosos doces de Tom Dupain.

E então finalmente pousou no telhado do quarto dela. Em baixo estava quieto, e a padaria estava fechada. Então talvez não rolasse os doces, mas isso significava que ela poderia estar sozinha no quarto. Bateu lentamente duas vezes na escotilha apenas por educação, e para que ela soubesse que ele estava ali. Esperou alguma movimentação no quarto, seus pelos se eriçaram quando ouviu alguma coisa cair do lado de dentro. Ela estava vindo atendê-lo, precisava somente aguardar uns segundos... provavelmente seu quarto estava bagunçado, como sempre, e ela estaria tentando deixá-lo minimamente decente. Aguardou por mais um instante qualquer som dos pés de Marinette subindo a escada da cama, porém não houve mais qualquer som. Então bateu outra vez, desta vez um pouco mais forte caso ela não tivesse ouvido as duas primeiras. Prestou atenção novamente nos pequenos sons, mas não esperava ouvir a voz fragilizada murmurar um "entre" quase quebradiço.

Chat Noir praticamente arrombou a escotilha com mais força do que o necessário, a preocupação subindo sobre seus ombros enquanto tentava processar um acontecimento forte o bastante para deixar Marinette deprimida. Mas quando saltou da cama dela, a avistou sentada na cadeira de frente para escrivaninha. O quarto estava com as luzes fracas quase fantasmagóricas iluminando unicamente a garota de cabeça abaixada e corpo recolhido para si. Não foi preciso muito para notar que ela claramente não estava bem.

O herói aproximou-se, cauteloso.

— Marinette?— Chamou-a. Assustou-se quando percebeu que sua voz também estava por um fio, fragilizada e preocupada. Acima de tudo, preocupada.

A garota começou a balançar muito a cabeça para os lados, agora murmurava sílabas inaudíveis até mesmo para audição elevada do gato negro.

— Marinette, por favor.— Começou a implorar. Tinha medo de aproximar-se, tocá-la e ela se desfalecer em seus dedos. Parecia ser capaz de fazer isso. Então ficou vendo a garota balançar a cabeça de um lado para o outro, o rosto se erguendo minimamente e revelando os olhos cintilantes contendo o lar de inúmeras lágrimas.

Então Chat Noir se jogou aos pés dela e tomou seu rosto nas mãos. Imediatamente deu um murmúrio de dor quando reconheceu a forma de uma borboleta roxa ao redor do rosto esbelto da mestiça. Os olhos cintilantes exalavam dor, e enquanto olhavam para um ponto fixo às costas do herói, a garota pronunciou:

Ele conseguiu.

Chat Noir balançou os ombros da azulada para, de alguma forma, reverter tudo. Começou a vasculhar os acessórios da jovem: pulseiras, brincos... qualquer possível esconderijo de akuma. Infelizmente nenhuma das coisas parecia estar sob ocupação da borboleta negra, o que fez o herói soltar outro murmúrio de dor que vinha de sua alma.

— Marinette!— A chamou outra vez, segurava o delicado rosto dela em suas mãos enluvadas, os olhos arregalados e a boca suplicando em voz baixa que ela respondesse.

E então aconteceu. Marinette piscou duas vezes e a forma arroxeada deixou de contornar seu rosto enquanto a consciência voltava aos poucos. Os olhos dela se arregalaram e a mesma agarrou os ombros de Chat Noir antes que a borboleta negra alcançasse o sino que ele usava no pescoço como parte de seu traje.

NÃO!— A mestiça gritou e puxou o herói para si numa inútil tentativa de protegê-lo, porém serviu apenas para deixá-lo despreparado para o akuma que o alcançou.

— SIM!— Hawk Moth pulou para dentro do quarto quando viu enfim os olhos do herói se fecharem perante a nova voz que ecoava em sua cabeça.

— Chat Noir!— Marinette caiu da cadeira segurando o outro em seus braços. Tentou puxar o sino–agora negro– do uniforme dele, mas era como um imã potente. Seu desespero subiu ao peito enquanto o sacodia e pedia para uma força maior do universo ajudá-la.— Volta pra mim!— Implorava ela.

Chat Blanc...— Hawk Moth ria entredentes enquanto sentia sua própria vitória se aproximar.— Eu sou Hawk Moth. De agora em diante você será o maior pesadelo de Ladybug e a minha maior realização.

— NÃO!— Marinette gritou novamente, sua garganta ardendo em brasa enquanto tentava segurar as lágrimas e controlar-se. Tocou o rosto de Chat Noir um segundo antes dele abrir os olhos turvos.— Por favor...— ela suplicou uma última vez antes do corpo dele ser coberto com uma massa arroxeada e grotesca.

As pernas de Marinette fraquejaram enquanto ela se afastava daquele que agora não era mais seu parceiro, não era mais seu amigo e nem seu amor. Aquele ali sendo criado pelas trevas era um súdito e escravo de Hawk Moth preso contra a própria vontade. Sua cabeça não conseguia processar a imagem em sua frente, então correu para fora do quarto. E correu para fora de sua casa. E correu até que chegasse na padaria, mas não parou até que saísse do prédio. As lágrimas agora rolavam por seus olhos de modo que sua visão começava a ser prejudicada, mas infelizmente limpa o suficiente para ver uma forma branca pular de seu telhado na companhia do vilão mais temido de Paris. Então a mestiça caiu no chão como se a gravidade tivesse sido tirada da Terra, como se o eixo tivesse saído de forma, como se a ordem natural de todas as coisas tivesse sido violada. Sua cabeça latejou uma única vez para lembrá-la de que teria que salvar seu parceiro de batalhas, seu amor antes não reconhecido. Ela não era Ladybug se não tivesse Chat Noir. De uma forma pesarosa isso a foi a gota d'água para entrar no completo desespero. Havia perdido tudo que tinha.


(...)


Fu deu uma olhada para além da janela. Nuvens escuras e cinzentas vinham do leste, mas nenhum telejornal havia comunicado mudanças climáticas para aquele dia. Um arrepio involuntário desfilou sobre os braços desnudos do homem enquanto ouvia Wayzz clamar por seu nome.

— Mestre, mestre!— Chamava o pequeno kwami verde.

Mestre Fu deixou de contemplar a vista de sua casa para encarar Wayzz cuja expressão era incomodada por algo.

— Eu sinto algo errado...

O velho Fu contraiu as sobrancelhas e andou até a caixa dos miraculous que ficava escondida sob o disfarce de uma vitrola. Apertou os botões exatos, um de cada vez até perceber seus dedos trêmulos. Não era momento para isto. Ignorou os protestos do próprio corpo e abriu a caixa dos miraculous, em seguida pegando um.

Um brilho intenso se formou antes de Sass, do miraculous da serpente, materializar-se na frente do homem. Sua expressão não era diferente da de Wayzz. Na verdade, constatar isso fez Fu ter certeza da teoria que estava formando. Kwamis tinham uma espécie de sensibilidade mística com o mundo e quando ele é colocado em risco, mas nunca até o momento o guardião havia presenciado tal acontecimento.

— Você também, Sass?— Utilizou a voz para questionar o outro kwami que flutuava em sua frente, mesmo que já soubesse a resposta.

— Lamento não poder dizer algo bom, mestre.— Desculpou-se.— Recordo-me exatamente da última vez que tive este pressentimento.

Fu assentiu uma única vez. A segunda Guerra Mundial havia sido um evento que desesperara os kwamis por inteiro, a sensação de aflição girava sob os pequenos enquanto aguardavam o futuro da humanidade com mais urgência do que o normal.

— Wayzz, quero que...— Neste momento a porta da frente fora brutalmente aberta por uma jovem que carregava nas feições do rosto a expressão mais sofrida que Fu já vira na vida.

Marinette tinha suor acumulado sob a testa, o pescoço e nos olhos(o que, calculou Fu, não se tratava de suor, mas sim de outro líquido). Suas bochechas estavam vermelhas como se tivesse corrido uma maratona, mas o que preocupou de fato o homem foi analisar as orelhas da menina sem os típicos brincos que jamais se distanciavam da dona.

— Sente-se.— O tom de voz não foi gentil quando ordenou e começou a andar até a cozinha.

Agora as mãos do velho tremiam compulsivamente, mesmo que a feição não transparecesse nada além de uma irritação contínua. Impaciente, Fu ponderou sobre sua bancada e fechou firmemente os olhos. Havia sobrevivido mais de 150 anos, seu corpo nunca havia lhe traído tanto como naquele momento em que Marinette precisava tanto de sua ajuda. Não podia se dar ao luxo de partir. Não naquela hora. Começou a fazer uma técnica de respiração que seu pai havia ensinado enquanto obrigava a mente a funcionar. Marinette iria lhe explicar o quê havia acontecido.

Quase se esquecera de que fora ríspido mandando-a sentar repentinamente. Ela devia estar agoniada por dentro sendo vítima dos próprios pensamentos, dos próprios receios. Fu encheu um copo d'água e voltou até o cômodo. Para sua maior preocupação, a mestiça não havia se sentado. Estava dando voltas pela sala, algumas sílabas perdidas escapavam de sua boca como se nem fossem processadas pelo cérebro. Então era daquele jeito que ela estava: em choque.

O velho homem encostou no ombro da mais nova. E então encontrou os olhos apavorados, mas acima de tudo, vingativos. Marinette não estava apenas temerária ou chateada. Estava assustada e possessa. Seus olhos azuis tinham um toque maligno, um ar feroz que faria até o mais corajoso dos homens temer o que viria pela frente.

Então a incentivou a contar. Tudo. E quando ela terminou dizendo que se pudesse faria tudo diferente, Fu sentou-se cansado. Àquela altura era possível que Hawk Moth já tivesse descoberto a verdadeira identidade de Chat Noir, e a batalha seria demais para Marinette conseguir conciliar sua vida íntima com a parceria que havia construído com o herói.

Um som agudo entrou pelas janelas da casa, um ruído tão incômodo que Sass e Wayzz se agitaram nervosos. Fu correu até a janela para decifrar a razão do que poderia ser. Seus olhos arregalaram-se uma única vez como se fossem desgrudar das veias que os prendiam no globo ocular. Marinette seguiu até a janela perante a reação do guardião, e foi então que sua voz quebradiça sussurrou um "não" arfado.

Uma espécie de orbe perolado crescia em volta de um grande prédio e subia cada vez mais em direção ao céu. Marinette teve a singela impressão de que se aquilo alcançasse o céu não seria uma boa coisa. Simplesmente se viu vidrada encarando aquela espécie de fim de mundo. Não notou quando Mestre Fu abriu a caixa dos miraculous e sem prévia, caiu no chão.

— Mestre!— A garota arfou e alcançou o homem. Segurou-o pela cabeça quando reparou que o mesmo estava inconsciente.— Acorde! Por favor!

Neste momento gritos estridentes podiam ser ouvidos da rua lá de baixo. Era claro que pessoas estavam aterrorizadas e frenéticas: Ladybug não havia aparecido ainda para salvar o dia, estavam vivendo novamente um momento de terror por não saberem o que irá acontecer.

— Mestre!— Marinette chamou-o novamente, as mãos tremendo balançando o homem jogado no chão. O instinto foi ir em direção do quadril, porém a dura realidade a lembrou de que havia deixado todos seus pertences dentro do forno quando fora feita de refém por Hawk Moth.

Continuou balançando o homem, Wayzz também nervoso com a situação.

— Marinette!— Um pequeno vulto vermelho atravessou a porta da frente e flutuou no ar até que estacionasse no meio do cabelo azul da mestiça. A garota mal notara o que havia acontecido, mas então viu o rosto delicado de Tikki em sua frente e foi como ser preenchida com uma rajada de vigor.

— Ah, meu Deus! Tikki.— Suspirou e trouxe a kwami para perto de si. Precisava mesmo do máximo de familiaridade possível, toda sua vida havia caído de ponta cabeça de uma hora para a outra, e isso a deixava com as expectativas lá em baixo. Sua esperança havia sido sugada, a roubaram a única coisa que a fazia ser forte.

— O que houve com o mestre?— A menor perguntou enquanto flutuava até a orelha da portadora. Com cuidado, inseriu um dos brincos.

— E-ele desmaiou, e não sei se foi pela situação lá fora mas...— Tikki pôs o outro e virou-se novamente para encarar Marinette— é tudo minha culpa.— Desabou.

— Marinette, não...

— É sim, Tikki... eu jamais deveria ter me apaixonado pelo Chat Noir! Jamais deveria ter deixado as coisas chegarem a esse ponto! Ele foi akumatizado por minha causa! Eu o condenei. Meu amor fez isso com ele!

Fraco e tonto, Fu apertou a mão da garota ajoelhada ao seu lado. Ela imediatamente se virou para ele, o rosto coberto de pânico.

— A caixa.— Ele murmurou.

— C-certo...— Marinette levantou-se e repousou com cuidado a cabeça do homem em uma das almofadas dele que ficavam pelo chão.

Tirou a caixa de dentro da vitrola e levou até Fu, que fez um esforço para manter-se sentado.

— Não, não faça força.— A azulada aconselhou e o empurrou calmamente pelo ombro para que continuasse parado. Fu soltou uma tosse comprimida e arregalou um pouco os olhos para que pudesse olhar todos os miraculous.

Era mais do que claro que lutar contra Chat Noir seria uma missão suicida e um erro. Ele estava mais forte graças à akumatização e não pouparia palavras de ofensa contra Marinette. Ela poderia até entender que aquele não era ele, mas não a impediria de criar mais traumas. Aquele dia ruim precisava acabar.

Os seus antigos mestres haviam lhe ensinado que miraculous do tempo eram perigosos e arriscados, e que devem ser utilizados apenas em casos circunstanciais. Bem, uma vitória de Hawk Moth parecia um caso circunstancial. O miraculous da serpente não era capaz de ir tão longe no tempo ao ponto de refazer tudo, mas o do coelho seria ideal. O único problema que rondava em torno da questão era o risco que Marinette estaria sujeita: espectros temporais. Almas que enlouqueceram utilizando o tempo para propósitos errados.

Fu tossiu outra vez, sentiu seu pulmão esforçar-se para puxar o oxigênio. Marinette segurou firme a mão do guardião, não sabia bem o que estava acontecendo mas sentia que deveria confortar o homem.

Mestre Fu fechou os olhos por alguns segundos, seu fraco coração batia lentamente, apenas não havia parado por respeito ao cérebro insistente que continuava trabalhando sem desistir.

— A toca do coelho...— Ele sussurrou.— Os miraculous podem se fundir em uma combinação de poderes— outra tosse.— confio em você, Marinette Dupain-Cheng, porque é a portadora mais dedicada de um miraculous, é a que salvará este mundo do completo desastre...

— E-eu não sei o que fazer!

— Escute bem— Ele tateou sua mão em busca das dela e em seguida as apertou— minha escolha sobre você e Adrien Agreste nunca mudou.

Mestre Fu tossiu outra vez, desta vez com tremedeiras espalhando-se por seu corpo.

— Mestre!— Marinette chamou-o.

— Não há tempo!— Ele bradou e levou a própria mão até o peito que agora descia e subia com velocidade, os últimos esforços.— Não confie em ninguém, não conte a ninguém o que houve nesta realidade, siga em frente... mas acima de tudo, não se culpe!

— O que quis dizer com o Adrien?— A cabeça da jovem finalmente deu um estalo, estava processando as informações lentamente

— A m-mãe dele não está desaparecida! Precisa descobrir a verdade, precisa deter Hawk Moth e...— ele suspirou pesadamente, sentia seu fim próximo— ser o apoio de Adrien. Ele precisa de você.

Fu tateou a mão sobre a caixa até que sentisse o miraculous do coelho. Sem cerimônias, entregou nas mãos da jovem mestiça que tinha lágrimas secas nas bochechas. Ela parara de chorar, aceitara o novo destino. Seu futuro não seria perfeito, mas em comparação ao atual bastaria.

— Vá.— Ele deu um último suspiro e fechou os olhos.— Não me conte sobre esta realidade quando chegar lá...

— Mas o senhor...

— Eu vou ficar bem. Não olhe para trás.

Marinette fungou pela última vez antes de apertar bem forte a mão do guardião. Ela consertaria tudo, e faria tudo diferente. Seria o recomeço para todos, ninguém se machucaria novamente com os erros dela. Levantou-se com o relógio de bolso envolto sobre sua mão. Um brilho reluzente formou-se na frente da garota, mas agora nada a incomodava.

Yuhul!— A kwami cor de neve e longas orelhas azuis exclamou e começou a girar no ar.— Onde é a batalha?! Na Grécia? Ou, espere, não me conte! Nós vamos para a Itália?! Eu sempre quis me bronzear com o sol de lá...

— Fluff.— A voz determinada de Tikki a chamou apenas uma vez, o que fez a outra olhar ao redor para o contexto em que estava. Seus olhos brilhantes avistaram Mestre Fu deitado sobre o chão, o coração novamente batendo lentamente.

— Oh, não! O que aconteceu?

— Marinette— Tikki se virou para a mestiça novamente— você precisa dizer: "Tikki, Fluff, combinar" e usar o poder da toca do coelho. Um portal vai abrir e você só precisará passar.

— Se ficar com medo eu estarei com você!— Fluff tentou passar conforto através de suas palavras ansiosas.

Então Marinette prendeu o relógio de bolso dentro de sua calça que estava levemente suja (digamos que ela não tenha se rendido completamente à primeira etapa do plano de Hawk Moth e tenha tentado resistir da maneira mais selvagem já vista). Estava tentando evitar encarar o corpo de Fu sobre o chão, sentia que de algum jeito estaria abandonando-o ali para morrer junto com uma realidade condenada por um vilão.

— Tikki, Fluff... combinar.

Um brilho cercou a garota, Tikki entrou em seus brincos e Fluff foi absorvida pelo relógio de bolso. Ambas jóias agora tinham outro aspecto, os brincos vermelhos com bolinhas pretas, o relógio coberto com azul, branco e sutis detalhes pretos. O traje que Marinette era acostumada como simples agora estava completamente inédito. Usava um colã vermelho com pintinhas pretas, e em seus ombros uma manga azul clara que lembrava o estilo do século XVIII. Através do reflexo da janela reparou que seu cabelo não estava nas típicas marias-chiquinhas curtas, mas agora em um penteado solto com dois rabos de cavalo longo com a transição de cor do azul escuro para o azul claro. O topo de sua cabeça também era preenchida com duas orelhas longas de coelho nas cores azul e branco.

Se não fosse basicamente o fim do mundo, ela se acharia bonita. Talvez se empolgasse. Mas tudo que sentia no momento era medo, ódio e nojo. Medo do que acontecera à Chat Noir, ódio do que Hawk Moth havia feito com a relação deles e nojo de si mesma por não prever o futuro trágico a que seu parceiro estava fadado por sua causa.

   Tentou não olhar para o mestre Fu deitado sobre o chão, precisava ter coragem para ir embora. Porém o ódio borbulhou em seus olhos e faiscou seu abalado coração. Como poderia fugir apenas? O destino não estava selado ainda. Poderia ter a chance das chances e derrotar aquele que já assombrara Paris por tempo suficiente. Andou até a janela e, com o peito cansado de chorar, pulou-a para recuperar o pouco que restara de sua vida.




Notas Finais


👀
tchau


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