História Best Friend - Jeon Jungkook - Tente.

JungKook é o ser humano mais estranho da face da Terra. Em um dia ele está toda carinhoso, me dando carona e até pedindo desculpas. No outro ele me ignora por mais um mês. 

Acabamos por nos encontrar na visita à empresa, mas ele nem sequer se dignou a me direcionar um sorriso amigável. E pensar que algumas semana atrás eu senti o seu arrependimento por estar longe de mim.

Agora ele nem se importa mais comigo. Mas com a paixão secreta de um dos seus melhores amigos ele se importa. Se importa até demais. 

JungKook vive com a Naeyon pelo campus, para cima e para baixo. Não importa a hora que eu passe por eles, os dois sempre estão juntos. Tá, não sempre, até porque ela não tem a mesma grade de horário que eles. Mas quase sempre!

O que me deixa mais curiosa é que ele está sempre rindo. Não forçando um risada, mas rindo de verdade. JungKook está sempre dando as suas mais puras e sinceras risadas quando está com ela.

Sinto saudade disso. Sinto saudade da época em que era eu no lugar da Naeyon. Talvez fosse assim que aquelas meninas se sentiam em relação a mim?

  - Volta para Terra, Han Na - Taehyung chama estralando os dedos a minha frente.

Nancy ri ao seu lado, assim como a Tzuyu. Sorrio mesmo que sem vontade, tomo um pouco da minha bebida e encaro o Tae. Espremo os olhos para ele.

 - Você já se confessou? - pergunto verdadeiramente curiosa.

Quando eu fui embora, Taehyung nutria uma paixão secreta pela Naeyon. Tirava fotos escondidas dela e tudo, mas nunca se confessava. Os meninos o zoavam bastante por conta disso.

 - Já - responde emburrado. Arqueio as sobrancelhas surpresa. - Na verdade, ela se confessou. Enfim, meio que estamos juntos.

 - Meio? - pergunto confusa.

 - Taehyung tem medo de assumir uma relação com ela - Nancy responde por ele. 

Reviro os olhos e me seguro para não bufar e voar para cima dele. 

 - Como é que alguém fica anos atrás de alguém e depois não sabe assumir algo?

 - Não sei, você tem experiência no assunto, Han Na. - Ele me encara. - Nos conte.

Sei que não foi intencional. Taehyung tem a mania de pegar no ponto fraco das pessoas quando está zangado. 

 - Não sei do que você está falando. - Ele sorri debochado.

 - Sabe sim. - Evito olhá-lo. - Mas eu ainda não sei o motivo da sua negação.

Aperto meus punhos. Engulo em seco e tento controlar a minha vontade de matá-lo.

 - Hey. - Levanto a cabeça e vejo ele se proteger com as mãos. Nancy faz uma bolinha de papel e joga nele. 

 - Descubra sobre os seus motivos primeiro.

Taehyung faz um bico. Caio na gargalhada junto com a Tzuyu.

Coloco o buquê de flores embaixo da árvore e encaro a foto colocada no tronco dela. Mamãe e papai, os dois sorrindo enquanto me abraçam. 

 - Oi, mamãe. Oi, papai. - Me curvo para eles. Meus olhos se enchem de lágrimas, mesmo que contra a minha vontade. - Quanto tempo. Espero que vocês estejam bem onde quer que estejam.

Posso ouvir a risada do meu pai, o sorriso da minha mãe. Posso ouvir como meu pai provocava minha mãe. Me lembro de como os dois eram apaixonados. Mesmo que eu não soubesse na época, agora eu percebo que eles se amavam mais do que tudo no mundo.

 - Eu estou bem. - Sento em cima das minhas pernas e junto minhas mãos em meu colo. - Na medida do possível, acho. Ainda estou com a família Jeon e com a cuidadora que elas acharam para mim. Não sei a onde a tia está.

Dou de ombros e respiro fundo. Quando minha tia descobriu que a herança dos meus pais ficou toda para mim ela simplesmente me largou. Não queria saber mais de mim, eu era um desperdiço do seu tempo.

Mamãe e papai ficariam tão magoados. Eles realmente amavam minha tia, irmã da minha mãe. Fico feliz que eles não tenham visto esse seu lado.

 - Voltei para a faculdade. - Sorrio fraco. - O sr. e a sra. Jeon insistem em pagar todas as minhas despesas, mesmo que eu não seja mais obrigação deles. 

Limpo as lágrimas que escorrem pelas minhas bochechas. Sempre que eu venho vê-los, evito ao máximo chorar. Eles não gostariam que eu chorasse, iriam querer que eu superasse e fosse feliz.

 - E o coração, querida? - Ouço minha mãe perguntar. Sua voz carregada pelo vento.

Meu coração se aperta, sendo quebrado mais uma vez. Levo minha mão até o meu peito e o aperto, tentando tirar um pouco da dor que me invade.

 - Eu o amo, mãe - respondo entre lágrimas. - Amo tanto que parece que vou sufocar. Amo tanto que dói. Mas não podemos ficar juntos, nunca poderemos.

 - E por que não? - As árvores sussurram, trazendo sua voz até mim. Sinto que ela está acariciando minhas costas.

 - Porque somos de níveis diferentes. Ele é mais do que eu em tudo. - Um soluço escapa dos meus lábios. - E eu não poderia fazer ele se rebaixar ao meu nível apenas por meu egoísmo.

Respiro fundo varias vezes. O ar fresco me ajuda, assim como a sensação de que eles estão ao meu lado. Me acalmo aos poucos, mas continuo chorando.

 - O que eu faço? - pergunto.

 - Hum? - Seu tom doce me faz reviver momentos.

 - Eu o amo, mas não quero que ele se arrependa por ficar comigo. - Jogo meu cabelo para trás. - Mas ficar sem ele dói tanto que eu sinto que vou morrer. O que eu faço, mamãe?

Ela não responde. Por alguns minutos tudo fica em silêncio e eu acredito que foi até ali que a minha conexão com ela foi. Eu nunca discuti sobre amor com ela, não teria como eu inventar uma resposta com a sua voz na minha mente se nunca conversamos sobre esse tópico.

Então o vento volta, fazendo as árvores farfalharem novamente. E no meio disso, a voz do meu pai.

 - Tente - sussurra para mim. - De a ele a opção de escolha. Confie nele, pois eu confio.

 - Tem certeza de que pegou tudo? - Unnie pergunta me olhando do batente da porta.

Fecho a mala e sorrio. Sim, eu estou pronta. E terrivelmente atrasada. Encaro o relógio na minha mesinha da cabeceira e praguejo baixinho.

 - Atrasada como sempre. - Minha unnie continua rindo enquanto eu peço um táxi e corro pela casa para pegar o resto das minhas coisas, que irão na minha bolsa. - Se cuida.

 - Sempre - respondo em seu ouvido. Me separo dela e entro no carro, indo para o aeroporto.

Os meninos devem estar uma fera comigo. Mesmo estando sempre atrasada quando se trata de encontrar eles, a raiva nunca diminui. Não sei como eles conseguem ficar bravo com essa carinha que eu tenho.

Faço o check-in bem a tempo do voo começar a ser chamado. Os meninos estão começando a se levantar quando eu chego, ofegante.

 - Até que fim - Taehyung exclama me fazendo mostrar a língua.

Me aproximo do JungKook, mas ele apenas faz uma mensura com a cabeça e segue para o portão de embarque. Tenho vontade de soca-lo.

Acabo por sentar ao lado da Nancy e do YoonGi. Ele acaba dormindo com a cabeça apoiada no ombro da namorada. Sorrio com a cena fofa e desvio o olhar para a janela, respirando fundo. 

 Então a Nancy tenta puxar conversa, mas acabo por não gostar muito do assunto. Ela sabe. Sabe sobre o meu relacionamento com a família Jeon e não estou disposta a revelar mais do que todo mundo sabe. Então ela muda de tática.

 - Ele gosta de você. - Viro para ela. - E você gosta dele.

Por que que a namorado do YoonGi tinha que ser tão esperta? E tão corajosa? Ela já me colocou contra a parede duas vezes.

 - É claro que eu gosto dele, ele é meu melhor amigo.

 - Claro - responde ironicamente -, mas tem algo a mais e você sabe.

 - Não, não tem. - Volto a olhar para a janela, dando o assunto como encerrado. 

 - Você pode negar, mas não deixa de ser verdade.