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História Best Mistake - Eu sou um monstro?


Escrita por: Ptumblr

Notas do Autor


PRÓXIMO CAP: 19/12
(Sim, quase uma semana pq eu preciso termina o cap 51 pra vcs e eu estou quase sem caps prontos, então me perdoe por demorar, juro q amo vcs)

Capítulo 49 - Eu sou um monstro?


Fanfic / Fanfiction Best Mistake - Eu sou um monstro?

Não consigo enxergar minha própria sombra por conta das lágrimas. Meu coração dói e minhas mãos tremem enquanto sinto o consolo de Eunji em minhas costas.

— Eu ainda não posso acreditar que fizeram isso com ela.— Murmura Eunji entre soluços.— Foi tão… Cruel.

Ainda consigo ouvir as coisas horríveis dita a Bia. Eu queria abraça-la naquele momento, dizer coisas boas mas ninguém sabia aonde ela estava.

Yoongi sumiu, Beatriz sumiu. Jimin andava em círculos enquanto tentava se comunicar com alguém mas pelo visto ninguém resolveu verificar o celular hoje, logo hoje. Ele berra de raiva e ódio por toda aquela situação.

Agarro ainda mais meus joelhos ainda sentada naquela calçada coberta por neve. Eu choro, sinto meus pulmões arderem pela falta de ar.

Eu quero berrar, quero socar alguém de raiva. Ainda não posso crer que ela passou por aquilo e que ninguém conseguia ajuda-la. Mesmo lutando, ninguém conseguiu livra-la daquela humilhação, daquela injustiça.

— O mundo resolveu me ignorar, só pode.— Ouço Jimin berrar enquanto andava de um lado pro outro, cada vez mais angustiado.— Que porra.

— Beatriz sumiu. Yoongi sumiu. Jin e Namjoon não atendem o celular e eu não vejo Ana e Jungkook desde ontem. — Hoseok solta um gemido de frustração enquanto limpava as lágrimas.— Todo mundo resolveu sumir.

— E-Ela deve ter voltado para o dormitório.— Fala Tae, mas Hoseok nega com a cabeça.

— Jin e Namjoon foram até lá e falaram que ela não apareceu por lá e nem Yoongi voltou pra fraternidade ou para o novo apartamento dele. Não é possível que eles tenham desaparecido.— Falava Hoseok.

— O-O que faremos?— Pergunto, soluçando e então Jimin se vira para nós com o rosto vermelho e as veias saltando para fora. Ele estava explodindo.— Eu não posso acreditar que isso está mesmo acontecendo…

— Nada. Não tem o que fazer porra.— Ele grita comigo dando alguns passos a frente.— Que merda de pergunta é essa? O que podemos fazer caralho? Nada.

— Porque está gritando comigo? Cala sua boca seu idiota.— Altero o tom de voz e me levanto, e o empurrando assim que ele se aproxima, furioso.

— Vai a merda Mery, você não ajuda em nada. Que tal ir pro seu quarto e fazer algo útil, você só atrapalha.— Ele gritava cada vez mais furioso.

— Ah é né, até porque você está ajudando pra caralho. Pega a merda do seu carro e vá procurar eles Sr. Perfeitão. Fala de mim mas também não ajuda em merda nenhuma.— Eu gritava, sentindo as lágrimas caírem por vontade própria. Minha cabeça iria explodir se eu continuasse gritando daquele jeito.— Vai se fuder Jimin.

Ele se aproxima e quando penso que irá me fazer mal, ele me envolve em seus braços e me abraça forte, beijando o topo da minha cabeça.

— Me larga.— Eu tentava me soltar, mas ele só me apertava cada vez mais.— Jimin, me deixa em paz.

Ele não deu ouvido e ainda bem que não deu, eu precisava daquilo naquele momento. Estava desesperada, chateada e em choque por tudo aquilo. Eu precisava daquele abraço.

Ele me pega no colo, envolvendo minha pernas em sua cintura e me aperta cada vez mais enquanto eu chorava e chorava.

— Vamos achar ela, tudo bem?— Ele sussurrou e então sinto as lágrimas dele em meu ombro.— Vai ficar tudo bem.

Mas não ficou tudo bem, na verdade só piorou depois daquele dia.

Não encontramos Beatriz e Yoongi foi dar notícias três dias depois e não parecia nada bem e pelas marcas nas mãos e o olho roxo, era provável que tenha se metido em briga.

Jimin, Hoseok e eu fomos até o apartamento dele no sábado à tarde e tudo o que encontramos foi a TV destruída e garrafas de álcool no chão enquanto ele chorava no banheiro. Eu nunca o vi chorar antes e foi ainda mais doloroso vê-lo daquele jeito. Acabado. Ele não falou muito, disse que Beatriz sumiu e que nem mesmo a irmã mais próxima dela sabe aonde ela está. Todos estão preocupados com ela, mas os comentários não pararam, na verdade eles só aumentaram. Só pioraram.

Invadiram o alojamento de Beatriz e picharam o quarto inteiro no sábado de manhã. Os culpados? Até agora só expulsaram três pessoas. Um cara e duas garotas que foram pegos pichando as paredes do corredor e de acordo com o que Jin me contou, Yoongi foi atrás desse cara e bateu tanto nele que o cara está no hospital desde então.

Não é um bom dia para mim. Não está sendo um bom dia para ninguém desde aquele dia. Ela não aparece, não dá notícia, não sabemos se está viva ou se Deus me livre, morta. Não sabemos de nada. Nem participando das aulas eu estou, apareci na faculdade apenas para fazer as provas e fui ajudar Jin e Ana à arrumar o apartamento do Yoongi pois ele nem sequer saía do banheiro.

Inclusive, Jungkook também continua desaparecido mas Jimin recebeu uma ligação dele dizendo que estava bem, mas que estava resolvendo alguns problemas. É claro que ele contou à Jimin aonde estava e é claro que o Jimin foi até lá, mas eu não vi mais nada e Ana não toca no assunto e não vou insistir.

Esses quatro dias estão sendo os piores da minha vida. Mas uma coisa é certa: Está tudo errado. Está tudo dando muito errado para todo mundo e eu estou no meio disso e não estou sabendo lidar com todos esses problemas sozinha.

— Na verdade não.— Ouço a voz da Ana e concluo que ela está conversando sobre Beatriz novamente.— Eu recebi uma mensagem de uma colega da aula de design, ela me disse que fizeram um grupo nas redes sociais e que a direção da faculdade estava resolvendo isso e que mais pessoas seriam expulsas. Eu sinceramente espero que morram, sumam do mundo.

Eunji concorda com a sua amiga e então me encara, pensativa.

— O seu olho...— Ela fala e então para.— Está voltando ao normal.

Suponho que ela esteja falando do olho roxo, mas eu discordo. Ainda está visível, mas eu andei tão cheia esses dias que nem tive paciência para cobrir meus defeitos faciais ou o que seja.

— Sua mão sarou?— Pergunta Eunji, mas eu continuo calada, balanço a cabeça e então ela pega em minha mão e tenta tirar a faixa branca das feridas. Eu recuo.— O que? Me deixe ver.

E então ela pega, mas dessa vez eu não me afasto. Devagar vejo Eunji retirar a faixa da minha mão e então percebi que ela prendia a respiração. Assim que dá a ultima volta, ela ergue as sobrancelhas ao ver o quanto roxa minha mão estava.

— Ela está infeccionada Mery.— Ela fala, assustada. Ana nem conseguia olhar pra minha mão, de tão horrível que estava.— Você não foi ao médico, não é?

— E-Eu não tive tempo.— Eu respondo, calma.

— Você tem que ir ao médico. Ela está roxa e o sangue secou. Você precisa ir ao médico.

Reviro os olhos e me afasto, cobrindo minha mão em seguida. Eu não me preocupei com aquilo no momento.

—  Que se dane as minhas feridas, problemas maiores estavam acontecendo.— Falo, um pouco irritada.

— Olha...— Ana começa.— Eu sei que está triste pela Beatriz, mas estão resolvendo isso. Você também está machucada e se não se tratar, poderá arrumar mais um problema e eu sei que não é isso o que quer.

— Ela está certa.— Concorda Eunji.— Se Jimin souber, ele mata você.

Reviro os olhos ao lembrar do Jimin.

Respiro fundo e dou a última volta em minha mão, escondendo-as em meu casaco enquanto encostava minha cabeça na parede fria do quarto de Ana. Elas continuavam falando, continuava murmurando e comentando sobre coisas e coisas e… Aish.

Me levanto tendo os olhares curiosos das minhas duas amigas sobre mim, prendo meu cabelo e saio do quarto sem falar nada. Estava longe, dançando e caindo em meus pensamentos. Longe demais para prestar atenção nas pessoas ao redor mas perto o bastante para perceber os olhares e os comentários. Mas eu não dou a mínima.

Continuo andando até a saída e enterro minhas mãos em meu casaco, olhando para os meus pés.

Por sorte, o alojamento não era tão longe. Sete minutos de caminhada e eu já havia chegado mas pra mim o tempo passava cada vez mais devagar. Tão lento.

Me jogo em minha cama, cansada de tudo e encaro o teto. Um filme se passa em minha cabeça e então fecho os olhos com força.

Meus dedos coçam e minha mão formiga. Respiro fundo duas vezes e me levanto, caminhando até o banheiro. O meu reflexo não era um dos melhores. Eu estava com o rosto cansado e com um olho roxo, marcas, manchas, rugas, olheiras.                        

Como Jimin pode me achar bonita? Eu estava acabada.

Começo desenrolando a mão direita e logo depois a mão esquerda, e as mergulho embaixo da torneira com água quente. Solto um gemido de dor ao sentir a água quente em minhas feridas.

Ana e Eunji tinham razão. Minhas mãos estão horríveis e roxas. Começo a me despir mesmo com os dedos vermelhos e doendo. Jogo a roupa no canto e então caminho em direção ao chuveiro.

A água quente queima minhas costas, mas ao mesmo tempo que a dor me fazia gritar, ela me relaxava. O tipo de dor que você chorar mas que te faz tão bem quanto um bom dia ensolarado.

Saio do banho e percebo que já são quase sete e meia e está escuro e frio lá fora. Posso apostar que Hyeri não voltará pro alojamento por um tempo, ela tem dormido no quarto da Beatriz esses dias enquanto a mesma continua desaparecida.

Beatriz… Nem quero pensar nisso. Sei que ela está bem mas me preocupo por ela está a tanto tempo sem dá notícias, ela está mal. Todos estamos por ela.

Enrolo uma toalha em meu corpo molhado e visto minhas roupas. Roupa íntima, um moletom branco e velho que a muito tempo não uso, mas que sempre me faz lembrar do dia em que o Jimin me “deu”. Visto uma calça jeans azul bem solta e confortável. Me dirijo ao banheiro e começo a higienizar minhas feridas, lavando minhas mãos da forma como Jimin me ensinou e então, enrolo a faixa e então começo a tratar das feridas em meu rosto — Que pelo o que percebo estão quase curadas.—.

Estava cedo, muito cedo e eu estava ficando com fome, porém tinha algumas coisas para resolver. Estudar, ler… Eu não leio um livro a um bom tempo.

Ouço meu celular vibrar e então o pego. Era uma mensagem nova do Jimin.

>> 19: 35<<

Está com fome? Estou indo te pegar para jantarmos.

Reviro os olhos. Não quero vê-lo no momento, eu quero ficar só. Respondo que “Não” mas aposto meu fígado que ele vai ignorar minha mensagem.

>> 19: 36 <<

Chego aí em alguns minutos bae.

Assim que seco o meu cabelo com o secador sem fio da Eunji, saio do banheiro e me deito na cama, pegando um dos livros em minha escrivaninha.

Assim que deito minha cabeça no travesseiro e abro o livro, ouço alguém bater na porta. Tento ignorar, mas a pessoa insiste e então me levanto, revirando os olhos por aquilo está me perturbando tanto.

Eu bem que poderia apenas ignorar e voltar a ler, mas não, eu já estava abrindo a porta.

— O que é?

Me surpreendo ao ver Jaebum em minha porta. Sinto meu corpo estremecer ao vê-lo ali e então, por impulso, fecho a porta mas ele coloca o pé na frente e empurra a porta com a mão.

— Não feche a porta na minha cara.— Ele fala, mandão mas não de uma forma ameaçadora.Engulo o seco, sinto meu peito bater forte.— Eunji está?

Eunji? Ele está aqui para ver Eunji?

— O que você quer?— Pergunto, direta. Apesar de estar com certo medo por vê-lo em minha porta e tão próximo, me mantenho firme.— Eunji não está e acho melhor você ir embora.

— Precisamos conversar...— Ele fala, sério.— Sei que ainda me odeia e tenho me sentindo horrível desde aquele dia. Por favor, vamos conversar.

— Qual parte você não entendeu? Vá embora.— Falo, mas ele me ignora e quando tento fecha a porta em sua cara novamente, ele a empurra com força e entra no quarto, fechando a porta atrás dele. Naquele instante, começo a entrar em pânico, pensando no que ele poderia fazer comigo.

— Não fique desesperada, não farei nada demais.— Ele fala, sorrindo.— Só quero conversar, que tal sairmos para comer? Eu pago, como nos velhos tempos.

Dou mais três passos para trás, olhando para os lados em busca de algo caso ele tente fazer algo comigo.

— Não tenho boas memórias dos velhos tempos.— Falo, ouvindo ele soltar uma risada sem graça em seguida.— Não quero você perto de mim.

— Mery, me dê essa chance.— Ele pede.— Não quero viver com você me olhando como se eu fosse um monstro.

— Eu tenho meus motivos. Você tentou me estuprar. Como posso saber que não tentará nada? Você me dá medo, Jaebum. Eu deveria ter denunciado você naquela semana, mas não fiz e dê graças a Deus por isso.

Ele abaixa a cabeça.— Sei que me odeia e pretendo mudar isso.

— Vá embora.— Digo, apontando para a porta. — Você tem dois minutos para sair do meu quarto, ou então eu chamarei a polícia do campus.

Ele fica em silêncio, analisando seus pés com tanta atenção. Ele não se move, não fala e nem me encara. Permanece em silêncio absoluto, como se estivesse pensando em um plano para me convencer.

— Jaebum.— Chamo sua atenção e então ele levanta o olhar, me encarando de forma tão ameaçadora. Ele parecia um animal selvagem me encarando daquela forma, como se estivesse esperando o momento certo para me atacar, para comer minha carne.

— Você não quer mesmo saber da verdade?

Prendo minha respiração ao ouvir seu tom de voz. Me perguntei inúmeras vezes aonde ele queria chegar com aquela pergunta.

— Que tal se fizéssemos um trato.— Ele sugere e eu continuo ouvindo, esperando ele continuar. Por algum motivo, aquilo me deixou interessada.— Eu tenho informações sobre Jimin, coisas que ninguém sabe...

— E o que você quer em troca?— Pergunto, séria.

— Seu perdão.— Ele responde.— Só vamos conversar, nada demais. Eu quero voltar a falar com você, quero poder me sentir bem perto de você.

— Por que? Por que isso é tão precioso para você?— Pergunto, um pouco debochada. Ele era muito estranho.— Há tantas garotas nessa universidade, tantas pessoas e você quer logo o meu perdão? Porque isso faz tanta diferença na tua vida? Eu não entendo.

— Por que eu estou apaixonado por você, Mery.— Ele fala e então vejo seus olhos se encherem de lágrimas mas eu não tenho reação nenhuma. Estou pasma com aquela revelação, sem reação nenhuma e sem saber o que fazer.— Sonho com você, eu estou viciado em tudo o que você faz e em todos os seus defeitos. Estou assustando você, eu sei mas acho que você já sabia. Pra mim, o seu perdão é algo que ninguém pode pagar mas sei que não é recíproco, você e eu nunca vai acontecer, então me deixe apenas viver minha vida longe dessa culpa por ter magoado você.                        

Permaneço em silêncio e por um tempo ele também, mas ele não tenta se aproximar, na verdade ele parecia ainda mais distante enquanto eu apenas tentava dissolver aquilo tudo sem surtar.

— Vamos?— Ele estende a mão para que eu a pegue, mas eu apenas saio do quarto, passando por ele.

Não sabia exatamente porque, mas irei arriscar. Eu não sei exatamente o que aconteceria comigo, mas eu estava disposta. Esse ódio tem que acabar, mesmo ele tendo quase abusado sexualmente de mim no passado, isso tem que acabar.

Ouço a porta do quarto se fechar e então ele começa a andar em minha frente, de cabeça baixa pelo corredor iluminado. Algumas pessoas nos quartos nos encaram curiosas, mas tento não ligar e continuo andando. Estava curiosa para saber do que ele sabia, as informações que ele tinha.

Andando atrás, o analiso dos pés a cabeça. Dá pequena tatuagem em seu tornozelo até seus cabelos negros e brilhantes.

Ao empurrar as grandes portas de vidro do alojamento, passo por ele e me arrepio com o vento frio da noite. Caminho ao lado dele até um carro, e bom, eu já não tinha boas recordações daquele carro. A última vez em que estive nele, quase fui estuprada.

Hesito um momento em entrar, encarando aquela maçaneta e então sinto a mão dele sobre a minha e então ele abre a porta para mim e abre um sorriso amarelo, mesmo eu não correspondendo, ele dá a volta e entra.

Jaebum liga o carro e enquanto eu coloco o cinto de segurança.

— Obrigada por confiar em mim.— Ouço ele falar.

— Não estou confiando em você, na verdade estou mais desconfiada do que nunca.— Falo e então ele rir baixinho para quebrar aquele gelo entre nós, mas não consegue.

Olho pela janela do passageiro, não quero ser a primeira a falar. Depois de alguns quarteirões, Jaebum liga o rádio e mantém no volume 15 enquanto a radialista dá as últimas notícias locais.

— Como foi o seu dia?— Ele pergunta, calmo.

— Aonde estamos indo?— Retruco com outra pergunta.

— Você não me respondeu.

— Você também não me respondeu.— Falo e ele rir.

— Você verá, não estamos tão longe.— Ele fala e suspira.— Não se assuste, não vou te levar pro meio do nada e depois te matar.

Reviro os olhos. Solto um longo suspiro e volto a olhar pela janela. O restante do trajeto é feito em silêncio. Quando estacionamos, percebo que estamos na frente da fraternidade do Jimin e estranho assim que chegamos, então me lembro que Jaebum também faz parte dessa fraternidade.

Fecho a porta e então o sigo até a porta. Algumas pessoas começam a cochichar assim que percebem que estou com Jaebum, mas ele não dá a mínima e eu também não. Entramos e subimos até o terceiro andar.

O meu “medo” de encontrar Jimin ali era enorme. Com certeza se ele visse Jaebum comigo faria um escândalo, mas não tinha nada a temer e apenas o segui pelos corredores vazios até que percebo uma das portas se abrir e então ouço alguém me chamar e assim que me viro, vejo Hoseok.

— Mery!?— Ele me chama, mas eu tento ignorar e continuo andando.

Explicaria tudo aquilo para Hoseok depois.

— Não vai falar com o seu amigo?— Pergunta JB assim que chegamos a uma porta que daria nas escadarias e então no telhado. Até o momento, eu não estava entendendo mais nada.

O ignoro séria e então ele abre a porta para mim e pede para que eu suba. Assim que chegamos ao telhado, sinto meu corpo todo congelar com aquele vento frio. Ultimamente tem ventado demais e parece que o inverno nunca se vai. Me surpreendi de não ter pegado uma gripe até agora.

— Você tem vinte minutos para me contar o que disse que contaria.— Falo, e cruzo os braços assim que ele fecha a porta de metal atrás dele.

Ele respira fundo e se aproxima, se sentando perto da beirada. Hesito quando ele pede para que eu sentasse ao seu lado, mas acabo cedendo e me sento. Longe o bastante para me manter segura, mas perto o bastante para ouvir tudo o que tinha que ouvir.

— Bom...— Ele começa a falar, mas em momento algum me encara nos olhos.— Você já deve ter percebido que Jimin e eu nunca nos damos bem, certo?— Eu não respondo, esperando ele prosseguir.—  Junghwa e eu éramos amigos bem antes dele aparecer, ela era o tipo de garota encantadora e aventureira. Ela fazia coisas, ela fez coisas erradas é claro. Quando nos conhecemos no ensino médio, ela gostava de brincar com algumas garotas, algumas brincadeiras eram mais pesadas que as outras. Até hoje nunca entendi a obsessão dela em machucar as pessoas. Ela me mostrou algumas coisas peculiares… Você sabe… Drogas, álcool. Ela não era viciada, nós nunca fomos viciados mas fazíamos aquilo para nos divertir e ela gostava de estar comigo. Transamos, ficamos e ela engravidou mas abortou quando eu disse que estava me apaixonando por ela. Eu entrei em desespero quando ela se mudou para Seul e sua amiga me disse que ela estava tentando fazer faculdade aqui e imediatamente eu me mudei pra cá e a reencontrei. Me encontrava obcecado por ela, eu a amava e ela sabia disso. Junghwa se afastou de mim por meses, até que conheceu Jimin.

— Eles...— Ele me interrompe, e me encara sorridente.

— Eles eram como você e o Jimin no começo. Por ela não ter um temperamento muito agradável, eles brigavam sempre e ela fazia aquilo por diversão. Ela gostava de ver ele gritar e ver suas veias pulsando contra sua pele. Junghwa era uma alma diferente. Eu me aproximei de Jimin naquela época só para ficar perto da Junghwa, mas ela não me odiou por fazer aquilo, ela sabia das minhas intenções e brincava comigo sempre que sentia vontade e eu sempre deixei porque ainda a amava. Os amigos do Jimin a odiavam, principalmente Eunji.— Ele rir baixinho, como se ele estivesse revivendo aqueles momentos novamente.— Elas brigaram inúmeras vezes e Junghwa quase foi presa e expulsa por isso, mas Jimin estava cada vez mais louco por ela que nem deu bola quando a melhor amiga dele se afastou. Eles começaram a namorar depois de alguns meses e ela mostrou-lhe seu mundo, o mesmo mundo em que eu estive durante meses. Junghwa disse coisas a Jimin, mostrou-lhe coisas e o castigou como fez comigo. Ela era uma pessoa horrível, mas o tipo de erro que te faz gozar só de pensar. Ela te faz fazer coisas e faz você pensar que era aquilo que você sempre quis desde o começo, é louco, ela era louca. Com o tempo, eu acabei me afastando pois não aguentava mais ver aquilo. Eu conheci os meus amigos e acabei saindo com outras garotas até que Junghwa invadiu o meu quarto, totalmente nua e vulnerável por ter brigado com o namorado mais uma vez. Eu não queria, me obriguei mas eu sentia tanta falta daquele corpo que naquela noite, transamos. E não parou. No meu aniversário ela meu deu uma câmera e transamos no carro dele. Ela jurou terminar com ele pois vivia dizendo que ele não a amava mais e que eu sim, eu a amava e ela permaneceria comigo. Nas férias, enquanto ela estava em festas com o namorado, ela me mandava mensagens e me mandava fotos da buceta dela. Transamos no quarto do Jimin enquanto ele esteve fora, se drogando com a cocaína da Junghwa. Ela o drogava por noites e o jogava no banheiro, tão fraco que ele mal conseguia ficar em pé.— JB falava mas em momento algum parou de sorrir, ele manteve seu sorriso durante todo discurso enquanto eu sentia meu estômago se revirar.— Mas eu não era o único, entende? Junghwa dormia com outros homens. Quando não era eu, era Jackson ou até mesmo um dos riquinhos do campus. Ela transou com metade da faculdade enquanto roubava tudo do Jimin e ele continuo amando aquela mulher, igual a mim. Não vou mentir, ela era incrível em todos os sentidos ruins. Ela poderia te levar a loucura com aquele sorriso, como o diabo. Ela era o diabo.

— O que aconteceu depois?— Consigo perguntar.                        

— Bem, como todo segredo, Jimin descobriu. Estavamos transando no banheiro do segundo andar e Jimin apareceu lá, mas ele estava tão chapado e tudo o que fez foi me dá um soco e ir embora. Jungwa nem se importou, insistiu em continuarmos e continuamos. Eles passaram um mês sem se ver, mas ele se recuperou e os dois voltaram. Ela prometeu nunca mais se aproximar de mim, mas não durou muito. No natal, ela me seguiu com o carro do Jimin totalmente bêbada, naquele momento a cocaína, a maconha que ela fumava e o álcool já tinham se misturado. Ela havia brigado com o Jimin naquela noite e então ela veio me procurar. Conversamos e eu tentei leva-la para o quarto, mas ela se negava dizendo que Jimin não a amava mais e que ela queria morrer. Tentei ligar para Jimin naquela madrugada de natal mas ele estava em uma luta e não poderia sair e então ela me solta a notícia de que estava na verdade grávida de Jimin, mas que tinha medo de contar. Meu mundo caiu naquele momento, eu ainda a amava e eu ainda me lembrava do aborto que ela havia feito quando ainda estavamos juntos e lá estava ela novamente, pronta para acabar com o meu mundo novamente. Jimin até hoje nunca soube do suposto filho, ele nem desconfia disso e eu nunca tive coragem de contar. Eu tentei impedir, mas já era tarde. Estava completando três meses naquela noite e havia abortado naquela tarde de natal a filha do Jimin. Ela chorou, mas eu estava tão furioso com ela por ela ter feito isso novamente, estava tão bravo por ela ter feito tudo aquilo. Eu me segurei durante meses, mas naquele momento eu explodi com tanto ódio e dei-lhe um tapa e ela caiu. Eu chorei muito naquela noite e fui para a casa dos meus pais, deixando-a jogada no chão em plena madrugada natalina. — Ele suspira.— Quando voltei para Seul, três dias depois, Jackson me conta sobre o acidente de carro. Eu chorei por um dia inteiro, pensei até em suicídio, mas eu precisava vê-la, então descobri que o enterro estava acontecendo naquele exato momento e eu corri pra lá. Roubei o carro de Youngjae e quase bati o carro duas vezes, quando cheguei, recebo a notícia de que na verdade Jimin estava internado pois quase morreu de overdose ao saber do falecimento da namorada. Eu acordei naquele túmulo, bêbado e em uma poça de lágrimas. Eunji me levou até o hospital em que Jimin estava mas ele não quis me ver, então eu acabei desabafando com Eunji e ela contou tudo ao Jimin, por isso ele me odeia tanto mas eu não me importava com isso pois tudo se foi quando você chegou. Ele me odiou, é claro, mas acabamos nos aproximando e então você apareceu e balançou tudo. Você não era Jungwa...— Uma lágrima escorreu em seu rosto, ele estava tremendo mas não conseguia olhar em meus olhos.— Você era doce mas eu consegui encontrar algo em você que eu não encontrei em Junghwa, honestidade. Ela não era honesta, ela era trapaceira e esperta demais para o mundo. Eu me encontrei obcecado por você… Eu estou obcecado por você como estava por Jungwa. Você não imagina quantas fotos, quantos quadros, quantas pinturas...— Ele suspira e então coloca sua mão em minha perna, mas eu a afasto.— Me dê uma nova chance, Mery.

Arregalo os olhos quando percebo que estamos tão perto.

— Vamos ter o que eu nunca tive, me queira também— Ele pede e então me afasto, mas ele se aproxima mais um pouco.— Não é pecado. Eu sei que você não me quer, mas eu não me importo. Eu desejo tanto você.

— Jaebum não...— E então ele prensa seus lábios contra os meus. Imediatamente o empurro e me levanto, assustada.— Vá a merda. Me deixe em paz.

E então corro até a porta, mas ele segura meu pulso com força e me força a voltar para trás.

— Me larga seu filho da puta. Você é um psicopata.— Digo, sentindo uma raiva em meu sangue.

— Porque não tentamos de novo?— Ele pergunta.— Jungwa eu sei que você ainda me deseja. — Pisco algumas vezes, confusa.— Você não me odeia Jungwa, você me ama.

Piso com força em seu pé e tento correr, mas sou jogada com força no chão. Sem poder sair e com ele em cima de mim, começo a chorar e a berrar por ajuda. Eu grito. Berro. Sinto minha garganta doer enquanto grito tanto, mas ele continua ali em cima de mim, me chamando de Jungwa.

— ME SOLTA!— Eu gritava, cada vez mais em desespero. Minhas mãos doíam tanto e estava tão frio.— SOCORRO!

E então, em meio as lágrimas ouço o som barulhento da porta de metal se chocando com a parede de tijolo. Jaebum é arrancado de cima de mim por Jimin que o chutava com toda força e então, enquanto eu me encolhia no chão de tão assustada, sinto mãos quentes em meus ombros e então um rapaz de cabelos negros e bochechas grandes me ajuda a levantar.

Eu nunca o vi antes, mas quando eu me levantei, ele me abraçou com força e me manteve aquecida e em segura. Eu não consegui me virar, mas conseguia ouvir os sons angustiantes dos socos e chutes que Jimin dava em Jaebum.

— Eu avisei, não avisei seu filho de uma puta.— Gritava Jimin com tanto ódio, eu nunca ouvi a voz dele daquele jeito tão alterada.— Eu vou acabar com você.

Depois daquilo, tudo o que consegui ouvir foi o som perturbador do disparo de um revólver. Rapidamente me viro com os olhos cobertos pelas lágrimas e encaro Jimin que continuava parado e de costas para mim enquanto Jaebum segurava um revólver em suas mãos.

Meu coração disparou mas eu não conseguia dizer nada, apenas encarava aquele revólver sendo apontado para Jimin. Não sabia o que havia acontecido, não sabia se Jimin estava bem, mas ele continuava em pé.

Ele estava bem? Ele levou um tiro? Eu não sei.

Mas Jaebum continuava segurando aquela coisa, ameaçando com os olhos e um revólver em suas mãos.                        

Jimin deu um passo para trás e pediu, com sua voz nervosa para que Jaebum jogasse aquilo fora, mas Jaebum não pareceu se importar com aquilo.

— Você não...— Ouço a voz de Jimin, ele tentava manter a calma eu percebi isso.

Eu estava tão apavorada, com tanto pânico que nenhuma lágrima caiu depois daquilo. Dou um, dois passos a frente e então os olhos de Jaebum se cruzam com os meus e Jimin se vira pra mim. Ele estava com medo, Jimin estava com medo e eu estava com medo por ele. Ele me pediu para sair dali com os olhos, implorou para que eu fosse embora mas eu não fui. Eu não poderia.

— Eu sou um monstro, não sou?— Jaebum começa a chorar, com seus olhos negros fixos em mim.— Jungwa… Eu sou um monstro?

Engulo o seco e então Jimin tenta tomar a arma de Jaebum, socando suas mãos e fazendo o revólver cair. Jimin chuta aquele troço para longe e se aproxima de Jaebum, percebendo só então que o mesmo havia retirado um canivete prateado da cintura.

— Jungwa...— Grita Jaebum e então tento andar, mas o rapaz desconhecido atrás de mim me puxa de volta.— Me desculpa.

Ele chorava enquanto olhava em minha direção, mas eu não o encarava. Estava desesperada, Jimin continuava ali e Jaebum continuava armado. Quem sabe o que mais ele tem.

— Jaebum, larga isso caralho.— Grita Jimin e então avança em cima de Jaebum novamente, fazendo o mesmo cair. Me largo do rapaz e corro para mais perto, mas paro quando percebo que um sangue começava a escorrer. Jimin é jogado pro lado por Jaebum que rapidamente se levanta e joga o canivete sujo de sangue no chão e caminha até o revolver no chão, o pegando e se aproximando da ponta do telhado e próximo ao Jimin.

Ele caminha até o corpo de Jimin e aponta o revólver para ele.

— Não...— Eu grito, entre lágrimas e Jaebum se vira pra mim e me encara. Jamais esquecerei o modo como ele me encarou.— Por favor, Jaebum. Não faça isso.

Ele continua ali parado, sério.

— Não faça isso, por favor. — Peço, sem forças para levantar.

E então, ele se afasta do Jimin e tudo o que eu penso é correr até lá e ver se ele está bem, mas permaneço observando o que Jaebum faria. Ele caminha em passos curtos e lentos até a ponta do telhado e de lá ele se vira para mim com os olhos brilhantes por conta das lágrimas. Observo ele movimentar os lábios, mas não consigo entender o que ele estava fazendo e então, ele recarregou o revólver e apontou para mim, mas lentamente vejo suas mãos se erguer e então ele mira em sua boca, colocando o bico do revólver em sua boca.

Não consigo me mexer, prendo minha respiração. Fecho os olhos já sabendo o que aconteceria e ouço o som do disparo, abro os olhos e vejo seus olhos se fecharem e logo depois seu corpo morto cair no telhado.

Grito pelo nome dele, mas já era. Desengonçada, me levanto e corro até a ponta e sinto minha garganta doer. Eu queria berrar, não parava de chorar.

Mais uma vez grito pelo nome dele, mas era tarde demais.

 


Notas Finais


Oi gente, desculpa não tá respondendo aos comentários.
Amanhã é a minha final de português e eu to mt nervosa pq eu preciso de 6 pra passar e tenho q estudar mt, por isso ando sem escrever ou responder aos comentários. Mas assim, amo vcs e prometo que irei responder todos os comentários desse cap, tudo bem?
ME PERDOE
Eu preciso mt passar nessa prova pra passar de ano, então me perdoe.

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PRÓXIMO CAP: 19/12
(Sim, quase uma semana pq eu preciso termina o cap 51 pra vcs e eu estou quase sem caps prontos, então me perdoe por demorar, juro q amo vcs)


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