História Between Fish and Kisses - Capítulo Único

Capítulo Único

por kyoongyeol

Baekhyun se sente congelar quando ouve as palavras da professora saindo de sua boca. Ele levanta a cabeça do caderno onde estava fazendo suas anotações e foca sua atenção ao discurso ainda em andamento.

— Sim, exatamente o que ouviram. O seminário que eu tinha passado sobre o sistema reprodutor de seres da vida marinha agora vai ser apresentado para um número maior de gente. Em vez de ser apenas nessa turma, iremos contar com alguns professores e alunos de outros períodos.

Imediatamente a professora é bombardeada com perguntas sobre a nova dinâmica do trabalho. Enquanto isso, Baekhyun se afunda na cadeira esperando que seja algum tipo de brincadeira, mas conforme seu grupo se reúne à sua volta falando o que quer que seja, ele percebe que aquilo não vai passar, que sim, ele vai ter que ir à frente de um auditório lotado e apresentar sua pesquisa.

Ser o centro das atenções nunca foi algo que o deixasse feliz, ele prefere se manter por trás de livros e anotações ou até mesmo ir até o local onde precisasse fazer suas observações. Ser biólogo sempre foi seu sonho, mas aprendeu na faculdade que nem sempre podia ficar escondido por conta de suas inseguranças. Baekhyun não tem exatamente problemas em fazer amizades, manter diálogos, conversas pessoais são ok, sua dificuldade maior vinha nessas situações acadêmicas ou onde muitos olhos viram-se para ele.

O trabalho tinha sido tão proveitoso, um verdadeiro sonho, até mesmo tinham conseguido visitar algumas vezes uma  base de apoio de um grande projeto focado no meio ambiente marinho. Durante esses dias, tinham ido além do que os livros e artigos lhes proporcionaram, ali ele teve ainda mais certeza da carreira que tinha escolhido. Só que, claro, agora viria a parte complicada da apresentação, não é como se ele nunca tivesse participado de um seminário, mas seria completamente diferente dessa vez.

Baekhyun começa a se mexer nervosamente na cadeira, tentando pensar em uma estratégia de se sair dessa, até que ele é sacudido no ombro e uma voz insistente o traz à realidade.

— Baekhyun! — Jongdae o chama de novo.

Ele balança a cabeça, livrando-se dos pensamentos e se volta para os amigos que agora o encaram estranho.

— Você está bem? — Minseok pergunta, provavelmente percebendo seu desespero.

— Como eu vou estar bem? Como é que eu vou pra frente daquele monte de gente apresentar esse trabalho?

— Caramba, Baek. Você sabe esse conteúdo como ninguém, não tem porque ficar nervoso — é a vez de Sehun se manifestar, antes de ajeitar o óculos que tinha caído na ponta do nariz.

— Eu vou perguntar pra ela se todos precisam apresentar. — Ele tenta se levantar, mas logo é puxado de volta para a cadeira por Jongdae.

— Você enlouqueceu?

Baekhyun geme sabendo que realmente não teria coragem de perguntar aquilo para ela.

— Algum problema, Baekhyun? — a professora pergunta se aproximando e percebendo a movimentação em seu grupo.

Ele fica sem fala por um momento. Sehun solta uma risadinha, fazendo o outro lhe encarar sério.

— Hmm, eu só ia levantar para perguntar se a data de apresentação ainda será a mesma.

— Ah, sim. Muito bem lembrado. — Ela se volta para a sala. — Sim, a data ainda será a mesma. Espero vocês na próxima semana para a apresentação, estou ansiosa.

Depois disso, não demora muito para que a aula termine. Graças a Deus, já é sua última de uma sexta-feira, o que também é seu dia de folga do trabalho, e ele pode ir para casa surtar sem seus amigos dizendo que ele está exagerando. Eles terminam de organizar seus materiais e saem da sala. Normalmente os quatro vão juntos para o mesmo ponto de ônibus, mas assim que eles viram na esquina da saída da faculdade, percebem o alvoroço na entrada e na mesma hora Baekhyun sabe quem está ali quando nota a motocicleta, apesar de seu dono ainda estar de capacete.

— Aquele ali não é…

—  Sim —  Baekhyun interrompe Jongdae.

— Esse sabe como chegar com estilo — Sehun dá uns passos adiante tentando obter uma visão melhor.

Essa é uma das coisas estranhas na vida de Baekhyun, mesmo que ele esteja sempre fugindo de chamar atenção, ele namora com o cara que mais chama atenção que ele conhece no mundo. Chanyeol nem precisa abrir a boca para fazer as cabeças se virarem em sua direção, ele é lindo, alto, com um sorriso brilhante e de alguma forma tinha se interessado por ele quando se conheceram no ensino médio depois que o maior foi transferido para sua escola. Aquela também foi a primeira vez que Baekhyun quis ser o centro das atenções, ele queria que Chanyeol olhasse para ele e só para ele. Tinha se metido em tantas confusões ridículas na tentativa de lidar com sua timidez e insegurança… Mas também não é como se só ele tivesse ficado correndo atrás, seu agora namorado tinha se aproximado aos poucos cheio de brincadeiras e inventando desculpas para estar perto dele, coisas que Baekhyun só entendeu depois que já significavam seu interesse por ele. E ali estão os dois, ainda juntos, ainda completamente apaixonados.

Chegando mais perto, Baekhyun revira os olhos, mas acaba deixando um sorriso escapar quando Chanyeol retira o capacete como uma espécie de modelo em um desses comerciais.

— O que você está fazendo aqui, hein?

Eles não estudam na mesma faculdade, então não é como se vivessem se encontrando.

Chanyeol o puxa pela cintura, acabando com a distância entre os dois, e deixa um beijo na boquinha rosada.

— Vim buscar você, é claro.

— Eu não vou subir nessa sua moto ridícula.

Seu namorado faz cara de magoado.

— Não fale assim da Jung In, vai ferir seus sentimentos.

— Pelo amor de Deus. — Ele revira os olhos novamente. — Vá pra casa, eu vou pegar o ônibus com os meninos.

Atrás dele, seus amigos acenam para Chanyeol em cumprimento e ganham um de volta.

— Você vai recusar o conforto da minha bebê por um ônibus lotado?

Baekhyun começa a pensar na uma hora e meia que ele passaria até chegar em casa em um transporte cheio. De repente já está se virando e indo até os três amigos o esperando.

— Ele veio me buscar, dessa vez não vou com vocês.

— Surpresa se você fosse — Sehun responde malcriado, mas dá um sorriso cúmplice para o amigo. — Até segunda, então.

— Até.

Os três trocam abraços rápidos em despedida e Baekhyun volta para o namorado o esperando.

— Vamos? — pergunta. Chanyeol concorda e lhe entrega o capacete. Esperando que o namorado termine de se arrumar, ele coloca o seu também e volta a ligar a moto. Em pouco tempo ele sente o peso de Baekhyun e o abraço apertado em volta de sua cintura.

O menor tinha odiado a ideia de comprar uma moto, mas sabia a paixão de Chanyeol por elas desde que se conheceram. Seu pai é um mecânico aposentado e tinha lhe apresentado o amor pelos automóveis e ciclomotores desde criança, não é como se ele pudesse ter fugido disso. Passou anos juntando dinheiro dos trabalhos de meio período até que finalmente conseguisse comprar sua tão sonhada “Jung In”.

— Eu odeio você por me obrigar a isso — diz Baekhyun antes de começar a sentir a moto se movimentar.

— Você me ama tanto, isso sim.

E ele não pode deixar de sorrir, apesar da irritação. Não era mentira afinal de contas.

[...]

Chanyeol soube que havia algo de errado com Baekhyun no momento que pôs os olhos nele, percebeu o outro mais tenso e mesmo sorrindo havia aquele vinco constante entre a sobrancelhas indicando sua preocupação. Então é por isso que assim que eles passam pela porta do apartamento, o maior está puxando-o para os braços e lhe deixando um beijo na testa.

Baekhyun suspira e se aconchega ainda mais ali, por um momento nenhum dos dois fala nada, apenas sentindo a respiração um do outro. Chanyeol é o primeiro a quebrar o silêncio, mas ele continua o abraçando fazendo carinho em suas costas.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sabe aquele trabalho da cadeira de Fisiologia?

— O que vocês vão ter que falar sobre o pau dos peixes?

Baekhyun aproveita a proximidade para dar um beliscão no namorado e bem onde ele sabe que o outro é sensível, logo abaixo das costelas. Claro que fez Chanyeol gritar de dor e se afastar para passar a mão no local.

— Você quer parar com isso? Eu já expliquei que é um trabalho sobre reprodução e é óbvio que a anatomia está no meio. Supere isso, você não é uma criança de 14 anos que não pode ouvir a palavra ‘pênis’, e nem é essa a palavra certa.

— Isso doeu, Baekhyun!

— Supere isso também. — Revira os olhos.

— O que aconteceu com o trabalho? — pergunta se sentando na beira da cama e puxando Baekhyun pela cintura para perto de si. O outro começa a acariciar as madeixas escuras, claro que não ficou realmente chateado com a brincadeira besta de Chanyeol, é apenas sua maneira boba de deixar o clima mais leve.

Então ele explica tudo que tinha acontecido durante a aula, a mudança da apresentação, seus sentimentos quanto a isso e a todo instante tem um Chanyeol concentrado em cada fala sua.

— Eu não quero estragar tudo, Chan — fala fazendo um beicinho. — Eu odeio ser inseguro.

— Ei, você vai conseguir lidar com isso, tudo bem? Você não está fazendo o trabalho sozinho, Baek. — Dá um aperto tranquilizador em sua cintura. — Seus amigos vão estar lá e vocês podem se ajudar, foi algo em conjunto. Fora que eu também vou assistir sua apresentação, qualquer coisa você olha pra mim, ok?

— Você não tem aula nesse dia?

— Faltar um dia não vai fazer eu morrer.

— Mas, Chan…

— Foque em você. E sabe o que você pode fazer também? — Dá um daqueles seus sorrisos travessos.

— O quê? — pergunta, já tentando imaginar a próxima brincadeira que vai sair sair de sua boca.

— Nunca ouviu que para ficar menos nervoso você tem que imaginar todos à sua frente pelados?

Baekhyun faz uma cara de nojo.

— Eu não sei se quero imaginar qualquer um dos professores pelados.

Tarde demais, agora a imagem veio à sua cabeça e não quer sair. Chanyeol cai na gargalhada quando percebe sua careta.

— Esse é o ponto, a situação é tão ridícula que o nervosismo é esquecido.

— Ah!

— O quê?

— Se você for até lá e eu focar em você não vai ser tão ridículo assim — diz, dando um sorrisinho brincalhão e fazendo carinho na nuca do namorado.

Entendendo onde ele quer chegar, Chanyeol retribui o sorriso e o puxa para que se sente em seu colo.

— É? — indaga já pertinho da sua boca. — E o que você vai sentir? — Baekhyun tenta beijá-lo, mas ele se afasta para o torturar. — Responda.

— Mais como não conseguir me concentrar?

— Sim?

— Aham.

Chanyeol se aproxima de novo, dessa vez da sua orelha, e roça seus lábios ali.

— Vou fazer uma surpresa para você no dia.

Mesmo com os arrepios tomando conta de seu corpo, Baekhyun chega um pouquinho para trás e o encara sério.

— Por tudo que é de mais sagrado, evite que eu passe algum mico com você.

— Jamais faria isso com você. Eu sou um anjo — Faz-se de ofendido. — Até parece que não me conhece.

— É justamente porque eu te conheço que sei que você faria alguma loucura. — Baekhyun deixa um selinho na boca bonita e se levanta de seu colo para seguir em direção ao banheiro. — Eu vou tomar banho.

Chanyeol fica animado.

— Posso ir junto?

Baekhyun dá uma paradinha na porta e se volta com um sorriso brincando nos lábios.

— O que você está esperando?

Desestressar no banho nunca tinha sido tão divertido.

[...]

Quando o meio da outra semana chega, Chanyeol é arrastado para o último ensaio do grupo de Baekhyun antes do seminário. Ele vai feliz em poder ajudar, apesar de não entender muito do assunto já que totalmente não é sua área considerando que ele faz faculdade de Engenharia Mecânica. Está ali mais para passar confiança para o seu namorado e tentar deixar o clima mais leve, Baekhyun tem ficado super estressado esses últimos dias e ele tem feito o que pode para fazê-lo relaxar.

Todos os grupos ganharam o direito de ensaiarem no auditório no horário contrário à aula e Baekhyun implorou para que Chanyeol fosse junto e assim desse sua opinião sobre como eles estão indo. Ele não diria não. Então os dois conseguiram trocar seus dias de folga do trabalho para a quarta para que pudessem ir sem problemas.

Eles entram de mãos dadas no local para encontrarem os garotos já os esperando.

— Até que enfim vocês chegaram. Pensei que teria que mandar os bombeiros na casa de vocês, se é que me entendem. — Sehun dá uma piscadela.

Seu amigo às vezes o lembra Chanyeol, você simplesmente não sabe o que vai sair de sua boca e ele pouco se importa em tentar esconder suas piadas.

— Você é tão engraçado — Baekhyun comenta sendo irônico. Ele se volta para os outros dois, que estão tentando conter o riso, e aponta o dedo para eles. — Nem comecem.

— O quê? A gente não fez nada. — Minseok levanta as mãos em rendição.

Enquanto isso, Jongdae aponta para o slide projetado.

— A gente já arrumou tudo, só falta ensaiar mesmo.

Ele aperta a mão de Chanyeol mais forte. Seu namorado sente a pressão e caminha até estar a sua frente.

— Bebê, está tudo bem. Eu vou estar bem aqui. — Aponta para uma das cadeiras da primeira fila. — No dia vai ser a mesma coisa. E mesmo que eu não estivesse, você é completamente capaz de se sair bem nisso.

Baekhyun respira fundo e sorri para Chanyeol. Ele é tão apaixonado por esse homem, nunca imaginou seu crush da escola chegaria ao que eles são hoje. Antes que se afastem, o menor fica na ponta dos pés e passa os braços em volta do pescoço do outro, puxando-o para um beijo. Chanyeol o abraça e solta um gemidinho contra os lábios que o deixam louco. É só quando os outros começam a tossir incontrolavelmente que eles se dão conta da cena que devem estar protagonizando. Há um último selinho antes de se afastarem e cada um ir para o seu lugar.

— Eu deveria ter trazido meu namorado também — Sehun diz enquanto eles sobem para o palco.

Uma onda de risadas se segue, deixando o mais novo com uma cara irritada.

— Quem é o coitado? — Jongdae brinca.

— Desculpa, eu ouvi sortudo? Vocês logo vão saber.

Eles se posicionam na ordem de apresentação e começam a seguir o roteiro que tinham preparado. Baekhyun é o primeiro a falar sobre as visitas à base de apoio, a escolha das espécies de peixe que iriam focar e como tinham sido feitas as pesquisas.  Assim que ele termina essa parte, e Sehun está prestes a dar início a sua, Chanyeol se levanta da cadeira e inicia uma série de aplausos com o maior sorriso do mundo estampado no rosto.

— Você foi incrível, amor.

Isso deixa Baekhyun totalmente envergonhado, mas ele não pode deixar de sorrir com a empolgação do outro.

— Deus, vocês dois são ridículos. — Sehun bufa.

Chanyeol não se importa com a malcriação, ele manda um beijo para o namorado e volta a se sentar. Mesmo não sendo sua área, ele realmente fica entretido no assunto, metendo-se uma vez ou outra para fazer alguns comentários espertinhos e perguntas que ajudam os meninos a deixarem o conteúdo ainda mais claro. Quando a apresentação volta para Baekhyun e este se dedica à anatomia do sistema reprodutor das espécies das quais eles estão falando, as risadinhas começam como se ele estivesse explicando isso para algum adolescente. Em algum momento ele para e o encara sério.

— Com licença, você quer parar com isso?

— Desculpa, eu não sabia que ia ser tão divertido.

— Estamos falando de peixes, Chanyeol. — Tenta entender onde está a diversão nisso.

— Não estrague tudo, continue.

— Eu vou fingir que nem te conheço se você fizer isso no dia.

Chanyeol apenas faz um sinal com a mão como se não ligasse. Só que ele fica em silêncio por muito tempo, assim que Minseok explica que os peixes-palhaços são hermafroditas e há a possibilidade dos machos se tornarem em fêmeas para se reproduzirem, ele acha que é um bom momento para se meter novamente.

— Espera aí, então quer dizer que o pai do Nemo poderia ter virado fêmea?

— Sua mente… — Sehun passa a mão nas têmporas.

— Amor, não vamos falar do Nemo aqui.

— Mas ele é um peixe.

— Só não, tá bom?

Ele faz um biquinho, completamente frustrado de não receber sua resposta. Depois dali, ele resolve ficar quieto até o final. Quando tudo termina, os meninos soltam um suspiro de alívio, Baekhyun lhe encara com expectativa, Sehun se senta na beira do palco enquanto Minseok e Jongdae começam a cochichar alguma coisa apenas entre os dois.

— Então, o que você achou?

— Vocês deviam falar sobre o pai do Nemo.

— Chanyeol…

— Apenas brincando. Bom, eu realmente gostei. Pensei que ia ficar entediado, mas até para quem não é da área o assunto está sendo passado da melhor forma possível. Pelo menos eu achei.

— E o slide? — Jongdae pergunta dessa vez. — Você acha que a gente deve mudar algo?

— Cara, está incrível. Sério. Eu tenho uma professora que é muito chata com slides, e tenho certeza que até ela iria babar nesse de vocês.

Os meninos continuam fazendo perguntas específicas a Chanyeol sobre o que ele viu e, deixando toda as brincadeiras de lado, ele responde sinceramente. Percebe ali 4 pessoas extremamente interessadas e apaixonadas pelo que estudam, que estão fazendo o seu melhor nesse trabalho. Ele pode até conviver só com um deles diariamente, mas é como se conhecesse os outros de tanto seu namorado falar sobre os amigo, sabe que não é apenas Baekhyun que deve estar nervoso com isso, mas eles estão lidando com tudo como um grupo. Seu namorado desce do palco para se aconchegar em seus braços com um sorriso feliz e ele sabe que faria de tudo para mantê-lo assim.

Mais tarde naquele mesmo dia, quando é a lua que está no alto do céu, o casal se abraça contra os lençóis macios, cansados do longo dia. Chanyeol penteia os fios do cabelo escuro de Baekhyun caídos sobre os olhos sonolentos, seu dedo indicador desce pela ponte do nariz até chegar aos lábios entreabertos.

— Obrigado por hoje — o menor agradece enquanto sente o carinho.

— Sempre com você, bebê.

Baekhyun sobe sobre os quadris de Chanyeol, ficando com o rosto à altura do seu, e se delicia ao iniciar um beijo que deixa os dois sem fôlego.                                           

—  Deus, se eu não estivesse tão cansado... As coisas que eu faria com você, Park Chanyeol —  geme contra sua boca.

Seu namorado desce as grandes mãos pela lateral de seu corpo até que estejam segurando seu bumbum, pressionando os quadris ainda mais juntos.

— Temos todos os dias pela frente para nos amarmos.

Eles continuam se beijando em uma lentidão quase torturante até que Baekhyun volta para o seu lado da cama, mas continua abraçado ao outro, com a perna jogada em sua cintura.

—  Eu te amo — ele diz baixinho.

—  Eu também te amo. Ah, amanhã não marque compromisso com ninguém à noite, irei te levar para um local especial depois do serviço.

Chanyeol pode sentir o sorriso reverberar contra o seu peito.

— Você está cheio de surpresas esses dias.

— Você ainda não viu nada.

[...]

Baekhyun está se despedindo do último cachorrinho na clínica veterinária onde trabalha quando escuta o som de um carro estacionando na porta. Ele se levanta para ir até a entrada, rezando para não ser nada urgente ou acabaria se atrasando para o seu encontro com Chanyeol. Sua maior surpresa é perceber que aquilo na verdade é um uber e quem está saindo de lá é o próprio Chanyeol.

— Nada de Jung In hoje?

— Dei uma folga a ela.

Outra coisa que ele está acostumado é a vê-lo chegar em casa com seu macacão, sempre amarrado na cintura, sujo de graxa por conta do trabalho na oficina mecânica e uma de suas costumeiras regatas. Não que ele estivesse esperando que o namorado fosse aparecer todo sujo, mas também não contava que ele fosse estar ali que nem um modelo saído direto de um catálogo de moda com direito até a gel no cabelo escuro que normalmente ele não se importa em deixar bagunçado.

— Se eu soubesse que você ia aparecer aqui assim eu tinha ido em casa primeiro — diz enquanto o outro para em sua frente.

— Assim como? — Chanyeol segura na cintura de Baekhyun e deixa um beijo rápido em sua boca como cumprimento.

Os dois entram na clínica e o estudante começa a recolher suas coisas para ir embora.

— Eu estou me sentindo ridículo em ter que sair direto do serviço para um encontro enquanto você está vestido assim.

— Eu só fiz isso porque estava fedendo, Baek. Realmente não se preocupe, você está perfeito.

— Para onde vamos?

— Você já vai saber.

Mesmo contrariado, Baekhyun recolhe seu casaco e se despede dos outros funcionários antes de seguir Chanyeol para fora. O uber ainda está os esperando na avenida, os dois entram no carro e o motorista dá a partida.

Talvez por nunca ter iniciado o caminho a partir dali Baekhyun não o reconheceu de cara, mas assim que chegam na rua foi impossível não abrir o sorriso ao perceber onde o namorado está o levando, ao Coex Aquarium. Aquele tinha sido o local do primeiro encontro deles no ensino médio, Chanyeol ficou sabendo do seu amor pela vida marinha e assim como hoje fez uma surpresa o levando até ali depois gastar o dinheiro da sua mesada com os ingressos. Foi a coisa mais especial que alguém já fez no mundo para ele.

— Eu não acredito que você fez isso.

O maior passa o braço em volta de seus ombros e o puxa para perto.

— Vamos ter uma noite só nossa, amor.

E assim como a primeira vez, essa também é extremamente especial. Eles visitam cada parte do aquário com os olhos brilhando, sem deixar os sorrisos saírem de seus lábios. Baekhyun não para de falar empolgado sobre cada espécie que ele conhece e Chanyeol escuta totalmente interessado. Tiram várias fotos juntos para deixarem de recordação e inclusive imitam algumas poses das fotos antigas da primeira visita.

Chanyeol corre para o aquário quando vê o cardume de peixes-palhaços.

— Olha, talvez o Nemo esteja aqui.

— Às vezes eu acho que você é mais apaixonado pelo Nemo do que por mim.

— Ew, não. — Chanyeol se afasta um pouquinho para voltar para o lado do namorado. — Mas o nome do nosso filho vai ser Nemo.

— Nos seus sonhos.

O encontro os leva para pizzaria favorita dos dois, dessa vez não é preciso de uber já que o local é perto o suficiente para irem andando. Eles aproveitam o clima agradável para se sentarem na varanda do estabelecimento e usufruírem da noite bonita à frente deles. Quando a Sra. Song, dona da pizzaria, fica sabendo da entrada dos dois, ela em pessoa vai anotar seus pedidos e os cuprimentar.

— É tão bom ver vocês aqui! — O casal se levanta para receber o abraço sempre caloroso da dona da cantina italiana.

Eles conhecem o local há um longo tempo e acabaram criando intimidade com todo mundo que trabalha ali. Em seus dias de escola já chegaram até matarem aula para fugirem até ali.

— A gente tem andado tão ocupado com faculdade e trabalho… Como a senhora está? — Chanyeol pergunta com real interesse.

— Continuo aqui, cuidando das minhas coisinhas. Sabiam que a minha nora está grávida? Eu estou tão feliz.

— Oh, meu Deus! — Baekhyun corre para abraçá-la de novo. — Parabéns, Sra. Song!

Ela tem o sorriso mais feliz do mundo no rosto e eles sabem o quanto ela desejou por tantos anos ter um netinho, mas por conta de problemas de saúde, seu filho nunca tinha conseguido ter um filho até aquele momento.

— E vocês dois? Quando vão trazer uma criança para eu mimar?

Os dois se olham e sorriem, desejam bastante aquilo, mas claramente não é o momento.

— Em breve, Sra. Song. Em breve — Chanyeol responde como sempre.

Ela chama um dos garçons para levar os pedidos deles e continua conversando até que ele chegue. Depois disso eles ficam a sós e, com as pizzas e bebidas servidas, é hora de mostrar quão fundo seus estômagos são.

Após tantos anos juntos, era de se esperar que os dois estivessem acostumados com os gostos um do outro, mas ver Baekhyun comendo uma pizza de abacaxi com tanta vontade faz Chanyeol sentir a barriga revirar.

— Pelo amor de Deus, como você consegue comer isso? — Faz uma cara de desgosto.

— O quê? — pergunta com a bochecha cheia. — Como você não consegue comer? É uma delícia.

— Isso é horrível, Baek. Doce e salgado não se misturam.

Baekhyun se inclina para frente para que ninguém possa ouvir o que tem a dizer.

— Você não parecia achar isso quando estava experimentando chantilly direito no meu p…

— Oh, jura que você quer falar disso justo aqui?

— Você é o primeiro a falar besteira em qualquer momento do dia.

— Bom, se você quiser que todas as pessoas vejam eu saindo daqui com o pau duro, então continue falando daquele dia.

Imaginar seu namorado naquela situação não fez nada bem para ele, porque agora tudo que ele quer é terminar logo essa pizza e ir para casa para continuarem o assunto.

— Você está pensando nisso? — Chanyeol o encara com as sobrancelhas franzidas.

— Pare!

— Sim, você está! — Dá uma daquelas suas risadas altas, chamando atenção de algumas pessoas do lado.

Baekhyun volta a comer sua pizza fingindo que nada está acontecendo, mesmo que na realidade esteja sentindo os apertos em seu baixo-ventre se iniciando.

— Isso está bom, né?

É vez de Chanyeol se inclinar para frente e sussurrar.

— Que tal a gente pedir para embrulharem essas pizzas para levarmos para casa?

Ele não pensa duas vezes em aceitar a oferta, logo eles estão se despedindo de todo mundo e chamando um táxi na esquina. O casal agradece aos céus pelo trânsito contribuir com eles naquela noite e motorista saber andar por Seul sem precisar seguir apenas as avenidas principais.

Toda essa correria para irem para casa faz Baekhyun lembrar de quando ficaram juntos pela primeira vez, a quase inexperiência nos toques, as risadas, mas o quanto foi maravilhoso descobrirem o que cada um gostava conforme se conheciam. Ele leva a mão entrelaçada à sua até os lábios e deixa beijos carinhosos contra o dorso, fazendo Chanyeol sorrir, apaixonado.

Algum tempo depois, eles descem do táxi e entram no prédio acenando para porteiro no caminho. Se fosse por Chanyeol, eles já estariam sem roupa assim que a porta do apartamento se fecha atrás deles — considerando os beijos e mãos bobas no elevador —, mas Baekhyun coloca um espaço entre os dois apesar da enorme vontade de se jogar em seus braços.

— Eu preciso de um banho antes.

— Baek… — Tenta chegar perto de novo, mas mais uma vez é afastado.

— Não. É sério. Espere um pouco.

Chanyeol faz um biquinho contrariado, mas se joga no sofá e pega o controle para ligar a televisão.

— Eu namoro uma criança. — Baekhyun balança a cabeça e revira os olhos antes de ir para o quarto do casal. Retira toda a roupa e joga no balde de peças sujas e assim, completamente nu, segue para o banheiro.

Conhecendo o namorado como ele conhece, Baekhyun deveria saber que ele não ia ficar quieto coisa nenhuma, porque assim que está se ensaboando, escuta a porta abrindo e pelo vidro embaçado do box é possível vê-lo se aproximando.

— Você é realmente impossível — repreende, mas dessa vez não faz nada para afastá-lo, na verdade ele totalmente aprecia a visão diante de si já que o outro também tinha tirado as vestes antes de ir até ali.

Chanyeol sorri baixinho e entra no banho junto a ele, suas mãos vão diretamente para suas costas, acariciando-as de cima a baixo e deixando Baekhyun suspirando, o sabonete é completamente esquecido no chão. As bocas se encontram em um beijo lento e provocativo, os corpos procuram um ao outro cheios de desejo.

Baekhyun empurra Chanyeol contra a parede e se delicia com os gemidos que ouve ao ir de encontro ao seu pescoço. Sua boca faz maravilhas com pequenos chupões e mordidas na área sensível, ele desce pela clavícula até chegar ao peito largo exposto diante de si. Deus, ele ama cada parte daquele corpo incrível, e saber que os gemidos que ele está escutando são por sua causa só faz com que Baekhyun fique cada vez mais excitado.

— Você ainda tem algum sabonete em seu corpo? — Chanyeol pergunta, de repente.

— Provavelmente.

Então, abraçando-o, ele o leva de volta para debaixo do chuveiro e o ajuda a tirar tudo que ainda resta, o que significa continuar acariciando seu corpo em cada lugar possível. Não é a toa que precise levar Baekhyun carregado para o quarto por conta de suas pernas bambas.

Eles realmente não ligam para o fato de estarem molhados quando se jogam juntos na cama, tudo que eles precisam agora é continuar o que começaram no banheiro. Chanyeol se deita sobre Baekhyun e os dois soltam gemidos quando suas intimidades entram em contato. O menor segue caminho com suas unhas curtas pelas costas do namorado até chegar ao seu bumbum, ali ele o aperta e abre suas pernas para acomodá-lo melhor.

— Baekhyun… — Chanyeol geme.

— Por favor, eu preciso de você.

— Eu também preciso de você, bebê.

Chanyeol se afasta um pouco e segura os dois pênis na mão, bombeando-os juntos. Baekhyun suspira e arqueia as costas, jogando a cabeça para trás.

— Tão bom.

— Eu vou enlouquecer aqui, Baek.

— Pegue o lubrificante, eu não aguento mais esperar.

Obedecendo, Chanyeol se estica até gaveta ao lado da cama e pega o potinho transparente.

— Como vamos fazer isso hoje?

Posições sexuais nunca foi algo definidos entre dois, às vezes eles precisavam perguntar antes, às vezes iam no calor do momento e eles simplesmente sabiam. Os dois já tinham passado, há muito tempo, da época que foi estranho falar disso.

— Deite-se — Baekhyun pede e retira o potinho de sua mão.

Chanyeol segue o pedido com um sorriso de lado. O menor então se senta em cima de seus quadris e abre o recipiente para que possa melar os dedos com ele. Ali, na frente do outro, ele começa a se tocar e se preparar para recebê-lo.

— Tão gostoso.

— As coisas vão ficar ainda melhores, amor — Baekhyun diz antes de lentamente ir colocando o pênis de Chanyeol dentro de si.

Os dois gemem alto e aos poucos vão aumentando os movimentos dos quadris. Só que Chanyeol não se contenta com tão pouco contato físico, ele se senta e abraça Baekhyun, colocando o rosto em seu pescoço.

Os corpos suados vão se tornando cada vez mais necessitados, suas mentes ficam nubladas de prazer, eles podem sentir o exato momento que o orgasmo começa a chegar e aquela posição parece não se tornar o suficiente. Chanyeol se deita de volta puxando Baekhyun contra si e os dois rolam na cama, ali é como se ele fosse cada vez mais fundo até que chegarem ao clímax.

O casal continua abraçado e sem fôlego por um longo tempo antes de resolverem se afastar. Baekhyun se apoia no cotovelo e olha para o namorado que está com os cabelos completamente bagunçados ao seu lado.

— Acho que agora é uma boa hora de continuar aquela pizza — fala e os dois caem na gargalhada.

Hmm, por que não?

[...]

E o dia da apresentação do trabalho finalmente chega, Baekhyun tinha conseguido esquecer isso durante a noite passada, mas agora ele está nos nervos de novo. Para melhorar, tinha acordado sozinho na cama, com apenas um recado de Chanyeol dizendo que precisaria passar rapidinho na faculdade antes de se encontrar com ele. Provavelmente acabaria chegando atrasado e não o veria.

Já está em mais da metade do trabalho do grupo que fala sobre tartarugas-marinhas e o seu é o próximo quando ele finalmente chega usando um casaco comprido azul escuro. Baekhyun franze o cenho porque nunca viu ele usando aquilo antes e também porque não precisa de casaco ali dentro. Chanyeol se aproxima e segura em seu braço.

— Vem comigo rapidinho.

— Mas já vai começar.

— É rápido, confia em mim.

Ele acena para os meninos avisando que já volta e segue Chanyeol para fora do auditório. Os dois vão até o banheiro ao lado e seu namorado continua o puxando até que eles estejam dentro de uma das cabines privadas.

— O que aconteceu?

— Se lembra quando eu disse que caso você se sinta muito nervoso é só imaginar todo mundo pelado?

Baekhyun o encara dos pés à cabeça.

— Oh, não… Você não fez isso.

— Sim, eu fiz — diz, desfazendo a fivela de seu casaco comprido. Então ali ele está totalmente nu.

— Você surtou? Vai pra casa agora!

— Não vou até terminar sua apresentação.

— Chanyeol!

— Você vai se lembrar disso. — Aponta para o seu corpo. — E mal vai ter tempo de ficar nervoso.

— Eu estou nervoso agora caso te peguem.

— O único que vai me pegar aqui é você. Vamos, você não pode se atrasar. — Ele fecha de novo o sobretudo.

Baekhyun então olha para o relógio no pulso e percebe que faltam 5 minutos do outro grupo. Ele não tem mais tempo de ficar discutindo com Chanyeol ali.

— Sério, às vezes eu acho que falta um parafuso em você.

Eles saem do banheiro e voltam para o auditório. Baekhyun tinha guardado um lugar para Chanyeol, então ele se senta e espera a apresentação começar.

Quando os quatro sobem no palco, Baekhyun respira fundo ao ver toda aquela gente, então escuta Chanyeol tossindo e chamando sua atenção bem ali à sua frente. Ele dá um leve aceno e cruzas as pernas, fazendo-o rir quando percebe o pedaço de pele que aparece com o movimento. A partir dali eles começam a falar o que tinham preparado e seja o que Deus quiser.

Acontece que, no final, acaba dando muito certo, porque a professora gosta tanto que chama o grupo deles para se apresentarem na Semana de Biologia, o que obviamente deixa Baekhyun nervoso também, mas isso é assunto para uma outra história.