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Eram quase sete horas da noite, e Tsukki acabara de tomar banho. Estava deitado em sua cama, trocando mensagens com Yamaguchi. O corpo despojado na cama de forma confortável, vagando o olhar entre o celular e o teto, totalmente perdido em pensamento sobre um pouco de tudo. Ele, Tadashi, e claro eles. Era tudo tão novo que até ele se surpreendia, e jamais poderia dizer que era um fato ruim.
O dia fora calmo, se não fosse pela saudade que já sentia do outro. Era estranho para ele sentir algo assim, mas bastante satisfatório, ao mesmo tempo. Sentimentos que ele descobria agora e não era capaz de querer deixar sensações como aquelas de lado. Ele estava passando por uma nova fase dentro da sua vida, e por uma das primeiras vezes, ele gostava dela. Toda sua situação como o novo –e primeiro, vale ressaltar- namoro, a diversidade de acontecimentos, contando as circunstâncias de que esperava para suas férias.
Ele estava perdido entre pensamentos e mensagens graciosas que mandava e recebia do namorado, quando uma nova notificação chegou:
Suga: “Olá, Kei! Tudo bem?” _18:10
Suga: “Agora já pode me falar no que precisa da minha ajuda. O que quer fazer para o Yamaguchi?” _18:10
“Ah, claro!” Ele pensou depois de se recordar o que precisava tratar com o Sugawara. Não que tivesse esquecido, pelo contrário, passou o dia todo pensando no assunto, mas se desmotivou a achar um jeito de ter contato com o outro e poder compartilhar o que queria com o mesmo.
Um sorriso se fez em seu rosto ao entrar na conversa com o número novo. Deixando Yama “de lado”, digitando algo empolgadamente sem fim, e viu Suga online, e tratou logo de respondê-lo.
Tsukki: “Boa noite, Koushi! Eu preciso que você me confirme a data de aniversário do Tadashi.” _18:13
Tsukki: “Não quero perguntar para ele pra não dar a entender que não lembro. Eu só não quero errar o dia, há tempos não falamos sobre isso.” _18:13
Do outro lado da tela, Suga se encontrava surpreso. Os olhos castanhos âmbar passavam pela tela de bate-papo. “Mas que diabos ele está pensando?” ele pensou confuso. Era inusitado que o Tsukishima fizesse tanto suspense apenas em saber a data de aniversário do namorado.
Suga: “Dia 10 de novembro.” _18:14
Suga: “Kei, eu acho que não tô entendendo onde você quer chegar com isso.” _18:15
Não demorou muito pro Tsukishima o responder novamente. Sem perder tempo ele entrou na conversa. O que viu o deixara ainda mais surpreso, tanto pela agilidade, quanto pelo que escrevera.
Tsukki: “É muito arriscado montar uma festa de aniversário surpresa em 10 dias?” _18:16
Na casa de Koushi, a sua reação era impossível de esconder. Os olhos arregalados releram a mensagem e ele firmou as mãos sobre o celular, deixando escapar um sussurro:
-Tá brincando comigo?!
-O que foi? -Daichi perguntou preocupado, deixando se lavar a louça pós jantar do casal. Estava próximo o suficiente para que o ouvisse. Olhou para o platinado ainda sentado à mesa com um rosto expresso de surpresa. “Agora pirou de vez?!” ele pensou vendo-o olhar sem nem piscar o dispositivo em suas mãos e mover os lábios em silêncio.
O noivo logo lhe mostrou a conversa e, o Sawamura lhe deu um toque para que ele voltasse a realidade e respondesse o loiro, que ficara no “vácuo” por minutos.
Suga: “Tá falando sério? Seria ótimo, tem todo meu apoio!” _18:19
Tsukki: “Que bom. Mas eu não entendo nada de preparativos tipo: o lugar, convidados, cardápio, por isso preciso de você.” _18:20
A verdade era que o Tsukishima havia pensado em tudo. Ele sabia o que era preciso, mas não sabia como faze-los. Por isso, decidira recorrer a Sugawara, que com certeza, teria muito conhecimento sobre isso. Ficar anos distante de Miyagi lhe tirava o prestígio de entender coisas como aquelas, e pela primeira vez, ele não estava incômodo em pedir ajuda.
Aquela ideia lhe surgiu de forma inesperada, mas gostou, e queria realiza-la. Fazer uma surpresa para Yamaguchi, ver sua carinha maravilhada, era o que ele esperava acontecer. Além de saber que o platinado o ajudaria com isso.
Suga: “Certo. Que tal amanhã você vir aqui? Dá tempo de eu pegar sugestões de tudo isso e podemos escolher juntos.” _18:21
Tsukki: “Acho ótimo. Então ok, depois vemos melhor o horário.” _18:21
Tsukki: “Ah, e obrigado. Não sei como arranjou meu número, mas fez bem. Estou muito agradecido pela ajuda!” _18:22
“Pra que falar tão formal assim Tsukishima?” Koushi pensou com um sorriso no rosto (ainda sendo observado pelo noivo), e logo finalizou a conversa:
Suga: “Imagina, o que eu não faço por vocês dois hein?! Até breve, Kei!” _18:22
Na casa do platinado, ele mudou de cômodo e sentou-se no sofá, começando a prosear com Daichi sobre lugares, pessoas e comidas que Yama gostava, coisas básicas para tornar aquilo real.
Na do loiro, ele encontrava-se deitado na cama e tentando ser o mais normal possível com o namorado. Estava ansioso para saber o resultado daquilo, e a mente trabalhava instantaneamente sobre tudo.
P.V. Tsukki
Acordei cedo no outro dia. Tadashi tinha dormido pouco tempo depois, precisava descansar para trabalhar, e eu meio que o acompanhei.
Me levantei, realizei minha higiene normalmente e desci as escadas. Preparei algumas torradas e esperei Akiteru acordar e me atormentar. O que não demorou muito.
-Bom dia, maninho! Uau... café pra mim?! O que o Anjo tá fazendo com o meu Tsukki? -ele falou brincalhão assim que avistou a mesa, e passou a se aproximar. Eu apenas revirei os olhos como resposta. -Não que eu esteja reclamando, claro...
-Pode parar de tagarelar e deixar eu te falar uma coisa? -eu falei em um tom alto. Oh bichinho que fala demais.
-Opa, opa, opa. -meu irmão falou animado e se sentou, me encarando. -O que foi?
-Sugawara e eu estamos pensando em preparar uma festa de aniversário surpresa para Yamaguchi, o que acha?
Óbvio que eu não precisava de uma resposta para aquilo. A começar que; daríamos um jeito com ou sem apoio do meu irmão. E depois, que complementa a anterior; Akiteru não recusaria isso, por gostar de festas e ser um feito à Yama, eu imaginava de cara sua reação.
-Maravilhoso. Apesar de você realmente não ser o mesmo Kei que conheço a vinte e seis anos. O que precisarem tem meu apoio! -ele me respondeu sorridente, dando um tapa leve em meu ombro.
Conversamos mais um pouco e ele saiu a trabalho. Akiteru me disse para que chamássemos pessoas que foram e eram importantes para Tadashi, que deixaram lembranças, entendi na hora o que ele quis dizer, e claramente matutei aquilo na minha mente por alguns instantes, ainda com um sorriso aéreo.
Eu voltei ao meu quarto e combinei de ir logo para a casa do Suga. Era um bom horário, pois sabíamos que Yama estava trabalhando, então a tarde, se ele precisasse de um de nós, estaríamos desocupados, sem causar nenhuma desconfiança, se íamos mesmo tornar aquilo realidade, discrição era a base.
Então logo me prontifiquei e vesti uma boa roupa, rumando à casa do Sugawara.
Assim que cheguei diante da residência, senti um arrepio me percorrer. Eu era tímido, e isso não mudaria. Tadashi sempre fora um porto seguro –por mais que eu não o tivesse valorizado de início-, e fora a única e melhor amizade que fiz na vida. Senti as mãos tremerem ao tocar a campainha.
Logo, toda aquela timidez de esvaiu quando os donos da casa abriram um portão, ambos, com um sorriso largo. Era uma aura confortante, e o jeito típico de simpatia e cuidados vindo de quase, um pai e uma mãe (era basicamente assim que todo Karasuno sempre vira aquele casal).
Eles me induziram para dentro. Estava tudo, praticamente intacto à última vez que fui lá, o que vale ressaltar que eu me encontrava ainda mais envergonhado por ir sem Yamaguchi. Enfim, nos dirigimos à cozinha.
-Certo, vamos com calma, por tópicos. -Koushi falou quando já estávamos sentados na sua mesa. Sobre ela havia um caderno e alguns instrumentos de escrever, levemente espalhados. -Seremos bem diretos, acho que o principal é a lista de convidados, porque a partir daí nós sabemos que tamanho de lugar procurar, e por fim, alimentos e bebidas. -ele deu uma pequena pausa após a explicação, encarou o papel à sua frente, Daichi, e depois eu. -Sobre quem chamar, como é para o Yamaguchi, os primeiros dessa lista seriam...
-Os ex Karasuno. -eu o interrompi sorrindo satisfeito. Claro, era isso que Akiteru queria dizer, e um fato principal para o Tadashi, e eu sabia disso desde o início do propósito.
-Exato. Mas não é tão fácil juntar todos em tão pouco tempo. -foi a vez do Sawamura falar algo. Ele mantinha as palavras em um tom calmo, e a expressão seriamente tranquila. -Por isso vamos aos principais: nós três, Yachi e Takeda-sensei. Como ainda têm ligação com o Yama, por causa das aulas que ele dá no colégio, eles podem ajudar a encontrar o resto.
-Ok. Vou escrever um nome embaixo do outro, assim que tivermos uma resposta sobre cada, colocamos na frente se estarão presentes ou não.
Sugawara foi escrevendo alguns nomes, de forma resumida sobre as linhas. O olhar dele era sereno e focado, como se fosse algo sério, à trabalho. Por fim, a lista terminou em:
“ Yamaguchi
Tsukishima
Sugawara
Sawamura
Takeda-sensei
Yachi
Azumane
Nishinoya
Tanaka
Ennoshita
Kinoshita
Narita
Shimizu
Ukai
Hinata
Kageyama.”
Eu diria que os dois últimos nomes foram decepcionantes. Não por eu nunca ter me dado bem com o Tampinha e o Rei, mas pelo fato deles serem jogadores profissionais de Tóquio. Será que conseguiríamos leva-los?
-A família de Yamaguchi... digamos que não são dignos daquele garoto, muito menos de estarem presentes em uma data especial. Melhor longe pra não atrapalhar. -Koushi falou um tanto estressado.
Eu o olhei confuso, realmente perdi muita coisa nesses anos. Seu semblante, era uma mistura de fúria e satisfação. Ao seu lado, noivo dele me encarava como se ambos soubessem de algo muito significante, que eu não possuía a mesma sabedoria. De fato, era...
-Bem, Tsukki, a família do Tadashi o deixou aqui por puro preconceito. Ele se assumiu e não foi bem aceito. Eles quase que o deixaram sem nada, com apenas 19 anos. Negociei o apartamento para ele e passei vários dias fazendo “sessões” psicológicas para ele superar tudo, mesmo que eu fosse iniciante, ele me deu esse voto de confiança e fiz o que pude para ajudá-lo. -o platinado continuou a explicar, me olhando. Em seguida, abriu um sorriso sereno. -Ele foi, e é muito forte, sempre soube disso. Depois de um tempo se formou em música, e conseguiu aguentar a sua partida e a de seus pais, conseguindo agora, passar ensinamentos a outros jovens, de uma forma muito mais exemplar que qualquer um possa imaginar.
Eu senti uma raiva percorrer meu corpo. Me sentia idiota por tê-lo deixado, e agora mais ainda, por saber que não estava perto para ajudá-lo em um momento como aquele. Nem podia perguntar “Como foram capazes de deixar um cara tão incrível com Tadashi?”, seria pura hipocrisia. Havia um arrependimento se acentuando em minha mente, mais que o que já sentia.
Mais que nunca eu passava a admirar meu namorado. Em pensar no fato de que ele sempre tivera problemas, desde a infância, e agora possuir uma personalidade tão forte. Há um tempo atrás qualquer um diria que Tadashi era o poço de insegurança, mas agora, ele serviria de inspiração, até à mim. Eu sorri em pensar no jeito determinado que ele passou a ter, principalmente quando se tratava da nossa relação.
-Bem, tem o irmão do Kei, não? Eles são cunhados agora. -Daichi falou sorrindo gentil para mim, mudando percurso da conversa.
-Isso, e gostaria de chamar minha mãe, talvez assim eu conte logo para ela. -eu falei, meio que em desabado. Era estranho, mas era um plano, e eu queria deixar aquilo bem explícito, sendo mais uma surpresa à Yama, já que nos assumiria devidamente.
-Ótimo, ótimo. Alguns alunos? Mas acho bem complicado.
-Depende da idade. É a festa de um adulto, e estava pensando em algumas coisas pra torna-la divertida. -eu respondi Sugawara. É, essa era outra ideia, dentro da ideia. Porém, eu não incluía minha mãe. Nesse caso, eu sabia que logo ela iria embora, então poderíamos no divertir tranquilamente sem a presença de uma senhora. Com isso, não achava propícia a participação dos adolescentes alunos de Tadashi.
-Opa, gostei. Então nada de “jovenzinhos”. -Sugawara disse caçoando.
-Ei, cuidado! Já fomos “jovenzinhos”. -Daichi o respondeu rindo. Eu me diverti com a situação.
Pensamos em mais algumas coisas, como um tema. Era necessário um tema de aniversário? Nada muito infantil, mas algo mais temático a música e vôlei, seria perfeito para ele. Sabores. Difícil, mas nada impossível. Aos poucos íamos completando as lacunas. Até que no fim, o lugar ficou sobre cuidado do platinado, ele conhecia muito bem os salões da cidade, e o restante continuaríamos a ver em seguida.
Fui embora mais tarde que o esperado. O casal não me deixou sair enquanto não comesse algo, isso que dá ter um confeiteiro em casa. Mas as receitas de Daichi eram ótimas, percebi isso na ocasião e quando tive a oportunidade de ir até sua padaria. Realmente, só não comi demais por educação.
Voltei para casa e pude chegar antes do almoço. Subi e fui até meu quarto, reparando o silêncio que aquela casa era sem meu irmão, que dirá quando eu ficava na Inglaterra, a vida dele deveria tão monótona e pacata quanto a minha.
Depois de um tempo Akiteru chegou com duas sacolas com Gohan (arroz japonês), e as serviu à mesa com minha ajuda. Nos esbaldamos naquele almoço, enquanto jogávamos papo fora. Minha relação com ele também havia se tornado ainda mais agradável naquelas férias.
Olhei para o relógio de cozinha e vi que já era próximo ao horário que Yamaguchi sair do serviço, e consequentemente, ficava online. Voltei-me para o quarto, onde deixei o celular, a passos rápidos. E pude ouvir Akiteru dizer um “Oh, Anjo!” em alto som. Eu sorri, não sei se, em desgosto ou com gosto. Não podia negar tal insinuação.
Eu havia mandado mensagem ao meu namorado assim que acordei. Dessa forma, quando peguei o dispositivo vi sua resposta sobre as anteriores.
Yama: “Oie, amor. Estou bem e você?” _13:11
Yama: “Tô desocupado hoje à tarde, quer sair pra tomar um sorvete?” _13:12
Abri um baita sorriso. “Pra ontem!”, pensei após ler a última mensagem, logo já estava empolgado, o corpo coberto de energia e o rosto com uma expressão contente, tão grande que eu mesmo podia perceber. E então, minha mente reforçou um fato muito importante escrito na mensagem acima.
Ele me chamou de amor?!
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