Ao voltarmos para casa Kara Danvers agarrara meu braço e não soltara, também nos agradeceu por termos ido embora tenha sido perigoso. Não encontramos minha mãe ao voltarmos e creio que tenha sido melhor desta forma. Lutessa despediu-se de Kara Danvers lhe dando um beijo no rosto, ela agradecera sua presença e então minha irmã rumou para seu quarto.
-Você não.
Kara Danvers me disse quando eu estava prestes a me afastar também.
-Durma comigo.
Ela me pediu com olhos azuis também pedintes.
-Se é o que quer...
-É o que quero.
Respondeu segura e então adentramos seu quarto e ela aconchegou-se em meus braços, me apertou mais do que o normal. Foi quando eu soube que talvez houvesse algo que ela quisesse me dizer.
-Eu tive tanto medo de não poder mais estar com você.
Kara Danvers dissera com a cabeça contra a curva de meu pescoço.
-Não precisa temer, nós estamos aaui. Eu estou aqui.
Respondi puxando-a mais para mim.
-Seria mesmo capaz de entrar em uma guerra por mim?
Kara Danvers perguntou-me, mas daquela vez me olhando nos olhos. Eu acariciei seu rosto com uma de minhas mãos. "Diga para ela, diga agora toda a verdade a ela, dê-lhe todas as respostas". Pediu meu subconsciente, mas por entre meus lábios saíram apenas três palavras e não todas as respostas.
-Eu amo você.
Eu lhe disse, não alto demais e fora uma sensação de fato maravilhosa dizer aquilo olhando para aqueles olhos azuis tão ternos.
-Ama-me...?
Kara Danvers me perguntou com uma expressão surpresa e atordoada.
-Sim.
Confirmei-lhe sorrindo com uma reação.
-De que forma?
Quis saber.
-Desta forma.
Respondi antes de levar minha mão até sua nuca e puxá-la para um beijo. Um beijo o qual ela correspondera de imediato como se há muitos estivesse a espera dele. Um beijo intenso, mas grandioso em pequenos detalhes, pois eu sentia seu sorriso contra meus lábios. Eu sentia seu suspiro, sentia seus lábios quentes e macios movendo-se lentamente para se encaixarem aos meus e o esbarrar de nossas línguas provocando-me sensações que há muito eu não sentia.
Kara Danvers conseguia envolver-me com tudo o que era, com tudo que a constituía. Seu calor, seus lábios, seu cheiro, ela. Após aquele beijo outros mais foram trocados, Kara Danvers parecia agir tão naturalmente ao me tocar, ao me beijar. Sua mão entrou por meus fios de cabelos negros e eu senti seus lábios em meu pescoço, minhas mãos percorreram por suas coxas enquanto ela estava praticamente debruçada por sobre meu corpo sentada em minha barriga.
Eu me perdia facilmente Kara Danvers e embora seja clichê, perdendo-me nela eu me encontrava, me entorpecia e conseguia até mesmo esquecer de quem eu era. Ah quem eu era... Importava? De forma alguma, naquela noite eu a ouvi dizer-me que me amava de volta. Naquela noite eh senti o seu amor por mim e a fiz sentir o meu, naquela noite eu a fiz minha e não apenas de alma como de corpo.
Naquela noite eu transbordei, meus sentimentos transferidos finalmente livres. Eu a vi dormir em meus braços, com suas pernas entre as minhas, sua cabeça em meu peito. Eu velei seu sono enquanto acariciava seus cabelos loiros sentindo-me leve, naquela madrugada Lutessa aparcera na janela como de praxe.
Sua surpresa em me ver com Kara Danvers de tal forma fora notória, afinal eu puxei um cobertor para nos cobrir, mas ainda assim podia-se notar que estávamos ambas despidas. Minha irmã erguera seu queixo e retirou-se me olhando como se não houvesse sido atingida pelo que deduziu ter acontecido ali. E eu? Fora inevitável não sorrir, Kara Danvers disse me amar, fora minha, não negara meus beijos, ela gemera e sussurrou meu nome.
E apenas para completar ela havia negado um beijo de Lutessa e fora a mim quem ela pedira para dormir com ela. Na manhã seguinte tive um motivo para acordar com ânimo, Kara Danvers ainda dormia quando deixei o quarto para ir a cozinha pedir que alguém me fizesse um vigoroso café da manhã. Ao ficar pronto o coloquei numa bandeja e fiz o caminho de volta para o quarto de Kara Danvers.
Ela ainda dormia serenamente, muito provavelmente acabei lhe cansando. Os presentes que lhe dei para se proteger estavam ali perto, ela os tirou para não me machucar noite passada. Tirando meu olhar daqueles objetos, eu a fitei tomando um tempo para admirá-la. Alguns fios de seus cabelos caíam por sobre seu belo rosto, seu corpo nú estava parcialmente coberto mostrando algumas curvas e sua pele alva entrava em contraste com o cobertor.
Precisei chamá-la apenas um par de vezes para que ela despertasse, surpreendeu-se ao ver que eu havia lhe levado café da manhã.
-Lena, mas eu quem sou sua serva! Não o contrário.
Kara Danvers disse-me corada.
-Aliás, tenho de começar meus afazeres, creio que não devia ter dormido tanto.
Completou dando-me um sorriso sem graça.
-Quanto a isso não precisa se preocupar. Como sua senhorita, como sua dona eu a liberto da posição de serva. Kara Danvers você está livre.
Confusão foi o que vi em sua expressão.
-O que significa isso de fato? Não me quer mais? Mas disse me amar noite passada! E a forma como me tocou... Eu não compreendo! E para onde eu irei? Parece que passei a vida inteira ao seu lado, servindo-a, eu não entendo...
As palavras saíram de maneira eufórica como se houvesse ela se desesperado.
-Eu não disse nada disto, contenha-se e me ouça.
Lhe pedi.
-Eu a liberto da condição de serva, mas continuará comigo e aqui. Como minha amada se assim aceitar, poderá continuar fazendo suas tarefas se quiser.
Seus olhos se arregalaram gradativamente e um sorriso largo tomou conta de seus lábios.
-Lee...
Disse com uma voz embargada.
-Eu nasci como escrava como já havia lhe dito e desde que tornei-me sua serva passei a me sentir livre, pois você fora a primeira a me tratar com respeito e dignidade. Ampliara meu conhecimento e sempre quis me ver crescendo, protegeu-me quando disse que o faria, eu não me sinto sua serva. Servos não têm privilégios que você sempre me dera, mas ouvi-la dizer essas coisas para mim é tão significativo. Pois é tão simbólico... Como pode você amar alguém como eu? Uma humana...
Toquei seu queixo com minha mão e a senti segurá-la com a sua.
-Eu posso lhe devolver a pergunta: Como pode você amar alguém como eu? Uma vampira.
Antes de responder-me Kara Danvers pôs um morango em sua boca, a observei sem pressa para uma reposta até que ela me olhou novamente.
-Eu não sei. Eu não sei exatamente quando minha admiração por você tornou-se amor, mas ele tornou-se e eu o mantive guardado durante algum tempo. Mas para mim... Não é uma vampira, não se resume a isso. Você é muito mais, é a mulher que eu amo e que sei que faria qualquer coisa por mim.
"Conte a ela" disse meu subconsciente, mas eu o ignorei, não era hora. Ao invés disso eu a beijei sutilmente, sem pressa alguma e então afastei-me para permitir que ela se alimentasse enquanto me coube apenas a observar. Vez ou outra Kara Danvers me fitava com seu rosto corado e dizia-me que meu olhar era muito intenso. Naquele mesmo dia reuni minha família na sala, Kara Danvers não sabia exatamente do que se tratava, mas acompanhou-me após eu pedir por sua presença.
-Então? O que há para ser dito?
Meu pai perguntara.
-Eu serei breve e direta. Kara Danvers não é minha serva, não mais. De hoje em diante ela está aqui na posição de minha mulher e por tanto qualquer desrespeito a ela será tomado como desrespeito a mim, se alguém se opor nós podemos deixar a casa.
Senti o olhar de Kara Danvers sobre mim, mas não era o único. O olhar de Lutessa era voraz e cru e sem filtro algum.
-Não acha que está indo longe demais? Sem ofensas Kara Danvers, mas ela é uma humana.
Lionel disse. Eu sabia que para ele as coisas não eram pessoais, mas meu pai sempre fora ligado em coisas do tipo como raça e para ele misturas não eram corretas ainda mais tratando-se debuma humana por motivos óbvios. Diferente de minha mãe ele não se preocupou com Kara Danvers durante todo aquele tempo, mas como eu estava tornando as coisas formais aquilo tornou-se sério para ele.
-Era tudo?
Lutessa perguntou levantando-se parecendo pronta para se retirar.
-Por que não dizermos mais algumas coisas? É uma reunião, não é mesmo?
Minha mãe perguntou e Lutessa e eu nos fitamos ao mesmo tempo automaticamente.
-O fato é que Kara Danvers, minhas filhas amam-na porque se parece bastante, para não dizer idêntica, com um amor em comum o qual as duas perderam devido a uma guerra.
Os músculos de meu corpo tencionaram e apenas em olhar para minha irmã eu podia dizer que o mesmo processo lhe ocorria.
-Oh esta história novamente? Lena deixou-me ciente a respeito, não há segredos entre nós.
Kara Danvers respondera deixando-me surpresa, após o comunicado ela me puxou para seu quarto e trancara a porta em seguida.
-Você sabia? Como sabia?
Eu a perguntei perdida.
-Não. Eu não tinha conhecimento, porém eu sabia que por algum motivo tive vários privilégios como sua serva. Sem mencionar o fato de que sua irmã está interessada amorosamente em mim, isso deveria ser coincidência? Por que você trataria com tanto apreço desde o início uma humana que jamais vira em sua vida? E por que Lutessa também sempre tratou-me de forma gentil e respeitosa? Logo alguém como ela de personalidade um tanto quanto inflamável?
De fato Kara Danvers era esperta, então de uma forma ou de outra o momento o qual tanto adiei havia chegado usando minha mãe como intermediário. Não era justo não dá-la todas as respostas ali e agora, aquele era o momento. Com ou sem o meu querer.
-Eu iria contá-la.
Comecei.
-Estava esperando que tivesse uma idade adequada.
-Como era o nome dela? E como eu posso ser idêntica a alguém?
Baixei minha cabeça enquanto ela tinha seus braços cruzados.
-O nome dela era Melissa Benoist e seu clã era neutro na guerra que meu clã estava travando com outro. Lutessa e eu nos apaixonamos por ela, ela dizia-me que eu era o seu amor e nos encontrávamos sempre. Dizia me amar entre tantas outras coisas doces, mas eu acabei descobrindo que ela fazia o mesmo com minha irmã. Por tal motivo Lutessa e eu marcamos de um duelo e quem perdesse abdicaria de Melissa, mas antes do duelo recebemos a cabeça de Melissa numa bandeja. Fora feito dos Spheer's que descobriram a importância dela para nós, mas eu estava inconformada.
A partir dali contei-lhe sobre minha ida a feiticeira, sobre meu pedido e o que ela me disse. Ao levantar minha cabeça encontrei o olhar magoado de Kara Danvers e preferia não tê-lo feito.
-Então... Esse tempo todo... Era esse seu plano? É por isso que me ama? Eu não passo de uma substituta!
Levantei-me imediatamente.
-Não é verdade! De início fora por Melissa, mas você é diferente Kara Danvers. Todos os seus pequenos detalhes... Voce é diferente e eu a amo por quem você realmente é! Quanto ao meu plano... Após eu lhe contar toda a verdade iria propor que por nós, se deixasse ser uma vampira e assim não iríamos perder uma a outra.
-Melissa Benoist era uma vampira e você a perdeu.
Ela respondeu-me com um tom direto.
-Por descuido! Mas eu não quero perder você, eu não serei descuidada! Eu...
-Assim como no dia em que quase matou-me e tive de ser salva por sua irmã?
Eu jamais imaginaria que Kara Danvers me culparia por aquilo, ela jamais o fez. Em verdade trabalhou arduamente para que eu parasse de me culpar e apesar de eu ter me perdoado aquilo ainda era uma ferida em mim. E naquele exato momento Kara Danvers havia arrancado a casca que ela mesma havia produzido. Eu a olhei, abri minha boca, mas não havia nada a ser dito. Magoada e atordoada me aproximei da porta, apenas então tive o que dizer.
-Eu nunca quis machucá-la, eu sei essas palavras não bastam. Mas creio que agora que sabe que me machucou de volta deve estar se sentindo melhor. Eu espero que esteja.
Sem esperar uma resposta deixei o cômodo com um olhar vazio.
-Disse tudo a ela?
Lutessa perguntou-me no corredor.
-Sim.
Respondi e apenas afastei-me, sem um rumo certo saí de casa, era uma noite sem estrelas. Eu me sentia horrível, machuquei Kara Danvers e de repente minha estadia na terra parecia não ter sentido algum. Os propósitos sem Kara Danvers eram fúteis. Quando dei por mim estava na entrada da vila Arias, olhei para o céu novamente e o rosto de Kara Danvers me veio a mente.
O que ela faria sem mim? Me perguntei. Ela ficaria muito bem, era esperta, inteligente e safa. Teria Lutessa para protegê-la com sua vida, o meu subconsciente me respondeu. E pela primeira vez em um longo tempo me vi concordando com ele de imediato. Dei mais passos e invadi uma casa daquela vila, procurei alguém pelos cômodos.
Porém o único lugar onde encontrei alguém fora no banheiro, ela estava na banheira aparentemente relaxando com seus olhos fechados quando a puxei de lá pelo pescoço fazendo-a arregalar os olhos, pondo-a contra a parede. Ela olhou-me confusa.
-Meu nome é Lena Luthor e eu estou agindo por conta própria e irei matá-la como sinal visível de que eu me oponho ao seu clã.
Ainda com aqueles olhos castanhos confusos, ela levou suas mãos até as minhas e fez-me largá-la. Ao alcançar seu objetivo me empurrou com força me fazendo trombar contra a parede.
-Não quer me matar.
Ela disse com muita propriedade em suas palavras.
-Primeiro que invadir a vila de um clã que até então não é seu inimigo e abordar alguém assim e com essas palavras é suicídio. Segundo: Você está parada ouvindo-me falar sem aparente plano algum de ataque. Terceiro: Você poderia apertar meu pescoço bem mais forte do que isso. Quarto: Os seus olhos estão marejados.
Oh ótimo, eu tinha de ter abordado alguém tão observador? Por que não alguém impulsivo que não pensaria duas vezes antes de me matar?
-Está querendo morrer Lena Luthor?
Perguntou-me com a sobrancelha arqueada.
-Um rosto tão lindo com olhos tão belos e expressões fortes...
-Admito que morrer era o que queria, você podia simplesmente tê-lo feito.
Ela me sorriu de forma irônica.
-Se quer morrer espere o amanhecer, se eu lhe matasse teríamos Luthor's contra nós e consequentemente ao lado dos Matthews. Não pretendo fazer isso acontecer.
Disse entrando em sua banheira novamente como se nada houvesse acontecido, como se eu fosse uma velha amiga em quem ela podia confiar.
-O amanhecer irá demorar bastante e eu teria de esperar em casa, senhorita...?
-Samantha. Samantha Arias. Como eu não resisto a uma mulher bela com crise existencial você pode ficar aqui seja lá do que esteja fugindo em sua casa.
-Os outros não vão se importar?
Questionei.
-Eu moro sozinha. Perdi meus pais na guerra contra os Matthews algum tempo antes de o tratado de paz ser estabelecido. Mas e você? Por que morrer?
Samantha Arias perguntou-me curiosa.
-Eu já vivi bastante e ainda assim o que fiz da minha vida? Apenas batalhei em nome da família, amei e machuquei quem amo. Ela ficará melhor sem mim.
-E ela está de acordo com esse pensamento? Quem você ama, digo.
-Ela irá compreender.
-Irá? Ou você apenas espera que ela compreenda?
-Eu espero que compreenda.
Respondi por fim, como havia dito Samantha Arias permitira que eu ficasse ali. Disse-me que era bom ter companhia, durante minha estadia de três dias em sua casa pude notar quão de fato cordial ela era. Na terceira noite eu pensava novamente sobre algumas de nossas conversas a respeito de minha desistência da vida, a qual ela novamente se mostrou contra, quando bateram na porta.
Estávamos na sala, Samantha se levantou para atendê-la e por algum motivo pareceu surpresa.
-Eu não estou perdendo minhas faculdades mentais, você está sentada no sofá.
Ela disse e então pude notar que se tratava de Lutessa, me levantei e coloquei-me ao lado de Samantha. Foi quando vi o rosto sério de minha irmã.
-Oh aqui está a donzela fugida!
Disse irônica.
-Nós estamos procurando-a esse tempo inteiro e você brincando de hóspede na vila Arias.
Cruzei meus braços bem como minha irmã.
-Procuram-me porque querem, eu sei cuidar de mim mesma muito bem.
-Sai de casa após contar tudo para ela e some sem levá-la com você e espera que eu acredite que estava cuidando de si mesma? Você jamais desistiria dela a não ser que tenha desistido de si mesma. Mas por algum motivo não está morta.
Samantha Arias apenas observava o desenrolar do assunto, ainda que estivesse perdida.
-E qual o problema com minha morte? Ela não ficaria com você sem mim? Eu não estaria mais no seu caminho.
Lutessa estreitou seus olhos.
-Eu poderia matá-la agora se quisessem, mas ela jamais me perdoaria. Sua morte não me compensa tanto quanto você acha que compensa.
-Volte e finja que não me encontrou.
-Não se importa com ela?
Lutessa me perguntou impaciente.
-Ela tem você. Naquele dia se você não houvesse aparecido eu teria a matado.
Respondi-lhe com um tom mais ameno me lembrando do que Kara Danvers me disse antes que eu saísse de casa pela última vez.
-Você está tentando ter pena de si mesma sua estúpida? Isso é passado e nós sabemos muito bem porque isso aconteceu, agora venha comigo.
Minha irmã respondera tocando em meu braço.
-Não. Eu não irei. Mas diga que me encontrou, que estou bem e que não devem vir até mim, pois eu voltarei quando decidir voltar. E sim, eu me importo com ela, mas não consigo encará-la. Continue cuidando-a como eu bem sei que está fazendo.
Aquela fora minha resposta final, a última vez que estive tão melancólica foi com a morte de Melissa e quando quase matei Kara Danvers naquela ocasião. Minha irmã cedeu, pediu licença a Samantha Arias e então se foi.
-O que acabou de se passar aqui?
Arias me perguntou fechando a porta.
-Minha irmã que ama a mesma mulher que eu.
Respondi e então me sentei novamente com um olhar distante. Poderia ficar pior? Eu poderia estar em situação pior? Me pergynte, mas logo descobri que não deveria ter perguntado nada. Algum tempo depois após estarmos a sós novamente e Samantha me perguntar com um tom bem humorado se minha irmã estava ao menos solteira, ouvimos um baralho que indicava que a vila havia sido invadida.
-Os Matthews!
Deduzi me levantando assim como Samantha Arias.
-Eles não deviam! Estávamos em processo de negociação outra vez!
Ela me disse, aquilo não era surpreendente para mim, contudo. Sei que o senhor Matthews deixou que eu saísse com Kara Danvers de sua casa naquela noite sem qualquer atrito porque nos queria ao seu lado naquela guerra, uma grande evidência desse seu querer fora presentear meu pai.
Logo seu clã atacar a vila Arias mesmo em processo de negociação não me deixou nenhum pouco surpresa. Arregalei meus olhos para Samantha ao ouvir vozes próximas e por impulso a empurrei para detrás do sofá para que se escondesse, antes que ela se levantasse novamente para me puxar para junto dela a porta abriu-se abruptamente. Então vi dois rostos os quais eu já havia visto antes.
-Lena Luthor! Está contra nós, eu sabia! Vocês irão pagar!
Mike Matthews disse dando a entender que meu clã de fato estava contra o seu, aquilo não devia acontecer! Ele e sua suposta mãe estavam acompanhados de mais dois que, pouco me importa se eram seguidores ou eram de seu clã. Aquela situação não parecia favorável de qualquer forma. Eu conseguia sentir que Mike Matthews não se agradava de mim desde nosso primeiro encontro, pois ficara obcecado com Kara Danvers.
Encontrar-me ali fora como um prêmio para ele, um pretexto perfeito. No entanto, eu não permitiria facilitar pata ele. Levantei minhas mãos na altura de minha cabeça.
-Pelo que me consta tenho total direito de visitar amigos, isso não me faz uma inimiga de seu clã embora minha amizade seja com algum Arias. Meu clã é neutro em sua guerra e isso me permite arranjar amigos onde eu bem quiser.
As mãos levantadas fora um ato de que eu não queria machucá-los, que não me fazia sua oponente e sabendo disso Mike Matthews passou a me atacar. O seu plano de ataque era óbvio: Se eu lhe atacasse de volta ele poderia tratar-me como oponente sim e estava aí tudo o que ele de fato queria. Enquanto eu passei a me defender de seus golpes ágeis, sua mãe perguntava-me onde estava minha tal amiga.
Respondi-lhe com dificuldade que havia corrido e escapado pelos fundos, enquanto me esgueirava das investidas de Mike Matthews, eu apenas torcia internamente para que Samantha Arias não se mostrasse ou fosse encontrada. Ainda mais pela senhora Matthews que parecia rondar o cômodo com o olhar. Uma loucura, aquilo era uma loucura!
Pois uma hora ou outra ele me pegaria com a guarda baixa uma vez que estava abusando de meus reflexos e como eu não pretendia atacá-lo como ele bem queria... Era de fato uma questão de tempo.
-Você é forte. Admito que esteja mantendo o ritmo, mas não será para sempre!
Ele disse com um sorriso estúpido enquanto bloqueei mais um de seus socos, minha vontade de socá-lo e matá-lo apenas se engrandecia. Mas eu não arrastaria os meus para aquilo, para aquela guerra. Eu dei passos para trás, percorremos o cômodo enquanto eu me esquivava e vez ou outra o bloqueava. Quando dei por mim estávamos próximos ao sofá, Samantha não estava mais lá!
Ela havia fugido em algum momento daquela confusão toda, mas a constatação me fez baixar a guarda e tomar um forte soco em meu rosto. Era tudo pelo que ele esperava, um mero descuido, tentar levantar fora uma missão estúpida.
-Não irá revidar? Uh? Eu ouvi falar dos grandes Luthor's, mas você não tem nada de grande!
Mike Matthews cuspira as palavras desferido-me vários pontapés na região da barriga.
-Mike. Pare. Ela não irá revidar e sua amiga fugiu, nós estamos perdendo tempo.
A mulher disse, eu sentia os ferimentos começarem a se regenerar de forma mais lenta. Eu estava ficando enfraquecida justamente num maldito momento de resistência?
-Ela irá abrir minha mãe, ou sofrerá!
Mike respondera em tom prazeroso, um sádico desproporcional. Antes que eu pudesse ponderar o que ele faria em seguida, seu aliado se aproximou ao passo que Mike me fizera sentar. A partir dali fui envolta por uma corrente com espinhos de seu mesmo material. O material? Prata, e cravou-se em minha carne queimando de forma desmedida. Fazendo-me contecer para o prazer de Mike Matthews.
Eu não podia matá-lo, tampouco podia morrer, pois guiada pelo ódio minha família entraria naquilo de qualquer forma. O que eu podia fazer? A prata estava acelerando minha fraqueza, eu nem mesmo era capaz de me livrar e se continuasse daquela forma de fato acabaria morta por aquela estúpida fraqueza.
Por fim perdi os sentidos e acreditei que aquilo fosse tudo, que fosse meu último momento. Porém eu estava enganada, a dor ainda estava em mim quando reabri meus olhos. Minha visão estava turva, mas estavam me tirando a maldita corrente.
-Lena!
Aquela voz...
-Kara... Danvers?
Perguntei num sussurro alto.
-Não fale. Você está fraca, mas irá ficar bem. Estará tudo bem.
Eu não soube dizer se Kara Danvers estava dizendo tais palavras para mim ou para si mesma. Estreitei meus olhos tentando enxergar com precisão e vi Kara Danvers, Samantha Arias e Lex me livrando da corrente. Minha cabeça estava por sobre o colo de alguém, olhei para cima e encontrei o rosto de Lutessa.
-Sua estúpida teimosa.
Disse-me.
-Por que não arrancou a cabeça daquele tolo?
Perguntou-me parecendo brava, eu não tenho dúvidas que em meu lugar ela teria o feito.
-Tome.
Lutessa disse me oferecendo seu pulso deixando-me surpresa.
-Lutessa...
-Você está fraca demais, agora se quiser morrer...
Não. Não era isso, um vampiro beber sangue de outro é o maior insulto e falta de respeito que se pode haver dentre a raça. Além disso, dizem que aqueles que provam se viciam na sensação o que gera problemas óbvios.
-Encontramos o corpo de um humano dentre os escombros da bagunça do ataque, um servo talvez. De qualquer forma ainda parece haver sangue, morreu por uma batida na cabeça ao que parece.
Lionel Luthor disse adentrando o cômodo com um homem em seus braços, ao seu lado estava minha mãe. Lutessa recolhera seu braço imediatamente e desviara seu olhar, eu já estava livre quando tive sua ajuda para me sentar. No chão, ela me manteve escorada contra seu corpo enquanto meu pai aproximou-se de mim com o humano em seus braços e me ofereceu seu pulso.
Eu sentia o olhar de todos sobre mim enquanto tentava recuperar minhas forças ao me alimentar, quando eu já estava um pouco melhor Samantha Arias me explicou que fora até a casa de minha família explicá-los a situação. Ao retornar com eles me encontrou desacordada com aquela maldita corrente. Como esperado eu não conseguia olhar Kara Danvers nos olhos, ainda me sentia podre por ser capaz de machucá-la.
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