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História Bittersweet - Signs of hope


Escrita por: lialive

Notas do Autor


Oi meus amores <3
Primeiramente, desculpem-me pela demora. Minhas férias da faculdade acabaram e tá tudo bem corrido. Trabalho o dia todo e estudo a noite, quando chego em casa estou só o caco.
Mas, aqui está mais um capítulo. Aproveitem :)

Capítulo 16 - Signs of hope


Fanfic / Fanfiction Bittersweet - Signs of hope

— Já se espalhou. – Hershel informou com o olhar focado em suas mãos que estavam entrelaçadas sobre a mesa. — Os que sobreviveram do bloco D, Sasha, Caleb e os outros, estão todos doentes.
— Merda. – Daryl balbuciou em meio a um suspiro.
— O que vamos fazer? – Carol perguntou preocupada.
— O bloco A ainda está isolado. Podemos manter os doentes lá, como tentamos com Karen e David. – Hershel afirmou.
— E o que faremos sobre isso? – Daryl indagou.
— Vamos pedir para que Rick investigue. – Carol sugeriu. — Mas nossa prioridade é achar uma forma de cessar isso.
— Não há como cessar. Quem adoecer terá de passar por isso. – Hershel declarou.
— E simplesmente esperaremos até que morram? – Michonne interveio.
— Não. Mas precisamos de antibióticos para controlar os sintomas. – O mais velho disse, voltando-se para a morena encostada em uma prateleira de livros.
— Já esvaziamos todas as farmácias próximas e até algumas mais afastadas. – Daryl protestou.
— Há uma faculdade veterinária em West Peachtree. É o único local no qual as pessoas não devem ter pensado para buscar por remédios. – Hershel anunciou olhando para Daryl. — Os remédios usados em animais são os mesmos que usamos.
— São 80 km que consideramos não arriscar. Até agora. – Daryl justificou levantando da cadeira. — Vou reunir um grupo para levar. Melhor não perdermos mais tempo.
— Eu vou. – Eu disse ficando de pé e Daryl me olhou repreensivo. — Meu pai teve embolia pulmonar, teve os mesmos sintomas. Sei quais são os remédios e equipamentos que precisamos. – Hershel assentiu e Daryl pareceu ponderar.
— Eu vou também. – Michonne ofereceu-se e Hershel desviou o olhar para ela. — Sei que não fui exposta, mas quero ajudar. 
— Posso mostrar o caminho, e onde ficam guardadas as coisas. – O mais velho declarou.
— Sempre que saímos é a mesma coisa, cedo ou tarde, nós corremos. – Daryl contrapôs. Se Hershel fosse conosco ele seria útil, mas seu tornozelo amputado seria um problema se precisássemos fugir.
— Então, eu posso desenhar um mapa para vocês. – Hershel ofereceu.
— Vai ser muito útil. – Eu agradeci, tentando evitar que ele se sentisse refutado.
— Há mais uma coisa. – Ele anunciou antes que saíssemos. — Não sabemos quanto tempo pode demorar até que vocês voltem, então podemos separar os mais vulneráveis e colocá-los no prédio administrativo.
— E quem são os mais vulneráveis? – Glenn se pronunciou pela primeira vez.
— Os mais novos.
— E os idosos. – Eu acrescentei e Glenn concordou enquanto Hershel nos olhava. Isso significava que Hershel teria de ficar longe dos blocos e, com certeza, não era isso que ele queria. Mas precisaríamos dele quando voltássemos com os medicamentos, já que o Dr. S também estava doente. — Então, vamos? – Caminhei em direção a porta e olhei de relance para constar se Daryl e Michonne me seguiam. Peguei um caixote no refeitório e coloquei dentro algumas latas de comida e um kit médico, caso precisássemos. Michonne encheu uma mochila com armas e munição, e fomos até o pátio. Guardamos as coisas no porta-malas enquanto Daryl verificava o óleo e bateria do carro que usaríamos.
— O filho da mãe está quase sem óleo. – Ouvi Daryl resmungar.
— Vou buscar mais na torre de guarda. – Michonne anunciou, se afastando.
— Vamos só nós três? – Eu perguntei enquanto me aproximava de Daryl.
— E o Bob. – Ele disse sem desviar a atenção do que fazia. — Mas vamos precisar de mais uma pessoa.
— Eu acho que podemos chamar o Samuel. – Eu sugeri e ele negou com a cabeça enquanto colocava água no reservatório do carro. — Ele disse que nunca esteve sozinho lá fora e queria sair em uma ronda, para aprender.
— Ele só vai atrapalhar.
— Então, me diga alguém que não esteja doente a ponto de não conseguir se esforçar e que podemos levar conosco? – Indaguei e ele endireitou a postura, parando de mexer dentro do capô.
— Tyresse.
— Ele está abalado pela morte da Karen, acabou de levar uma surra e a irmã dele está doente, acha mesmo que ele está em condições de sair? – Ele calou-se e eu continuei. — Eu vou falar com o Sam. – Parti determinada em direção a Samuel, que fazia flexões próximo aos bancos do pátio.
— Posso te pedir uma coisa? – Parei ao seu lado e ele não respondeu. — Vamos até West Peachtree, você vai com a gente? – Ele me ignorou mais uma vez e eu dei-lhe as costas, fazendo menção de sair, e ele finalmente respondeu.
— Estou terminando aqui, já vou.
— Não demore, já estamos de saída. – Eu anunciei antes de voltar para o carro. Daryl e Bob abasteciam o veículo e Michonne estava recostada na lateral do mesmo.
— Estamos prontos? – Bob perguntou depois de guardar dois galões cheios de gasolina no porta-malas.
— Vocês tem lugar pra mais um? – Samuel se aproximou e fixou o olhar em Daryl. Era incrível como ele conseguia ser tão impertinente com suas provocações.
— Para alguém que não nos meta em uma enrascada, sim. – Daryl rebateu.
— Ótimo. – Samuel murmurou e um sorriso cínico brotou em seus lábios.
— Ok, vamos. – Eu interferi, tentando impedir que aquilo se tornasse uma discussão. Só esperava que tudo corresse bem. Daryl entrou no carro e deu a partida. Eu sentei no banco do carona e os outros se acomodaram no banco traseiro. Maggie abriu o portão e nós seguimos para a estrada. Depois de algum tempo dirigindo em silêncio, Daryl ligou o rádio e tentou sintonizar em alguma estação.
— Pode me passar um dos CDs do porta-luvas? – Ele pediu depois que não encontrou nenhum sinal, como era de se esperar. Enquanto eu olhava os CDs, ouvimos alguns ruídos distorcidos saírem pelas caixas de som.
— É uma voz? – Bob perguntou e Daryl fez sinal para que ele ficasse quieto.
“Chegam...” “sobrevivem...” “ficarem vivos.”
A voz era de um homem e soava como um anúncio formal, algo parecido com as mensagens de evacuação das autoridades, transmitidas logo após o surto começar. Daryl tentou sintonizar novamente, mas o sinal já havia sido perdido. 
— Daryl, cuidado! – Eu alertei assim que desviei meu olhar e vi alguns errantes no meio da estrada. Ele desviou deles, mas acabou atropelando outros dois. Daryl freou bruscamente assim que vimos uma horda impedindo a passagem. Vi mais a frente uma multidão deles vindo na direção do carro, nos cercando. Eram muitos deles, não conseguiríamos passar. 
— Segurem-se. – Daryl avisou dando ré. O carro passou por cima de vários deles e quando Daryl tentou acelerar, a parte traseira ficou atolada nos corpos putrefatos. — Merda! Vamos ter que sair.
— O melhor a fazer é corrermos para a floresta. – Michonne declarou.
— Ok, corram e não parem por nada. – Daryl aconselhou. — E você – Ele voltou-se para mim — Vá com eles.
— E você? 
— Eu vou alcançá-los. – Ele me fitou e eu peguei sua mão, acariciando-a brevemente. — Agora! – Ele anunciou, abrindo o teto solar enquanto eu, Michonne, Bob e Samuel descemos do carro e corremos entre os errantes. Michonne os golpeava com sua espada e eu atirava nos mais próximos recebendo cobertura de Bob. Olhei para trás e Samuel estava caído, sendo cercado pelos errantes.
— Sam! – Eu gritei, voltando para ajudá-lo, mas Daryl apareceu e o levantou.
— Continue correndo! – Daryl ordenou e eu voltei a atirar nos errantes no meu caminho enquanto corria. Nos juntamos no acostamento próximo a alguns arbustos e entramos na floresta. — Por aqui. – Daryl indicou para que o seguíssemos. Corremos por uma trilha entre a mata fechada e quando estávamos a uma distância segura, paramos em uma pequena ponte. Caminhei até a margem do riacho que passava por debaixo, peguei um punhado d'água entre minhas mãos e joguei sobre meu rosto, deixando as gotas escorrerem pelo meu pescoço. Samuel estava mais afastado, enchendo duas garrafas de plástico com água.
— Olhem, esse é o riacho Turner. – Michonne apontou uma placa com a informação. — Barnesville está perto.
— E lá está nossa chance de arrumarmos outro carro para continuar. – Bob concluiu.
— Então é melhor nos movermos, temos uma caminhada de pelo menos 2 horas. – Daryl anunciou pegando sua besta do chão e a posicionando sobre o ombro.
— Trilhas, riacho e agora, caminhada. Parece que voltei à minha época de escoteiro. – Samuel zombou e Daryl lançou-lhe um olhar enfadado antes de voltar a caminhar.

Depois de algum tempo andando, encontramos uma mecânica à beira da estrada. Daryl aproximou-se de um carro coberto por folhas e entrou pela porta do passageiro, já que o lado do motorista estava rente ao muro. Ele tentou fazer ligação direta, mas parecia que a bateria estava danificada. 
— Podemos encontrar outra bateria ali dentro. – Ele declarou indicando a mecânica. Bati na janela do prédio e assustei-me quando um errante passou a bater contra o vidro pelo lado de dentro. A entrada estava bloqueada por galhos, então tivemos que cortá-los para abrir passagem. — Vamos devagar, não sabemos com quantos estamos lidando. – Daryl advertiu, observando Bob puxar algo debaixo dos ramos densos. Um errante agarrou meu braço subitamente e Michonne cortou a mão dele com sua espada, antes de perfurar seu crânio. Outros dois deles apareceram, atacando Bob e Samuel. Michonne conseguiu livrar-se de um deles, e Samuel acabou caindo de costas com o outro por cima dele. Daryl puxou o errante pelo ombro e eu enfiei minha faca na lateral de sua cabeça. Samuel parecia aturdido, pelo visto ele nunca havia enfrentado aquelas coisas tão de perto. 
— Cuidado, garotão. Eles são rápidos. – Bob puxou Sam pelo braço, ajudando-o a levantar.
— Vamos, Bob. – Daryl chamou, empurrando a porta, que ruidosamente se abriu. Eu, Michonne e Samuel ficamos do lado de fora, terminando de aparar a folhagem que cobria o carro que usaríamos.
— Você nunca matou um deles? – Michonne perguntou à Samuel.
— Não. – Ele murmurou parando de cortar os galhos.
— Como? – A morena parecia intrigada.
— Desde o começo, eu nunca estive sozinho. Estava com meu tio e meus dois primos em Atlanta, assim como todos, procurávamos a zona de quarentena, mas quando chegamos lá não havia nada além dos prédios abandonados e tomados pelos mordedores. Meu tio era do exército, ele nos protegia. Vagamos por vários dias, até que Martinez e os outros caras de Woodbury nos acolheram. – Samuel resumiu sua história. Recostei-me no capô do carro, limpando o suor da minha testa e Michonne o encarou por alguns instantes.
— E seus primos e tio?
— O governador atirou neles. – Recordei-me do governador quando sequestrou a mim e Daryl e dos acontecimentos subsequentes. As lembranças pareciam distantes, como se tivessem acontecido há muito tempo. — Você ainda sente raiva do governador? – Samuel indagou, após algum tempo em silêncio.
— Se ele estivesse aqui agora, eu o mataria. – A morena declarou guardando a espada na bainha presa em suas costas. — Mas não sinto raiva dele, a morte seria apenas algo que ele merece.
Samuel olhou-me e pareceu hesitar em dizer alguma coisa, mas antes que ele pudesse se pronunciar, eu desviei meu olhar para Daryl e Bob que voltavam com uma bateria nova e alguns galões cheios com alguma coisa que eu não soube distinguir. 
Sentei-me no chão, recostada na parede e fiquei observando Daryl enquanto ele trocava a bateria do carro. Os músculos dos seus braços estavam contraídos e seus cabelos úmidos caíam sobre sua testa. O suor pingava da ponta de seu nariz e ele rolava o cigarro aceso de um canto ao outro da boca. Observá-lo era uma rotina para mim. Ele pegou uma garrafa com água e despejou dentro do reservatório do carro, dando um gole em seguida. Senti minha garganta secar, e não soube se fora por conta da sede ou do pensamento das mãos ágeis e rígidas de Daryl passeando pelo meu corpo. Ele olhou-me e estendeu o braço em minha direção, oferecendo a garrafa para mim. Levantei-me e a peguei, dando um longo gole. 
— Você acha que aquela voz que ouvimos na rádio mais cedo, pode ser de outro grupo? – Eu perguntei, tentando nos manter distraídos numa conversa, enquanto devolvia a garrafa para ele. 
— Não sei. – Ele murmurou tragando o cigarro e o pegou entre os dedos, tirando-o da boca. — Talvez seja apenas uma transmissão atrasada.
— Você sabe que o sinal só pega se alguém estiver controlando a frequência. – Ele voltou a atenção para dentro do capô e eu continuei. — Isso quer dizer que há outros sobreviventes.
— A mensagem foi muito vaga, não dá pra acreditar nisso como um sinal de civilização.
— Não dá, ou você não quer acreditar? – Eu incitei e ele voltou os olhos azuis, agora enuviados, em minha direção.
— Por que você está tão otimista sobre isso?
— Não vejo problema algum em ter esperança.
— Esperança? Você deveria ser um pouco mais realista. – Ele exasperou colocando o cigarro de volta na boca.
— A esperança é o que nos mantêm vivos nessa realidade.
— E é o que pode nos matar também.
Suspirei derrotada e franzi o cenho. A trégua das nossas discussões estava desfeita. Não entendia por quê ele agia de forma estúpida quando eu tocava em assuntos que envolvessem possibilidades. Mas ele não havia me convencido de que a mensagem do rádio era algo banal. Aquilo era um sinal de que não éramos os únicos. 
— Entra e testa o motor. – Daryl ordenou sucinto soltando a fumaça enquanto falava. Um “por favor” seria bem-vindo. — Fio vermelho no verde. – Entrei pela porta do passageiro e abaixei-me no assoalho do veículo, conectei a ponta dos fios e apertei o pedal do acelerador com minha mão livre, ouvindo em seguida o ronco do motor. Daryl fechou o capô do carro e fez sinal para que eu o conduzisse para frente, a fim de tirá-lo de perto do muro. Sentei-me no banco do motorista e lembrei-me da última vez que havia dirigido. Engatei a marcha e acelerei, recebendo em resposta um tranco do veículo. Pise na embreagem, Kristen. Por um momento lembrei-me do meu pai rindo por eu sempre esquecer desse detalhe. Assim que consegui, puxei o freio de mão e o deixei ligado. Desci e ouvi Daryl assoviar para o resto do pessoal. Eles estavam sentados em alguns pneus velhos, e não demoraram a vir até nós. 
— Quem vai dirigir? – Perguntei e Michonne deu de ombros, caminhando até a porta do motorista e entrando. Daryl sentou-se no banco do passageiro e eu fui atrás com Samuel e Bob. Tudo o que eu mais queria era pegar os medicamentos e voltar logo para a prisão. Meu pensamento vagueava entre os doentes do grupo que nos esperavam. Éramos a esperança deles, e eu rezava para que eles aguentassem firme até voltarmos.

— O prédio é esse. – Daryl anunciou, subindo os degraus de concreto e parando na entrada. — Vamos ser rápidos. Entramos, pegamos o necessário e saímos. – Ele abriu a porta, com sua besta posicionada à frente do seu corpo, e checou o local. Assim que não avistou nenhum errante, ele fez sinal para que nós o seguíssemos por um corredor com buracos no teto, que permitiam alguns feixes de luz passarem. O chão estava molhado pela água da chuva que havia caído por aquelas aberturas. Abri a mochila que estava em minhas costas e guardei alguns frascos com pílulas que estavam nas gavetas de uma sala de aula. Acabamos por encontrar, no final do corredor, a sala onde estavam guardados os medicamentos e equipamentos.
— Peguem tudo o que terminar com “cinina” ou “cilina”. – Bob orientou.
— Principalmente Amoxicilina e Penicilina. – Eu acrescentei e ele assentiu. Vasculhamos os armários e pegamos tudo o que pudéssemos aproveitar, até mesmo os remédios que não estavam na lista.
— Achamos tudo da lista. Bolsas, tubos, grampos e conectores. – Samuel declarou fechando a bolsa.
— E vocês? – Daryl perguntou, iluminando com a lanterna dentro de uma prateleira, antes de pegar uma caixa com luvas descartáveis.
— Já terminamos. – Eu anunciei, terminando de colocar os frascos dentro da minha mochila.
— Certo, vamos nessa. – Ele disse indo até a porta que continha uma placa indicando a saída à esquerda. Ouvimos alguns grunhidos e Daryl fez sinal para que diminuíssemos o passo. Ele iluminou através de uma janela de vidro, revelando o corredor que levava a porta de saída, lotado de errantes.
— Por aqui! – Michonne indicou a única porta à nossa direita. A sala estava completamente escura. Daryl pegou uma cadeira que estava no canto e posicionou sobre a maçaneta, travando-a. Os errantes batiam contra a porta que havíamos acabado de fechar, e se continuassem naquele ritmo, conseguiriam entrar. — Tem uma porta ali na frente. – Michonne anunciou, iluminando o caminho com a luz fraca da lanterna.
— Merda! – Samuel gritou e nós nos voltamos para trás. Ele segurava um errante pelos braços, tentando manter a boca dele distante do seu corpo. Bob correu até ele e fincou a faca em sua cabeça. Corremos até a porta, que estava com uma corrente passada entre as maçanetas, e constatamos que haviam errantes lá dentro também. A cadeira que Daryl havia colocado na porta do fundo caiu e os errantes invadiram.
— Podemos enfrentá-los. – Bob sugeriu e Michonne negou.
— Vamos abrir a porta e passar pelos que estão ali dentro.
— Como sabe que vamos conseguir? – Samuel indagou.
— Porque é o que fazemos. – Daryl interferiu, pegando outra cadeira e batendo contra a corrente, arrebentando-a. Saquei minha arma e atirei em um deles, e o restante Michonne e Bob deram conta. Por sorte eram apenas cinco deles, o que facilitou nossa fuga. Subimos rapidamente um lance de escadas e encaramos outro corredor.
— Não tem saída! – Eu anunciei, vendo mais errantes saírem das salas.
— Então, nós criamos uma. – Daryl declarou, apanhando um extintor. — Abaixem-se! – Ele jogou o objeto contra uma janela e o barulho foi seguido pelos estilhaços se espalhando. — Vamos, eu te empurro. – Daryl disse para Michonne, posicionando-se abaixo da janela com os joelhos dobrados e com as mãos entrelaçadas. A morena apoiou o pé sobre as mãos dele e pulou com o impulso para o lado de fora.
— Cadê o Samuel? – Ele estava atrás de nós, mas quando eu o procurei, ele havia sumido. 
— Vamos, Kristen! – Daryl me pegou pelo braço e posicionou as mãos no meu quadril, levantando-me. Michonne me deu a mão e puxou-me para fora.
— Vem, Daryl! – Eu e Michonne estendemos as mãos para ele e nos esforçamos para puxá-lo. Quando Daryl ajudava Bob a subir, um dos errantes agarrou sua mochila, e ele se debateu tentando soltar-se, fazendo com que Daryl escorregasse. Se não fosse por eu e Michonne o segurando, eles teriam caído aos pés dos errantes. Daryl puxou Bob, que caiu deitado sobre o parapeito do prédio, fazendo sua mochila abrir e um litro de whiskey rolar para fora dela.
— Que merda é essa, cara? – Daryl vociferou, segurando o litro na mão. — Onde estão os remédios? – Ele bradou e fez menção de lançar a garrafa para longe.
— Nem pense nisso. – Bob balbuciou colocando a mão sobre a arma em seu coldre, ameaçando sacá-la. Daryl partiu para cima dele, ficando cara a cara com ele, e agarrou em seu colarinho.
— Daryl... – Eu o censurei e ele manteve-se imóvel, encarando Bob.
— Se beber um gole e fazer alguma besteira, eu acabarei com você. Entendeu? – Daryl intimou num tom de voz comparável a um rosnado, devolvendo o litro para ele. 
— E o Sam? – Eu questionei, olhando para dentro através da janela, à procura dele, ou ao menos, um sinal de que ele estivesse vivo. — Temos que procurá-lo.
— Kristen, é loucura voltarmos lá dentro. – Michonne interveio e eu balancei a cabeça.
— Não podemos deixá-lo.
— Você acha mesmo que se ele estivesse vivo, ele já não teria gritado por ajuda? – Daryl considerou e eu fixei meu olhar nele. — Vamos embora. Temos um grupo dependendo da nossa volta. – Ele concluiu, dando-me as costas e pulou no canteiro embaixo do parapeito, graças a pouca altura. Respirei pesadamente e desci também, indo em direção ao nosso carro. Sentei-me no banco do carona, com as pernas para fora do veículo, e apoiei meus cotovelos sobre minhas coxas, recostando minha cabeça sobre minhas mãos.
— Vamos pela rodovia 100. – Ouvi a voz distante de Bob. 
— Então precisaremos de mais gasolina. São cerca de 7 horas de viagem. – Michonne declarou.
— Nós vamos conseguir. – Bob assegurou. Eles conversavam um pouco afastados, sentados em um banco no estacionamento, onde havíamos deixado o carro. Percebi Daryl se aproximar através de sua sombra, que estendeu-se pelo chão até alcançar a ponta da minha bota.
— Seja lá o que você sentia por aquele... garoto, eu sei que é difícil...
— Daryl, nós o deixamos para morrer. – Eu o interrompi e levantei o rosto para encará-lo. Por mais que Samuel fosse um completo idiota, eu me preocupava com ele. E agora, ele estava morto.
— Se fôssemos atrás dele, colocaríamos em risco a vida de todos. – Eu baixei meus olhos para o chão e permaneci calada. Daryl agachou-se à minha frente, apoiando as mãos em meus joelhos e me fitou.
— Isso é culpa minha. – Eu declarei procurando por seus olhos e ele balançou a cabeça. — Se eu não tivesse o chamado para vir conosco, ele estaria vivo.
— Talvez. – Daryl proferiu, levantando a mão e colocando alguns fios esvoaçantes do meu cabelo atrás da minha orelha. — Isso não importa. Sei que pode parecer egoísta, mas isso pode ter acontecido para que pudéssemos nos salvar. Não há nada que possamos mudar.
— Tudo bem. – Murmurei e Daryl respirou fundo. Deixei de me martirizar por um momento, e observei o homem à minha frente. Daryl estava sempre se esforçando para ajudar a todos, mesmo que ele negasse. Ele dava o melhor de si, sem se importar se receberia em troca, mas ponderando sobre quem realmente merecia. Eu tentava ser forte mas, pior do que o sentimento de fracasso, era o medo de fraquejar que me assombrava. Sem a presença e a força de Daryl, eu já teria me perdido. Tê-lo ao meu lado me trazia esperança. 
Entrelacei meus dedos com os dele, fazendo com que ele desviasse o olhar para nossas mãos juntas.
— A prisão nos espera. – Ele declarou, ficando de pé e afastando-se.
— Daryl – Eu o chamei, fazendo-o parar e dar meia volta.— Obrigada. 
 


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3


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