História Black And Green - Treinos e Planejamentos

        - O relógio marcava cinco e meia da manhã. Maddie espreguiçava-se escorregadia em sua caixa enquanto os dois se vestiam depois de terem tomado banho juntos. Maeve havia escolhido uma de suas inúmeras calças jeans pretas e um suéter cinza escuro que cobria pelo menos metade de suas mãos o que fazia ela ter que puxar as mangas de vez em quando. Vestiu seu sobretudo calçou suas botas e passou perfume, o que agradou o moreno que apenas observava os movimentos preguiçosos de quem havia dormido pouco como ele. Aquele cheiro inundou a sala rapidamente.

        - Gostaria de saber como você planeja aguentar o dia de hoje com essa cara de sono. – Alfinetou enquanto terminava de fechar aquela fileira quase interminável de botões.

        - Não sei. – Ela sorriu e andou até ele dando um selinho em seus lábios. – Só tenho pena de quem estiver lá.

        - Por que? – Deu um sorriso levemente torto.

        - Vai que eu me distraio e alguém leva uns choques sem querer.

        - Irei torcer para que isso aconteça. – Aquele sorriso sádico e mal-humorado era bem mais charmoso pela manhã.

        Maeve sorriu e foi até onde estava Maddie a deixando bem alimentada antes de sair.

        - Vai ficar sozinha por enquanto, mas, depois você vai poder sair.

        Snape vestiu sua capa e saíram juntos de braços dados.Era uma sensação esquisita para o moreno. Nunca havia andado de mãos dadas de fato com uma mulher em público e ainda estava se acostumando a essa ideia. Maeve por sua voz sorria sonolenta, havia desejado ter aquela liberdade desde sempre e não tinha do que reclamar. Subiram silenciosos pelas escadas, e saíram. Encontraram madame Nor-r-ra no meio do caminho, mas a gata fez questão de ignorar os dois. Não era uma aluna sozinha, portanto Filch não precisava saber. As nuvens carregadas lá fora, indicavam que choveria a qualquer momento torrencialmente, o que não impediu o grupo que se juntava em um dos pátios de estarem sonolentos e felizes ao seu modo.

     Minerva e Dumbledore já estavam lá, apenas esperando a chegada e alguns que ainda nem haviam levantado. Sirius e Lupin já estavam lá, sérios e desconfiados. Draco e Luna conversavam baixo sobre algumas coisas engraçadas que eles poderiam fazer juntos; Kate e Dana pareciam que iam a qualquer momento cair de sono, mas esperavam ansiosas para ver no que daria as sugestões delas a Dumbledore. Hermione e Gina chegaram correndo sendo seguidas por Harry e Rony que ainda estavam descabelados. Todos pareciam ali pareciam desconfiados, sempre olhando para os corredores e janelas, caso alguém estivesse olhando para aquele determinado ponto onde estavam.

         Snape e Maeve foram os últimos a chegar, ao contrário dos outros estavam visivelmente calmos e sem o mínimo de preocupação. Luna e Draco sorriram ao verem os dois tão juntos sem fingir.

               - Será que vai ser dessa vez? – Luna cochichou rindo.

               - Se não for eu faço que seja. – Draco riu.

              Dumbledore e Minerva sorriram satisfeitos ao verem os dois caminhando para mais perto do grupo.

             - Que bom que chegou a tempo Maeve. – Dumbledore riu malicioso. – Achei que ainda estaria dormindo.

             - Não posso me atrasar. – Piscou.

              Para os que não sabiam do envolvimento dos dois, foi um choque vê-los daquela forma. Harry parecia confuso, não sabia se via aquilo como algo que seria educado ao se fazer por parte do professor de poções ou se realmente significava outra coisa. Rony seguia pelos mesmos pensamentos. Sirius por sua vez, parecia que a qualquer momento teria um troço ou começaria uma briga.

         Todos deixaram suas cópias instruindo a elas o que fazer direitinho até que os verdadeiros voltassem. As cópias correram rapidamente em direção aos dormitórios para cumprir todo o horário do dia. Menos Maeve. Dumbledore achou interessante fazer com que parecesse que ela havia ido a qualquer lugar fora da escola, o que lhes dariam menos chances de serem descobertos pelos bisbilhoteiros ali presentes no meio dos professores.

              - Agora vão todos antes que a escola comece a ter movimento. – Minerva os alertou.

               - Professora Minerva. – Maeve chamou.

               - Pode me chamar pelo nome querida, já temos intimidade suficiente para isso. – A velha piscou sorridente.

               - Minerva. – Maeve sorriu. – Onde está Guinevere?

           - Guinevere está com Pomfrey, as duas se deram muito bem em questões de magia de cura, e agora que sua prima está ouvindo direito graças a Papoula, não se desgrudaram mais.

             - Que bom.

             - Agora se despeça que já está na hora.

        Dumbledore abriu o portal para a clareira. Um velho truque que havia aprendido com Inima, mas nunca o usara até aqueles últimos tempos. Era útil de fato.

         Maeve virou-se para Snape e o abraçou beijando seu pescoço algumas vezes. Ele por sua vez, lhe deu um beijo casto nos lábios e na testa murmurando para que tivesse cuidado e lançando seus típicos olhares letais para o grupo que a esperava. Sirius, Lupin, Rony e Harry ficaram atônitos. As meninas sorriram e Draco batia palmas silenciosamente com aquele sorriso debochado no rosto.

           Todos correram para o portal que se fechou após todos estarem do outro lado. Snape ficou carrancudo como sempre ficava, e parecia pronto para jogar qualquer Crucio ao mínimo boato de que algo havia sido feito do outro lado.

        ✥✥✥

            - O treino seguiu-se indefinidamente por toda a manhã e início da tarde. Estavam empenhados em realmente estarem mais ágeis e combaterem com maior eficácia todos aqueles comensais. Mas quando a chuva finalmente chegou todos se reuniram debaixo de uma das árvores onde Maeve ergueu um escudo sólido que os protegiam da água que caia torrencialmente acima deles. Sentaram-se no chão para descansar pelo menos um pouco antes de retornaram a labuta.

             Harry e Rony já haviam conseguido juntamente com Draco evitarem os ataques elétricos com eficiência. Luna e Gina formavam uma dupla interessante com as azarações, as duas conseguiam azarar qualquer coisa num amplo espaço e distância e não precisavam mais perder tempo dizendo-as verbalmente. Isso facilitaria e enganaria qualquer comensal, pois não saberiam o que elas estavam fazendo. Kate e Dana tinham revezado com Maeve na transferência de descargas. Kate havia se dado bem pois estava com os braceletes que Pecky lhe dera muito tempo antes para absorver descargas, seu problema era fazer aquilo sem eles.

            - Você tem que desapegar um pouco dos braceletes, K. – Maeve murmurou se deitando no chão com a cabeça no colo de Luna que bateu com o indicador no nariz dela. Draco cutucou a morena nas costelas.

            - Eu não consigo. É como se fizesse parte. – Ela retrucou sabendo que a prima estava correta.

        - Eu também sentia isso com a espada. No fim acabou que eu sabia que não precisava tanto dela, era apenas algo que me ajudaria e não seria a fonte do meu desempenho. – Fechou os olhos.

           - Desde quando você tem ela? – Gina perguntou sentando do lado da morena.

           - Acho que desde os doze se não me engano. Mas depois de um ano é que fui descobrir para que servia mesmo. Harry?

          - Sim? – Ele perguntou sentando-se mais perto enquanto apoiava a cabeça no ombro de Gina.

          - Podemos começar a treinar a partir de amanhã com ela se quiser. – Sorriu abrindo os olhos.

        - Isso é bom! Alguma recomendação antes disso? – Ele sorriu eufórico sendo seguido por Rony que sentou do outro lado alcançando a mão da castanha.

          - Apenas pratique a mentalização. Entenda que aquela espada pode ser usada não só para direcionar a sua magia, mas também para amplia-la. Tenha em mente qual será a função dela, e ela entenderá.

           - Acho que eu vou ter que passar a noite em claro fazendo isso. – Rony riu.

        - Você só tem que mentalizar, Ron, perder sono faz mal, e todos nós estamos nos esforçando muito. Descanso é essencial. – Hermione retrucou com seu tom professoral de sempre.

        - Concordo. – Maeve sorriu.

        - Acho que você precisa dormir mais do que se divertir, sabia? – Hermione riu alfinetando ela.

        - Espera. Já que estão falando disso. – Harry interrompeu. – Desde quando você está... é.... – Ele hesitou como se escolhesse as palavras.

        - Com todo esse chamego com o ranhoso.

        Sirius interrompeu sentando-se um pouco mais afastado. Parecia se morder de ciúmes, o que Maeve ignorou enquanto cutucava Draco com o dedo em suas costelas.

        - Faz um bom tempo.

        - Isso vai dar problemas para você depois. – Lupin opinou sentando-se perto do amigo. Não estava carrancudo, porém parecia decepcionado.

        - Não vejo no que pode dar problemas. – Ela respondeu mantendo a calma.

        - Ele tem um passado bem negro não acha? – Sirius perguntou frio.

        - Eu também tenho. Negro com negro dá o que? – Ela brincou.

        - Escuridão. – Draco zombou.

        - Acho que vocês formam um par muito bonito, e já deveriam ter se assumido há muito tempo. – Gina sorriu dando ênfase e esticando a palavra muito.

        - Você está apoiando ele, Gina? – Sirius parecia incrédulo.

        - Nós três sabíamos desde o início. – Hermione riu. – Não se trata de somente apoiar, se trata de querer o bem, e sejamos francos, ele merece ser feliz.

        - Esqueceram de tudo o que ele já fez? E quantos erros ele já cometeu? – Lupin dessa vez tomou partido.

        - E esqueceram que eu também já cometi muitos erros, e continuo cometendo? – Maeve retrucou fria. – Ou acham que o que aconteceu com Alexsander enquanto vocês estavam lá foi uma brincadeira? Ou o que eu estava fazendo com Cassandra também? Abram os olhos. Erros todos nós cometemos a qualquer minuto por pequenos deslizes, definir os outros por isso é bobagem.

        - Você diz isso por que já caiu nas garras dele eu suponho. – Sirius fez insinuações nas entrelinhas do que havia dito.

        - E? O problema é meu, creio eu. E antes que isso se estenda demais, sim estamos juntos, vamos ficar juntos, e mesmo que eu acabe morrendo nessa droga eu vou continuar com ele. Pronto? Entendido? Vamos novamente para o treino, a chuva parou.

        Ela se levantou irritada e desfez o escudo indo para o meio da clareira. Kate e Dana a seguiram olhando feio para os dois. O grupo se dispersou e novamente recomeçaram, e dessa vez com mais irritação e força de vontade do que antes.

✥✥✥

        - Como se saíram? – Minerva perguntou os recepcionando depois do jantar no salão principal.

        - Deu tudo certo. Acho que podemos encarar essa mais confiantes. – Harry sorriu.

        - Não vai ter nada que nos derrube. – Rony brincou.

        - Somente a cabeça oca de vocês. – Hermione sorriu cutucando os dois.

        - Alguns conflitos. Nada demais. – Luna murmurou com seu jeito aluado.

        - Draco, tenho uma visita para você. – Minerva olhou para o loiro de mãos dadas com a loira.

        - Visita? – Ele estranhou. – Nunca recebi visita nenhuma durante todo esse tempo.

        - Está vindo com Dumbledore e o professor Snape. Sentem-se e sirvam-se sei que estão famintos. – Minerva fez um floreio com a mão para a mesa da Grifinória, onde um farto banquete apareceu. Cada um procurou um lugar para se sentar. Draco ficou perto de Maeve e Luna do lado oposto onde os Grifinórios ficaram, Dana e Kate também. Deixando a ponta ao lado de Maeve vazia. Sabia bem quem poderia sentar ali.

        Vindo pela entrada principal, Dumbledore sorria enquanto conversava com Snape e uma mulher que devia ter seus quarenta anos, de uma beleza fria e tão loira quanto o mais loiro da mesa.

        - Mãe? – Draco parecia perplexo.

        Ele se levantou indo em direção a ela que abriu os braços maternalmente o abraçando.

        - Sim, sou eu. Não aguentei ficar todo esse tempo sem vê-lo. Mesmo sabendo que Severo cuidaria bem de você.

        - Eu estou bem. Aliás, melhor do que já estive em muito tempo. – Ele sorriu para ela que espelhou o mesmo sorriso. Para Narcisa, era muito mais fácil ser ela mesma sem Lucius por perto para regra-la e mantê-la no pedestal onde queria.

        - É bom saber disso. Dumbledore me contou sobre sua namorada. – Ela sorriu torto. – Não se preocupe, tem minha aprovação desde que não faça nenhuma besteira. – Sua expressão adquiriu a mesma forma de quando Draco imitava algum deboche.

        - Vamos todos nos sentar. – Dumbledore seguiu com os dois para a mesa. Narcisa sentiu-se estranha ao sentar na mesa que não pertencia a sua casa, mas ficou calada. Sentou ao lado de Dumbledore que ficou entre ela e Gina. Snape dera a volta com Draco e sentou-se do lado de Maeve, que garfava um pedaço de torta de abóbora. Beijou sua cabeça aspirando o seu perfume e pegou a mão direita que estava em cima da mesa cruzando seus dedos nos dela. Maeve sorriu e piscou para ele.

        Narcisa não deixou de perceber aquela intimidade, achou aquilo estranho demais, não parecia do feitio dele ter todas aquelas atitudes em público, entretanto teve de concordar que os dois faziam um belo casal se assim sua suposição estivesse correta.

        - Não me contou que estava comprometido, Severo. – Ela brincou curiosa.

        - É recente. – Ele sorriu torto para Maeve.

        - Já estava na hora, jóia da Sonserina. – Draco cutucou a cabeça de Maeve que riu.

        - Vai colocar quantos apelidos em mim? – Ela brincou colocando outro pedaço de torta na boca.

        - Vou ter que inventar mais alguns. – Ele olhou para Luna que estava constrangida pelos olhares da mãe dele em cima de si.

        - Podemos inventar os famosos apelidos de casais. – Sorriu torto para o loiro respondendo ao olhar malicioso.

        - Nem pensem nisso. – Snape murmurou de cara feia.

        Na outra ponta Sirius e Lupin estavam aborrecidos, prontos para irem embora se Dana não os tivesse feito ficar ao lembrar de algo.

        - Maeve, sabe que data é hoje? – Ela inclinou-se para frente para olhar a prima.

        - Dia treze, se não me engano. Por que? – Pareceu confusa com a pergunta.

        - Sabe que dia é sábado? – Kate perguntou incrédula.

        - Dia quinze. – A morena ficou desconfiada. – Tem algo que eu não saiba?

        - É seu aniversário sua tonta! Vinte um! Não me diga que não lembrava? – Dana arregalou os olhos sem acreditar.

        - Não, não lembrava. – Ela voltou a comer de testa franzida.

        - Como você conseguiu se esquecer do próprio aniversário? – Harry perguntou.

        - Propositalmente. – Ela retrucou comendo o último pedaço e engoliu rapidamente. – Está marcado no meu calendário como a data dos desastres. Então não faço questão de lembrar.

        - Desastres? – Minerva perguntou.

        - Ela está dizendo isso por que o pai dela foi responsável por estragar quase todas as festas que nossas tias tentaram fazer para ela. O desastre reside nisso e no fato de que sempre acontece algo depois do aniversário dela, além de outros acontecimentos bem chatos. – Dana respondeu pensativa. – Estávamos querendo fazer pela primeira vez uma festa de verdade para você, sem seu pai te enchendo o saco.

        - Eu tenho trauma disso. – Maeve sorriu torto.

        - Seria uma boa ideia, Maeve. – Dumbledore sorriu para ela. – Nada melhor do que reiniciar alguns acontecimentos em sua vida. Aproveite para comemorar e esquecer um pouco as experiências frustradas.

        - Tenho certeza que todos aqui querem organizar isso. – Minerva olhou para o quarteto que parecia começar a bolar planos.

        - Eu fico com a decoração! – Gina sorriu.

        - Eu fico com o vestido. – Luna parecia já imaginar.

        - Acho que eu fico com a escolha das músicas. – Kate piscou fazendo careta.

        - Posso ajuda-la junto com a senhorita Lovegood. – Narcisa riu vendo o desespero da morena. – Não se preocupe vai dar tudo certo.

        Olhou para Snape como se pedisse ajuda. Ele apenas apertou a mão dela com um sorriso malicioso repuxando-se nos cantos.

        - Não façam isso comigo. – Pediu.

        - Já estamos, e ainda precisamos decidir os seus presentes. – Hermione piscou.

        Maeve suspirou sentindo-se derrotada. Não sabia se ria ou se chorava diante aquela situação. Tinha que treinar para a chegada de Voldemort e seus comensais furiosos e não participar de festas. Sua cabeça doeu ao pensar no Lord das Trevas, e ela espantou momentaneamente a voz dele de sua mente.

        - Tudo bem. Eu deixo vocês fazerem isso. – Disse por fim se entregando.

        - Não é todo dia que se faz vinte e um Maeve. – Draco riu. – E nem é todo dia que podemos aprontar com você.