História Black Clover - Demônio de Clover - Deixando tudo pra trás

No Reino Clover, em um dos cantos da Região Esquecida, o círculo externo e mais pobre do Reino, se tem localizado uma pacata vila, Hage. Onde grande parte dos moradores passam a maior parte do seu tempo nos campos. A vila é cercada por planícies, com uma delas em específica tendo uma árvore solitária, com alguém confortável em sua sombra. Esse alguém tinha baixa estatura, a cabeça descancava os cabelos grisalhos enrugados no tronco, enquanto o corpo pequeno permanecia sentado na grama fofa, descansando na sombra em um sono leve. Ele vira a cabeça para o outro lado e começa a acordar, entreabrindo os olhos de belos tons de verde, tendo sua visão iluminada pelo sol. Agora podendo ver a extensa floresta com a presença de um gigantesco crânio no meio, com três orifícios onde ficariam os olhos e dois chifre retorcidos, um deles quebrado na ponta. O crânio do demônio, que no passado foi derrotado pelo Rei Mago após causar destruição em metado do reino

Mas entre histórias de heróis e monstros, ele era diferente de todo o resto. Diferente das pessoas do reino, talvez, até mesmo, do mundo, ele não tinha um traço de magia em seu corpo. Sendo provavelmente a única pessoa sem magia no mundo inteiro

Ele admira a vista até a luz do sol queimar seus olhos, ô forçando distanciar o rosto da luz do sol

- Meus olhos - Diz baixo, sua mão vai até o rosto para coçar os mesmos

Ao longe surge uma voz, que chama pelo garoto

- Ei, Asta!!- A figura se aproximava mais, após revelar o nome do nosso protagonista

O garoto se aproximava correndo e acenando. Ele era um garoto de composição magra, olhos cor de âmbar e cabelos pretos bagunçados. Vestindo uma camiseta preta de manga cumprida, em contraste com o grisalho, que usava uma completamente branca. Além da camiseta, ele vestia uma calça marrom muito clara e calçava um tênis da mesma cor, porém em seu tom escuro

O garoto grisalho, chamado Asta, fica animado ao ver o moreno se aproximar, se ajeitando, afastando as costas e a cabeça do tronco da árvore e virando o corpo na direção que o outro garoto vinha

Asta:Yuno!- Grita animado em resposta

O moreno finalmente chega até seu irmão, que era como se consideravam. Ambos foram deixados na frente da mesma igreja, juntos, sendo recém-nascidos, tendo agora 6 anos, seus laços eram tão fortes quanto de sangue

Yuno curva seu corpo para frente e se apoia com as mãos nos joelhos. A respiração acelerada demontrava o quanto estava sem fôlego pela corrida, mesmo que não fosse fácil distinguir, Asta era o de melhor físico, em todas as maneiras. Mesmo cansado, o moreno sorria para Asta

Asta:Tá tudo bem?- Pergunta sorrindo, mas ainda com dó do irmão

Yuno: Tudo bem, tô bem - Levanta a palma direita para ele, indicando para ele não se mexer. Ele logo se recompõe, respirando fundo, recebendo um aceno do grisalho

Asta:Você parece animado. Que foi?

Yuno abre um sorriso largo de criança. O pequeno moreno levanta o braço até a direção da floresta, da sua palma, o vento começa a girar e o ar vibra quanto mais rápido o vento circula. Era a magia de Yuno, magia de vento. A ventania se dispersa na direção em que era apontada, desfazendo a esfera e arrancando partes da grama do solo. Se formou um rastro de grama com partes arrancadas e terra remexida por alguns metros, mas na distância, algumas folhas de uma árvore na entrada da floresta caem. Asta sorri largamente, admirando o feito mágico do irmão

Asta:LEGAL!!- Grita eufórico

Yuno se vira, sorrindo abertamente também

Yuno:Hehe!- Ri orgulhoso

Asta:Mas só espera até eu ganhar meu grimório e aprender a usar magia!- Estende o punho cerrado para Yuno - Eu vou fazer coisas muito mais legais! Só espera

Yuno olha pra baixo, onde Asta estava sentado e fecha o punho

Yuno:Talvez, mas eu ainda vou melhorar mais e ficar na sua frente...e me tornar o Rei Mago primeiro!- Ele leva o punho até perto ao do grisalho - Porque esse é nosso sonho, não é?

Asta hesita por um momento, seus olhos vagueiam por um segundo, como se tivesse esquecido disso nos seus devaneios

Asta:Ah, é...- Afirma meio incerto e pensativo

Eles batem seus punhos, ambos sorriam um para o outro

Yuno se senta ao lado do grisalho. Eles admiram a vista do sol se pondo e a luz refletindo no topo do crânio gigante

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A noite caiu nas planícies. Yuno e Asta andavam a passos lentos pela trilha que levava da floresta à vila Hage, Asta mais a frente, com as mãos atrás da cabeça. Yuno mais atrás olhava para as costas do grisalho, deixando um resquício de tristeza passar momentâneamente por seu rosto

Asta:Chegamos....- Fala olhando mais pra frente, onde havia uma igreja velha, na frente dela cercas formando um quadrado. Como um quintal, talvez?

Yuno, ao olhar para os lados, viu algumas pessoas passando, se afastando pra ser mais preciso, olhares de desprezo em direção que se encontravam, mas, na verdade, eram direcionados apenas para Asta, e ele sabia disso. Quando finalmente estavam só eles na rua, Yuno vê Asta receioso na frente da igreja, fora da área demarcada pelas cercas

Yuno:Asta?- Chama, se aproximando do mesmo

O grisalho vira seu olhar até ele. Mesmo notando a preocupação de seu irmão, ele sorri largamente

Asta:Vamos logo. Eu tô ficando com fome

Yuno sorri também. Talvez seu irmão só estivesse fingindo ou realmente se acostumado com as outras pessoas, de qualquer forma, não tinha como ele saber sendo só uma criança. Ambos cansaram de ficar de pé na rua e entraram na igreja

A igreja também é um estabelecimento que abriga órfãos, como um orfanato

Então, assim que botam o pé pra dentro, os residentes da igreja/orfanato surgem, correndo em direção a eles. Bom, na verdade, eles ignoram Asta friamente, circulando ao redor apenas de Yuno, mal dando importância a sua presença. Asta apenas faz o mesmo que eles, os ignora e se distância, e se dirige a mesa onde jantavam. O garoto pega a única coisa que existia naquela igreja para comer...batata, a mais seca batata do reino e um copo de água para acompanhar

Yuno nota seu irmão se distanciando, ele fica encarando até o grisalho sumir no virar da esquina

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Asta ficava sentado na cama que corpatilhava com Yuno e as outras crianças, praticamente uma grande colchão no chão. Ele observava a vista da janela do meio da cama, depois de já ter comido as secas batatas de Hage. Ele não fazia questão de comer com os outros, pois sabia que nenhum deles daria muito por sua falta e, se dessem, seriam os poucos que se aproximaram dele, mesmo ele não tendo magia, que sabiam que ele comia sozinho faz certo tempo e eles sabiam os motivos

Ao olhar pela janela, deixava os pensamentos vagando. Eu tô ficando ansioso, sinto que algo está prestes a estourar.... Seu coração se apertava, pois algo realmente iria acontecer nessa noite

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Plaft

A bochecha de Asta fica vermelha com o tapa que levou. Ele não estava sozinho naquela noite, outras crianças, da mesma idade que ele ou mais velho, estavam com ele, mas nenhuma estava do seu lado. O que ele estava fazendo? Apanhando. Os outros, garotos e garotas, esperaram anoitecer o suficiente para todos da igreja irem dormir, atraíram Asta pra fora e agora ele está com os braços amarrados

- Sabemos que você treina seu corpo, por não ter magia, claro, mas não pode fazer nada com os braços amarrados - Diz empurrando o garoto amarrado. Quem era esse? Ninguém que importe pra história, não tanto pra ter destaque, pelo menos. Era apenas mais um dos garotos que queria aproveitar da ignorância dos adultos com Asta e queria bater no mesmo - He!

Outro garoto, chuta Asta. Ao redor de Asta, haviam apenas gente rindo da sua impotência e piadas que contavam os garotos e garotas enquanto o batiam em grupo. Se aproveitando que o grisalho não poderia pedir ajuda, porque ninguém viria a seu socorro. Até que um garoto o chuta na barriga, fazendo ele perder o ar

- Você tem tanta força quanto magia

Asta estava cansado disso

Revide....

A voz ecoa em sua mente, como um demônio em seu ombro, ou um conselheiro em sua mente. O pensamento parecia já existir, reprimido na mente de Asta...e agora ele toma conta do seu corpo. Certo. Usando toda força que tinha nos braços, ele tenta romper as cordas

Asta:Ghaaaaa - O esforço fez seus músculos arderem, mas a corda se rompeu

Dessa vez eu vou. Pensa se levantando. As outras crianças já estavam se afastando, assustadas por ele se libertar das cordas e sua feição não demontrava misericórdia direcionada a ninguém ali. O primeiro a ser seu alvo foi o garoto mais perto dele, coincidentemente, ou não, era o que havia o chutado. Como retribuição, um soco forte faz ele sentir como se sua cabeça fosse arrancada e os dentes dele voam para o outro lado da boca

- A-aaah - Exclama assustado outro garoto, parado ali, sem conseguir se mecher. Esse era loiro, não que fizesse alguma diferença

Asta vira seus olhos para o loiro, que se assusta. Asta se aproxima dele com vibrações sombrias em seus movimentos

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Asta já entrava de volta na igreja, sua mente dormente por tudo que aconteceu . Ele volta a realidade quando para de frente ao quarto compartilhado, pois seus olhos caem diretamente em Yuno. O moreno dormia sereno, diferente dele, que sentia a adrenalina passa por seu corpo, ainda. Ele podia olhar em volta e encontrar outros "irmãos" seus que o travam até que bem, mas sua mente estava cansada demais. O cansaço chega como um murro, sendo essa sua única batalha perdida nessa noite. Ele vai até a ponta mais próxima da janela e se aconchega ali, ao lado de alguns "irmãos" que ele gostava. Ele olha pela janela até adormecer completamente de novo

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Na manhã que surgiu. As crianças que estavam presentes na noite passada estavam todas feridas de alguma forma, a maioria fisicamente. Seria esperado que elas contassem para seus pais tudo, ou apenas que Asta os bateu, mas não. Nenhuma tinha coragem de se humilhar ao dizer que apanhou ou fugiu do garoto que nem consegue usar magia. Isso era apenas uma vantagem para Asta, pois não iria ter problemas por culpa dos outros, enquanto passava e via todos sendo questionados e levando bronca dos pais/responsáveis

Sua caminhada acabou na floresta, onde um tronco o convidava para se sentar. Ele observava os movimentos da floresta, até que chegou o momento de fazer o que ele fazia todo dia na floresta. Asta era uma criança ainda, mas seu corpo estava desenvolvendo seus músculos firmemente. Ele não estava nem perto de ser muito desenvolvido nessa área, mas sua força era consequência do seu treino, que parecia não ter nada de especial de longe, era um treino comum, mas ele fazia tudo muitas vezes mais que outras pessoas, pra seu corpo chegar além dos seus limites do dia anterior. O que faz ele ter energia para treinar até o anoitecer, todo dia

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O grisalho voltava pela trilha da vila, exausto do dia de treino que teve, o sol já havia sumido no horizonte a pouco tempo. Ao chegar na frente da igreja, ficou parado ali por um certo tempo, sentindo seu coração bater acelerado em seu peito. Por que? Porque a decisão que ele tomou era grande demais para um garoto de 6 anos. Ele percebeu que passou sua vida toda aturando os outros a sua volta, quando o olhavam, quando o desprezavam...quando o machucavam, mas a noite anterior foi o seu limite. Depois de ouvir aquela voz pela primeira vez, sua mente parecia pensar mais sobre as coisas que faziam contra ele, mas não era sua obrigação aturar aquilo....ele iria embora! Ele aguentaria por seus irmãos, mas Yuno era amado por todos, ninguém faria mal a ele, assim como as outras crianças, que não tinham nenhum motivo para serem alvos, então ele estava sofrendo atoa, sua ida deixaria alguns tristes, mas um dia entenderiam, assim como ele esperava entender. Hoje, ele iria aproveitar com seus irmãos o máximo, pra terem sua última lembrança feliz com ele, pois ele iria lembrar deles e desse dia pra sempre

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Se encontrava solitária em uma planície novamente, o silêncio sendo a única companhia. Asta olhava uma última vez para tudo que estava abandonando, enquanto pensava que não era muito, na verdade, era quase nada.......era tudo que ele tinha. Seus olhos ardiam pela vontade de chorar, mas nenhuma lágrima seria derramada. A decisão difícil já foi tomada, só restava olhar para o outro lado....a parte mais difícil

Sentindo coragem subitamente, se vira para outra direção, passo por passo, se distânciava de casa. Enquanto o último pensamento surgia em sua mente. Adeus Yuno... . Refutando o que dizia antes, uma lágrima solitária rola por seu rosto

Continua....