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História Black Out Days (Hermione!Lésbica) - 11


Escrita por: trwstan

Notas do Autor


olá amores, outro capítulo imensokkkkkk e essa semana terão dois de novo ok!!!!

to muito feliz com a comunidade que criamos com essa história, entao vcs merecem esses mimos.

apertem os cintos!!!!! pq esse capitulo ta de fuderkkkkkkk

board da história no pinterest, com fotos que achei que são congruentes com a estética que criei: https://pin.it/4ztoepI

Capítulo 12 - 11


Fanfic / Fanfiction Black Out Days (Hermione!Lésbica) - 11

Knut Nielsen estava machucado e sentia uma profunda tristeza, isso era óbvio, ele via aquela pessoa tão querida para ele machucada e naquele momento, não poderia dizer nada. Ele teria que ser cauteloso, e não fazia ideia de como proceder.

O maquinário da sua cabeça trabalhava enquanto ele decidia o que fazer, pois ele tinha um palpite, e estava prestes a descobrir se iria funcionar.

-Ni wewe kweli? – Ele forçou sua voz a sair com os últimos pontos de energia que tinham.

O olhar opaco de Olivia virou-se para ele, como se estivesse se perguntando o que era aquilo, o que ele estava dizendo.

-O que? – Ela perguntou.

-Ni wewe kweli, Olivia? – Ele repetiu.

No olhar verde, ele conseguiu ver por alguns segundos, o brilho novamente, o brilho que caracterizava Olivia, o brilho que ele havia visto poucas vezes na vida. O brilho de esperança.

Há alguns anos, o céu da Dinamarca estava despejando neve compulsivamente, era quase impossível ver o que estava há dois metros, pois os vultos brancos atrapalhavam a visão. Noora Nielsen estava aguardando o marido, ansiosa, enquanto relançava feitiços protetores a cada minuto, para que não houvesse nenhum tipo de falha. Ele estava atrasado, e o primeiro pensamento que vinha na cabeça da mulher era que seu amado esposo estava morto.

Noora estava acostumada a viver em constante medo, seu marido tinha a mania terrível de ser uma espécie de salvador, principalmente quando envolviam crianças, principalmente crianças que estavam sendo maltratadas. Por estarem próximos até demais de Durmstrang, a Escola de Magia Dinamarquesa não recebia muitos alunos, algumas famílias tradicionais da Dinamarca faziam questão de continuar no país, mas a maioria sempre escolhia a escola de Karkaroff.

Após o fim da Primeira Guerra Bruxa, muitos Comensais da Morte buscavam escolas pequenas para colocarem seus filhos ou crianças que eram responsáveis, em vista que não queriam ser reconhecidos, mas os Nielsen os conheciam bem demais para que isso fosse permitido em sua escola. E foi nesse contexto que Olivia entrou na vida dessa família.

Para ele, sendo o diretor da escola, a garota era exemplar, sempre tinha suas tarefas em dia e era uma ótima jogadora de quadribol, mesmo que o esporte não fosse um foco na escola. Os professores amavam Olivia, e aparentemente, ela também amava a escola. Os pais de Olivia não apareceram para fazer uma matrícula, quem chegou lá requisitando uma vaga foi Narcisa Malfoy. Ela poderia ter usado outro nome, mas ele a conhecia, e conhecia muito bem.

Ele estava familiarizado com os amigos de Axel Jørgesen, e ele sabia que os Malfoy eram próximos, então não foi difícil reconhecer a aparência da família. Mas ao contrário do que seus pensamentos diziam, ele aceitou a garota da escola, fingindo acreditar na história que Narcisa contou.

E em um dia, após um jogo de quadribol que havia no pequeno estádio da escola, Knut viu a barriga vermelha, em carne viva, por debaixo da camiseta azul, cor padronizada do uniforme da Escola Dinamarquesa. Após algumas semanas conquistando a confiança da garota, ele conseguiu ver o ferimento na barriga, era uma mancha vermelha que ia do umbigo da garota até um dos seus mamilos. O homem sabia o que tinha causado no momento que viu.

-Quem fez isso com você? – Ele perguntou.

-Ninguém, eu me machuquei sozinha.

Knut suspirou, triste, e passou os dedos pelo seu cabelo loiro.

-Você pode confiar em mim, eu juro que não falo nada pra ninguém, nem mesmo para as suas tias...

Olivia olhou para ele com os olhos verdes chorosos.

-Promete, senhor Nielsen?

Knut agachou-se no chão, ficando na mesma altura da pequena Olivia.

-Eu prometo, Olivia.

Ela acenou, e abriu a boca para falar, mas seus lábios começaram a tremer. Ela estava na iminência de chorar compulsivamente.

-M-meu tio quis que eu lançasse um feitiço em um gatinho que ele trouxe para casa... E e-eu fingi que não consegui, pra que ele pudesse ficar vivo...

-Que feitiço, Olivia?

-A-avada Kedavra.

O homem sentiu seu estômago se revirar dentro da sua barriga.

-E você sabe lançar esse feitiço?

-Eu só fiz em u-um passarinho, professor Nielsen – Ela choramingou. – Mas é que faziam alguns dias que eu não comia, e meu tio disse que eu só iria caso lançasse o feitiço...

Knut sentiu outro sentimento aparecer. Raiva.

-E aí ele usou incendio em você? – Ele perguntou, afagando as madeixas rebeldes.

Ela acenou.

Knut expirou e inspirou por alguns minutos, enquanto afagava a cabeleira da garota. Após esse acontecido, ele a levou até seu escritório e fez uma poção que amenizasse a ferida. Ele era um bruxo fantástico em todos os aspectos, mas quando se tratava de Poções, Feitiços e Runas Antigas, Olivia apostava que ele era o melhor que existia.

E foi após o primeiro ano de estudos na Escola Dinamarquesa, onde Knut fazia questão de dar aulas particulares de Feitiços, Runas Antigas e Poções para a garota, que ele decidiu obedecer seus pensamentos. Proteger Olivia.

Após minutos de ansiedade, Noora ouviu um som característico, um som de aparatação. Ela correu para a sala, onde tinha vindo o som, e lá encontrou Knut, junto com a garota.

-Você está bem? – Noora perguntou. Devido aos feitiços de proteção, era possível que a aparatação não funcionasse muito bem, mas por Knut saber a localização exata da sua casa, ele aparentemente estava em boas condições.

Knut acenou com a cabeça, mas a preocupação dele era com a garota que estava ao seu lado. Ela parecia agora com alguma trouxa qualquer que Knut havia visto nas ruas, mas o cabelo estava deixando de ser loiro e voltando a ser preto. Ele tinha roubado um tufo de cabelo para fazer uma poção polissuco. A sua expressão era assustada, e ela agarrava o braço do homem como se fosse a única coisa boa no mundo.

-Estamos bem, Olivia, estamos bem... – Ele sussurrou em um dinamarquês arrastado, enquanto afagava o seu cabelo.

-Vocês foram seguidos? – Noora perguntou.

-Um idiota inglês conseguiu nos seguir por alguns momentos, mas tirei ele do nosso caminho – Knut respondeu, ofegante.

Noora acenou, e olhou para as janelas de forma ansiosa. Não era possível ver nada além do vulto branco.

-Vocês têm que ir, não sei se os feitiços vão segurar por muito tempo – Ela disse.

Knut acenou novamente.

-Você acha que já conseguimos ir? – Ele perguntou para Olivia, que ainda estava assustada ao seu lado.

-S-sim...

Knut levantou-se do chão e auxiliou Olivia a fazer o mesmo. Ao contrário de muitos anos depois, ela estava menor, até porque tinha apenas doze anos, ela era uma criança, uma criança que estava machucada e assustada.

Noora tirou um saco de dentro do seu sobretudo e entregou para o marido enquanto eles caminhavam os poucos metros até a rede de flú que havia na casa.

-Não esqueça, aparate para longe, qualquer lugar, assim que puder – Knut avisou, enquanto abria o saquinho e pegava um pouco do pó prateado que havia dentro.

Noora acenou e puxou o homem para um beijo rápido, e agachou-se para falar com Olivia.

-Você vai ficar segura logo logo, sim? – Ela sussurrou, beijando o topo da cabeça da garota.

-Tudo bem.

Knut suspirou e puxou Olivia consigo para dentro da rede de flú.

-Escola de Magia Uagadou.

Aquela sensação ainda era nova para Olivia, então ela sentiu uma sensação enjoada quando sentiu seu umbigo ser puxado para a viagem, ela sentia todas as formas ao seu redor ficarem desfiguradas, mas após alguns segundos, eles estavam de pé em uma imensa sala.

Olivia piscou diversas vezes para que sua visão focasse novamente, e quando voltou ao normal, ela se concentrou nos novos estímulos que estavam ali. Era mais úmido e mais quente, e ela sentia uma pressão imensa nos seus ouvidos.

-Não se preocupe, é a altitude – Knut disse quando viu ela esfregando suas têmporas. – Em breve você vai se acostumar.

Um estrondo junto de passos leves ecoou pela sala, e inconscientemente, Knut colocou Olivia atrás do seu corpo, em um sinal de proteção. O seu corpo relaxou mais quando ele viu a diretora Abayomi Akello, em um de seus vestidos coloridos, sendo o da vez um azul com amarelo, e um turbante da mesma cor que enrolava seu cabelo. Ela era uma mulher maravilhosa, e o seu sorriso hipnotizou Olivia.

Knut, agora aliviado, saudou a diretora curvando-se com a mão sob a barriga.

-Hi Knut, ninafurahi kuwa umefika sawa – Abayomi disse. Olá Knut, fico feliz que tenha chegado bem.

Knut sorriu.

-Tuko sawa. – Estamos bem.

Olivia saiu de trás do homem, agora sua aparência estando quase completa, se não pelo nariz que ainda estava afilado, mas aos poucos, voltava para a normalidade.

-Haelewi kiswahili – Knut avisou, tímido. Ela não fala Suaíli.

Abayomi sorriu.

-Serrmm porrrblema – Ela disse, sorrindo. – Vucês só terrrão que me perrdoar pelo inglerrs.

-Tudo bem, professora Akello – Knut disse. – Você já está fazendo muito em nos aceitar aqui.

A mulher ofereceu uma expressão amigável para eles.

-Acrrredito que vucês nu forrram seguidos? – Ela perguntou, olhando por cima dos ombros deles, observando a rede de flú.

-Não fomos, por isso demoramos. Tomamos todas as medidas para estarmos a salvo.

Ela sorriu novamente, e Olivia ficou um pouco hipnotizada pelos dentes brancos em contraste com a pele marrom. Era com certeza a pessoa mais linda que ela havia conhecido.

-Nós irrremos ajurrtar tudo parrra a garrrota – Abayomi avisou. – Todss que vêm parrra cá são afffrricanos, estamos forrra do contecsto eurrropeu. Enton nauu se perrr-ocupe.

-Isso é bom, são ótimas notícias.

-Apenas quem recebrr nosso convitss consegue vizurralizar a Escola.

-E a rede de flú?

-Sue esposse tinha um pó especiarrl. Inclussive, tenho que pedrr de volta.

Ela estendeu a mão com a palma para cima e Knut colocou o saquinho que Noora havia entregado.

-Enton... Qual o nomrr dessa garrotinhe? – Abayomi sorriu para Olivia, que retribuiu.

-Olivia.

-Olivierr... – Abayomi repetiu da sua forma. – Eu sou Abayomi, mas muitss insists em me chamarrr de porrfessorra Akello.

-Olá, professora Akello – Olivia disse.

Abayomi ficou fascinada com a educação da garota, e melhor: com a aura poderosa que ela exalava.

-Vamuss conhecrrr a escola? – Ela chamou, estendendo sua mão, que a garota prontamente agarrou. Olivia tinha essa espécie de sexto sentido para quem confiar, só pelo olhar e pela forma de se comportar, ela sabia quem era confiável e quem não era. E a professora Akello parecia uma dessas pessoas extremamente confiáveis e gentis.

Abayomi mostrou todo o castelo para Olivia, e Knut só se recordava. Ele era um grande amigo da mulher, e já havia visitado o país algumas vezes em seus cinquenta anos de vida, então já estava familiarizado com aquele ambiente.

Olivia observava tudo impressionada. Ela avistou centauros em salas escuras com imensos telescópios, que abanaram o rabo junto de um sorriso quando a viram, e também os diversos alunos que caminhavam pelos corredores, distraídos, como se eles nem estivesse lá.

-Essesss são nossuss porrfessorres de Astrorrrnomia – Ela disse, apontando para as criaturas.

Um era extremamente grande, com uma barba imensa, que estava ficando grisalha, e a pelagem do corpo de cavalo da mesma forma.

-Esstte é o porrfessorr Alexis. Ele ééérr um dos marr antigss que temmsss aqui.

-Olá, professor Alexis – Olivia o cumprimentou, e o centauro fez uma reverência.

-Sinto que os astros já me avisaram sobre você, senhorita – Alexis disse.

-Então isso é bom, senhor? – Ela perguntou, receosa.

Alexis se limitou em dar um sorriso. Isso fez com que o coração de Knut acelerasse.

O outro centauro que estava ao lado dele era menor, tinha um peitoral mais definido e uma barbicha loira, que combinava com a cor da sua pelagem.

-Olá senhorita, sou Okwi – Ele se apresentou, também se curvando em uma espécie de reverência.

Olivia imitou a reverência, o que arrancou risada de todos.

-Espero ansiosamente por você – O centauro disse, virando-se para o telescópio em que estava trabalhando.

Olivia olhou para eles, maravilhada. Abayomi seguiu com a apresentação do imenso castelo, que era muito maior que qualquer coisa que Olivia já havia visto na vida, e chegou em um momento que a diretora avisou que já estava quase na hora do jantar, e que a garota iria conhecer todo o resto enquanto se acomodava.

Abayomi os levou de volta a sua sala, deixando-os a sós para se despedirem. Ela colocou um pouco de pó de flú nas mãos do homem antes de se retirar.

Knut ajoelhou-se na frente de Olivia e encarou os olhos verdes marejados. Ela já havia voltado totalmente para a sua aparência.

-Aqui você estará a salvo – Ele disse. – E vai aprender coisas incríveis.

-Eu realmente não posso aprender só com o senhor?

Knut riu, e agarrou a mão dela.

-Os professores daqui sabem bem mais que eu, Olivia, coisas que eu nunca nem sonhei em ensinar...

Olivia sorriu.

-O que o senhor vai contar para as minhas tias?

-Que tias? – Knut respondeu, com um sorriso zombeteiro.

Olivia envolveu seus braços ao redor do homem e tentou lembrar-se o máximo possível daquele abraço que parecia casa, fazia ela se sentir em casa.

-Até logo, Olivia.

O homem saiu de suas memórias em um sufoco,  e ele via na sua frente, o fundo do olhar opaco a sensação de desespero. O pedido de socorro. Ela ainda não conseguia falar.

A sua teoria foi bravamente comprovada quando Olivia começou a caminhar pelo quarto, como se estivesse a procura de algo. E em um fundo de uma gaveta, ela achou uma varinha, que estava velha, e Knut apostava que ela não conseguiria expelir o mais simples dos feitiços.

Não era Olivia.

-Knut! – Ela gritou. – Vamos lá, não me faça perder tempo.

Ele sentiu o gosto ferroso na boca e cuspiu no chão, marcando o piso com uma mancha de sangue.

-O que você quer? – Ele gemeu. – Os seus já tomaram de conta, o que mais você quer?

Knut tinha que fingir.

Olivia levantou-se de uma vez do sofá, derrubando todos os móveis que estava ao seu redor. Ela estava furiosa, ao mesmo tempo que estava incontrolável, seus sentidos estavam dormentes devido os feitiços que o bruxo havia lançado.

Ela colocou a ponta da varinha na sua garganta, fazendo o homem sufocar. Mas ele sentiu um pingo de esperança quando ouviu um “creck”. A varinha estava quebrando.

-Me diga a verdade sobre os meus pais.

-Eu já lhe falei. Vá até Hogwarts, lá você vai descobrir.

Olivia soltou um rugido pelos lábios cortados. Ele não tinha certeza quem estava ali, mas aquela expressão era característica de alguém que ele conhecia há anos.

-Porque não me dizer agora? – Ela pressionou.

Ele sorriu tristemente. Parecia um pai tendo que dar adeus ao seu filho mais querido. E talvez ele realmente ele estivesse, ele não sabia se Olivia iria sobreviver.

-Você vai me matar de qualquer forma.

Knut sentiu a mão que agarrava a varinha vacilar.

-O que tem em Hogwarts? – Ela perguntou, com a voz frágil.

O homem sorriu novamente, e mesmo naquela situação tão terrível, a bondade era extrema, os olhos azuis transmitiam a mesma gentileza que Dumbledore. Olivia era uma filha para os Nielsen, eles fizeram de tudo, abriram mão de toda a sua existência pacífica para protege-la.

-Apenas vá.

Olivia bufou, chutando outro móvel no seu caminho. Knut percebeu que isso fez com que ela ficassem mancando. A sua perna sangrava pois ele a conhecia bem. Ele sabia onde era a sua maior fraqueza, sabia que existia um lugar que nunca era cicatrizado, independente de quantos anos passassem.

O momento estava próximo. Então, ele trouxe sua mão levemente para frente do corpo, para que Olivia não percebesse. E o momento foi certeiro com o grito que ecoou pelo cômodo:

-Avada Kedavra!

Knut colocou os quatro dedos em paralelo com o dedão, e abriu as mãos em um movimento rápido.

-Expelliarmus! – Ele berrou, junto com Olivia. Mesmo sendo um bruxo experiente, ele teve que realizar em forma de feitiço falado, não tinha certeza se tinha forças o suficiente para lançar de forma muda.

O jato vermelho ricocheteou a varinha velha, que se partiu em diversos pedaços, quebrando o raio verde que ameaçava sair. O feitiço de Knut foi forte e cumpriu seu propósito quando ele viu que tinha empurrado a garota alguns metros de distância.

Ele havia retirado Olivia daquele transe. Apenas Olivia, e não Axel Jørgesen que estava controlando seu corpo através da Maldição Imperius.

[...]

O trio de amigos estava na aula de Herbologia, a última da manhã. O vento forte que estava presente no dia do jogo havia parado, a mistura estranha estava de volta e eles levaram um pouco mais de tempo que o normal para achar a estufa certa.

-Nossa, minha cabeça ainda ‘tá explodindo – Disse Rony em voz baixa, enquanto eles se posicionavam em torno do tronco retorcido de Snargaluffs que formavam o projeto desse semestre, e começavam a colocar suas luvas de proteção.

Hermione bufou.

-Rony, Harry estava falando sobre os encontros com Dumbledore. Vamos ouvir.

-Harry, espero que você só queira desabafar, pois meu maquinário aqui – Rony bateu na própria têmpora – Ainda ‘tá meio defeituoso.

Harry riu baixinho.

-Mas eu ainda não entendo para que Dumbledore está te mostrando tudo isso – Hermione disse depois do amigo contar sobre as memórias vistas na penseneira – Quer dizer, é muito interessante e tal, mas qual o objetivo?

-Não sei – Disse Harry, colocando sua proteção de gengivas. – Mas ele sempre diz que é muito importante e vai me ajudar a sobreviver.

-Eu acho fascinante – Disse Hermione com determinação. – Faz muita lógica saber o quanto você puder sobre Voldemort. De que outro modo você vai descobrir as suas fraquezas?

-Então, como foi com Olivia? Ela gostou da nossa festa? – Harry perguntou de forma quase engasgada pelo protetor de gengiva.

-Oh, foi legal, sério – Disse Hermione, agora colocando os óculos de proteção. – Ela amou tudo.

-Ela me deu a entender antes da festa que já havia jogado com um profissional.

Hermione riu.

-Ela estudava em Durmstrang. Já jogou com Krum.

-Krum? – Rony exclamou, seus olhos se enchendo debaixo dos óculos. – Krum de Vítor Krum? O cara que você beijou e deu um fora esses dias?

-É.

-E foi por isso que ela veio pra cá? Por que saiu de Durmstrang? – Rony perguntou, impressionado.

-Muita conversa por aqui! – Disse a Professora Sprout, acabando com a confusão e parecendo zangada. – Vocês estão ficando para trás, todos já começaram, e Neville já conseguiu a sua primeira vagem!

Eles olharam em volta e lá estava Neville, com o lábio sangrando e alguns arranhados em seu rosto, mas agarrado a um objeto verde e feio que pulsava, aproximadamente do tamanho de uma laranja. Hermione deu aos outros dois um olhar apreensivo, todos inspiraram profundamente e se viraram para os troncos na frente deles.

Ela enfiou seu braço nesse buraco, que fechou como uma armadilha sobre seu cotovelo. Harry e Rony puxaram e socaram as videiras, forçando o buraco a se abrir novamente, e Hermione tirou seu braço, apertando em suas mãos uma vagem igual à de Neville.

De uma vez, as videiras espinhosas voltaram para dentro, e o tronco ficou ali parado parecendo um inocente pedaço de madeira morta.

-Me passe uma tigela – Disse Hermione, segurando a vagem pulsante em seus braços.

Harry entregou a tigela e ela jogou a vagem nela com certo ar de desgosto.

-Não seja medrosa, puxe-os para fora, eles são melhores quando estão frescos! – Berrou a Professora Sprout.

-Então... – Disse Hermione, continuando a sua conversa interrompida como se nenhum pedaço de madeira tivesse tentado atacá-la. – Sim, Krum foi um babaca com ele lá em Durmstrang, e eles se meteram em uma briga absurda, ela acabou extrapolando e foi expulsa.

-Extrapolando como? – Harry perguntou, curioso.

Hermione deu os ombros.

-Eu também não sei.

Haviam muitas coisas que ela não sabia. E o que seus amigos nem imaginavam, era que ela pensava seriamente sobre a conversa que teve com Olivia no dia da festa, onde ela assumiu ser uma Black. Ela quis conversar com Harry, em vista que Sirius Black era seu padrinho, mas era um assunto que ela precisava resolver e entender tudo antes de sair falando.

 -Slughorn ‘tá me enchendo o saco para levar ela até as festinhas dele – Harry murmurou, irritado.

Além do professor ficar babando os alunos em sala de aula, agora ele oferecia festas extras. Além de Hermione, todos os dois amigos também não gostavam do homem, principalmente Rony.

-Você vai Harry? – Hermione perguntou.

-Queria não ir.

-Clube do Slug – Rony disse com uma voz de zombaria típica de Malfoy. – É patético.

-E ele ainda quer que você vá – Harry falou, acenando para Hermione.

-Nhé – Ela gemeu. – Passo.

-É permitido levar convidados – Harry acrescentou, desesperado para que um dos amigos fossem.

-Você quer ir Rony? – Hermione perguntou.

Rony deu os ombros.

-Rony pode ser meu acompanhante e Olivia pode ser a sua – Harry sugeriu.

-Não sei, pessoal...

Hermione começou a folhear a sua cópia de 'Árvores Carnívoras do Mundo' para descobrir o modo correto de fazer suco de vagem de Snargaluff.

-Eu também fico meio desconfortável, e eu duvido que Olivia aceite.

 Rony, por outro lado, parecia constrangido, mas também bastante satisfeito.

-Diz que é necessário perfurá-los com algo afiado... – Hermione murmurou, concentrada na leitura.

O resto da aula passou sem comentários sobre a festa de Slughorn, e enquanto eles saindo da estufa, esbarraram com os alunos da Sonserina. Hermione tentou apressar o passo para que eles não encontrassem Olivia, mas Harry segurou seu braço.

-Olivia! Ei! – O garoto chamou, acenando.

A garota acenou de volta e veio rapidamente para onde estavam. Ela cumprimentou Hermione com um beijo na bochecha e os garotos com um sorriso.

-Então, nós temos uma festa com Slughorn, e gostaríamos de saber se você gostaria de ir – Harry disse.

Olivia apertou os olhos.

-As festas do cara não são super exclusivas?

-É, mas podemos levar acompanhantes. Eu vou levar o Rony, e Hermione vai levar você.

Olivia ficou mais confusa ainda.

-Como assim, Mione? O professor te chamou?

-Bem... – Hermione fez uma careta. – Eu tenho fugido dele há um tempo...

-Ele é uma das melhores do nosso ano – Rony explicou. – E mesmo sendo nascida trouxa, tenho certeza que Slughorn já prepara o terreno para um possível futuro promissor.

Com outras palavras, Rony estava dizendo que a amiga teria um futuro de sucesso. Ela sorriu com o comentário.

-Ok. Não vejo porque não irmos – Olivia disse.

Hermione gemeu.

-Oh, anjo, pode ser legal – Olivia disse, agarrando o corpo da garota contra o seu. – Se for ruim, eu serei a primeira a ir embora, e arrastar você comigo.

Hermione sorriu, convencida. Se ela fosse de acompanhante com Olivia, o relacionamento delas seria basicamente oficial, e isso provocava um frio na barriga.

Harry deu um sorriso imenso e afagou o ombro da garota. A professora Sprout ficou observando-os por fora da estufa, em uma breve indireta para que eles se retirassem logo. Ela era muito enciumada com seus materiais.

-Você é até legal para uma sonserina, sabe? – Rony comentou enquanto eles caminhavam até o Salão Principal.

-Perto do Malfoy e sua trupe acho que sou um anjo – Olivia respondeu, quase em um gemido de agonia.

Todos deram breves risadas.

-Pensei que vocês eram amigos – Harry comentou, casualmente, mas no fundo ele queria mais detalhes.

-Amigos de verdade nessa escola acho que só tenho vocês.

E com aquela, Harry não teve mais coragem de perguntar nada.

Ao passar pelos corredores, muitos alunos olharam a cena de forma confusa, alguns não entendiam como o trio estava andando com alguém da Sonserina, e principalmente, como ela poderia ser a namorada de Hermione. 

-Harry, e quem você estava beijando no dia da festa? – Hermione perguntou, buscando distrair todos dos olhares.

O garoto arregalou os olhos.

-Eu beijei alguém? – Ele murmurou. E então começou a lembrar. – Puta merda! Eu beijei alguém...

-Quem era? – Rony perguntou, totalmente animado.

-Eu não faço a menor ideia...

Hermione bateu no ombro do amigo.

-Que porra, Harry? Você beija alguém e nem sabe quem é?

-Tipo isso.

O Salão Principal estava lotado, todos os alunos já haviam se encaminhado para almoçar enquanto eles ficaram conversando nas estufas. Quase inconscientemente, Olivia acompanhou os três até a mesa da Grifinória, onde se sentou e começou a se ajeitar para comer.

Muitos alunos da casa se remexeram, desconfortáveis.

-Qual foi? – Rony perguntou para Dino, que estava encarando eles.

O garoto deu os ombros.

Harry viu Seamus Finnegan, mais conhecido como Simas, empurrar seu prato, olhando desagradavelmente para eles.

-O que foi, Simas? – Harry perguntou, irritado.

-Qual é a de vocês? Trazendo um deles pra cá?

Olivia deu uma risada.

-O que você quer dizer com “deles”? – Olivia perguntou.

Simas não esperava que a garota falasse algo.

-Sonserina – Ele respondeu a contragosto.

-Certo. Não sei qual o lance que vocês têm com a casa, se é alguma rixa milenar, eu não me importo. Não gosto de ninguém da minha casa, e estava em uma conversa legal e resolvi comer aqui.

Na realidade, Seamus estava bravo. Bravo pois Harry não o escolheu para substituir Katie, e também por Olivia ter ganhado deles no último jogo. Harry tinha resistido a alguns cochichos muito mais maldosos do que este em sua carreira da escola, não foi incomodado particularmente, mas de qualquer forma, a pressão havia aumentado em vista que eles perderam um jogo logo no encontro contra Sonserina.

-Simas, se você quer beijar Harry você deveria dizer logo – Gina disse, olhando de forma provocadora para os dois rapazes. – E nem pensem em negar!

-Como ela sabe disso tudo? – Hermione murmurou para Rony.

-Eu não faço ideia.

Luna parecia absorta ao lado de Gina cutucando um pudim com uma colher, enquanto sua outra mão estava entrelaçada com a da ruiva por debaixo da mesa.

-Não é porque você passa o dia grudada na Luna que todos nós queremos fazer o mesmo! – Simas berrou.

Gina deu os ombros.

-Não sei se você quer, mas você bem que deveria.

Hermione olhou para Olivia e viu a garota segurando o riso.

-Ok, ok, pessoal! – Olivia disse, levantando-se da mesa. – Se tudo isso é por eu estar aqui, vou-me indo para a mesa das cobrinhas.

Olivia sorriu para Hermione, que retribuiu com um sorriso triste, quase de desculpas, e deu um beijo casto nos seus lábios.

-Te encontro no gramado – Hermione disse.

Olivia acenou com um sorriso e foi até a mesa da Sonserina.

-‘Tá vendo, Simas? – Gina continuou a implicar. – Hermione nem ‘tá parecendo aquela chata. E olha que temos várias tarefas pra fazer.

Hermione riu.

-Vai se foder, Gina.

-Não fale assim com ela – Luna repreendeu.

Após o almoço, Hermione se esgueirou dos amigos e foi até onde tinha combinado de ir com Olivia. A neve estava caindo vagarosamente, mas as garotas haviam descoberto algumas árvores que protegiam elas da neve próximo da cabana de Hagrid, então havia se tornado o pequeno lugar das duas.

Hermione chegou e de longe já conseguiu ver as costas da garota coberta pelo tecido branco. Olivia virou o pescoço e deu um sorriso para ela.

-Ei – Ela cumprimentou.

Hermione sentou-se na sua frente.

-Ei.

Agora as duas estavam de frente uma a outra, e era uma cena peculiar. Em meio ao branco da neve esparramado pelo chão, as duas estavam em cima de uma capa preta que Olivia havia jogado no chão, e suas camisas brancas contrastavam com o preto, deixando um aspecto mais colorido com a mistura de verde e vermelho.

-Então? – Hermione perguntou, nervosa.

-A verdade. Toda a verdade – Olivia disse. – Tem algo específico que você queira saber?

-Sim.

-O que?

-Knut está vivo?

Olivia suspirou e estalou a língua no céu da boca.

-Sim, está.

Hermione acenou, pensativa.

-Onde você se enquadra na árvore genealógica dos Black?

-Você tem que me prometer algo antes – Olivia disse, com uma voz falha. Ela estava perto de chorar. Olivia Black nunca chorava. – Você vai ouvir tudo. Você tem que me prometer que não vai embora na primeira informação que eu te der.

-Ok. Eu prometo.

Olivia assentiu e respirou fundo, tentando controlar as lágrimas e a voz trêmula.

-Quando eu te falei que sei pouco, é que eu realmente sei pouco. Existem coisas que ainda estou descobrindo, coisas que ainda estou lembrando...

-Como assim? – Hermione perguntou.

Olivia fechou os olhos, e uma lágrima atravessou o rosto corado pelo frio.

-Alguém fechou minha mente. E eu não lembro de quase nada...

Hermione sentiu seu peito apertar.

-De qualquer forma... – Olivia continuou, sem esperar a garota dizer nada. – Eu sei pouco, mas a primeira coisa que descobri é que meu pai é Hesper Black, eu não faço ideia de quem é minha mãe. E sim, a história que te contei quando entrei em Hogwarts é mentira. Meus pais nunca foram aurores. Meu pai era um Comensal da Morte.

Hermione passou os dedos nas suas sobrancelhas, com um olhar cabisbaixo.

-E a história que me contaram era o total oposto do que te disse, e eu descobri que as duas versões são mentira. Me disseram que meus pais eram Comensais da Morte muito respeitáveis e morreram pela causa. Mas minhas visões... Minhas memórias... Dão a entender que meu pai não quis permanecer no grupo, e bom... Não existe nenhuma comprovação que minha mãe foi uma Comensal, independente de quem ela seja.

-Você fala que alguém te contou uma história... – Hermione a interrompeu. – Quem?

Olivia riu de forma nervosa.

-Acho que essa é a hora que você vai embora...

Hermione apertou os olhos, confusa.

-Hesper Black era irmão de Andrômeda, que é a mãe de Ninfadora...

Hermione sentiu seu estômago embrulhar com o que estava por vir.

-E irmão de Bellatrix e Narcisa.

A garota passou as mãos pela gravata vermelha, puxando-a com tanta força que ela sentia seu pescoço arder de dor. A cabeça de Hermione estava a milhões por hora, ela se sentia suja, se sentia mal por ter uma sensação de estar traindo Harry. Uma sensação por estar amando alguém que viveu tão próxima da assassina de Sirius.

-Olivia... – Hermione gemeu.

-Você prometeu que iria ficar...

Hermione assentiu, mas ainda cabisbaixa. Ela esperava que Olivia começasse a falar, mas ela estranhou quando ouviu apenas o silêncio.

Ela levantou a cabeça e sentiu seu peito embrulhar mais ainda com a cena que estava vendo. Olivia havia aberto sua camisa, e mesmo sentada, ela conseguiu ver que a pele queimada ia do seu umbigo até para dentro do sutiã que segurava seus seios.

-Não ache que eu gosto deles – Olivia sussurrou. – Lúcio fez isso quando eu me recusei a lançar Avada Kedavra em um gato. Eu tinha doze anos.

Hermione passou as mãos pelo seu rosto, ansiosa.

-Puta merda... – Ela sussurrou.

Olivia engatinhou para mais perto, pegando a mão da Hermione e tirou a luva de lã que a protegia do frio.

-No vestiário eu quis morrer por você ver isso – Ela disse. – Mas agora eu entendo que você precise de provas para me entender.

Hermione levou os dedos até a barriga da garota, que contraiu o músculo quando os dedos frios encostaram na pele grossa. Ela pareceu hipnotizada com as marcas que pareciam um mapa.

-Foi depois disso que Knut me levou para o Uganda.

Hermione abriu a boca, fazendo uma leve fumaça sair da sua boca. Ela tirou a luva da outra mão e segurou a cintura de Olivia com elas, puxando-a para mais perto, colando o corpo das duas. Ela passou sua capa ao redor do corpo da garota, cobrindo as duas.

-E lá, eu aprendi isso que já mostrei pra você... – Olivia sussurrou e afastou-se um pouco, o suficiente para mostrar suas mãos, que tinham tanto poder. – E antes de eu vir pra cá... Eu realmente quase matei Knut. Outra família que existe na Dinamarca são os Jørgesen, e um deles me lançou Imperius para que eu pudesse arrancar informações sobre a minha origem.

-Knut descobriu que não era você? – Hermione perguntou.

-Axel começou a buscar uma varinha, e foi aí que Knut percebeu que não era eu... Mas Axel tentou mata-lo, a sorte era que a varinha era frágil e que Knut também não precisa de varinha para realizar feitiços.

-Uau – Hermione não conseguiu evitar de dizer. – Ele parece ser genial.

-Ele é... – Olivia sorriu, com um olhar opaco. – Enfim... Depois que consegui me desprender da maldição...

-Caramba, Olivia – Hermione a interrompeu. – Quase ninguém consegue se libertar da maldição Imperius.

Olivia sorriu, tímida, e deu os ombros.

-É, mas eu consegui, e depois disso, soltei Knut. Ele fugiu com sua família, e desde então não tenho notícias suas...

Hermione assentiu, pensativa.

-Você faz ideia de quem seja sua mãe? – Hermione perguntou, agarrando o corpo dela com mais força.

Olivia negou com a cabeça.

-Eu não faço a menor ideia.

-Como você ‘tá tentando lembrar?

-Estou usando palavras gatilho... A última que tive foi “Régulo”, irmão do Sirius... E aí lembrei de um momento que eu era bebê e meu pai estava muito agoniado, dizendo “Régulo me avisou” sem parar.

Hermione mordeu os lábios com excitação, e uma ideia brotou nos seus pensamentos.

-O que você acha de dizermos isso para Harry?

-Eu não sei, Mione...

-Quando Sirius morreu, Harry herdou a casa da família Black, e era lá que Régulo morava. Você acha que ele e Hesper tinham uma ligação próxima?

-Talvez, mas...

-Perfeito! – Hermione exclamou. – Tenho certeza que Harry pode nos ajudar, te levando lá. Com certeza eles trocavam correspondências...

-Eu não sei... – Olivia grunhiu. – Podemos esperar só mais um pouco?

Hermione suspirou. Ela estava insistindo, era um grande defeito dela.

-Você tem razão. Me desculpe.

Elas passaram alguns minutos em silêncio, e, inconscientemente, Hermione continuou a acariciar a cicatriz.

-Você passou quando tempo no Uganda?

-Dois anos.

-E depois foi para Durmstrang?

Olivia apertou os olhos, tentando lembrar, mas ela não conseguia. Ela sabia que havia mudado de escola, mas não lembrava de nada da transição. Ela tentou lembrar. Pensou em Lúcio, Knut, morte, tortura... Mas nenhuma dessas palavras a fazia lembrar.

-Sim...

Naquele momento, Olivia percebeu que lembrar daquilo tudo de uma vez deu uma dor de cabeça irritante, que ficava bem no seu globo ocular, e também uma dor no ferimento da perna, que talvez fosse pelo frio. Ela se agarrou com mais força ao corpo de Hermione.

Ela queria pedir para que aquela conversa fosse o suficiente para Hermione, mas não sabia como fazer, então apenas enrolou seus braços no torso da garota e a puxou para um beijo. Os lábios já estavam familiarizados uma com a outra, então como velhas amigas, as línguas das duas se enrolaram em um beijo caloroso, e por um momento, as duas se sentiram no meio de um sol de verão, e não em meio a uma neve que caía.

As mãos de Hermione foram para o quadril da garota, onde ela apertou e se remexeu no seu colo. Uma das mãos ficou segurando a cintura de Olivia, e a outra continuou alisando a cicatriz. Os dedos subiram pela barriga e buscaram o fim da cicatriz, que ficava dentro do sutiã da garota. Pela primeira vez, elas estavam ultrapassando o limite de amassos no campo da escola, então com a última gota de sanidade que a grifinória tinha, ela tirou as mãos dos dois lugares, o que gerou um gemido de protesto de Olivia.

-Nós deveríamos ir... – Hermione disse, afastando os lábios da boca da outra, e beijando as áreas que estavam ao redor.

Olivia suspirou e acenou.

-Eu só preciso saber se estamos bem...

-Estamos. Eu só preciso de um tempo para pensar.

Olivia assentiu. Ela sabia que Hermione já estava fazendo muito, e aquilo era o mínimo, em vista que ela esperava que a garota a odiasse ferozmente. Possivelmente isso não aconteceu pois Hermione não sabia toda a verdade, apenas parte dela.

Elas saíram do gramado a caminho do castelo, e Rony as encontrou no caminho, onde reclamava da quantidade de tarefas que eles tinham para fazer. Quando eles tomaram o atalho de sempre para chegar a primeira aula da tarde, encontraram-se olhando para Harry e Simas, que estavam travados em um abraço apertado e beijando-se ferozmente como se estivessem colados.

-Eu não acredito que a Gina estava certa! – Rony exclamou, explodindo em uma risada logo depois.

Harry e Simas se distanciaram e olharam ao redor. Os óculos do garoto estavam tortos, e Hermione riu com a cena.

Seamus estava olhando constrangido. Deu a Hermione um sorriso forçado que ela retornou, e outro para Olivia, que suspendeu a sobrancelha em sinal de cumprimento.

-Você é gay, cara? – Rony perguntou depois de um tempo.

Harry bufou. A mão do garoto foi até o ombro de Simas, onde afagou levemente. Era perceptível que ele estava nervoso, não esperava que o encontrassem daquela forma.

-Relaxa, Simas – Hermione disse quando percebeu o nervosismo do rapaz. – A gente não vai falar nada pra ninguém, né, Ron?

Rony acenou rapidamente, mas ainda com um sorriso no rosto.

-E você? – Simas perguntou, olhando para Olivia.

Ela deu os ombros.

-Não é da minha conta.

Eles ficaram em um silêncio constrangedor, então Hermione ficou entre Olivia e Rony e agarrou o braço dos dois, puxando-os de lá. Apressaram-se escadas acima e quando estavam em uma distância razoável, Rony disse:

-Como a Gina sabe disso tudo?

-Eu não sei, mas eu amei isso, bem que Harry estava precisando de algo assim.

Rony grunhiu.

-Vocês acham que eles já transaram? Tipo, garotos não podem entrar no dormitório das garotas... Mas dois garotos estão em um dormitório, então...

-Ronald! – Hermione repreendeu. – Eu acho que não, mas se sim, é irrelevante pra gente.

-Não é você que vai ter dois amigos próximos transando ao seu lado, né?

Hermione olhou confusa para ele.

-Então o problema não é ele ser gay?

Foi a vez de Rony olhar confuso para a amiga.

-Claro que não! Nossa, Mione, como consegue pensar algo de mim assim?

-Sei lá... Dois homens são diferentes, né?

-Um pouco, mas tanto faz. Harry já passa por muito, seria idiota da parte de todo mundo falar algo por ele ser assim.

Hermione deu um sorriso. Olivia também sorria.

Ainda faltava uma hora para as aulas da tarde começarem, então eles deixaram Olivia no seu dormitório e voltaram alegremente para o outro lado do castelo, onde a sala comunal da Grifinória se encontrava. Olivia só esperou todos saírem e o corredor se tornar deserto para ir até a sala de Snape.

-Que demora, srta. Black – O professor murmurou, sem levantar o seu olhar dos papéis na sua frente.

-Desculpa, eu estava conversando com Hermione...

Ele levantou o olhar.

-Você contou a verdade?

Olivia suspirou pesadamente.

-Boa parte dela.

-O quanto?

-Que eu sou uma Black, sobrinha da Bellatrix...

-Você acha que ela vai contar ao Potter?

-Talvez.

Snape refletiu por alguns segundos.

-Ela vale a pena, srta. Black? – Ele perguntou. – Acredito que você sabe que ela é uma nascida trouxa, e se alguém souber que você está com ela... Bom... Você precisa ter certeza do que quer, se não, não valerá a pena trazê-la para essa guerra.

Olivia sentiu seu corpo tremer com a possibilidade.

-Mas ela já está na guerra – Ela rebateu.

-Sim, ela está. Mas ela está como uma coadjuvante, eles querem matar todos os nascidos trouxas, e não especificamente a srta. Granger, mas caso eles saibam que você está descobrindo a verdade e namorando ela...

Olivia sentiu uma onda de culpa imensa atravessar seu corpo. Ela não queria trazer Hermione para esse caos que era a sua vida, um caos que nem ela entendia direito.

-Vou fazer de tudo para que não saia da escola.

- E Draco? – Ele perguntou, organizando os pergaminhos que estavam em sua mesa.

-Ele vai manter o bico fechado.

-Você tem certeza? Ele andou me contando que você o ameaçou.

Olivia riu, incrédula.

-Mas eu falei que você estava certa – Snape disse, a contragosto. – Será melhor assim.

-Você está do meu lado aqui, professor? – Olivia perguntou, segurando o riso.

-Cale-se, antes que eu mude de ideia.

Eles passaram alguns minutos em silêncio. As reuniões se tornaram mais casuais, muitas vezes ela apenas pegava livros do professor e lia alguns deles, juntamente com alguns treinamentos que ele pedia. Olivia realmente gostava de Snape, ela não sabia de onde aquele instinto vinha, mas ela o adorava, ele era um bom homem, pelo menos quando eles estavam a sós.

Ela não sabia que ele sentia o mesmo. Snape via em Olivia uma segunda chance de fazer o certo, uma segunda chance de não estragar tudo.

-Professor, mas tenho algo para contar... Minha coruja sumiu fazem uns dois dias – Ela comentou casualmente enquanto passava os olhos pela estante de livros.

-Oras, pois chame ela de volta – Ele murmurou. – Tenho certeza que você tem algum sinal para chama-la.

-Não, não – Olivia riu. – Não só sumiu, mas acho que isso é um sinal que Knut está tentando contato.

-Como assim?

-A coruja conhece ele, e atende aos seus chamados.

Snape ajeitou-se na cadeira.

-Quando foi a última vez que ele tentou contato?

-Quando eu tentei mata-lo.

Snape crispou os lábios, pensativo.

-Vá ao corujal todos os dias. Talvez tenhamos boas notícias em breve.

Olivia sentiu seu coração palpitar com a possibilidade de Knut escrever para ela, e um sorriso involuntário surgiu nos seus lábios.

-O passeio de Hogsmeade é semana que vem... – Ela mudou de assunto.

-Ótimo... – O homem murmurou, desinteressado. Em geral, os dramas adolescentes eram as últimas coisas no mundo que ele se interessava.

-Tonks me respondeu.

Snape deu uma risada gélida.

-É realmente incrível como você só me joga essas informações de uma vez.

Olivia deu os ombros.

-Ela falou de cabeça decepada do animal trouxa em extinção.

Snape apertou os olhos, passando a pena melada de tinta entre os dedos finos.

-Cabeça de javali.

-Quê? – Olivia perguntou, confusa.

-Ela quer que você a encontre no Cabeça de javali. É um bar, quase no fim da aldeia. Apenas bruxos de caráter duvidoso frequentam lá, mas tenho certeza que você vai se sair bem, srta. Black.

Olivia apertou os olhos. Agora tudo fazia sentido, e ela estava se sentido estúpida por não ter entendido antes.

-Tente não ser seguida e nem vista, sim? – Ele pediu.

Olivia acenou, mesmo sabendo que o homem não iria vê-la. Ela olhou para o relógio em cima da estante, era quase hora de ir para a aula.

-Quando tenho que voltar?

-No momento seguinte em que você encontrar Ninfadora.

-Ok.

Olivia apanhou seus pertences e se dirigiu para a porta da sala. Ela sorria levemente, os encontros com Snape sempre eram revigorantes, ela se sentia feliz, mesmo que ele fosse ranzinza.

-Srta. Black – Ele chamou. Ela virou-se para olhá-lo. – Não estrague tudo.

E assim ela prosseguiu sua rotina de aulas, grudada em Hermione todo o tempo que ela poderia, indo sempre ao corujal, como o professor pediu.


Notas Finais


e ai???? tao passadas????


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