Semi abri meus olhos com um pouco de dificuldade. Minha vista está embaçada e via apenas um vulto em minha frente, tentei me mexer e senti uma dor em minha perna esquerda, cocei a testa tentando me lembrar o que aconteceu. Senti gotas frias batendo sobre meu rosto e corpo, fazendo um leve arrepio em minha pele. Pisquei várias vezes até minha visão desembaçar.
-Moça não se mexe não, já chamei o socorro. - escutei uma voz feminina que eu não conhecia.
Me sentei e vi a morena me olhando com pavor e minha moto estava caída no acostamento, me levantei levando as mãos até o capacete ainda assustada com o acidente. A moça se apresentou como Marina e tentou me fazer sentar novamente.
-Eu tô bem.. pode ficar calma.
-A ambulância já deve estar chegando, está doendo alguma coisa?
-Anota meu número aí, veja quantos vai ficar o concerto e me ligue. Eu vou embora - estando com uma taxa considerável de álcool no sangue com certeza iriam prender minha moto.
-Mas moça, tem certeza?
-Sim, anota minha placa também para ter certeza que não vou te passar a perna. - caminhei mancando até a moto e a levantei. Olhei a lateral e tinha arranhado o tanque e o retrovisor.
Falei meu número para Marina que anotou em seu celular. Ela parecia realmente preocupada, mas não é para menos também. Uma louca derrapar a moto e bater na lateral de seu carro em plena madrugada realmente deveria assustar. Subi em minha moto, arrumei o capacete e com dificuldade sai apressada. A cada vez que tinha que trocar de marcha sentia uma dor em meu tornozelo. Conforme o sangue foi esfriando e o nervosismo foi passando, a dor ia aumentando até ficar quase insuportável.
Fui o mais rápido possível para meu apartamento, tomando todo cuidado para não cair novamente. Parei no estacionamento e peguei o elevador. Entrei em meu apartamento um pouco cambaleante pela bebida e Hera veio pulando para me comprimentar.
Peguei gelo no freezer, enrolando em uma toalha e me sentei no sofá. Percebi que minha calça estava rasgada em algumas partes, meus joelhos e cotovelos ralados.
Meu pé estava um pouco inchado, talvez resultado de uma torção. Coloquei o gelo sobre o local dolorido. Mesmo com o gelo a dor não parecia melhorar. Revirei os olhos com o incômodo e tentei me levantar, logo cedendo na tentativa, senti uma forte ferroada assim que meu pé atingiu o chão.
Peguei meu celular que estava no bolso de minha jaqueta e liguei para Castiel, ele atendendo no 4 toque.
-Mary?
-Preciso de ajuda.. você poderia vir em meu apartamento?
-Sei está com saudade, eu entendo, não precisa inventar desculpas. - falou rindo de forma sugestiva.
-É sério ruivo. - falei após dar uma breve risada, seguida de um gemido de dor.
-Já estou subindo.
Em uns dois minutos Castiel apareceu em meu apartamento, estava com uma calça e uma blusa de moletom.
-Eu acho que quebrei a perna…
-A noitada foi tão boa assim? - ele disse se aproximando do sofá e sentando ao meu lado, pegando o saco de gelo de minha mão e pressionando no local.
-Idiota - revirei os olhos - eu só fui andar de moto para distrair e acabei sofrendo um acidente..
-Mas você foi pro hospital?
-Claro que não, eu estava sem dor na hora.. é por isso que queria pedir sua ajuda.. você teria como me dar alguns analgésicos que está na caixa dentro do armário, ao lado da geladeira?
-Vou levar você para o hospital, vamos - ele estendeu o braço para me dar apoio.
-Eu não vou em hospital algum !
-Ahh mas é claro que vai, não está vendo que está bem inchada essa perna? - ele bufou e passou o braço por minhas costas e a mão em baixo do meu braço.
-Castiel é sério, eu estou bem. - tentei me soltar, mas acabei desequilibrando e encostando na bancada da cozinha.
-Estou vendo mesmo! -Ele me levantou no colo com uma grande facilidade enquanto eu me debatia para descer. - para quieta! Vai acabar piorando mais isso.
-Eu não vou virar a noite no hospital! Já são 04:00 da manhã -Disse com a voz manhosa - Não vou lá toda rasgada assim e tenho que ir para o colégio amanhã.
Castiel me soltou sentada na banqueta e foi até meu quarto, seguido por Hera.
Ele voltou com minha mochila do colégio em seus ombros.
Antes que eu pudesse protestar ele me pegou no colo novamente, parando em seu apartamento para pegar as chaves do carro e trocar de roupa rapidamente enquanto eu esperava já sem ânimo de discutir mais.
-Vamos, veste isso tá frio lá fora - disse me estendendo uma jaqueta preta dele, quando ele fez menção de me pegar no colo novamente eu interrompi o mesmo.
-Eu consigo andar. - disse tirando a jaqueta rasgada e vestindo o moletom e passando o braço esquerdo sobre seu ombro, ele passando o braço em volta da minha cintura. Fomos até o elevador, que parecia demorar séculos a cada andar.
-Você não estava fazendo o que eu estou pensando né?
-E o que o senhor cabeleira ruiva está pensando ? - respondi irônica e rindo logo em seguida.
-Fazendo corridas ilegais ..
-Já não faço isso a muito tempo.. -Respondi revirando os olhos.
-Acho bom mocinha, mas dá pra sentir o cheiro de bebida daqui - pude sentir a respiração dele sobre meu rosto, notando que ele estava com a boca bem próximo a minha bochecha.
-Impressão sua - Abri um sorriso calmo.
Andamos até o estacionamento parando ao lado do carro dele.
-É.. fez um belo estrago! - ele disse olhando minha moto e soltando um curto assovio pela boca.
-Nem me lembre ! - disse me acomodando no banco do carona.
-Está com muita dor? - disse entrando pela porta do motorista e girando a chave na ignição.
-Só não tô conseguindo apoiar a perna, não tá doendo.
-Marrenta - foi a vez dele de revirar os olhos - não devia estar nem te ajudando.
-Se for o caso me deixe aqui mesmo, peço a ajuda de alguém que realmente queira fazer de bom grado. - Bufei.
-Esconde as armas tábua - disse erguendo os braços enquanto parava em um sinaleiro.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, apenas o barulho de nossa respiração estava no ar. Levei a mão até o aparelho de som que estava lá e o liguei.
-Como foi ?
-O que?
-O acidente..
-Ahh.. eu já bebido um pouco e peguei a estrada para voltar para Miami, estava uma neblina forte e acho que acabei derrapando a moto e batendo no carro de uma mulher.
-Você acha? - ele me encarou sério - e a mulher está bem?
-Com certeza a Marina está melhor do que eu .. e vou pagar o conserto do carro dela.
-Onde você estava com a cabeça para beber e pegar a estrada para fora da cidade?
Olhei em seus olhos cinzas, eles estavam sérios e duros olhando de soslaio para mim. Comecei a chorar igual a uma criança, que fez a expressão mudar completamente para preocupação.
-Ei, ei.. por que está chorando? - Ele perguntou parando o carro no estacionamento do hospital.
-Eu sou uma trouxa! Eu só faço merda.. por isso que estou chorando - levei minhas mãos no rosto, sentindo meu cérebro dar pontadas de dor de cabeça.
-C-calma.. vamos - ele me deu um breve abraço, descendo do carro e me apoiando para descer do outro lado. - Não precisa chorar, sei que não foi por querer o acidente..
-Não é por isso que estou chorando. Não quero falar no assunto.
Ele me olhou contrariado e entramos na recepção e Castiel foi falar na recepção com uma mulher de aparência cansada, logo ela chamou algumas enfermeiras que me carregarem - mesmo eu achando desnecessário - em uma cadeira de rodas. O médico de meia idade e cabelos claros tirou meu sangue para fazer exame e voltou ao quarto para examinar o estado do meu tornozelo.
-Como ocorreu? - perguntou com a voz um pouco rouca.
-Acidente de moto..
-Onde está sentindo dor?
-O tornozelo esquerdo está doendo um pouco e alguns arranhões nos joelhos e cotovelos..
-Bateu com a cabeça? - perguntou enquanto cortava a barra da minha calça até a altura dos joelhos com uma tesoura própria para isso.
-Não, mas estou com um pouco de dor de cabeça também.. AÍ ! - Ele mexeu meu tornozelo para os lados, o que fez eu sentir uma dor pontiaguda.
-Sinto muito, vamos ter que tirar um raio x da sua perna, mas antes gostaria que seu irmão preenchesse esse formulário.
-Ele não é o meu irmão.. é só um amigo. Eu mesma posso preencher.
-Ah, me desculpe. - Ele me entregou uma caneta e uma folha com várias perguntas sobre possíveis alergias a algum remédio ou se eu usava remédios controlados.
Respondi rapidamente e entreguei a uma enfermeira que estava no quarto. O médico pegou a prancheta e saiu do quarto dizendo que voltava em instantes.
-Seu namorado parece bem preocupado.. ele estava com você na moto?
-É.. ele não é meu namorado.. não, eu estava sozinha.
A moça abriu um sorriso desconfiado e se retirou do quarto. O médico logo voltou e fomos fazer o raio x da minha perna. Voltei para o quarto em seguida, a enfermeira veio e colocou eu para tomar soro com algum analgésico na veia.
O médico analisou o resultado do raio x e voltou para o quarto onde eu estava.
-O resultado dos exames ainda não saíram.. e o raio x indica que você está com uma trinca incompleta na tíbia, não chegou a quebrar, porém vai ter que usar uma bota ortopédica para garantir que não irá machucar ainda mais e agravar o problema.. evitar de fazer esforço sobre essa perna, passarei antiinflamatórios para a dor da região e uma pomada, vou marcar retorno para você para daqui a 10 dias, qualquer dor excessiva ou qualquer outra lesão me procure imediatamente. Eu voltarei assim que o resultado do exame de sangue e o eletro sair e se estiver tudo certo você poderá ir embora quando o soro acabar - concordei com a cabeça e o médico saiu do quarto enquanto eu olhava aquelas lentas gotas caírem uma a uma, com um espaço de tempo de 5 segundos.
Ouvi duas batidas na porta e Castiel entrou com minha bolsa sobre o ombro, se sentando na poltrona ao lado da cama sem dizer nada.
-Você sabe que não precise virar a noite aqui né? - O olhei de soslaio.
-Eu sei.
O rapaz continuou em silêncio, observando comigo as gotas caindo, eu quase entrando em desespero por demorar tanto. 30 minutos se passou e Castiel continuava ali.
-Hey..- O chamei sussurrando, dando uma breve pausa - Obrigado..
-Não agradeça tábua, está me devendo uma - Deu uma piscadela - Está com fome ?
Isso me fez lembrar que não comia nada desde o almoço do dia anterior - Sim, pode trazer qualquer coisa..
O ruivo fez uma careta e foi até a lanchonete que tinha no hospital.
Ele realmente está se mostrando atencioso comigo.. não acredito que chorei na frente dele! Com certeza irá tirar sarro de mim para o resto do meu ano escolar. Não deveria beber a esse ponto..
Castiel entrou no quarto com uma bandeja em mãos.
-Quem diria, Castiel Collins me trazendo comida na cama hahah.
-Não se acostume, é só até você poder voar com suas próprias asas novamente. - deu um sorriso debochado.
Peguei a bandeja que tinha alguns morando em um pequeno isopor redondo, um copo de suco de laranja, dois salgados assados, uma maçã picada em pedaços e um copo de café, que Castiel logo tratou de pegar da bandeja e sentar bebendo a bebida quente enquanto me observava.
Comecei a comer os morangos que estavam com uma aparência ótima, retirando os cabinhos e deixando ao lado da bandeja.
-Alguém já te falou que você fica sexy comendo morangos?
Olhei para o mesmo com o rosto queimando de vergonha, que provavelmente estava mais vermelhos que o morango que estava ali.
-É a primeira vez.. - disse tentando esconder a vergonha. Ele soltou uma risada leve com meu ato.
Tentei evitar seu olhar enquanto comia o resto das coisas que havia na bandeja, encarando a tv em minha frente que passava o noticiário.
Terminei de comer colocando a bandeja no criado mudo ao lado. Voltando meus olhos para Castiel, que havia pego no sono na poltrona.
Analisei sua respiração calma, o agradecendo mentalmente por perder uma noite de sono para me ajudar enquanto inspirava o cheiro cítrico de seu perfume que estava na jaqueta que eu vestida.
Após quase uma hora a mais o médico voltou a entrar no quarto, dizendo que meus exames estavam todos certos e que em breve eu poderia ir embora.
Quando meu soro estava quase acabando, balancei o braço de Castiel de forma calma. O mesmo acordou abrindo os olhos de vagar.
-Já tá quase acabando meu soro..
-Vou chamar a enfermeira.. peguei uma roupa no seu quarto, se quiser tomar um banho para ir para o colégio.. está dentro da sua bolsa.
Abri um sorriso para ele, antes do mesmo sair do quarto. A enfermeira retirou o cateter do meu braço, colocando um esparadrapo para que não sangrasse.
Entrei em baixo do chuveiro para tirar as pequenas linhas de sangue que haviam escorrido dos ralados, tomando todo cuidado com a perna, me sequei em uma toalha que estava dentro de um saco plástico lacrado. Me enrolei na toalha e abri a bolsa que estava em cima da patente, tirando lá de dentro uma sacola. Nela tinha uma regata preta com uma caveira azul que estava com uma bandana no crânio, um conjunto de lingerie azul de renda - que eu achei desnecessário dele ter visto minhas roupas íntimas -, um par de botas e um shorts preto de cós alto que tinha um grande zíper na parte da frente, uma ótima escolha… se não estivesse um grande frio! Como minhas calças estavam ridiculamente cortadas e minha blusa toda suja e rasgada em partes, acabei vestindo o que tinha ali.. vesti só a bota direita e coloquei a bota ortopédica no pé esquerdo. Coloquei a jaqueta de Castiel, que ficava 3 vezes maior que eu, com as mangas compridas que cobriam quase toda minha mão. Peguei minha necessaire na bolsa e escovei meus dentes, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo lateral e passei um batom vermelho que estava em minha bolsa, olhei meu celular que estava com 7% de bateria e o relógio marcava 07:12. Me apressei a sair do banheiro e encontrei o ruivo sentado no quarto.
-Que ótima escolha de roupa em! - o olhei enquanto guardava o resto de minhas coisas na bolsa.
-Não reclama, era o que estava mais na vista..
Andei mancando ainda pelo quarto juntando o resto de minhas coisas, pegando as pulseiras que estavam sobre o colchão e colocando-as.
Castiel fez questão de carregar minha mochila até o carro. O percurso até o colégio iria demorar uns 20 minutos. pegamos um café para cada um na lanchonete antes de irmos.
Castiel estacionou o carro na vaga que estacionava sempre e me ajudou a descer do carro. Vários olhares voltaram a nossa direção, algumas pessoas cochichando entre si, o que me fez revirar os olhos e fechar a porta do jipe com certa força, saindo mancando na frente de Castiel.
-Dá para me esperar antes que esse pé piore?
-Só estou evitando comentários alheios - parei apoiada na perna direita, esperando até ele se aproximar.
-Deixe que pensem o que quiser - me lançou uma piscadela.
Ajeitei minha bolsa no ombro direito e continuei caminhando na frente dele - Mais tarde nos falamos ruivinho - retribuo a piscadela. - E.. obrigada por tudo.
Fui até meu armário guardar os materiais que não usaria nessa aula e caminhei até o grêmio, para poder entregar o atestado que não poderei participar da aula de educação física.
Bati a porta logo escutando o loiro permitir a entrada.
-Bom dia Nath, é com você que eu deixo atestado médico ?
-Sim - ele virou de frente para mim - Mas o que houve com sua perna? - ele fez uma expressão aflita.
-Eu tô bem.. toma - entreguei nas mãos do mesmo - vou ir procurar a Rosa, você a viu por acaso ?
-Ela estava na sala de aula B.. - ele parecia contrariado - Você quer alguma ajuda?
Agradeci e neguei, caminhei lentamente até a sala. Ela estava com Lysandre e Alexy conversando.
-Gaata como que você fez isso? - “Alexy, o super discreto” veio em minha direção apontando para meu pé.
-A senhorita está bem? - Lysandre disse com sua voz doce.
-Gente deixa ela falar - interveio Rosa, abrindo espaço entre os dois.
-Foi só um tombo. Como vocês acham que irão na prova hoje? - mudei de assunto.
-Hahaha eu acho que vou de mau a pior. Só se ocorrer um milagre - o azulado brincou.
-Hoje teremos avaliação de qual matéria mesmo? - Lysandre coçou o queixo com as pontas dos dedos, com aquele olhar um tanto perdido que sempre fazia quando esquecia de algo.
-Acho que é de educação física e química Lys-fofo. - respondeu Rosa. - levou uma sorte grande em Mary, não vai ter que fazer prova prática Hahaha.
-Haha mas também não vou ganhar pontos de graça..
-Eu preferia mil vezes não ter que ir para a quadra - Rosalya revirou os olhos e bufou - gente eu e a Mary temos que ir ao banheiro, vamos Mary! - disse me olhando de forma estranha.
-Temos? .. - e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa Rosa me puxou pelo braço para fora da sala, caminhando em direção ao banheiro.
-Vai com calma! Meu pé tá doendo. - Disse me liberando do braço dela e apoiando meu quadril na pia.
-Agora pode me contar, como você se machucou… e porque está vestindo essa blusa que se não estou muito enganada é do Castiel - ela cruzou os braços como se fosse uma detetive.
-Detalhista como sempre.
-Tenho certeza que Alexy também notou.. te livrei de comentários vergonhosos na frente do Lys.
Concordei com a cabeça aliviada por não ter que passar por essa situação e contei para a Rosa sobre o acidente, falei que eu tinha caído por que estava com “aquelas” lembranças ruins, sem especificar claramente já que não gostava do assunto que Rosa já entendeu qual era, que Castiel me ajudou e ficou comigo no hospital, que não dormimos nada nessa noite e que ele me deu uma carona até o colégio hoje -... E como estava frio acabei vestindo a jaqueta dele.
-Então você perdeu a concentração e caiu com a moto por que lembrou “Daquilo”? - ela sussurrou.
-Justamente.. - mordi minha boca.
-Temos que se distrair e na próxima vez que você inventar de “esfriar a cabeça” vai lá para casa mocinha.. ou quem sabe em uma mais perto da sua Hahaha - me olhou de forma insinuante.
A porta de entrada se abriu - Ah você viu que roupa ridícula daquela garota, querendo chamar a atenção desesperadamente hihihi - Ambre comentou com a oriental.
Rosa revirou os olhos e me puxou pelo braço novamente, enquanto Ambre nos encarava pelo espelho. - Aí Li olha a coitadinha quebrou a patinha.. que dó ! - ela falou logo após nós passarmos pela porta.
-Tome cuidado com as palavras. - disse em voz alta para que ela pudesse ouvir.
-Ah essa garota tá pedindo para apanhar.. - Rosa suspirou - mas então o Cas te deu uma ajudinha foi? Hahaha.
-Foi só ajuda, te garanto.
-Eu sinto um clima quando vocês estão perto, uma sensação de desconforto.. - Ela me olhou de soslaio.
-Está imaginando coisas. - menti
-Então.. você ainda acha que Ambre pode ter haver com as ligações?
-Tinha até me esquecido disso.. eu não faço ideia. Mas se for o caso eu vou descobrir.
-Vou investigar por aí também! Irei falar para Alexy ver se ele descobre algo.
Assenti com a cabeça - vou ir para a sala de aula agora, o médico aconselhou a evitar forçar muito a perna - Rosalya concordou e foi atrás do azulado. Fui para a sala de aula e coloquei meu celular para carregar, abri meu Notebook e comecei a pesquisar uma matéria.
“14/02/2014 FILHO DE GRANDE EMPRESÁRIO FALECE EM ACIDENTE GRAVE EM RODOVIA.
“ Viktor Chavalier, filho de Jhon Chavalier se envolveu em um acidente na madrugada desta quarta-feira (14). Segundo testemunhas um veículo preto teria passado na contramão e feito ele perder o controle da moto em que estava, o motorista não prestou socorro e fugiu do local do crime. Viktor foi atendido às pressas mas não resistiu. A polícia apura o caso para encontrar o envolvido no acidente. A família está desolada e só quer a justiça. O pai do rapaz não quis gravar entrevista.”
E no fim.. tudo se resume nisso, sensacionalismo. Minha tia disse que Jhon acabou pagando um bom dinheiro para imprensa e para os policiais que estavam no caso para que falassem que foi um acidente onde o motorista fugiu.
Jhon mudou de país e nunca mais deu notícias nem para o próprio irmão, só víamos algumas notícias envolvendo seu nome, mas eu nem procurava ver.
Sinto uma mão sobre a minha, que até agora estava trêmula ao lado do Notebook e eu não havia percebido. Soltei a respiração que eu nem vi que tinha preso e subi meu olhar lentamente até o loiro que estava sentado na cadeira na frente da minha. Desviei o olhar entre seu rosto e o computador algumas vezes e fechei a tela.
-É-é.. eu te chamei mas você não respondia - começou constrangido - imagino que você não deve estar bem.. - Fez carinho com a mão que estava sobre a minha.
O olhei com cumplicidade por alguns segundos e ouvimos passos entrando na sala, percebi que nossas mãos ainda estavam juntas e retirei rapidamente, a colocando junto da esquerda em cima do Notebook.
-Eu vou ir para o grêmio agora.. mas se precisar não exite em falar comigo por favor - Nath pediu e se levantou enquanto eu confirmava com a cabeça.
Castiel estava encostado em uma carteira próxima da porta nos olhando. Seguiu o olhar sobre Nathaniel até que o mesmo saiu da sala.
O ruivo caminhou até minha carteira e colocou as duas mãos sobre ela, se inclinando até que a altura de seu rosto igualou com o meu.
-Estou curioso..
O olhei arqueando uma sobrancelha esperando que o mesmo continuasse, porém ele não disse nada. - Com o que?
-Queria saber como a lingerie de renda azul ficou em você.. - me lançou um sorriso malicioso.
Vi a Ambre e a oriental entrar na sala e não pude perder a oportunidade.
-Quem sabe depois você vê… - sorri com a mesma malícia do ruivo.
-Eu adoraria descobrir. - ele se retirou e foi para sua carteira, recebendo um olhar mortal de Ambre.
O professor Boris chegou e aplicou a prova para mim enquanto os outros foram para a quadra fazer a prova prática. Terminei a prova em 23 minutos e desci na quadra para ver como estava sendo a prova deles. Rosalya estava de braços cruzados e Bufando a todo momento. O resto dos alunos estavam empenhados, pelo menos a maioria dos rapazes. Ambre e suas amigas estavam paradas sem ao menos se movimentar, fazendo comentários sobre o jogo.
Já a prova de química foi tranquila visto que eu gosto da matéria, após as aulas pude passar o intervalo lendo um livro na biblioteca.
O restante das aulas foram tranquilas. Castiel me ofereceu uma carona para ir embora e nos próximos dias se ofereceu para me levar, já que eu não poderia dirigir.
Hoje ele teria de encontrar com Lysandre no porão para falar sobre os ensaios e eu o avisei que iria o esperar na lanchonete.
Pedi um pedaço de torta salgada e um copo de suco de limão.
Abri o Notebook novamente e continuei a pesquisa.
“15/02/2014 MORTE DE VIKTOR CHAVALIER AINDA É INVESTIGADA”
Após o acidente em que o jovem veio a óbito, a polícia continua as investigações. Jhon Chavalier, o pai do garoto deu uma entrevista:
“Estou arrasado, ele era meu único filho, e apesar de não poder conviver muito com ele por conta de meu trabalho, eu estou muito abalado. Gostaria que o culpado fosse achado.”
Disse abalado e continuou “espero que os pais se conscientizem que o trânsito é perigoso, que falem com seus filhos sobre isso.”
Todos estão muito abalados pelo acontecimento. Aguardamos que a polícia faça seu trabalho da melhor maneira possível para encontrar o motorista.”
E pensar que eu poderia ter evitado isso, ele poderia estar agora com seu pai. E apesar dele não ser presente na vida do filho com certeza o amava.. sempre me martirizo pelo que fiz. Ele era tão inteligente, teria um grande futuro com certeza.. e eu com minha irresponsabilidade fiz ele fazer coisas erradas.. era divertido na hora mas na época eu não sabia que todas as ações tem uma consequência.. seja ela boa ou ruim.
Me levantei deixando o resto da torta no prato sem a mínima vontade de comer. Fechei meu Notebook e o coloquei dentro da bolsa e fui rapidamente na direção do colégio ainda mancando.
Tantas coisas passando pela minha cabeça, quem poderia saber que eu conhecia o Viktor se nem menciona meu nome ou que eu estava envolvida no acidente em nenhuma das inúmeras matérias que eu li durante esses anos.
E se Castiel tivesse comentado com a Ambre sobre o que eu disse para ele sobre eu participar das corridas e lutas clandes.. esbarrei em alguém e acabei caindo sentada, senti uma dor árdua em minha perna assim que tocou o chão. Balancei a cabeça para me livrar dos pensamentos e segurei minha mochila em minha mão, passando a outra para limpar o cotovelo que havia sujado com pequenas folhas que cairá da árvore. Vi uma mão estendida em minha frente e subi meus olhos para a figura, que só dava para enxergar o contorno de seu corpo graças a luz do sol que estava logo atrás. Pisquei algumas vezes, estendi minha mão e me levantei sobre a perna direita, limpando as pequenas folhas que também estavam em minha roupa.
-Obrigado, e me desculpe por ter esbarrado em… - Perdi as palavras assim que eu vi quem estava em minha frente.
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