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História Black Suit - Lembranças


Escrita por: sixxxy

Notas do Autor


siyeon cuidado que cigarro dá câncer

Capítulo 4 - Lembranças


Fanfic / Fanfiction Black Suit - Lembranças

 

 

Ao que estava saindo, Siyeon percebeu Yoohyeon entrando. Um longo suspiro escapou de seus lábios acompanhando a fumaça quando afastou o cigarro da boca. Estava cansada, frustrada e com a cabeça cheia de coisas martelando como se fosse explodir. Havia trabalhado desde cedo stalkeando seu alvo até eliminá-lo, para então substituir Dami numa missão quase tão estressante quanto, tendo que lidar com uma pessoa irritantemente inquieta, ainda que tivesse simpatizado com a recruta.

— Isso ainda vai te matar — comentou Yoohyeon, referindo-se ao tabaco, tendo ambas as mãos escondidas nos bolsos de seu terno e parando os passos ao lado de Siyeon, que mantinha a cabeça baixa. — Você está bem? Parece frustrada com algo — continuou.

— Quando eu morrer nessa vida, garanto que não será esse o motivo. E sim, eu estou. Você sempre sabe como estou, não é nossa Investigadora à toa — forçou um riso, balançando a cabeça e dando início aos seus passos novamente. Porém, Yoohyeon a segurou pelo braço.

— Estou livre hoje à noite. Quer sair para comer algo?

— Eu sei bem o que você quer “comer”, Yoohyeon. E sei também onde fomos parar da última vez que saímos para jantar.

— E não te relaxou?

 

Siyeon riu da pergunta.

 

— Sim. Mas não é o momento.

 

Com isso, colocou novamente o cigarro entre os lábios e continuou seus passos para fora da organização, deixando Yoohyeon parada no corredor. A mais alta ergueu levemente a cabeça, fitando o grande saguão e bufando. Seus passos demoraram a continuar, mas por fim o fizeram, levando-a à sala de armas, que era onde mais passava tempo dentro daquele lugar. Jogou sua Magnum sobre a longa mesa, que era coberta por um extenso mapa de Seul, tendo por cima uma luminária, uma lupa, algumas peças de xadrez — que ela usava para montar estratégias — e alguns outros revólveres. Sentou-se na cadeira, apoiando ambos os pés na estrutura de madeira em sua frente. Tirou um pirulito da gaveta da mesa e o desembrulhou, colocando o doce na boca e tomando aquele momento para pensar.

 

Já faziam seis anos que Yoohyeon estava na Black Suit. Lembrava-se de quando um homem de terno se aproximou dela e de seu pai na escola. Ela não entendeu muito bem a conversa, mas foi muito elogiada por sua curiosidade e pelas descobertas que fazia tanto sobre a natureza quanto sobre o que acontecia na escola.

Yoohyeon era o tipo de nerd que vivia com uma lupa e um caderno de anotações na bolsa, o cabelo preso em uma trança e um pirulito na boca, investigando tudo que lhe era suspeito e anotando tudo que lhe convinha. Sempre se sentiu atraída pelo desconhecido, e virava motivo de chacota por isso, até fazer um estilingue por conta própria e usá-lo para se defender. Ela passava praticamente o dia inteiro presa dentro de seu quarto, estudando e realizando diversos tipos de experimentos, o que se tornou um dos motivos para que ela não tivesse amigos.

Ela não era boa em falar e não conseguia se aproximar de ninguém, tampouco manter laços. Sua relação com seus pais e seu irmão era boa, ainda que o máximo que se falavam era na hora do almoço e da janta — ainda assim, às vezes, ela optava por jantar sozinha em seu quarto —, onde estavam todos reunidos. Seus pais sempre deram mais atenção ao filho menor, e Yoohyeon não fazia muito caso de ser deixada de lado, já que sempre preferiu ficar sozinha.

Quando atingiu os quinze anos, seu pai finalmente a chamou para conversar sobre o bilhete que o homem de terno preto havia deixado com ele. Era um convite. Um convite para ser parte de uma organização secreta e treinar para o posto de Investigadora. Claro, aquilo, aos olhos de Yoohyeon, era incrível. Fazer o que gosta, aprender, descobrir e ainda ser paga — e muito bem paga — era simplesmente surreal. Seu pai não gostou muito da ideia, mas era o que ela queria, então acabou cedendo e deixando que ela criasse suas próprias asas e, a partir dali, trilhasse seu próprio caminho.

O começo foi árduo, é claro. Mas logo ela se acostumou. A primeira vez que teve que matar alguém foi um verdadeiro choque, e até hoje ela se sentia um tanto quanto incomodada ao ter que tirar a vida de outra pessoa por dinheiro e justiça, mas ela escolheu aquele caminho, e o trilharia até o final.

 

Aproveitou-se para lembrar do dia que conheceu Siyeon. Desde que o líder da organização morreu e o posto foi herdado por sua única filha, todos os membros da Black Suit foram dispensados com a ameaça de morte imediata caso vazassem alguma informação. Mas, a Black Suit é uma organização de laços, então todos os que trabalhavam lá anteriormente eram fiéis à promessa que fizeram quando entraram. Quando Yoohyeon se juntou, só haviam a líder, Dami e Handong. Handong ficava presa na sala de informática, Dami não falava muito, com exceção das missões que era obrigada a cumprir com o auxílio da Investigadora, e a líder, que não podia expor sua identidade em hipótese alguma. Assim, Yoohyeon era alguém muito sozinha, que só se comunicava através de aparelhos de escuta ou mensagens com os outros membros.

 

Até que mais um membro se juntou, um ano depois.

 

Yoohyeon, eu quero que ajude nossa nova integrante. Vista-a. Dê-a as instruções e entregue-a o rifle do antigo Sniper. Neste exato momento, ela deve estar atrás de você. — Líder.

 

E quando Yoohyeon olhou para trás, naquele grande saguão, lá estava ela. Um pouco mais baixa que si, os olhos fitando o chão e a franja os acobertando. Os pés juntos, a má postura e os dedos brincando um com os outros denunciavam seu nervosismo.

 

Yoohyeon sorriu. Pela primeira vez em anos, ela sorriu. Aquela garota era incrivelmente adorável.

 

Aproximou-se dela devagar e colocou a mão sobre o ombro da pequena figura, acariciando-o ternamente para não assustá-la — Qual o seu nome?

— L-Lee Siyeon... — respondeu hesitante sem olhar para Yoohyeon.

— Eu sou Kim Yoohyeon. Você pode contar comigo e me perguntar qualquer coisa, sim? — Siyeon assentiu, segurando levemente na roupa de Yoohyeon quando ela começou a andar, fazendo com que o sorriso discreto da maior enlarguecesse.

Como lhe foi mandado, Yoohyeon primeiro levou-a ao vestuário. Era uma sala com um longo corredor e um banco na frente de cada conjunto de roupa. Ali ficavam armazenados todos os modelos de terno da Black Suit, desde os mais antigos até os mais atuais.

— Vamos, escolha o seu — disse Yoohyeon, fazendo a garota fitá-la pela primeira vez e assentir novamente.

Caminharam pelo longo corredor em silêncio, até que Siyeon parasse em frente a um blazer preto. Não precisou de muitas palavras para que Yoohyeon entendesse que era aquele que ela queria, assim, ficou de frente para ela e lentamente puxou sua camisa para cima. Por algum motivo, ver o torso despido de Siyeon fez seu coração disparar e sua respiração pesar. Seria uma cena engraçada: ambas com o semblante sério e aquele rubor incômodo plantado em seus rostos.

Yoohyeon rapidamente limpou a garganta, recolhendo primeiro a camisa social do manequim e dando a volta para deslizá-lo pelos braços de Siyeon, cuidadosamente fechando botão por botão na parte da frente. Em seguida, arrumou a gravata em seu pescoço e pegou o blazer, o vestindo na morena. O processo de vesti-la as calças foi a parte mais difícil, mas Yoohyeon preferiu ignorar esse detalhe. Por último, sentou-a no extenso banco e retirou seus sapatos, substituindo-os por um par de Mocassins negros.

 

Ela estava deslumbrante.

 

— Como fiquei? — Siyeon indagou inocentemente enquanto se olhava no espelho e Yoohyeon teve que segurar as palavras.

 

— Ficou ótima — respondeu simples, aproximando-se dela e apertando sua gravata, fazendo Siyeon erguer o rosto. Aquela foi a primeira vez que se olharam diretamente, e Yoohyeon pôde ver por baixo da franja os olhos castanhos e o olhar afiado que até hoje a intrigam.

 

Yoohyeon saiu de seus pensamentos ao ouvir o relógio em seu pulso apitar, indicando que já era meia noite. Ela estava livre para ir embora, mas não queria ir para o apartamento ou dar as caras na casa de seus pais, então optou por ficar por ali, apenas investigando mais a fundo o homem de mais cedo que supostamente sabia sobre a organização. Afinal, havia mensagem de Handong informando que a líder queria uma reunião com todas amanhã.

 

 

 

Será que ela finalmente irá dar as caras?

 

 



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