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História Blandet (Em Hiatus) - Arco (IV) - Angel's Fall - Lucia Angelicus: Origem


Escrita por: ishionatsume123

Capítulo 125 - Arco (IV) - Angel's Fall - Lucia Angelicus: Origem


Orfanato Maria das Dores – Anos atrás...

 

Crianças correndo pelo jardim, meninas brincando com bonecas, meninos brincando com a bola e freiras tentando controlar aquela bagunça. Aquele era o cenário que Lucia via toda manhã durante o intervalo das aulas. Como de costume ela estava sentada debaixo de um manguezal lendo o livro infantil preferido dela.

Naquela época Lucia Angelicus tinha apenas 12 anos de idade. Ela era a criança mais velha do orfanato Maria das Dores.

- Lucia porque não brinca um pouco com as outras crianças? – Disse a Irmã Ana se aproximando.

A Irmã Ana era um das freiras mais gentis do orfanato. Uma mulher jovem e alegre que todas as crianças gostavam e respeitavam. Inclusive a própria Lucia.

- Eu prefiro ficar aqui lendo o meu livro. – Respondeu Lucia seriamente.

- ‘’Moisés’’... Você gosta mesmo dessa história não é? – Disse a Irmã Ana com um sorriso.

- Sim... Acho incrível como Deus concede poder a Moisés que luta para libertar o seu povo do sofrimento. – Disse Lucia com os olhos brilhando em admiração.

O sino começou a tocar. Dando o sinal que já era hora de retornar os estudos.

Lucia entrou na sala de aula junto com seus outros colegas. A professora responsável pela turma era a Irmã Ana. Mas hoje a aula seria assistida pela Madre Nilce.  A Madre superiora desse orfanato.

A Madre Nilce era uma mulher de 60 anos. Que usava óculos e tinha uma expressão sempre rígida e séria em seu rosto. A presença dela intimidava as crianças que ficavam assustadas e nervosas.

- Alguém pode me dizer por que nossa capital foi batizada com nome ‘’Eden’’? – Perguntou a Irmã Ana.

- Nossa capital se chama Eden, pois ela representa o paraíso construído por Deus na bíblia. – Respondeu Lucia levantando a mão.

- Muito bem! Boa resposta Lucia! – Disse a Irmã Ana sorrindo.

- Alguém sabe o que é a Torre de Babel? – Perguntou a Irmã Ana olhando para toda a classe.

- A Torre de Babel é a ligação entre o Eden e a o trono de Deus! – Respondeu Lucia novamente.

- Muito bem Lucia... – Disse a Irmã Ana sorrindo nervosa.

- Alguém tem alguma pergunta? – Perguntou a Irmã Ana olhando para a toda classe que continuava se mantendo em silêncio.

Lucia levantou a mão e com o consentimento da Irmã Ana ela se levantou do seu assento e perguntou:

- Porque não podemos atravessar a Torre de Babel para chegar à ilha sagrada?Porque não podemos voar igual os outros nobres? – Perguntou Lucia.

As duas perguntas deixaram todos da sala chocados. Não só seus colegas, como a própria Irmã Ana e a Madre Nilce. As perguntas de Lucia fez a Irmã Ana ficar em silêncio sem ter o que responder. Por causa disso a Madre Nilce com sua régua em mãos se levantou e tomou a frente da sala de aula.

- Porque vocês são existências pecaminosas do pecado de seus pais.  Anjos caídos não podem adentrar a terra sagrada e não podem cruzar os mesmos céus que os nobres anjos de luz! Isso tudo é para que quitem os pecados no qual estão sendo obrigados a carregar! – Respondeu a Madre Nilce.

- Não faz sentido! A ciência diz que nossas cores não passa de uma característica genética diferente... Não tem nada haver com Deus! Não existe pecado nenhum para ser quitado! Apenas herdamos os genes dos nossos pais! – Retrucou Lucia.

- Ciência?! A ciência é uma blasfêmia do homem! Deus é o ser mais poderoso desse universo! E suas decisões não podem ser questionadas! – Disse a Madre Nilce irritada.

- Então estamos sendo castigados apenas por não termos um par de asas brancas e cabelos dourados como os ‘’anjos de luz’’? – Perguntou Lucia num tom irônico.

- Chega! Irmã Ana o que anda ensinando para essas crianças? – Perguntou Nilce irritada.

- Eu... Não...  - Disse a Irmã Ana nervosa.

- Nossos ensinamentos não podem ser questionados! O que acha que os superiores da igreja vão pensar sobre isso? – Disse Nilce irritada.

- Eu sinto muito... – Disse a Irmã Ana abaixando a cabeça.

- Madre Nilce! A Irmã Ana não tem culpa! Estou apenas questionando porque estamos sendo castigados por um suposto pecado que não cometemos. Nós todos somos do clã Angelicus. Carregamos o mesmo sangue de alguma maneira! Então por que... Porque não podemos cruzar os mesmo céus que vocês? Exijo uma reposta coerente que não seja presa a ensinamentos de um Deus que nem sabemos se existe! – Gritou Lucia.

Ao ouvir as palavras de Lucia a Madre Nilce se irritou ainda mais e andou rapidamente em direção a carteira onde Lucia estava sentada. Ao chegar lá ela ergueu sua régua e bateu no rosto de Lucia que caiu no chão. Todos da classe ficaram assustados.

- Lucia hoje você passará a noite ajoelhada no milho, sem jantar! Fará um milhão de orações e pedirá perdão a Deus por suas palavras insolentes! – Disse a Madre Nilce irritada – Irmã Ana venha ao meu escritório ainda hoje! Precisamos conversar! – Concluiu a Madre Nilce caminhando em direção a saída.

Depois da intensa aula. A Irmã Ana foi até o escritório da Madre Nilce que já aguardava junto com o Padre Adelino. Um homem de 45 anos que vestia uma túnica preta, de cabeça raspada e um crucifixo de madeira pendurado no pescoço.

- Com licença. – Disse a Irmã Ana enquanto entrava.

- Estávamos a sua espera Irmã Ana – Disse o Padre Adelino com um sorriso.

- Primeiramente quero pedir desculpas pela atitude grosseira da minha aluna. – Disse a Irmã Ana abaixando a cabeça.

- A Madre Nilce já me informou o acontecido de hoje... Lucia apesar de uma criança possui grande inteligência, mas não parece ter fé nos caminhos de Deus. – Disse o Padre Adelino.

- Padre Adelino apesar de Lucia possuir grande inteligência. Um Corvo que questiona qual deveria ser o seu lugar é um perigo ao trono de Deus! – Disse a Madre Nilce.

- Está correta! É com fagulhas como essa que revoluções e guerras acontecem! Desde que o primeiro líder do nosso clã: Gabriel nos separou entre Pombos e Corvos, mantivemos a paz e ordem dentro do Eden. É claro que Gabriel só fez essa divisão a pedido do próprio Deus, como está escrito em nossas escrituras. – Disse o Padre Adelino.

- Lucia está numa fase em que começa a moldar seus pensamentos e pontos de vista. Acho natural o questionamento dela... - Disse a Irmã Ana nervosa.

- Acha normal questionar sobre a existência de Deus? Questionar sobre a posição dela como um mero Corvo? – Perguntou a Madre Nilce irritada.

- A Irmã Ana tem razão! Os questionamentos são normais... Mas é nosso dever doutrinar essas crianças para que perguntas como essa não aconteça! – Disse o Padre Adelino.

- Irmã Ana irei transferi-la para um orfanato fora da capital. Arrume suas coisas! Você partirá amanhã! – Disse a Madre Nilce.

- Transferência?!... – Disse a Irmã Ana chocada.

- É melhor para você Irmã Ana. Com o acontecimento de hoje a Irmã provou que não tem capacidade para educar essas crianças! – Disse o Padre Adelino.

- Entendo... – Disse a Irmã Ana num tom melancólico.

Naquela manhã a Irmã Ana se despedia de todas as crianças de sua classe nos portões do orfanato. Lucia se aproximou e a Irmã Ana agachou para ficar cara a cara com ela. Logo a Irmã Ana reparou nos joelhos marcados de Lucia por causa da punição e sentiu pena.

- Foi minha culpa... Não foi Irmã Ana? – Perguntou Lucia com lágrimas nos olhos.

- Não querida... Não se culpe. – Disse a Irmã Ana sorrindo.

- Desculpe... – Disse Lucia abraçando a Irmã Ana com lágrimas nos olhos.

Depois da despedida Lucia e as crianças só podiam ver a carruagem da Irmã Ana se afastar aos poucos no horizonte enquanto estavam com os olhos lacrimejando.

Apesar da Irmã Ana ter negado. Lucia sabia que o fato da Irmã ter ido embora era por sua culpa. Por causa desse acontecimento, Lucia se manteve calada sobre o assunto durante dois anos. Mas não significava que seus ideais haviam mudado. Lucia ainda desacreditava numa existência divina, e se negava aceitar que os Corvos seriam o pecado encarnado como dito pelos seus professores.

Com o passar de dois anos, Lucia agora tinha 14 anos e ainda não havia sido adotada. Era muito difícil uma criança Corvo ser adotada. Geralmente os Pombos que adotavam uma criança Corvo as usavam como serviçais. Mas elas eram remuneradas pelo trabalho, já que a escravidão é proibida nas terras dos Angelicus.

Apesar de estar envelhecendo. Lucia não estava preocupada em ser adotada. Na verdade ela tinha outros planos e ela viu a oportunidade perfeita quando o orfanato recebeu a visita de ninguém menos que a líder dos Corvos Vermelhos: Amy Angelicus.

- Bom dia crianças! Meu nome é Amy! Sou a líder dos Corvos Vermelhos. E hoje estou aqui para recrutar alguns de vocês, jovens sonhadores que desejam usar suas vidas para defender não só nossos cidadãos como proteger nossas terras dos invasores. Estamos recrutando qualquer jovem que tenha de 12 anos pra cima... Os interessados podem me esperar no portão do orfanato com suas malas em mãos. – Disse Amy sorrindo.

O recrutamento era um jeito de se livrar de alguns Corvos que não foram adotados. Os jovens que não entravam para os Corvos Vermelhos eram remanejados a outros lugares para exercer diferentes funções. Poucos Corvos queriam arriscar suas vidas num campo de batalha, então e média de recrutamento era bem baixa.

Depois de falar Amy se retirou. Lucia não parava de olhar para ela e Amy percebeu que estava sendo observada e sorriu pegando Lucia de surpresa.

Olhando pro seu relógio de pulso enquanto estava encostada com as costas no portão. Amy viu que estava na hora de ir embora.

- Parece que ninguém está disposto a virar sacrifício pros Pombos... – Disse Amy enquanto começava a caminhar para ir embora.

- ESPERA! – Gritou Lucia correndo na direção dela carregando apenas uma pequena mala.

- Está atrasada! – Disse Amy brincando.

- Sinto muito... - Disse Lucia recuperando o fôlego.

- Tem certeza que quer entrar para os Corvos Vermelhos? – Perguntou Amy.

-Tenho! Não existe lugar aqui pra mim! – Disse Lucia determinada.

-Se você está decidida, então vamos. – Disse Amy abrindo a porta da carruagem.

As duas entraram na carruagem e o cocheiro logo deu partida.

De pé na janela do seu escritório a Madre Nilce observava tudo em silêncio.

- Ela já foi? – Perguntou o Padre Adelino.

- Sim Padre... – Respondeu a Madre Nilce.

- Então ela realmente decidiu entrar para os Corvos Vermelhos. – Disse o Padre Adelino com um sorriso.

- Ao menos se livramos dela. As chances de ela morrer em missão são altas. – Disse a Madre Nilce.

- Madre Nilce não deseje a morte do próximo... Lucia é uma criança inteligente. Acha mesmo que ela sairia daqui se não estivesse séria sobre isso? – Disse o Padre Adelino.

- O senhor superestima demais essa criança! – Disse a Madre Nilce.

- É apenas intuição minha... Mas Lucia parece ser aquele tipo de criança que deve deixar marcado seu nome na história do nosso clã... – Disse o Padre Adelino.

 

Mais dois anos se passaram. Lucia agora tinha 16 anos de idade. Foi nessa época em que ela foi ordenada por Amy a cuidar de Sofiel.

- Aqui fica o seu quarto... – Disse Lucia abrindo a porta e entrando - Vai dividir o quarto comigo. Espero que não se incomode. – Disse Lucia olhando pra Sofiel.

- Não se preocupe... Na verdade esse quarto é bem melhor do que o meu era... – Disse Sofiel num tom melancólico.

- Pode me dizer por que quer entrar pros Corvos Vermelhos? – Perguntou Lucia curiosa.

- Como eu falei... Eu perdi tudo então... Preciso de um lugar pra ficar... – Respondeu Sofiel.

‘’É melhor eu não insistir... ’’ – Pensou Lucia.

- De qualquer maneira seja bem vinda. Apesar de sermos desprezados pela maioria do povo, o salário faz valer a pena. – Disse Lucia sorrindo.

- Obrigada... – Disse Sofiel.

Seis Anos de passaram...

Após Sofiel fugir da capital após matar dois nobres Pombos deixando apenas uma sobrevivente. Amy a líder dos Corvos Vermelhos foi forçada a se aposentar. Os Pombos a forçaram a assumir a culpa pela negligência com os seus subordinados. Além disso, o afastamento de Amy foi apoiado fortemente por Lucia que chegou a depor contra ela em um tribunal. Com o afastamento de Amy, o segundo Corvo mais talentoso assumiria a posição de líder. A escolhida foi ninguém menos que Lucia Angelicus.

Sentada na cadeira do escritório do líder, Lucia dava risada com bastante alegria.

- Finalmente cheguei aqui... Graças a Sofiel já economizei muito tempo esperando a aposentadoria de Amy. – Disse Lucia se levantando da cadeira.

Lucia caminhou em direção a janela e abriu as cortinas olhando para as ruas movimentadas na frente da Gaiola. Na calçada havia um mendigo com a placa

‘’Me ajude! Sou apenas um pobre Corvo!’’

- Hora de começar a minha revolução! – Disse Lucia olhando pro mendigo sendo maltratado por crianças de nobres Pombos.

Lucia estava em seu escritório lendo documentos quando ela ouviu batidas na porta.

- Entre! – Disse Lucia sem tirar os olhos dos papeis.

- Com licença senhora! – Disse Azazel entrando no escritório. Logo atrás dele vinham Belial e Yekun. Todos eles já conheciam Lucia, só não tinham muito contato.

- Parabéns por ter sido promovida! – Disse Azazel logo em seguida.

- Obrigada... Indo direito ao assunto, os chamei aqui porque são os melhores dos Corvos Vermelhos atualmente. E essa missão exige pessoas com habilidades.

- Agradeço suas palavras. – Disse Azazel.

- Com a traidora da Sofiel fora da jogada e a Amy afastada a gente acabou subindo de status! – Disse Belial sorrindo.

- E qual é a missão? – Perguntou Yekun.

- Vamos proteger o Papa Samuel e seus Cardeais durante a caminhada da fé que acontecerá daqui a uma semana. – Disse Lucia.

- Já tinha esquecido que estávamos nessa época... – Disse Belial.

- A caminhada da fé é um evento importante! A presença do Papa é indispensável! Mas protegê-lo em área aberta será complicado. – Disse Azazel num tom pensativo.

- Mas alguém teria coragem de atacar o Papa? – Perguntou Yekun.

- Se existe alguém com tal coragem não sabemos... Por isso trabalhamos com possibilidades e tentamos evitá-las. – Disse Lucia.

- Já tem detalhes de qual será o trajeto da caminhada? – Perguntou Azazel.

- Ainda não! Estou indo conversar agora com o Papa Samuel para saber mais detalhes. Assim que eu souber irei informá-los. – Respondeu Lucia.

Naquela noite Lucia se dirigiu a basílica de São Pedro numa carruagem. Assim que chegou foi recebida por alguns padres que a levaram diretamente ao escritório do Papa Samuel. Porém não era o Papa que estava lhe esperando e sim o Cardeal Kesabel.

- Onde está o Papa Samuel? – Perguntou Lucia.

- O Papa teve um dia difícil então pediu para descansar mais cedo. Eu fui designado a conversar com senhorita. Meu nome é Kesabel Angelicus! – Disse Kesabel.

‘’Kesabel... Eu conheço esse nome... Ele é o braço direito do Papa! Além disso é um homem jovem pra esse cargo...’’ – Pensou Lucia surpresa.

- Prazer, meu nome é Lucia Angelicus. Sou a líder dos Corvos Vermelhos. – Disse Lucia logo em seguida.

- Por favor, sente-se. – Disse Kesabel apontando para a cadeira.

- Como o Cardeal deve saber vim aqui para discutir sobre os locais onde o Papa passará durante a caminhada da fé. – Disse Lucia se sentando.

- Sim... O Papa pediu para que lhe entregasse esse mapa. Nele os pontos marcados mostram onde o Papa Samuel pretende passar enquanto faz a caminhada. – Disse Kesabel.

Lucia pegou o mapa das mãos de Kesabel de forma gentil. Seus dedos até se tocaram durante a ação. Lucia abriu o mapa na mesa e colocou o cabelo para trás de forma sensual. Enquanto olhava para o mapa, ela inclinava o corpo para mesa mostrando seu decote. Kesabel percebendo a ação de Lucia desviou olhar tentando disfarçar.

- Muito bem... – Disse Lucia voltando a ficar ereta na cadeira.

- Alguma duvida? – Perguntou Kesabel tentando disfarçar seu nervosismo.

- Não nenhuma! Muito obrigada Cardeal Kesabel. – Disse Lucia se levantando.

- Eu que agradeço... Por favor, proteja nossa santidade. – Disse Kesabel sorrindo.

- Claro... Mas dedicarei o meu tempo ficando de olho em você também... – Disse Lucia com um sorriso.

Logo após a conversa Lucia deixou o Cardeal Kesabel para trás e começou a caminhar em direção a saída. Enquanto caminhava Lucia sorria largamente.

‘’O Braço direito do Papa... Preciso tê-lo em minhas mãos!’’ – Pensava ela.

 

Uma semana depois...

 A capital real estava em completa festa. Todos seguravam galhos de palmeira em suas mãos e acompanhavam o Papa Samuel e seus Cardeais que caminhavam em direção a Torre de Babel onde terminaria o trajeto da caminhada da fé.

Os Corvos Vermelhos observavam o Papa Samuel do alto dos prédios das ruas. Lucia não parava de encarar para o Cardeal Kesabel e por um momento o olhar dos dois se cruzaram. Lucia sorriu e acenou para Kesabel que apenas desviou o olhar envergonhado.

 

Alguns dias depois da caminhada da fé. Lucia estava em seu escritório quando Azazel entrou carregando uma pasta de arquivos em sua mão esquerda.

- Senhora Lucia! Aqui estão os arquivos sobre a investigação que pediu para me conduzir. – Disse Azazel colocando a pasta em cima da mesa.

- Obrigada. Ninguém desconfiou de nada não é? – Perguntou Lucia enquanto abria a pasta.

- Não senhora! Fiz tudo com descrição, como me pediu! – Respondeu Azazel.

- Ótimo! – Disse Lucia sorrindo.

- Com sua licença! – Disse Azazel indo em direção a porta.

- Azazel! Não conte isso a ninguém! – Ordenou Lucia.

- Como desejar! – Respondeu Azazel antes de sair.

Lucia enquanto lia a pasta com os documentos, sorriu levemente e disse:

- Quem diria que o famoso Cardeal Kesabel tinha um passado desses.

 

Dois dias depois, o Cardeal Kesbael recebeu um convite que foi entregue a ele diretamente por Azazel. No convite Lucia pedia para encontrá-lo na Gaiola durante a madrugada. Sem saber qual seria o assunto e mesmo nervoso Kesabel foi ao seu encontro.

Kesabel entrou pela porta dos fundos. Que como especificado no recado, estaria aberta. Kesabel vestia uma capa escura para disfarçar sua aparência, afinal ele não podia ser visto entrando no ninho dos Corvos Vermelhos.

Seguindo caminho Kesabel se encontrou com Lucia que estava segurando um lampião vestindo um roupão azul.

- Lucia! Você me assuntou! – Disse Kesabel aliviado.

- Siga-me! – Disse Lucia.

- O que você quer? – Perguntou Kesabel.

- Não acho que aqui seja apropriado para conversarmos... – Disse Lucia olhando ao redor.

- Muito bem... – Disse Kesabel seguindo Lucia.

Os dois caminharam juntos. Lucia ia na frente iluminando e Kesabel vinha logo atrás tentando manter a calma. Os dois chegaram num quarto. Lucia colocou o lampião sobre o criado mudo e Kesabel entrou fechando a porta.

- E então o que você... – Disse Kesabel antes se interrompido.

- Quer beber alguma coisa? Eu tenho vinho. – Disse Lucia enquanto caminhava até uma prateleira.

- Lucia! – Chamou Kesabel.

- Desculpe... Estou um pouco nervosa... – Disse Lucia num tom melancólico.

- Nervosa?... – Disse Kesabel confuso.

- Estar sozinha com o homem que roubou meu coração é meio constrangedor. – Disse Lucia sorrindo.

Kesabel ficou vermelho e abaixou a cabeça e disse:

- Vou pra casa!

Lucia correu e o abraçou por trás o pegando de surpresa.

- Por favor... - Disse Lucia com lágrimas nos olhos.

- Lucia... Eu sou um homem que fez votos a Deus... Isso que está fazendo é um crime! – Disse Kesabel.

- Kesabel... Eu o amo e se isso é crime aos olhos de Deus... Estou disposta a enfrentar tudo por você. – Disse Lucia se afastando de Kesabel.

Kesabel se virou para olhar para Lucia e a viu que ela começou a desamarrar o seu roupão até ficar completamente nua.

- Eu quero você Kesabel. – Disse Lucia com o rosto avermelhado.

Kesabel engoliu seco e deu dois passos para trás. Lucia se aproximou e pegou na mão esquerda dele e a colocou sobre o seu seio direito.

- Kesabel... Seja meu ao menos por essa noite... - Disse Lucia sorrindo gentilmente.

De manhã quando Lucia acordou Kesabel já havia ido embora. Completamente nua ela se levantou da cama e viu que ela estava suja de sangue.

- Quem diria que minha primeira vez seria com um homem de Deus. – Disse Lucia sorrindo.

 

Duas semanas se passaram depois desse ocorrido. Nesse tempo, Lucia e Kesabel não entraram em contato. Até que na basílica de São Pedro, o sábado era famoso pelo ser o dia de confissão. Depois de terminar de conversar com um fiel outro entrou. Kesabel que estava do outro lado do confessionário perguntou:

- E então quais são os problemas que lhe afligem meu filho?

- Eu pequei... – Disse Lucia chorando.

Kesabel logo reconheceu a voz de Lucia e se assustou.

-... Eu tive um relacionamento com um homem de fé e agora não sei o que fazer... – Disse Lucia fingindo tristeza.

- Talvez... Esquecer seja a melhor opção... Minha filha... – Disse Kesabel amedrontado

- Não posso esquecer Cardeal Kesabel! Afinal nosso caso resultou num milagre! – Disse Lucia agora num tom sério.

- Milagre? – Perguntou Kesabel confuso.

- É... Eu estou grávida! Eu espero um filho do senhor! – Disse Lucia sorrindo levemente.

- Filho?...Não pode ser! – Gritou Kesabel nervoso.

O grito de Kesabel chamou a atenção dos fieis que esperavam. Lucia se levantou e disse:

- Te vejo depois Kesabel... – Disse Lucia antes de deixar o confessionário.

Kesabel estava com o rosto paralisado, seu corpo estava tremendo e ele suava bastante.

- Não pode ser... O que foi que eu fiz? – Disse Kesabel assustado.

 

Naquele mesmo dia Kesabel foi a Gaiola dos Corvos Vermelhos. Mas assim que chegou a frente do prédio ele foi recebido por Azazel.

- Cardeal Kesabel, a senhora Lucia mandou lhe entregar isso. – Disse Azazel segurando uma carta.

Kesabel pegou a carta e leu seu conteúdo ali mesmo. Seus olhos se arregalaram, ele estava confuso e nervoso.

- O que significa isso? Aqui diz que Lucia pediu afastamento! – Disse Kesabel nervoso.

- A senhora Lucia pediu seu afastamento por problemas de saúde. Até lá eu comandarei os Corvos Vermelhos. – Respondeu Azazel.

- Onde Lucia foi? – Perguntou Kesabel.

- Não faço idéia! Se ela não mencionou na carta provavelmente ela quer que ninguém saiba seu paradeiro! – Respondeu Azazel.

- Assim que tiver notícias dela me informe imediatamente! – Ordenou Kesabel.

- Como desejar! – Disse Azazel com uma reverência.

Depois de Kesabel partir em sua carruagem. Azazel levantou seu rosto e disse:

- Senhora Lucia... É uma mulher assustadora.

 

Desde aquele dia, um ano e três meses haviam se passado... Lucia finalmente retornava ao Eden, parando sua carruagem na frente da Gaiola. Lá Azazel, Belial, Yekun e todos os Corvos Vermelhos estavam presentes para recebê-la.

- Seja bem vinda de volta, senhora Lucia! – Disse Azazel.

- É bom finalmente estar de volta! – Disse Lucia sorrindo enquanto olhava em direção a Torre de Babel.

Não demorou muito para as noticias do retorno da líder dos Corvos Vermelhos se espalharem pela capital. E essas noticias chegaram aos ouvidos do Cardeal Kesabel, que ao ouvir isso deixou os livros que segurava cair no chão.

- Kesabel está tudo bem? – Perguntou Samuel.

- Sim senhor! Só estou distraído! – Respondeu Kesabel nervoso.

Ao saber que Lucia tinha retornado à capital, Kesabel não perdeu tempo e se dirigiu a Gaiola naquela madrugada. Ao entrar pela porta dos fundos, ele silenciosamente disfarçado caminhou até o escritório de Lucia. Ao abrir a porta ele deu de cara com ela sentada atrás da mesa segurando uma taça de vinho nas mãos.

- Por um breve momento achei que não iria aparecer. – Disse Lucia olhando para Kesabel com um sorriso.

- Depois de desaparecer por um ano, após me dar aquela noticia você volta como se nada tivesse acontecido. Você me torturou esse tempo todo! – Disse Kesabel abaixando o capuz de sua capa.

- Achei que ficaria feliz em saber que nosso amor resultou numa criança. – Disse Lucia num tom irônico enquanto colocava a taça sobre a mesa.

- Nós cometemos um crime à existência dessa criança é prova dele. Se alguém descobrir nós... – Disse Kesabel antes de ser interrompido.

- E porque acha que eu me afastei por um ano da capital? Eu inventei que estava doente e fui ter uma gestação tranqüila e discreta. Fiz isso para que ninguém descobrisse. – Disse Lucia olhando seriamente para Kesabel.

- Tem certeza que ninguém sabe sobre isso? – Perguntou Kesabel preocupado.

- Apenas uma pessoa sabe. Mas não se preocupe, ela é de extrema confiança. – Respondeu Lucia.

- E o que vamos fazer agora? – Perguntou Kesabel.

- Cardeal Kesabel a partir de hoje o senhor trabalha pra mim! – Disse Lucia com um sorriso largo.

- O quê?! – Disse Kesabel confuso.

- Eu tenho um objeto Cardeal. Eu quero conquistar o paraíso e livrar os Corvos das amarras que os Pombos impuseram em nós e pra isso eu precisarei da sua ajuda. Alguém conectado a família principal e ao Papa Samuel. Ou seja você! – Disse Lucia enquanto se levantava da cadeira e estendia a mão em direção a Kesabel.

- Conquistar o paraíso? O que isso significa? – Perguntou Kesabel ainda mais confuso.

- Significa que irei acabar com o sistema atual. Está na hora de nós Corvos acenderem a dominação do Eden e de todo o reino. – Respondeu Lucia.

- Não posso aceitar isso! Trair a família real e ao Santo Papa! Isso é inadmissível! – Disse Kesabel.

- Se não aceitar eu irei dizer a todos sobre o nosso romance e agora eu tenho uma prova contra você. – Disse Lucia sorrindo.

Kesabel arregalou os olhos assustado e disse:

- Então... Era esse o seu objetivo desde o começo?...

- Mas é claro... Acha mesmo que eu me apaixonaria por você? Cardeal você é um homem cheio de tentações. Foi por causa de suas tentações que sua mãe morreu. – Disse Lucia sorrindo,

- CALA A BOCA! – Gritou Kesabel.

- Eu soube que quando nasceu você estava à beira da morte. Num momento de desespero sua mãe pediu a Deus que se você sobrevivesse, ela iria torná-lo um homem a serviço do Pai. Você entrou numa escola de padres, mas aos 17 anos de idade você foi seduzido por uma mulher. Sua mãe pegou você com outra mulher na cama e acabou sofrendo um infarto ao ver o filho naquela situação. Se sentindo culpado pela morte de sua mãe você no final decidiu de tornar padre e logo conseguiu se tornar Cardeal. – Disse Lucia enquanto caminhava em direção a Kesabel - Mas mesmo fazendo isso você não se esqueceu do calor do corpo de uma mulher. – Disse Lucia sussurrando no ouvido de Kesabel.

Kesabel ficou em completo silêncio enquanto ouvia as palavras de Lucia. Ele apertou os punhos e logo se rendeu a ameaça dela.

- Muito bem... Eu aceito... Irei ajudá-la na conquista do paraíso... Mas você deve prometer que jamais contará sobre nosso romance para ninguém! – Disse Kesabel frustrado.

- Tem minha palavra. – Disse Lucia sorrindo.

Algumas semanas de passaram. Lucia e Kesabel estavam numa carruagem e logo pararam na frente de uma pequena capela que fica perto das favelas da capital. Ambos permaneceram dentro da carruagem e apenas observavam pelas janelas de vidro.

- Porque estamos aqui? – Perguntou Kesabel.

- Você não queria ver seu filho? Muito bem... Ali está ele! – Disse Lucia apontando na direção de uma freira que segurava uma criança em seus braços enquanto deixava a capela acompanhada por outras cinco crianças.

- Então aquele é meu filho?... – Disse Kesabel enquanto encarava para o bebê no colo da freira.

- Hoje foi o batizado dele... – Disse Lucia.

- Quem são aquelas pessoas? Porque a criança está com eles? – Perguntou Kesabel.

- Chega de perguntas!Você queria ver o seu filho e agora o viu!  Vamos embora! – Ordenou Lucia.

Kesabel não perguntou mais nada para Lucia sobre criança depois daquele dia. Ele sabia que ela jamais diria alguma coisa para ele. Com isso os anos se passaram até o momento atual...

 

- ‘’Onde está o nosso filho?’’ Hahahaha! - Disse Lucia gargalhando.

- Qual é a graça? – Perguntou Kesabel.

- Kesabel você é um homem mais cego do que aparenta... Como pode me perguntar sobre algo que esteve diante dos seus olhos por tanto tempo? – Disse Lucia.

- O que isso quer dizer? – Disse Kesabel surpreso.

Foi então que um barulho de explosão vindo da porta de entrada chamou a atenção de Lucia e Kesabel que tiveram sua conversa interrompida.

- Desculpem o atraso garotos! – Disse Lótus saindo de dentro da nuvem de poeira segurando seu facão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Será que alguém sabe quem é o filho de Kesabel e Lucia? kk


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