Jeon estava no banho, com a sua roupa, já por duas horas, trancado na casa de banho. O concerto era no dia seguinte e nem tinha certeza se Taehyung iria aparecer. Os dias com a ignorância do rapaz estavam a matar Jungkook, respondia a todos menos a ele até nos seus próprios posts dos blogs.
— “Eu não devia estar habituado com isso, mas fiquei” — cantarolou Jungkook, uma das suas músicas, deixando a água percorrer o seu corpo. — Tae, eu só preciso de ti caralho...
Jimin sabia perfeitamente o que se passava com o amigo e, por ver a demora do amigo no banho, fartou-se e acabou mandando uma mensagem a suplicar para Taehyung ir lá a casa tentar se resolver com Jeon, que não estava bem já desde o seu último encontro e que todos dias se isolava mais.
Taehyung estava a caminho de casa quando recebeu a mensagem e estaria a mentir se dissesse que ele não se preocupou e ficou com a culpa no seu sistema, o concerto era amanhã e, pelo menos, Jungkook tinha que estar bem.
— Eu sei que me vou arrepender — murmurou para si mesmo e então pegou um táxi para o condomínio.
Em dez minutos pus-se lá. Ligou para Jimin para que dessa permissão ao segurança para o deixar. Park apressou-se e foi dando os detalhes a Kim pelo caminho até casa.
— Ele está fechado ainda, tenta falar com ele, eu imploro-te, as minhas conversas com ele dão no zero — pediu Park, adentrando o quarto de Jungkook. — Aquela porta ali.
— Kookie?
Jungkook estremeceu ao ouvir aquela voz do outro lado da porta. Pensou que estaria a alucinar e por isso deixou-se ficar, cantarolando uma música qualquer.
— Jungkook, abre essa porta e vamos falar — Taehyung voltou a proferir, batendo suavemente na porta. — Eu não vou me embora mesmo que me implores, vou ficar aqui à tua espera.
Jungkook fechou a fonte e levantou-se do box em que estava e torceu a roupa, tirando o excesso de água que tinha nas suas vestimentas. Sacudiu o cabelo e destrancou a porta, permitindo que Taehyung entrasse. Porém, sentou-se na beira da banheira à espera da repreensão do mais velho.
Kim entrou e viu o estado em que o rapaz estava e aquilo abalou-o por completo... Aquele fora o estrago que fez ao mais novo por simplesmente ser orgulhoso ao ponto de não querer falar com ele. Tomou então coragem de se aproximar e tirar o seu casaco, ajoelhando-se na frente do outro, enquanto encara os olhos vermelhos e completamente inchados devido ao possível choro.
— Vem cá — Taehyung estendeu os braços, na forma de um abraço. Jungkook olhou desconfiado para o mais velho; não queria aceitar mas era tão vulnerável, precisava daquilo, precisava do seu abraço e por isso, pulou por cima de Taehyung abraçando-o com força. — Estou aqui, calma.
— Não me ignores, isso... — o choro foi inevitável por Jungkook — Isso dói, Taehyung, querer falar contigo e saber que estou a ser ignorado. Querer te contar sobre a minha nova música e não poder... Porra, porra, porra! Não me faças isso... — Jeon apertou mais Kim que sentiu ainda mais o peso das suas ações.
— Podes me bater por ser um idiota, força — Jeon afastou-se e passou as mãos no rosto do mais velho, abanando a cabeça. — Diz-me que sou um idiota, força, diz-me que não te mereço...
— Para Taehyung — Jungkook encostou a sua testa à de Taehyung, fixando-o bem nos olhos. Aquela ação mexeu com Kim, deixando-o nervoso devido à proximidade do rosto do mais novo. — Eu também não agi bem... São muitas coisas ao mesmo tempo, Taehyung-hyung, eu tento suportar tudo mas é difícil e, sem ti, fica ainda mais.
Taehyung não ouviu sequer uma palavra de Jungkook, ele sentia a água do rosto de Jungkook no seu e o seu corpo molhado estava a molha-lo também. O mais novo ficava estupidamente sexy daquela forma e aquilo estava a distrair o mais velho do seu foco. Uma semana sem Jungkook, uma semana sem o ver, mas o sentimento era o mesmo.
— Vais amanhã para o concerto? — perguntou, afastando-se um pouco de Taehyung.
— Eu... — Kim suspirou e encarou o mais novo que lhe olhava com preocupação. Aqueles olhos vermelhos davam facadas no coração de Taehyung. — Eu sei que é importante para ti e por isso mesmo, vou sim, estar lá a torcer por ti.
Jungkook não se conteu e voltou a chorar, levantando-se e parando em frente ao espelho. Kim ergueu-se e abraçou-o por trás, encaixando a sua cabeça no ombro do mais novo e olhando-o pelo reflexo.
— Não chores mais, eu já estou aqui... — Taehyung não se controlou e acabou beijando o pescoço de Jeon. — Toma banho a sério, sem roupa e veste algo bem confortável... E vamos assistir alguma coisa, sim? — Jungkook apenas acenou — Vá, bebé, não te quero assim. Espero por ti lá fora.
Taehyung voltou a distribuir um beijo no mesmo sítio que antes e saiu da casa de banho, vendo Jimin sentado na cama de Jungkook. O mais pequeno analisou o estado de Taehyung e levantou-se, abrindo o armário.
— Veste alguma coisa dele, têm praticamente o mesmo corpo — Taehyung foi até ele e retirou umas calças desportivas e uma sweatter ambas de cor escuras. — Então, o que falaram?
— Nada de especial, pedi desculpas ele também reconheceu o erro... — Taehyung começou por se despir — Eu não queria deixá-lo assim, acho que o meu orgulho foi longe demais.
— Eu amo-te muito, mas sim, foi longe de mais.
— Eu... Ah Jiminie... Eu só estava farto de andar naquele jogo, ele está bem comigo, depois fica mal, depois bem... Eu tenho sentimentos, sim? — Taehyung vestiu as calças e logo depois a sweatter, dobrando cuidadosamente as suas roupas.
— Sentimentos... Por ele? — Jimin sorriu, esperançoso. Kim suspirou e sentou-se ao seu lado.
— Eu odeio vê-lo daquela maneira... Os olhos dele, a fragilidade dele...
— Agora vês o que eu e o Hobi passávamos contigo — Jimin pronunciou. — Mas o Jk não é assim, ele costuma ser bem estável emocionalmente e tudo, não sei o que se está a passar, ele não me diz abertamente. Vais ao concerto? — Taehyung respondeu com um grunhido. — Boa, isso fará senti-lo melhor.
Não demorou muito para Jeon sair da casa de banho cheiroso e com um melhor aspeto físico. Continuava frágil com o vidro, mas estava apresentável. Mal saiu Jimin fez questão de ir abraçá-lo.
— Desculpa mas tive de chamá-lo... Eu já não sabia o que fazer — Jimin murmurou no abraço. Jungkook apenas acenou e encarou Taehyung. — Os outros foram até à empresa resolver papeladas, somos só nós.
— Jimin-ssi, tenho fome — Jungkook pronunciou e dirigiu-se à sua cama, deitando-se nela. — Pede comida, Jimin-hyung.
Taehyung acabou por se encarregar da tarefa por uma aplicação de telemóvel. Jimin deitou-se ao lado de Jungkook abraçado ao mesmo. Jungkook tinha os seus pensamentos no dia seguinte e se não fosse capaz de cantar? Estavam estimadas quase cinco mil pessoas e não as queria desanimar.
— E se amanhã não for capaz de cantar? — transmitiu o pensamento, recebendo um olhar dos dois mais velhos.
— Claro que és capaz, Kookie — Jimin aconchegou-se no corpo do mais novo.
— Nós acreditamos em ti — completou Kim — e além disso, vou estar lá a torcer por ti. Eu valo mais que todas as fãs loucas que lêem imagines teus à noite enquanto brincam com os dedos.
Jungkook e Jimin foram apanhados despercebidos e foi inevitável a gargalhada. Era a primeira vez que Jungkook ouvira a frontalidade de Taehyung e, do modo como a pronunciou, fora hilariante.
— Já o fiz rir, já valeu o meu dia — concluiu se levantando. — Eu vou buscar a comida ao início do condomínio...
— O segurança vem cá trazer, não te preocupes. — Jungkook respondeu rapidamente. A ideia de que aquilo podia ser uma desculpa para se ir embora atormentava-o.
— Okay... E sobre a música que me falaste? Não me queres mostrar? — o rapaz voltou-se a sentar e o mais novo viu-se obrigado a esticar-se para pegar no seu telemóvel. Depois colocou a música e entregou o telemóvel a Taehyung.
Taehyung recebeu-o e ouviu cuidadosamente cada tom, cada nota da voz de Jungkook. Era uma voz incrível, com várias potencialidades, mais do que as suas e Taehyung sabia disso. O olhar de Jungkook atentava a feição do maior e Jimin apenas esperava os dois demonstrarem algo que comorovasse o amor que suspeitava entre os dois.
Jimin nunca engoliu, desde que sabe da proximidade de Jungkook e Taehyung, a desculpa de Seewon. Seewon era a desculpa que Jungkook usava para defender a sua heterossexualidade mas vira o mesmo ficando mais abalado por Taehyung do que pela namorada.
Quando discutiam, normalmente, Jungkook ponha-se a beber para esquecer e, por conta do álcool, acabava sempre por ligar para a namorada e se desculpar. Mas a história era completamente diferente com Taehyung, eram ciúmes, uma semana lastimável à custa da ignorância do mais velho... Não era normal ser só uma amizade — assim defendia Jimin.
Para além disso, Jimin já estava mais do que habituado com aquilo. Graças a ele Hoseok e Taehyung tiveram um bom relacionamento assim como ele estava a ter com Yoongi agora. Jimin sempre foi um derradeiro casamenteiro.
— A letra é... Linda, Jungkook — Taehyung sorriu, encantado, depois de ouvir atentamente a música. Aquela letra fez-lhe avaliar a amizade com Jungkook e... Outra vez as borboletas e o maldito sentimento.
— Fico feliz que gostaste — foi o que o rapaz conseguiu dizer. — Vocês não me mostraram a que composeram...
Jimin acabou mostrando e Jeon apaixonou-se pela real conexão entre os dois, ambos completavam-se, a letra, as vozes, era tudo perfeito. Eram os seus melhores amigos numa canção, tudo coisas que Jeon amava.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.