História Blood Line - Massacre

Após  alguns  dias consegui sair de Tokyo, estava ansioso para ver a minha irmã e a minha mãe depois de todo esse tempo em que estive fora.

O foda é que aqueles cretinos  não haviam deixado nada para mim, eu só tinha a roupa do corpo e algumas facas, eu levaria dias para chegar em casa, caso eu fosse a pé.

Fiquei horas esperando por alguém que pudesse me deixar próximo a minha vila, era  muito difícil conseguir carona. Despois da declaração de guerra, o medo e a desconfiança começaram a se espalhar. Quando estava prestes a desistir, surgiu um homem que me abordou perguntando se  eu possuía algo de valor para pagar a viagem. Então ofereci  uma das minhas melhores e  mais belas facas.

Você está  tão bem vestido, como só possui isso? Perguntou o homem.

Pensei em inúmeras respostas, e cheguei à conclusão que seria melhor mentir, eu precisava muito chegar em casa, dependia daquela carona.

Afirmei que  o objeto se tratava de uma Rom lake folder, uma faca dobrável, que contem detalhes em ouro, além de ter sido forjada na Europa. Mas não passava de uma faca dobrável comum. Aprendi muito com o  Death, ele fez questão de me contar a história e o nome de cada faca que possuía, quem diria que isso seria útil...

O homem arregalou os olhos e perguntou para onde eu iria, disse que poderia me deixar aonde eu quisesse, em troca da faca.

Eu aceitei, e expliquei exatamente onde ele deveria me levar.

Já estávamos próximos da minha vila, mas só consegui chegar após o sol se por. Não havia como me deixar mais perto, o acesso à vila era  difícil. Então terminei o trajeto a pé. Fiz uma longa caminhada até a entrada da vila. Notei que havia muitas pegadas no local, não era época de eventos  ou cerimônias, algo estava errado.

Quanto mais próximo ficava, mais forte o cheiro de sangue eu sentia. O silêncio ensurdecedor era  a prova que precisava para correr.

Assim que cheguei, vi sangue e corpos mutilados por todos os lados. Observando um dos corpos, conclui que o massacre era recente, questão de horas. Ficou impossível controlar  minha raiva. Precisava chegar em casa o mais rápido possível. Então, segui por  um atalho que eu utilizava quando era pequeno para fugir, quando roubava comida.

Quando cheguei na entrada do beco havia quatro pernas decepadas. Estava nervoso por não poder fazer nada em relação a essas atrocidades, soquei a parede com toda força que tinha, e gritei em seguida:

“Merda!!!”

Segui em frente e dei de cara com mais dois corpos no chão. Fui capaz de reconhecer um deles. Era justamente o mercador que corria atrás de mim quando eu  roubava comida, o outro era um completo desconhecido. O mercador  era um bom homem, sempre trabalhou duro. Tentou me colocar no caminho certo,  não merecia morrer assim.

Peguei as pernas dele e as coloquei junto ao seu corpo,  desejei um bom descanso. Nesse momento, senti algo tocar minha perna, assim que virei, percebi que ele ainda estava vivo. Tentei confortá-lo e disse que buscaria ajuda.

Com rosto bem inchado e quase sem forças, sussurrou: sabia que você me encontraria aqui...

Pedi que me soltasse,  estávamos perdendo tempo. Foi quando disse suas últimas palavras.

"Vá...par...casa...e cuidad...tem homens maus te esperan..."

Pode deixar, farei com que sintam a dor que vocês sentiram. Mas ele já não ouvia, estava morto.