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História Blood Moon (Marauders Era) - Chapter XXII


Escrita por: YourEmpress

Notas do Autor


Quando eu disse que eu voltaria ainda em julho, eu não menti. Cá estou eu!
Esse capítulo foi longo porque inclui algumas cenas importantes. Não, não é enchimento de linguiça por ser um capítulo grande. Mostra a evolução da Lyra como pessoa, assim como suas atitudes perante quem ama. Aviso para as #TeamRegulus e as #TeamSirius: vocês todas terão que segurar bem os forninhos. Espero que realmente gostem, porque eu gostei desse capítulo. Espero que entendam o que a personagem fará. Quem leu Radioactive pode pensar que a Elena e a Lyra são iguais, mas elas não são. Deixarei o link de Radioactive para quem não leu ler.
Aliás, gostaram da nova capa?
Espero que gostem.
Boa leitura e até as notas finais.

Capítulo 23 - Chapter XXII


Fanfic / Fanfiction Blood Moon (Marauders Era) - Chapter XXII

Não foi por muito mais tempo que Lyra assistiu Walburga e Marlene, contudo, a Black mais velha a disse que ainda teriam que tratar de mais assuntos da cerimônia. Lyra apenas concordou, sem saber o que falar. Por fim, ouviu um ‘’obrigada’’ das duas, e ela sorriu — sabia o quanto doeria a elas essa mísera palavra, que não conteve que um sorriso rasgasse seu rosto de orelha a orelha.  

Quando entrou em seu quarto, encontrou uma folha de pergaminho escrito ‘’Encontre-me em meus aposentos, antes da refeição da noite’’. Sentou-se na cama, lugar onde estava a folha, e perguntou-se quem a mandou, já que não tinha assinatura alguma.

Regulus.

Como ela não pensara logo nele? Quem mais escreveria aposentos? Quem mais escreveria formalmente assim? O papel era um dos mais caros. Quem mais teria um desses?

Orion ou Walburga, mas acho que nenhum dos dois me convidaria para os seus aposentos assim. Me chamariam de uma forma um pouco bruta. Esse recado é sugestivo, posso escolher se vou ou não.

Varreu os olhos pelo o quarto, à procura do pequeno relógio roxo. Quando o achou, o visor piscou: outra hora havia sido completa. Apesar de ainda terem uma hora antes do jantar, Lyra ajeitou levemente os cabelos, trocou os sapatos desconfortáveis por um par de sandálias e marchou em direção ao quarto dele.

Acostumada já ao labirinto de corredores e quartos, chegou rápido ao seu destino. Encontrou-se um pouco nervosa por Regulus, já que provavelmente ele diria se passou na entrevista ou não. Mesmo assim, levantou a mão direita e bateu na porta.

Esperou que Regulus fosse a convidar a entrar, não abrir a porta e esboçar um sorriso. Olhou para aqueles olhos azuis como diamante.

— Você...você conseguiu? — perguntou ela, os olhos se arregalando.

— Sim, Lyra. Eu consegui — falou animado pela a primeira vez.

No segundo seguinte, os braços da moça envolveram o pescoço do Black.

— Merlin! Eu sei que dizer parabéns é clichê — ela riu, ainda o abraçando —, mas é a única coisa que se adequa melhor ao momento.

Regulus, então, envolveu pela cintura, a girando. Lyra não gritou com o movimento repentino — fora bom sentir seu corpo fora do chão e sentir o toque de Regulus na pele coberta pela a roupa.

— Isso foi divertido — revelou, após descolar seu corpo do dele.

Ele deu de ombros.

— Eles nem aceitaram mais outros candidatos que estavam na fila — Regulus abriu um sorriso bonito, Lyra não deixando de perceber em como seus olhos brilhavam e o rosto ficava mais belo do que já era. — Prontamente me aprovaram.

— Você é incrível, Regulus — falou o que sempre achava do noivo.

— Você também é, Lyra. Ainda que muitas vezes não ache isso de si própria, você é.

Lyra sorriu junto a ele.

— Você diz isso porque a felicidade te domina no momento. Aposto que amanhã não vai falar o mesmo — provocou. A moça sabia de suas habilidades, mas apenas queria ouvir o noivo falar algo sobre ela. Regulus nunca foi de muito mostrar os sentimentos, então qualquer coisa para ela era algo.

— Lyra, Lyra — ele balançou a cabeça negativamente, como um pai quando vê que o filho fez alguma besteira. — Não faça isso comigo.

— Fazer o quê? — Regulus a olhou. — Eu sei o que falará, só quero escutar as palavras vindas de você.

— Não me faça — ele deu um passo até ela. — me apaixonar — outro passo. — por você.

Lyra piscou sem entender. Eles estavam tão perto um do outro, que ele podia contar cada sarda que ela tinha no rosto, enquanto ela podia mergulhar mais profundamente em seus olhos. Contudo, ao invés de imergir no céu de seus olhos, ancorou entre seus lábios.

O beijo de Regulus era leve. Para Lyra, era como acordar de manhã na primavera, se aproximar da janela e sentir o cheiro do perfume das flores. Era saber que tudo estava sob controle, já que ele estava com ela. Era poder abrir outra vez os olhos e estar viva.

Ele segurava levemente seu rosto com uma mão, enquanto a outra apertava gentilmente sua cintura. Poucos segundos depois — à procura do ar que lhes faltava — desmancharam o beijo.

— Uau, isso foi... — Deixou o ar entrar em seus pulmões, procurando um adjetivo que definisse o beijo. — Muito bom.

Ficaram em silêncio por algum tempo, apenas se encarando, até que Lyra desviou os olhos para a janela. O céu cada vez ficava mais escuro, a lua prestes a anunciar sua chegada.

— Eu começo amanhã — volta a falar, como se nada tivesse acontecido. — Já falei com minha mãe — ela se vira para encará-lo. — Ninguém vai te interromper amanhã. Poderá passar no Ministério comigo. E, claro, com intenções diferentes.

Lyra riu.

— Que ótimo. É bom saber que meus serviços não serão requisitados durante um dia — Tomou cuidado com as palavras. Walburga era a mãe de Regulus. Seria como estar sem casaco durante uma nevasca se ela falasse mal da mãe dele. Se perguntou se defenderia a mãe quando fosse xingada na sua frente. Não, ela não defenderia. Não mais.

— Vamos jantar? — ele pergunta depois de conferir a hora no relógio.

Balança a cabeça em concordância.

 

 

Regulus era o Sol durante o jantar. Ele perdeu a inibição que costumava o perseguir um pouco quando encontrou olhos cor de clorofila o olhando. Todas as conversas eram sobre ele. Graças a Walburga, no caso, já que, se fosse por Orion, apenas seria dado parabéns ao filho, e não a quase festa pela sua mãe. Walburga estava tão feliz pelo filho que chegou a sorrir feliz para Lyra.

Talvez ela não seja tão má assim, pensou.

Ela se sentia feliz pelo noivo. Aquele emprego tão facilmente conquistado era símbolo da independência de Regulus, além de sua garra e capacidade.

Sirius aplaudiu o irmão com sinceridade. Ele não tinha inveja de Regulus nesse caso, Lyra sabia muito bem. Sirius também tinha estabilidade em seu alto cargo do Ministério. Entretanto, se tinha uma coisa que ele invejava de seu irmão mais novo era a noiva. Lyra era linda internamente e externamente e, quando a olhava, era como se suas esperanças tivessem sido renovadas.

Marlene nada falara o jantar inteiro. Não suportava Regulus roubando o brilho de seu noivo, o melhor Black, o Black herdeiro de Orion Black. Somente Sirius era digno de brilhar.

Sentia os olhos acinzentados de Sirius nela, ignorando os olhares que ele a lançava para se focar em Regulus. Falaria com seu futuro cunhado mais tarde.

Depois da refeição, Lyra foi a primeira a se retirar. Respirou tranquila deitada na cama, enquanto fitava o teto. Não escutou batidas na porta pelo o resto da noite. Ficou grata a Sirius por ter entendido que ela não queria falar com ele ainda.

 

Caíra no sono facilmente, esquecendo-se de vestir um pijama, consequentemente amassando sua roupa inteira. E, felizmente, acordara cedo, tendo a oportunidade de ouvir Walburga novamente elogiar o filho e de tomar um café da manhã completo.

Regulus estava ainda mais impecável que ela. Lyra sabia que em parte era para dar boa impressão. E, sabia, ao mesmo tempo, que ele não estava errado, afinal, ela fez o mesmo.

Usava uma roupa formal: uma camisa, um blazer e uma saia lápis. Prendeu seus cabelos em uma trança, apesar que ela nunca conseguiria esconder a jovialidade sempre presente em seu rosto.

Sirius a encarava discretamente, Lyra chegando até dar um sorriso igualmente discreto a ele. A loira quase tomou um susto quando Orion Black entrou no lugar — estava tentando reprimir uma risada da careta que Sirius fazia. Colocou a mão sobre o coração, que batia violentamente. Respirou e inspirou aliviada por não ter gritado com o susto.

Mas alguém reparou.

— Está tudo bem, Lyra? — Regulus perguntou.

Todos a olhavam, até mesmo Orion. Piscou os olhos algumas vezes e tentou agir naturalmente:

— Sim, está — balançou a cabeça, dando mais ênfase. — Pensei que meu tornozelo iria virar alguns graus quando calcei novamente o sapato, mas só foi impressão.

Ouviu Marlene e Walburga balançarem a cabeça, compreensivas. As duas também usavam sapatos como os dela, logo poderiam compartilhar dos mesmos sufocos. Queria Lyra que tivesse amizade com as duas para poder conversar coisas de garota. Afinal, seria reconfortante ter duas amigas mulheres na Mansão, não somente fora.

Sirius deu uma risada nasalada, mas sem sarcasmo, sendo acompanhado pelo pai. Eles dois sabiam que nunca entenderiam problemas de mulheres, mas nunca ririam com maldade: eles sabiam que não seriam nada sem uma mulher ao seu lado.

Os olhos do noivo brilhavam de um jeito inocente. Lyra sorriu levemente, não deixando de brincar:

— Quer medir quantos graus o meu tornozelo virou?

Pensou que com isso Regulus ficaria vermelho, mas o resultado foi o contrário: ele a respondeu naturalmente:

— Fico feliz que, dentre outras pessoas capacitadas nessa tarefa reunidas no mesmo lugar, você tenha pedido a mim, senhorita Lyra — sorriu malicioso. — Seria uma honra.

— Terão tempo para fazer isso depois — Orion fala, tirando a atenção de todos do filho para ele.

Todos concordaram, sem poder falar mais nada. Orion era o rei, e reis não poderiam ser contrariados. Lyra olhou com uma sobrancelha levantada para Regulus que apenas deu de ombros.

Esperou um tempo após Sirius levantar-se e desaparecer do cômodo. Não queria que ninguém desconfiasse da intimidade dos dois, apenas queria conversar com o Black. Se despediu de todos educadamente, sem esquecer de falar a Regulus para bater em sua porta quando fosse sair. Ele balançou a cabeça em concordância, seus olhos a perseguindo até sair do cômodo.

Estava aliviada. O aperto exercido por um cinto imaginário em sua garganta afrouxou-se, permitindo a moça a falar um palavrão, mesmo que baixo.

Viu o vulto de Sirius virar um corredor e o seguiu. Deduziu que provavelmente estava voltando a seu quarto, mas parecia mais relaxado que o normal, e andava como se tivesse todo tempo do mundo para chegar em seu quarto.

Quando Lyra o atingiu — o que não foi muito difícil — enxergou um sorriso malicioso nos olhos dele que não perdeu a oportunidade de fazer um comentário:

— Olá, Lyra — seus olhos cinzas tinham um brilho que Lyra tinha vontade de apagar. — Se lembrou de mim?

Ela arregalou os olhos e o olhou em censura.

— Sirius, você sabe muito bem que as coisas não são tão simples assim!

— Ah, querida, elas são, sim.

— Talvez para você, Black — ela apontou para seu peito. Ele não tinha passado um dia aturando Walburga e Marlene como ela passara. — Mas não para mim.

Sirius olhou para acima da cabeça dela, e, então, os dois escutaram vozes.

— Quer continuar a discussão em um lugar privado? — ele perguntou, e a única resposta que Lyra podia dar era sim.

— Vamos, então — ele a encaminhou rapidamente para seu quarto.

— Não acredito que você está assim comigo — disse, quando já estavam dentro do quarto de Sirius.

— Assim como? — ele a provocou. É claro que ele sabia, mas ele queria que ela confessasse.

— Como...como — tentou procurar as devidas palavras. — Como se eu fosse sua noiva. Como se você pudesse me ter. Como se tivesse inveja de seu irmão!

Um sorriso amargo apareceu no rosto de Sirius.

— Já conversamos sobre isso.

— Sim, já conversamos — ela concordou, o fazendo olhar para ela. — Por que você não para? Sirius, isso não é apenas um jogo. São nossas vidas!
            — Você não confia em mim? — pergunta, colocando as mãos de Lyra em seu rosto.

— Eu confio em você, Sirius — confessa, os olhos quase se enchendo de lágrimas. — E eu não quero te perder.

— Você não precisa — sorriu. — Podemos...podemos viver em outro lugar. Juntos.

Lyra sabia que estava apaixonada por Sirius, mas também estava por Regulus. E, mesmo se não estivesse por esse último, jamais poderia fazer o que Sirius queria que ela fizesse. O Black mais novo não tinha culpa de seu destino.

Mas eu e Sirius temos? Não, não temos.

Deu um suspiro.

— Vou pensar sobre isso — olhou para seus sapatos. Não queria o olhar e sua expressão deixar que as lágrimas rolassem livremente por seu rosto.

— Lyra...você o ama? — Não respondeu. — Você me ama?

— Você não deveria fazer perguntas tão íntimas a uma dama — recitou o que ouviu de sua mãe incontáveis vezes. Ele segurou levemente seus pulsos. — Solte-me!

— Quando você me responder. Você me ama?

Olhou o Black nos olhos. Trincou os dentes para não chorar. Teria que falar. Teria que o proteger. Teria que o afastar dela. Porque algumas pessoas foram feitas para se apaixonar, mas não para ficar juntos. Porque ela se importava muito com ele e não queria que perdesse tudo por sua causa.

— Não, eu não te amo —  falou asperamente, girando os pulsos para baixo, com o intuito de remover as mãos de Sirius daquela região. Contudo, não precisou de muito esforço. Ele parecia tão impactado que a soltou imediatamente.

As lágrimas que Lyra não queria ter soltado agora corriam livremente pelo seu rosto assim como uma cachoeira. Esfregou o rosto com a manga do blazer, sentindo que a maquiagem perfeita tinha sido totalmente borrada. E, que, se alguém a visse assim, iria fazer perguntas, portanto, preparou algumas respostas na cabeça.

Apesar de saber que o que falara era mentira, sentiu o peso das palavras. Apesar de saber que seria o melhor para ele, não seria o melhor para os dois. Sentiu o coração dele quebrar em suas mãos, de longe a pior sensação que sentira. Era como se o coração dela se quebrasse junto.

Tentou controlar a respiração que já a falhava. Secou as lágrimas restantes, se recompôs e começou a andar até seu quarto. Ela não poderia ficar daquele jeito. Assumiria o que fez, não podendo deixar aquilo interferir no seu dia. Seria uma oportunidade de se ver livre da Mansão por algumas horas. Uma oportunidade de ser independente. E, Lyra não foi feita para morar em uma jaula, e sim poder estender suas colossais asas e poder mostrar ao mundo seu brilho; pois, se tinha ela aprendido alguma coisa durante sua vida toda de convivência com os Black, era que querer era poder. Se ela quisesse alguma coisa, ela teria.

A falta de Andrômeda pesava. Lyra sentia falta de alguém para servir de amiga e confidente na casa. Ela sabia que estava, de certo modo, sozinha, o mais fiel companheiro sendo seu diário.

Quando estava no corredor de seu quarto, escuta passos naquela direção. Instantaneamente se esconde atrás de uma parede com o intuito de identificar quem era, antes que ele ou ela a reconhecesse. Tratou de controlar a respiração que ainda lhe falhava e secar o rosto, já que ainda estava um pouco úmido.

Cabelos escuros e roupas impecáveis e olhos azuis. Era Regulus.

— Regulus — ela falou seu nome, mas acabou saindo alto demais, atraindo a atenção dele.

No momento em que seus olhos se encontraram com os dela, ela desviou o olhar e resolveu olhar para baixo, caminhando em direção a Regulus.

— Ei! — ele a segurou. Lyra havia trombado com o noivo. — Aconteceu alguma coisa?

— Lyra, o que aconteceu com seu rosto? — Dito isso, Lyra escondeu o rosto com as mãos.

Lyra olhou para a porta de seu quarto, pensando em uma desculpa mais plausível que as que pensara anteriormente. No entanto, foi quando ela prestou mais atenção ao tapete, que preenchia o chão do cômodo, que veio uma à sua mente.

— Não — deu um sorriso amarelo. — Eu estava apenas...ansiosa.

— Você não precisava chorar — disse após algum tempo. Regulus era horrível em situações como aquela, mas Lyra sabia que ele estava tentando seu melhor. — Não esconda seu rosto com as mãos. Entre no quarto, ajeite-se e recomponha-se. Estou te esperando.

Lyra se viu obedecendo as sugestões de Regulus quando usava a varinha para consertar a maquiagem. Se não soubesse que acabaria fazendo aquilo, bateria o pé e pediria uma boa razão para aceitar os conselhos dele.

Suspirou.

Em menos de meia hora estaria dentro do Ministério da Magia e esse pensamento a deixava um pouco nervosa, não tinha como negar; portanto, respirou profundamente umas vezes. Apesar de tudo que aconteceu no dia, ela achava que ainda aconteceria algo a mais que a faria sorrir. Quando esse pensamento apareceu em sua mente, a moça ficou feliz. Era sinal que, mesmo com tudo que aconteceu quando chegou na Mansão, seu marcante otimismo jamais fora embora.

Calçou os sapatos que havia tirado por aqueles poucos minutos sozinha, e marchou para fora do quarto.

Regulus sorriu mostrando os dentes.

— Está bem melhor — segurou sua mão em um gesto carinhoso.

— Obrigada — falou sem jeito, colocando uma mecha invisível para trás de sua orelha. — Estou melhor.

— Então está bem — estudou-a por uns segundos antes de continuar. — Está preparada?

Sem mais medo de o olhar nos olhos, falou firmemente:

— Por que eu não estaria?

 

Estavam parados a um extremo de um saguão muito longo e suntuoso, com um soalho de madeira escuro. O teto azul-pavão era entalhado com símbolo dourados que se moviam e se alternavam como um enorme quadro celeste de avisos. As paredes de cada lado eram forradas de painéis de madeira escura e lustrosa, e nelas havia, engastadas, muitas lareiras douradas. A intervalos de segundos, bruxos e bruxas emergiam de uma das lareiras à esquerda com um suave ruído de deslocamento de ar. Na parede da direita, iam se formando diante de cada lareira pequeníssimas filas de gente que aguardava o momento da partida.

Lyra já estivera antes no Ministério da Magia, mas não se lembrava de ser tão abarrotado de pessoas como se encontrava naquele dia. As janelas, como se lembrava, eram encantadas com o intuito de parecer que dão para o ar livre, dando vista para um céu limpo (apesar de estar nublado o real céu).

A movimentação das pessoas a hipnotizava. Bruxos e bruxas de todos os tipos iam de lá para cá, uns com roupas mais pomposas que os outros. Não paravam nem para conversar, porque, se o fizessem, iam chegar atrasados em seus níveis ou iriam interromper o fluxo.

No meio do saguão havia uma fonte. Um grupo de estátuas de ouro, maiores que o tamanho natural, estavam dispostas no centro de um espelho de água circular. A mais alta era de um bruxo de aparência aristocrática, com a varinha apontando para o ar. Agrupados ao seu redor, havia uma bela bruxa, um centauro, um duende e um elfo doméstico. Os três últimos olhavam com adoração para o casal de bruxos. Das pontas de suas varinhas, saiam jorros de água cintilante, bem como da ponta da flecha do centauro, da ponta do chapéu do duende e de cada orelha do elfo domestico, de tal modo que o silvo e o tilintar da água que caía se misturavam aos popes e craques dos bruxos aparatando e ao ressoar dos passos de centenas de outros que se dirigiam a uma fileira de portões dourados no fundo do saguão. 

Apertou firmemente a mão do noivo, que nunca parou de observá-la analisando o mundo ao seu redor. Lyra soltou-a rapidamente, sentindo as bochechas corarem.

— É melhor nós irmos — ela falou, olhando para os elevadores que cada vez mais se enchiam.

Regulus apenas balançou a cabeça.

— Venha comigo. Já estou tempo o suficiente no Ministério para driblar bem problemas como esse. Siga-me. — estendeu a mão para ela, que segurou agora sem problemas.

Eles se juntaram à multidão e continuaram a caminhar entre os funcionários do Ministério. Regulus a guiou por entre espaços entre duas pessoas, quase como uma dança. Rapidamente haviam se juntado às pessoas paradas diante de um dos elevadores.  

— Uau — ela disse, sem o mínimo vestígio de cansaço em sua voz. — Mas não deveríamos passar pelo registro para, sabe, registrar que eu sou visitante?

— Não — ele disse, olhando para o segurança não muito longe deles. — Você não vai ser tecnicamente mais uma visitante.

— Não é ilegal? — perguntou, um pouco desconfiada.

— Eu tenho contatos aqui — Regulus sussurrou, piscando para o segurança. — Fora que, Sirius é braço direito da Ministra. Quem sairia com lesões seria a minha pessoa, já que Sirius vai sempre te escolher.

Quando o elevador foi aberto, imediatamente os dois correram para dentro. Entraram com os demais, Lyra quase sendo esmagada contra a parede dos fundos. Uns bruxos e bruxas a olharam com curiosidade; ela encarava-os sem medo. Afinal, nenhuma Black deveria desviar o olhar, e sim quem as olhasse.

As grades tornaram a fechar com estrondo e o elevador subiu lentamente, as correntes se entrechocando, enquanto uma voz tranquila, ouvida por Lyra na cabina telefônica, tornava a falar:

‘’Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede de Flu, o Controle de Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portais e o Centro de testes de Aparatação.’’

As portas do elevador se abriram e uma bruxa desembarcou ao mesmo tempo, vários aviõezinhos de papel entraram voando no elevador. Lyra ficou olhando os aviões planarem preguiçosamente acima de sua cabeça; eram violeta-claro, e ela leu as palavras Ministério da Magia estampadas no bordo das asas.

— Esperava corujas, não? — ela concordou. — Eram excrementos caindo sobre as escrivaninhas quando as usavam. Não valia à pena.

— Que bom que mudaram, então — sussurrou.

Quando recomeçaram a subir, os memorandos ficaram flutuando em torno da lâmpada do elevador.

‘’Nível cinco, Departamento de Cooperação Internacional em Magia, incorporando o Organismo de Padrões de Comércio Mágico Internacional, o Escritório Internacional de Direito em Magia e a Confederação Internacional de Bruxos, sede britânica. ‘’

Nível cinco era onde Regulus agora trabalhava. Entrementes, quando as portas se abriram, ele continuou no mesmo lugar, mesmo que uns bruxos e bruxas tivessem acenado para ele.

Lyra, reparando nisso, resolveu perguntar:

— Você não devia sair agora?

— O nível quatro, o Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, é o próximo. Não vou te deixar sozinha por lá.

— Mas eu posso me guiar sozinha.

— Você não tem o crachá, portanto acho melhor estar em minha companhia — falou baixo, contemplando as grades douradas, esperando a voz anunciar o próximo nível. — Acredite.

— Está bom. Você não vai chegar atrasado no seu Nível?

Ele sorriu fraco.

— Chego sempre cedo ao Ministério. Qualquer coisa, eu compenso depois. Além do mais, eles me perdoarão dessa vez. É o meu primeiro dia.

‘’Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que inclui as Divisões da Feras, Seres e Espíritos, Seção de Ligação com os Duendes, Escritório de Orientação sobre Pragas.’’

— Licença — pediu Regulus para os poucos funcionários na sua frente. Puxou levemente Lyra, que imediatamente o seguiu.

Enquanto Regulus andava pelo nível como se soubesse de tudo — se ele a contasse que, sim, sabia, não ficaria surpresa —, ela olhava para cada pessoa que passava. E, em meio a tantas, estava Sirius conversando com um homem de estatura mediana, com olhos escuros curiosos e roupas excêntricas — até para um bruxo. Sirius era quem falava mais, o homem apenas concordando, admirado com o modo como o Black falava.  

Lyra nem precisou olhar para Regulus para saber que na sua expressão teria algum vestígio de raiva. Contudo, parecia calmo, os olhos claros como um céu limpo.

Sirius notou a presença do irmão — fazendo, é claro, questão de não olhar na cara de Lyra que sentiu o coração apertar um pouco —, por fim dizendo ao homem:

— Abbott, é claro que eu não esquecerei de você — A voz que ele usava com uma pitada extra de carisma estava novamente presente. Lyra riria se fosse outro momento. Sabia que com ela ele não usava dessas artimanhas. — Tenho que ir. A Ministra me espera.

— Até mais, Sirius Black — O homem sorriu, acenando para o amigo. Logo tendo notado a presença do outro Black, o homem parecia que tinha visto Merlin duas vezes no mesmo dia. — Regulus, meu caro, como está?

— Ótimo, senhor — ele sorriu, um sorriso que não lhe alcançava os olhos. — Por mais que eu saiba que seria um prazer ter uma conversa com o senhor, preciso que me ajude.

Lyra olhou por cima do ombro, Sirius fazendo o mesmo enquanto andava. Seu olhar era cheio de tristeza e mágoas, e ela sabia que ele estava desse modo por sua casa. Queria apenas se jogar em seus braços, o encher de beijos, como se tudo o que acontecera era mentira. No entanto, tinha em mente que fizera o certo. Ela aguentaria qualquer consequência, mas não queria vê-lo machucado.

— Quem é essa bela moça, Regulus? — o homem perguntou curiosamente.

— Sou a noiva dele — Lyra estendeu a mão que o homem apertou entusiasticamente. — Lyra Rosier Black.

— Um prazer te conhecer, Lyra.

— Então, senhor...

Abbott o interrompeu.

— Não me chame de senhor, Regulus, tenho idade, mas não quero que me lembre disso. — um sorriso caloroso apareceu em seu rosto.

— Então, Abbott — corrigiu-se, um pouco à contragosto. —, Lyra queria tentar uma vaga no Nível quatro.

— Ah, que ótimo! — falo e, em seguida, tocou levemente o ombro dela.

Logo Abbott ganhou a afeição de Lyra. Algo a fazia acreditar que os dois se dariam bem.

— Qualquer coisa eu passo no seu nível — ela disse quando se despedia de Regulus.

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Acho que não vai precisar. De qualquer maneira, me procure se acontecer algo. — olhou para Abbott. —A minha presença não é mais útil aqui, já que está em boas mãos.

— Até mais — acenou para o noivo com um sorriso no rosto, depois sendo guiada por Abbott até onde aconteceria a entrevista.

 


Notas Finais


E, não, eu não inventei a família Abbott. O homem não se chama só Abbott. Será explicado isso depois.
Sobre a família dele> http://harrypotter.wikia.com/wiki/Abbott_family
(Se vocês observarem bem, criei poucas personagens. Pelo o que me lembro, somente a Lyra e a Chloe (apesar que a família dela, a família Bulstrode, já existia antes). Cattermole, a moça que jogou um vestido para a Lyra vestir durante o dia da foto, existe; assim como a família da Chloe.
Espero que tenham gostado do Abbott. Ele é o chefe do Nível Quatro e aparecerá em alguns momentos. Sem spoiler!
...
Radioactive: https://spiritfanfics.com/historia/radioactive-5080292

Seria muito bom encontrar vocês nos comentários <3. Até o próximo capítulo.


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